Naquele dia, o dia em que Ichigo não soube se controlar no carro com Rukia, sua cabeça estava tão cheia que nem sequer fora trabalhar, aliás, fazia um bom tempo que não dava as caras em festa alguma. Hoje ele iria, precisava distrair-se e tirar aquela pequena criatura que lhe assolava a mente a um bom tempo.
Olhou o relógio, 21:02 e Ichigo já se levantava para tomar banho. Passara o dia inteiro jogado na cama, praticamente hibernou. No meio tempo que acordou para comer, lembrou-se de ligar para Renji. Sabe-se lá o que ele e Grimmjow fariam juntos sem que, pelo menos, ele lhes implorasse para que mantivessem a ordem. Como o esperado, Renji não dissera muita coisa, apenas que precisaria de um tempo para digerir os últimos acontecimentos, quem sabe reorganizar sua mente e continuar inabalável, ou não. Ichigo apoiava o amigo, no entanto sempre soube que se um dia Byakuya voltasse Renji estaria novamente vulnerável a qualquer ato que partisse da parte do Kuchiki. Não que Renji fosse incapaz de tomar as rédeas de toda a situação, mas o que os dois tiveram marcou tanto ao Abarai quanto ao Kuchiki, e ainda que Byakuya se demonstrasse indiferente, Ichigo sabia muito bem que por dentro ele se corroía de arrependimento. Tudo poderia explodir novamente.
Ichigo contentou-se com as explicações do amigo, não adiantaria muito insistir em dizer-lhe para não fazer nenhuma besteira, principalmente na companhia de Grimmjow, de um jeito ou de outro eles se meteriam em alguma encrenca. Grimmjow não se controlava nem quando estava sozinho, quem dirá estando na companhia de Renji, que venhamos e convenhamos nunca fora o exemplo de pessoa contida quando bêbada.
Apanhou as chaves do carro no criado-mudo juntamente de sua carteira, trancou a porta do apartamento e adentrou o elevador. Eram quase instantâneos os pensamentos que borbulhavam sua mente quando se encontrava sozinho, como se ele estivesse programado para pensar nela a cada cinco minutos do seu dia. O rosto de Rukia estava gravado em sua memória, e ele ainda não tinha dominado a arte de repreendê-lo quando se fazia presente em sua imaginação. Não que fosse de todo ruim.
Isso já vinha preocupando o Kurosaki gravemente, pois essa sensação que ele cativou pela menina lhe afetava de uma maneira que ele nunca tinha sentido, para falar a verdade, só havia sentido uma vez na vida, porém era algo que já havia superado, ou pelo menos achava que havia.
Saiu de seus devaneios assim que a porta do elevador se abriu, andou pelo estacionamento encontrando o automóvel sem muita dificuldade. Entrou e deu partida, não tinha um destino certo, porém tampouco não sabia aonde ir. Conhecia muito bem como aquela cidade funcionava à noite.
Não se demorou muito tempo dirigindo, parou em uma das muitas boates na rua movimentada, estacionou num lugar que já era de praxe, sabia que não correria o risco de ficar sem carro caso estacionasse ali. Andou um pouco até adentrar o local. Dois grandes homens se encontravam na entrada da mesma, Ichigo já era conhecido ali, não fez muito esforço para conseguir passagem.
O local estava repleto de pessoas, muitas delas bêbadas, outras dançavam e algumas apenas bebiam pelos cantos. A música alta ressoava de todos os lados e as luzes eram um tanto quanto alucinantes. A boate não era de todo mal, porém não era uma das melhores, além do mais era a que ele mais frequentava. Abriu caminho entre toda a gente que pulava eufórica até finalmente alcançar o bar e sentar-se num dos bancos dispostos ao longo do balcão.
Era certo que não estava lá tão entusiasmado como deveria, porém já era uma ajuda para se distrair. Pediu um Absinto, não era difícil de encontrar a fada verde naqueles lugares, tudo parecia liberado, até demais. Não demorou muito até que o barman lhe entregasse a dose, Ichigo precisava mesmo de algo forte para esquentar a noite. A bebida um tanto quanto enjoativa desceu esquentando a garganta, em pouco tempo ele já estava acordado o suficiente para aguentar a noite. Pediu ainda mais duas bebidas diferentes para então juntar-se às pessoas que dançavam. Chacoalhou-se um pouco ali, os cabelos já grudavam na testa devido o calor do tumultuo. Muitas mulheres o observavam desde que adentrara o local, reação que era facilmente causada por ele.
Quando suas pernas já reclamavam devido o esforço, retornou ao bar e novamente sentou em um dos bancos, pediu mais bebida e esperou. A quantidade de pessoas era maior naquela hora da noite, a boate estava lotada e Ichigo percebia os olhares sobre si. Olhou os arredores reparando nas mulheres, já estava embriagado e Rukia se tornara apenas uma nuvem em sua mente, distante, porém presente.
Abriu um largo sorriso para uma das muitas que o secavam descaradamente, um daqueles sorrisos capazes de excitar uma mulher somente em demostrar intenções. De fato a mulher era muito bonita, bem vestida e com grandes cabelos castanhos. Preparou-se para abordá-la, no entanto foi impedido por alguém que lhe soprou atrás do ouvido.
-Sabia que te encontraria aqui, Ichigo.- a voz feminina lhe atingiu em cheio. Estava bêbado, porém não inconsciente. Conhecia bem aquela voz, muito bem. E digamos que ele não esperava, nem em seus piores pesadelos, que ela aparecesse novamente, principalmente agora que ele precisava manter distância do sexo oposto.
-Y-yoruichi?- a cara de Ichigo era impagável, a voz tropeça pelo álcool divertiu ainda mais a mulher exuberante parada a sua frente. O sorriso estampado no rosto dela só intensificou a certeza que Ichigo tinha... Ela não havia mudado nada, continuou a mesma vadia de sempre. E isso não era nada, nada bom para o morango. O suor lhe escorria pela testa, precisava pensar numa estratégia para sair daquela situação sem que fizesse nada de que fosse se arrepender depois, ou que não lembrasse, pois no estado em que se encontrava, muito dificilmente manteria o controle sobre suas ações, não naquela noite.
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