Os passos cansados de JInx lhe faziam andar mais lento pelo chão poluido e nogento de Zaun, a sua frente estava o seu antigo bando sendo conduzido por aquela que Jinx imaginava ser a última que a ajudaria a fugir da prisão; Sevika. Por que ela estava a ajudando? Nada daquilo fazia sentido na cabeça de Jinx, ainda mais depois da morte de Silco. De qualquer forma, ela estava livre finalmente depois de passar 4 anos naquela prisão hextec sob o olhar do estado piltolvense, ela já tinha esquecido como Zaun era e estar ali de novo era nostalgico que enchia o coração de Jinx de saudade daquelas ruas onde cresceu.
No entanto, algo ainda martelava a cabeça da zaunita; Por que aquela menina de Demacia estava com eles? O que a Sevika quer arrumar sequestrando a convidada de Piltolver?
"Ela deve ter um plano para você, mas eu não consigo te dizer qual" pensou enquanto olhava de relance para a loira, a menina que estava desacordada em suas costas. Ao contrário do que Jinx pensou,a menina não era pesada de se carregar e seu corpo era bem... leve e delicado, a zaunita conseguia sentir a maciez de suas coxas e seu perfume adocicado. Jinx corou por um momento, mas logo depois voltou a correr com o bando, eles ainda estavam fugindo dos Defensores.
(...)
Com a respiração ofegante, o bando repousou dentro de um galpão ao lado do antigo esconderijo de Silco. Jinx entrou logo procurando um lugar para que pudesse colocar Lux, e assim que o fez, ela descansou o corpo da jovem num sofá velho e encarou Sevika ao longe. Ambas se encararam com receio e Jinx conseguia entender o porquê, Sevika não gostava muito dela e aparentemente só estava ali seguindo ordens. Mas de quem?
- Deixem-nos. Levem a garota para a ala que foi designada a ela - mandou Sevika em um tom autoritário.
Seus capangas pareciam reconhecer o seu autoritarismo porque rapidamente cumpriram as ordens da mais velha, deixando ela e Jinx sozinhas no galpão. Pelo que Jinx conhece da ex-companheira, a zaunita já imaginava que ela estava ali por negócios e não porquê Sevika queria de fato solta-la. Era visível a sua indignação.
-Parece que esse lugar não mudou tanto - Jinx olhou em volta e cruzou os braços - Só está um pouco sujo, mas eu imagino que é você que está cuidando, então... Não vou esperar que você tenha o mesmo cuidado que o Silco tinha com o esconderijo.
-Hum... - Sevika deu um risco seco e deu um passo a frente, encarando uma Jinx confusa - Por que você não fecha essa matraca e fica quietinha, hein?
- Porque eu quero saber por que você me tirou do meu hotel cinco estrelas... - disse se sentando em um cadeira velha com rodinhas - Quer saber? Eu acho pouco provável que você tenha me tirado de lá por vontade própria, você me odeia, não é? Provavelmente só está seguindo ordens, fico curiosa para saber de quem...
Ambas se encararam novamente e Sevika parecia hesitar, o que despertou mais a curiosidade de Jinx. Silco era o chefe da subferia até a sua morte e Sevika não trabalharia para qualquer um com pouca grana para pagar os seus serviços e lealdade, então quem está por trás disso deve ser alguém rico e com influência. A ex-companheira de Pawder acendeu um cigarro e suspirou, encarando novamente os olhos azuis curiosos de Jinx.
- Se você quer mesmo saber, terá que seguir as regras. Essa gente não é o Silco que vai passar a mão na sua cabeça depois que você fazer merda, eles te matam sem hesitar, Jinx - disse antes de dar uma tragada - As coisas mudaram um pouco desde que você foi presa, principalmente aqui embaixo. Eu tive que andar nos trilhos se quisesse continuar viva.
-Ha! Finalmente a cidade ficou um pouco mais interessante - Jinx olhou para o lado sorrindo e Sevika perdeu a paciência.
- Você realmente não leva nada a sério, não é?! - ela aumentou um pouco o tom de voz e Jinx fechou a cara ao sentir o tom de ameaça - O ponto é que Piltolver está em decadência; dividas e mais dividas com o exterior, enquanto isso os roubos e os assasinatos aumentam, isso levou a cidade num ponto crucial. O ponto perfeito para atacar.
Antes que Jinx pudesse dizer algo, ouviu-se um barulho alto de porta rangendo, alguém estava vindo e logo foi perceptivel um som nada discreto do "tec" de um salto. Sevika não parecia surpresa e os olhos de Jinx observaram uma mulher elegante, vestida com uma roupa social branca e cabelos longos negros, usando uma máscara de oxigênio e uma pistola na cintura.
-Bom trabalho, Sevika. A menina vai servir para colocarmos o meu plano em prática - a mulher tocou os ombros largos de Sevika e a mesma a encarou intimidada - Agora vá, certifique-se de que aqueles animais não iram machuca-la e sirva um pouco de comida, precisamos dela viva.
-Senhora.
A ex-companheira de Jinx apenas acenou com a cabeça e se retirou. Pawder não estava entendendo bem o que estava acontecendo ali, mas pelo pouco que pôde observar, aquela mulher era a nova chefe de Sevika e os outros.
-Você deve ser a Jinx -disse puxando uma cadeira velha para se sentar e encarar uma Jinx inexpressiva.
- Eu conheço você?
- Provavelmente não, mas acho que você deve me conhecer como aquela que arquitetou a sua fuga da prisão, por exemplo - Jinx resolveu ficar quieta diante daquelas palavras e a mulher sorriu - Meu nome é Renata Glasc, a Sevika me falou de você.
- Huh. - Jinx riu baixo - O que ela falou? Que eu fui a responsável pela morte do nosso antigo chefe e de quase metade do conselho da cidade de cima? - disse cruzando os braços.
- E que você inventa armas com tecnologia hextec, um artefato que pode ser muito valioso para o meu plano. - disse e Pawder a olhou séria.
- Então, você me tirou daquela prisão com um propósito, parece que você não tem a intenção de me deixar ir.
- Exatamente. - Renata se levantou e andou felinamente em direção a Jinx, aquela mulher parecia ser muito mais velha do que Pawder, pois tocou o seu rosto como se estivesse tocando uma criança e por um momento a pele de Jinx se arrepiou - Hum... O meu plano é muito simples, Jinx. Como você deve saber, Piltolver está passando por uma fase de decadência por causa de suas dividas, os figuroẽs de lá de cima ficaram cada vez mais agressivos com o nosso povo, principalmente com os barões da química que são os principais responsáveis por manter esse lugar de pé. Eles nos roubam para pagar suas próprias dividas com o exterior, roubam a nossa comida e nos deixam quase que sem o que comer, compram os nossos produtos a preço de batata e se nós negarmos, nós morremos.
- O que há de novo? PIltolver sempre pisou em nós e ninguém além do Silco fez nada a respeito. - respondeu séria.
- Acontece é que antes nós ganhavamos uma certa autonomia no nosso mercado, fazíamos negócios com Águas de Sentina, por exemplo. Piltolver não se metia nisso, mas agora aqueles vermes metidos a nobreza restrigiram o nosso mercado e nossos ganhos única e exclusivamente para eles por causa dessas dívidas que eles mesmos criaram - Renata colocou uma mecha do cabelo de Jinx para atrás de sua orelha - Não nos resta mais nada a não ser a morte ou a chance de um contra-ataque.
- E como você planeja esse contra-ataque sem matar metade do nosso povo?
- Ora, minha querida... - Renata disse em um olhar risonho e andou calmamente em direção a uma pequena janela no fundo da sala.
- Seu plano é interessante, mas pra mim é um pouco irresponsável. Eu posso ser louca, mas eu não colocaria minha vida em risco sem ter um plano B.
- Aquela menina é a minha garantia. - disse depois de abrir a janela e Jinx decidiu se aproximar um pouco - Segundo meus informantes, esse acordo é o cavalo chefe para que Piltolver se recupere em valores econômicos. Não pense que eles querem apenas comida, eles também querem prolongar essa negociação até fazer daquele reino um parceiro comercial e economico mais importante de Piltolver.
- Seu plano então é fazer o acordo fracassar?
- Inicialmente - ela fez uma leve pausa - Mas creio que já esteja na hora de Zaun começar a revidar, não podemos ser subordinados de Piltolver para sempre, então vamos usar essa menina como a chave da nossa emancipação daquela cidade repleta de vermes.
De repente, Jinx ouviu um som alto de garrafas sendo quebradas e vozes agoniadas. Ao se aproximar da janela, seus olhos encararam as ruas de sua cidade natal tomadas pela violência; corpos alinhados nas ruas, as janelas das casas quebradas, mercadorias no chão e pessoas brigando, principalmente os defensores de Piltolver e os moradores de Zaun. Pawder nunca tinha visto as ruas de Zaun daquele jeito, parecia um cenário de guerra. Ou de fato era uma guerra?
-Precisamos da sua ajuda, Jinx. Dezenas dos nossos morrem todos os dias e não temos mais aonde enterrar os corpos, eles ficam assim nas ruas como se fossem animais. - disse e Jinx resolveu ficar quieta, observando toda a situação - Vamos mostrar para aqueles desrgaçados que Zaun quer e vai revidar, vamos vingar a morte dos nossos matando os cães que eles enviam para cá todos os dias para nos matar, vamos fazer tudo isso até que eles não vejam outra alternativa a não ser atender o nosso tratado de emancipação. Oferecemos a menina como condição para eles aceitarem, claro que Demacia vai pressionar eles. Caso eles neguem, a menina morre. Assim, não vai ser só Demacia que vai proclamar guerra a Piltolver, Zaun também vai em busca de sua liberdade.
Pawder sentiu um arrepio em sua espinha ao observar a expressão de Renata, ela planejava matar qualquer um que se metesse em seu plano e isso lhe causava uma estranha sensação de deja-vú. No entanto, ao analisar toda a situação, lhe veio a imagem de Vi na sua cabeça e só de imaginar que a irmã mais velha estaria envolvida nessa matança, o sangue de Jinx começava a ferver em raiva. Não só por ela supostamente estar envolvida niso, mas pelo o que ela fez para Jinx enquanto a mesma estava na cadeia. Mesmo ela sabendo das sessões de tortura, não fazia nada para impedir que batessem na sua irmã mais nova em busca de informações sobre as gangues de Zaun.
Se Jinx aceitasse entrar no plano de Renata, não seria só para lutar por Zaun, mas também para ensinar uma pequena lição a sua irmãzinha de cabelos rosa choque.
- Tudo bem, Renata. Você pode contar comigo, só me diga o que eu devo fazer. - disse e logo observou o sorriso de satisfação surgir nos lábios da baronesa, suas mãos tocaram novamente o rosto de Jinx e a mesma pôde encarar os estranhos olhos vermelhos da mais velha.
- Você, minha querida, ficará responsável pelo roubo de magia hextec, na construção de explosivos e pela segurança da nossa arma mais preciosa. - silêncio, Jinx estranhamente estava gostando do jeito que Renata Glasc a olhava - Se negarem, você mesma vai matar a menina de Demacia, fui clara? - questionou e Jinx apenas acenou com a cabeça, confirmando - E me chame de Senhora Glasc, isso é... se você tem amor a sua vida.
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