[S/N] Point's of View
Abri os olhos lentamente mas logo fechei rapidamente por conta da claridade, mas logo retornei a abrir, observando o local em que estava. Pelas paredes brancas, o cheiro de remédio e os aparelhos que estavam ligados a mim era fácil identificar que eu estava no hospital. Memórias do que aconteceram ontem passaram na minha mente como um filme e logo uma carranca se fez presente em meu rosto. Nunca senti tanta raiva em minha vida. Levei minha mão até minha cabeça — que por sinal ainda doia — sentindo alguma coisa cobrindo o local onde estaria um grande machucado, que logo reconheci como uma atadura. Olhei novamente ao redor, mas jogo desviei o olhar para a porta, vendo o médico entrar e me encarar surpreso, vindo rapidamente em minha direção.
Médico - Como se sente ? Sente dor em algum lugar ? — Perguntou apressado, colocando a mão em minha testa, me encarando agora com um olhar sereno.
[S/N] - M-Minha cabeça — sussurrei com uma voz baixa, fazendo uma leve careta de dor.
[Quebra de tempo porque não sou médica e não sei os caralhos à quatro ;-;]
Após fazer uma checagem para ver se eu estava bem, ele me contou a situação em que eu e meus pais — que descobri estarem vivos — estavamos. Aparentemente eu fiquei em coma durante três semanas por causa da pancada em minha cabeça mas meus pais saíram mais feridos que eu. Meu pai quebrou a perna, um braço e um dos estilhaços do carro entrou em sua barriga, já minha mãe quebrou algumas costelas, o braço e provavelmente vai ter que amputar a perna depois que ela foi esmagada pelo carro. Tudo por causa daquele desgraçado que nem ao menos veio aqui no hospital pedir desculpas. Filho da puta arrombado.
Suspirei me vestindo novamente, a alguns segundos atrás o médico apareceu me dando alta, o que me surpreendeu. Eu não deveria ficar de observação e o caralho a quatro ? (N/A: Eu brisei com esse palavrão) Mas quem sou eu para reclamar, finalmente vou sair desse lugar. Já disse que odeio hospitais ? Bom, eu odeio hospitais. Eu queria saber quem era aquele garoto, pois iria ficar mais fácil espancar o filho da puta. Vou fazer ele conhecer meu inferno pessoal, e assim ele vai se arrepender de ter nascido. Depois de me vestir eu sai do quarto e fui andando pelos corredores até chegar na recepção, onde observei meu pai e minha mãe que estavam na cadeira de rodas. Pareciam estar distraídos conversando com o médico e pela expressão dos meus pais a conversa deveria ser muito séria. Fiquei os observando por um tempo, até minha mãe finalmente notar minha presença.
[S/M] - Filha !! — Ela veio em minha direção com dificuldades e parou em minha frente, me puxando para um abraço que eu retribui rapidamente — Eu fiquei tão preocupada com você, minha querida. Estou tão (N/A: A PORENHA DO CORRETOR MUDA PRA TAL AO INVÉS DE TÃO) feliz que você esteja bem. — Sussurrou em meu ouvido derramando algumas lágrimas, eu me encontrava quase na mesma situação, mas meus olhos estavam apenas marejados.
[S/P] - Eu também fiquei muito preocupado com você [S/A] — meu pai disse se aproximando de nós duas e nos puxando para um abraço em família. Eu sentia tantas saudades desses momentos. Um momento onde nós éramos uma familia de verdade.
[Ota quebra de tempo]
Já faziam horas desde que eu e minha familia voltamos para casa, e eu não estava nem um pouco afim de voltar a dormir. Um mistério rondava a minha cabeça: por que aquele garoto estava no meio da pista e por que ele não nos ajudou quando batemos o carro ? Era o mínimo que ele poderia fazer depois de causar essa desgraça na minha família. Por causa dele minha mãe teve que amputar a perna, e tenho certeza de que ela não ira se recuperar tão cedo. Eu sabia que não havia sido ele que ligou para o hospital pois o médico me disse que a pessoa tinha uma voz se idosa. Como que se identifica a voz de uma idosa ? De qualquer modo, foi muita falta de educação ele nem ao menos aparecer para pedir desculpas.
Suspirei e me levantei da cama, andando lentamente até a porta do meu quarto e a abrindo, logo depois saindo e começando a andar pelos corredores para chegar na cozinha. A casa estava um breu, mas depois de anos morando nessa casa eu a conheço como a palma da minha mão, por isso nem preciso acender as luzes para poder saber para onde estou indo. Cantarolei uma música que eu havia inventado baixinho, balançando minha cabeça no ritmo que eu criei em minha mente e abrindo a porta que levava a cozinha, indo até a geladeira e abrindo o freezer, pegando o pote de sorvete que eu havia guardado para mais tarde e pegando uma colher, abrindo o pote e começando a comer. Me inclinei sobre a bancada da cozinha e passei o olhar pelo local, percendo que uma das janelas estava aberta, fazendo a brisa fria da noite passar por ela. Mas afinal, quando foi que abriram a janela ? Eu me lembrava perfeitamente de ter a trancado, assim como todas as outras. Okay, meus palpites racionais acabaram. Não tem como o vento ter aberto a janela. Balancei a cabeça negativamente e respirei fundo, tentando acabar com a pontada de medo que surgiu em mim, e, assim que me acalmei, guardei o pote de volta no freezer e joguei a colher na pia, fechando a janela e a trancando novamente. Se for o vento que abriu sacaralha, eu não sou mais virgem.
Me virei e respirei fundo novamente, era pressão demais nos últimos dias. Por que tudo se tornou tão caótico desde que eu desejei voltar a viver nos tempos de assassinatos em familia ? Será que eu tenho uma fada madrinha satânica que só decidiu surgir agora para tentar matar a mim e a minha familia ? Nunca mais desejo porra nenhuma. Vai que acontece um apocalipse zumbi e eu acabo me fodendo. Balancei minha cabeça para afastar os pensamentos negativos e andei em direção ao meu quarto, indo até minhas prateleiras e escolhendo um livro qualquer de terror — para você ver o quanto eu adoro foder com a minha sanidade — e me aconchegando na minha cama, me cobrindo da cabeça aos pés com o meu cobertor fofinho e usando a luz do celular para iluminar as páginas, finalmente começando a ler.
❝ [...] Pobre garota, que agora com o coração antes puro, se encontrava manchado com a escuridão de todo o mundo. Seus pés vermelhos por conta do sangue que escorria, denunciava que a pequena já correra a várias horas, mas as criaturas de escuridão e maldade tem uma resistência e ferocidade ilimitadas, e não iriam parar até infectar todo o coração puro da pequena garota.
Seu rosto estava banhado pelas lágrimas, o sorriso agora já havia desaparecido. Mas quem a avisou que não se deveria confiar no homem esguio ? Apesar de sem rosto, muitas mentiras saíam de tua boca, palavras que a levariam em direção à perdição. Não chores pequena criança, pois teu herói ei de chegar, e assim todas as mentiras do Homem Sem Rosto queimarão no mesmo lugar onde teu pai queima. O grande demônio da destruição: Zalgo. Tomes cuidado pequena criança, pois um de teus servos irá te pegar, e assim teu sofrimento eterno assim irá começar [...] ❞
Parecia que eu estava hipnotizada pela história, e assim que terminei meus olhos se arregalaram. Por que o nome Zalgo me parece ser tão familiar ? Parecia até que eu tinha uma ligação com aquela história, como se ela fizesse parte da minha vida. Confesso que me deu um pouco de medo, mas mesmo assim tentei me acalmar, afinal, aquela história não poderia ser real... Né ? Balancei novamente a cabeça e observei a capa do livro, eu não me lembrava de o ter comprado na biblioteca. Eu me lembraria. Okay, isso esta ficando cada vez mais assustador. Mas você acha que eu vou parar de ler ? Nem fodendo, tá muito louca a história.
❝ Após finalmente encontrar uma cabana abandonada a garota finalmente pode respirar em paz, sabendo que pelo menos por aquela noite ela poderia ficar em segurança, para que assim ela pudesse fugir daquela terrível floresta que apenas lhe trouxe dor, mágoas e sofrimento. A passos lentos ela adentrou a casa, trancando a porta e as janelas — que por um milagre ainda estavam inteiras —, e quando finalmente se sentiu em segurança ela subiu para um dos quarto, achando um colchão em um estado deplorável, mas ela não estava podendo escolher, e com uma grande alegria ela se jogou no colchão, finalmente podendo descansar seu corpo cansado e seus pés machucados...
Pobre garota que apenas sofre por confiar muito em quem não deveria. E assim sua paz foi desfeita pelo ruído de vidro sendo quebrado, que a botou em alerta. As criaturas da sombra finalmente haviam a encontrado e finalmente iriam infectar seu coração. Ela não teve tempo de reagir, então apenas sentiu as garras afiadas das criaturas serem fincadas em sua carne e a rasgar por inteiro, fazendo assim com que seu sangue carmesim se espalhasse pelo chão, e agora seus olhos não brilhavam mais. Eles se tornaram opacos e sem vida, e agora seu coração não batia mais. E assim como as criaturas vieram, elas se foram para as profundezas do Tártaro. ❞
Após terminar de ler, respirar fundo e sai debaixo da coberta, observando minha porta que estava entreaberta. Eu havia deixado ela assim ? Me perguntei mentalmente e me levantei da cama, deixando o livro de lado e andando até a porta, abrindo ela totalmente e colocando a cabeça para fora, sentindo um cheiro de podre se impregnar em meu nariz, e eu tive que me controlar ao máximo para não vomitar. De onde estava vindo aquele cheiro horroroso ? Sai do meu quarto e fui até o interruptor, acendendo a luz e olhando ao redor, mas o que eu vi me deixou paralisada de medo. As lágrimas começavam a escorrer pelo meu rosto e a minha única reação naquele momento foi gritar e correr de volta para o meu quarto, me trancando no mesmo e ligando para a polícia.
Não pode correr e nem se esconder de mim. Eu sempre irei te encontrar minha querida, e matarei todos que tentarem te tirar de mim~
[Continua...]
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