...
- Guns N’ Roses! – Balbuciei.
Meus primos ainda continuaram a discussão enquanto eu assimilava tudo lentamente.
Como assim eles aceitaram vim? Mas por que decidiram vir de última hora?
Eu mal conseguia acreditar que isso era verdade.
- Jenny? Jenny? – Minha mãe me chamou me fazendo voltar à Terra.
- Oi mãe, desculpa, me distrair.
- Você me ajuda a ir até o quarto, querida? – Ela me pediu.
- Claro.
Levantei e fui juntamente com a mamãe até seu quarto. Aconcheguei os travesseiros para ela repousar mais confortavelmente. Pensei que ela iria ler alguma coisa ou apenas descansar, mas quando fiz menção de sair do quarto ela me chamou novamente.
- Jenny, senta aqui. – Apontou para o cantinho da cama ao seu lado.
- O que foi mamãe? Tá sentindo alguma coisa? – Perguntei preocupada.
- Não, só precisamos conversar. – Me disse séria. – Eu vi como você ficou quando seus primos disseram a respeito desse show. Aliás, eu iria lhe perguntar na sala, mas preferi não fazer se não a confusão seria maior. Não é para essa banda que você trabalha? – Ela questionou, mas pela sua cara ela já sabia a resposta.
- Sim mãe, mas não menciona nada para eles, não por agora. O Marcos e a Vivi nem me deixarão dormir se souberem. Eles irão me perguntar tudo sobre eles, e eu não queria falar nada por agora. – Expliquei.
- Entendo. Mas por que você ficou desse jeito, Jenny? O que está acontecendo? Eu sei que algo lhe perturba.
- Não é nada demais, mãe.
- Eu te conheço Jenny. Acredito que tenha a ver com seu trabalho. Aliás, é com algum rapaz do seu trabalho. E sei que não é o seu namorado advogado. – Ela pontuou.
- Por que pensa que não é ele? – Perguntei intrigada.
- Desde que você me disse que estava namorando esse rapaz, você nunca falou dele com emoção e desde que você chegou nem o mencionou nenhuma vez. – Mamãe não perdia nada, pensei.
- Está bem mãe, não tem nada a ver com o Paul. Tem a ver com outro cara. – Contei, mesmo temendo que ela me recriminasse.
- E você está assim por que tem dúvidas de quem gosta Jenny? É normal na sua idade minha filha, você é jovem.
- Eu não tenho dúvidas entre os dois, eu sei de quem eu gosto. O problema é que eu e ele somos tão diferentes.
- E quem é esse rapaz?
- Mãe, melhor conversarmos outra noite. – Tentei me livrar da conversa, tinha medo de dizer quem era e ela passar mal.
- Não, vai ser agora. Por que me esconde quem é? - Ela insistiu firme.
- Ele é do trabalho mãe.
- E o que tem demais nisso?
- É que nos somos tão diferentes. Praticamente de mundos diferentes, estilos de vida diferentes e tantos outros obstáculos. Não vejo um relacionamento fácil. – Contava um tanto receosa, mas estava conseguindo me abrir com ela.
- Minha querida, não existe isso de relacionamento fácil. Todos os relacionamentos tem seus impasses. Nem sempre a pessoa que encontramos é aquela que tem os mesmos gostos, o mesmo estilo. O coração não escolhe de quem gostar, você simplesmente se apaixona, e pelo que vejo você está apaixonada por esse rapaz. E ele, gosta de você?
- Acho que sim, mas...
- Jennifer, quando eu conheci seu pai, pensa que foi fácil? Vocês conhecem parte da história, a que ele me conheceu no Brasil, nos apaixonamos e eu fui embora com ele, mas não foi simples assim.
- Não? – Perguntei encostando minha cabeça em seu colo enquanto ouvia sua história.
- Eu tinha começado a trabalhar no hotel que seu pai ficou hospedado quando veio para um trabalho de uma ONG. Havia concluído meu curso de inglês porque almejava ser gerente de um grande hotel algum dia. Bem, durante sua estadia sempre conversávamos e um dia ele me convidou para sair. Eu fui um tanto receosa, afinal a fama de estrangeiros que vem só para se aproveitar de brasileiras era muito grande, mas eu via nele algo diferente. Logo nos apaixonamos, mas eu temia, hesitava porque éramos diferentes, estilo de vida, costumes, países e situação financeira.
- E então mamãe?
- Bem, inúmeras pessoas, amigas, colegas de trabalho, todos me diziam que ele só queria brincar comigo, que logo voltaria para os E.U.A e me daria um pé na bunda. Após um mês de namoro ele teve que voltar para a América, e queria me levar junto, mas seus avós não permitiram. Claro, eu também tinha medo, apesar de acreditar que o que sentíamos era verdadeiro. Sendo assim ele me propôs casamento em tão pouco tempo de namoro, mas aceitei quase de imediato. Ele voltou para San Francisco, para providenciar os documentos e disse que voltaria em 15 dias para nos casarmos.
- E aí?
- Bem, passaram os 15 dias, e ele não apareceu. Chorei muito. Muitas pessoas vinham dizer na minha cara: “eu te avisei”, “você é uma iludida”, e tantas outras coisas. Mas o que tinha acontecido foi que surgiu uma emergência com a família dele, mas quando foi com um mês ele apareceu. Nos casamos, eu fui embora com um milhão de dúvidas, receios e medos, mas fui, porque sabia que nos amávamos.
- Vocês nunca nos contaram essa parte, mamãe. – Ela apenas me sorriu.
- Jenny, o que queria dizer é que sempre haverá medo, receio, quando se sente algo intenso e forte por outra pessoa.
- A senhora acha...
- Seu pai sabia que você era diferente de Julie, que era mais introvertida e que talvez tivesse mais dificuldade em relacionamentos. Seu pai amava vocês duas da mesma forma, mas sabia diferenciar até mesmo melhor que eu a atenção especial que cada uma precisava. Sabe o que significa a inscrição no seu colar: “Sem paredes, apenas Horizontes”? – Ela me perguntou.
Levantei-me pegando no colar e olhando para o mesmo e em seguida a respondi.
- Para eu ganhar o mundo!? – Disse receosa. Sempre entendi assim.
- Também. Mas juntamente significa para você não se privar de viver, de sentir. Seu pai temia que você não aproveitasse e se fechasse para certas coisas, pelo seu modo mais reservado. “Sem paredes, apenas Horizontes” é para que você não crie muros a sua volta, viva, sinta e aproveite a sua vida, sem medos, sem receios, sem obstáculos, sem paredes, apenas horizontes.
O que mamãe me disse me fez pensar de outra forma. Eu sempre relacionava essa inscrição apenas a minha imensa vontade de viajar e desbravar o mundo, que não havia a visto por outro lado, de outra forma.
- E então, vai me dizer quem é esse rapaz?
- Ele é da banda, mãe, do Guns N’ Roses. – Disse com cautela. Ela arregalou os olhos e deu um suspiro.
- Bem, realmente é surpresa para mim. – Respirou fundo e continuou. – Eu já ouvir falar algumas coisas desses rapazes, seu primo é louco por eles, não para de falar um instante. Na verdade ele tem um fascínio pelo cantor e pelas coisas malucas que o mesmo faz. O vocalista é daqueles caras rebeldes sem causa, mimado, que acha que são os donos do mundo. Na verdade para mim ele é apenas um delinquente inconsequente que não tem dimensão do mau exemplo que dá para esses jovens...
Mamãe falava sem parar, enquanto eu fui ficando sem graça e com um sorriso amarelo.
- ... mas bem, acredito que nem todos sejam como ele, Jenny, e talvez algum tenha conseguido ganhar sua afeição. Não é mesmo? – Ela concluiu, mas assim que prestou atenção em mim, percebeu imediatamente que o cara que ganhou minha afeição foi justamente o “rebelde sem causa”.
- Mãe... – Antes mesmo que eu falasse, ela me interrompeu.
- Mas como isso foi acontecer? Você sempre foi tão sensata, tão centrada. – Sobressaltou pasma. - Ah minha nossa! Jenny, esse rapaz mal tem um nome, quando seu primo começava falar dele parecia que estava espirrando. Quem se chama Axl? – Dona Eleanor estava inconformada.
- O nome dele é William, mãe. Axl é só artístico.
- E com um nome tão bonito, porque usa isso que nem nome é? – Perguntou indignada, mas então continuou. – Jenny, quando você me disse que ele era da banda eu pensei que era um dos músicos, o empresário, assistente.
- Eu sei que falam bastante coisa dele mãe, mas nem tudo é verdade, acredite.
- Então não é verdade que ele agrediu uns repórteres shows atrás? Que brigou com uma vizinha e lhe deu uma garrafada na cabeça? Que responde um processo da ex esposa? Jenny, ele agrediu a própria esposa.
- A maioria é verdade, mas, não é tudo preto no branco. A mídia pinta assim, mas bem, os repórteres estavam o provocando, a vizinha na verdade era uma fã descompensada e a esposa, bem... – Isso eu não podia me meter porque não sabia o que tinha acontecido.
- E então? Ainda tem o uso de drogas.
- Eu sei que ele já usou um tempo atrás, mas ele não está mais nisso e até está tentando fazer os outros pararem.
- Jenny, você sempre foi tão prudente.
- Mãe, eu sei que é difícil de acreditar, mas ele não é apenas essa pessoa que a mídia expõe. Acredita em mim, eu sei que não é.
- Tenho medo, filha, que ele possa te fazer algum mal, te bater, te machucar.
- Eu sei mãe, mas tenho certeza que ele não faria nada contra mim. – Disse convicta.
- Jenny, nada do que você me diga...
Ela começou a falar então abaixei minha cabeça. Era horrível saber que minha mãe não aceitava a possibilidade de eu chegar a ter alguma coisa com Axl. E isso realmente me afligia.
- Jenny?! - Ela chamou minha atenção. Olhei para ela com lágrimas nos olhos.
- Você não aceita, né? - Já esperava por seu sermão.
- Não que seja fácil, mas vendo seu estado. Você realmente está apaixonada por ele? – Me perguntou enquanto apenas balancei a cabeça afirmando. – Eu não criei filha minha para andar com um delinquente sem caráter. – Ela disse séria. – Mas eu te conheço muito bem, Jenny, para saber que você não faria isso. E se você tem tanta certeza que esse rapaz não é assim, vou acreditar em você.
- Sério mamãe?
- Sim. – Dito isto, pulei em cima dela e a enchi de beijinhos.
Eu me senti tão melhor quando conversei com minha mãe e principalmente por saber que ela confiava em mim, nas minhas escolhas.
Voltei para sala com o coração tão leve.
Todos já haviam ido dormir, me joguei no sofá com uma coberta e fiquei pensando.
- Por que será que você mudou de ideia quanto ao show ruivinho? – Suspirei, perdida em meus pensamentos.
{...}
Já havia passado alguns dias desde que anunciaram o show do Guns.
Mamãe estava bem melhor, tanto que Julie conseguiu ligar e lhe contou sobre a gravidez, o que a deixou muito alegre com a novidade de ser avó. O que ainda a contrariava era seguir as orientações médicas, que ela fazia com minha rigorosa supervisão. Volta e meia ela queria burlar algumas coisas, mas sempre a flagrava. Agora sabia de quem eu havia puxado a teimosia.
Todos haviam saído e mamãe repousava em seu quarto. Eu assistia a um programa na sala, mas mal prestava atenção no que passava. Então olhei para o telefone. Após muito pensar, resolvi ligar. Nem sabia o que falaria, mas tentaria conversar com o ruivo, isso se ele quisesse falar comigo.
Liguei para a Hell house e após umas três tentativas consegui completar a ligação.
- Alô? – Uma voz feminina me atendeu.
- Lucy? Oi é a Jennifer.
- Oi Jennifer. – Ela me cumprimentou simpática.
- Lucy, eu queria falar com o Axl. Você poderia chamá-lo para mim. – Pedi esperançosa.
- Ah Jennifer, infelizmente ele não se encontra. Está ensaiando, quase não tem ficado em casa esses dias.
- Ah entendo. – Murmurei cabisbaixa.
- Quer deixar recado?
- Só diga que liguei. – Disse sem ânimo.
- Está bem.
Desliguei o telefone triste. Tanta dificuldade para ligar e quando consigo, ele nem estava em casa.
Peguei o controle da TV e fui procurar algo para assistir.
POV Axl
Estava descendo as escadas da Hell house quando avistei Lucy colocando o telefone no gancho na mesinha da sala.
- Alguém me ligou? – Perguntei ansioso vendo Lucy me olhar assustada. Pelo jeito assustei a coitada.
Na verdade esses dias quando estava em casa, dirigia minha atenção a todo telefonema, no fundo eu tinha esperança de ser Jenny, mas ela não parecia muito querer falar comigo.
- Não senhor Rose, foi engano. – Ela respondeu rapidamente com a voz trêmula.
- Desculpe, eu te assustei. – Ela apenas me fitou por alguns segundos, mas logo saiu para cozinha.
Eu hein, essa garota está estranha esses dias, pensei comigo. Acho melhor pedir para Anna conversar com ela.
Será que fui rude com ela esses dias e não me lembro?
Admito que meu humor estava oscilando bastante nos últimos dias, talvez pela ansiedade desse show chegar logo de uma vez.
{...}
Foram vários dias de ensaio e nosso show estava perto. Já estava tudo certo, selecionado e preparado. Os caras se empenharam bastante e tinha certeza que iríamos arrebentar nesse show.
Estava aproveitando o descanso dessa tarde, quando me lembrei de algo. Camille havia deixado o número da casa em que a Jennifer estava debaixo da agenda telefônica na mesinha da sala.
Fui até lá e peguei o pequeno pedaço de papel. Após pensar por um tempo resolvi ligar.
- Alô, gostaria de falar com a Jennifer, por favor. – Pedi.
- #$%¨&&¨%$#@%¨&*. – Foi tudo que entendi do outro lado da linha. Identificava apenas que era uma voz feminina.
- Alô, está me ouvindo? Poderia chamar a Jennifer. – Insisti.
- @#$$%¨&**&&¨¨%$#$#@@@#$. – A voz do outro lado da linha se alterou e desligou na minha cara.
Após um tempo só então percebi que a moça que me atendeu não falava minha língua. O que ouvi então do outro lado da linha foi português. Saí raivoso da sala e fui para meu quarto.
- Droga! – Bati minha mão na escrivaninha.
Bem, pelo menos as ligações estão completando. Após me acalmar um pouco resolvi tentar ligar novamente, mas o mesmo se repetiu, a mesma moça atendeu ao telefone e desligou na minha cara.
- Custava àquela teimosa folgada atender ao telefone. – Disse comigo mesmo.
O jeito seria esperar. Alan ainda não havia conseguido falar com ela, mas tinha esperança que ela aceitaria nos acompanhar no Brasil e mais esperança ainda de tê-la novamente em meus braços.
POV Izzy
Aproveitei essa tarde de folga para sair. Estávamos ensaiando há vários dias, mas tudo já estava preparado, agora era só esperar o dia do show.
Após ir a umas lojas de instrumentos resolvi ir até o apartamento de Camille. Já tinha uns dias que não nos víamos, mas sempre nos falávamos por telefone, principalmente sobre o livro de suspense que eu havia indicado a ela.
- Jeffrey! – Ela me recebeu com um sorriso lindo em seu rosto assim que abriu a porta.
- Espero não está incomodando. Estava aqui perto e resolvi passar para falar com você.
- Você nunca incomoda Jeffrey. – Ela fechou a porta e nos sentamos no sofá da sala.
Começamos a conversar sobre os livros, nosso assunto preferido. Me fascinava como ela se empolgava ao falar deles. Em seguida falamos de seu estágio.
- Finalmente acabou. Ganhei minhas horas extracurriculares e vou deixar na faculdade quando iniciar o semestre.
- Foi bom?
- Eu esperava mais, confesso. No dia que me chamaram para acompanhar uma reportagem nas ruas, imaginei uma perseguição policial, um resgate dos bombeiros, um escândalo político, mas apenas me levaram para entrevistar um senhora que criava 30 gatos, acredita?
- Quem cria 30 gatos? – Perguntei surpreso.
- Não vou mentir que se deixasse era capaz desse apartamento ser cheio deles, porque a Jenny não pode ver um gato de rua que já quer trazer para cá. Eu que não deixo, sou alérgica.
- Isso ela tem em comum com o Axl, ele também adora animais. Ainda acho que a casa dele em Malibu vai virar um zoológico quando ele for mais velho.
- Por falar na Jenny, consegui dar o recado do senhor Niven. Falei para ela que ele queria conversar com ela quando chegasse ao Brasil e que seria para ela acompanhá-los na estadia durante o show.
- E o que ela respondeu?
- A porcaria do telefone ficou chiando nessa hora. Acho que está tendo algum problema nas linhas telefônicas no Brasil, há dias não converso direito com minha melhor amiga. – Ela contou cabisbaixa.
Camille reclamou por não conseguir conversar com a Jenny e principalmente da saudade que sentia dela, então tive uma ideia.
- Venha conosco. – Sobressaltei.
- O que?
- Para o Brasil. - Expliquei. - Assim você mata a saudade da sua amiga e conhece o país.
- Eu não poderia, Izzy. – Respondeu-me como se tivesse feito uma proposta descabida.
- Por quê? Você mesma disse que já terminou seu estágio, as aulas ainda demoram uns dias para começar e além do mais, pense bem, não é todo dia que surge a oportunidade de você viajar com tudo pago.
- Bem, não sei, acho que não me sentiria bem em não pagar.
- Não teria porque Camille, o avião é nosso, tem lugar vago. Sempre reservam mais quarto para gente, até porque sempre isolam andares nos hotéis que ficamos, além do mais não é a primeira vez que levamos nossas namoradas com a gente.
- Namorada? – Ela arqueou as sobrancelhas surpresa.
- Digo, namoradas, amigas. – Corrigi sem graça, mas quem dera fosse verdade. – Vamos!? Tenho certeza que a Jenny adorará.
- E quanto ao Slash?
- Não se preocupe Camille, o avião é grande. Podemos nos sentar na extremidade oposta a dele.
Percebi que seu maior receio era devido o Poodle. Infelizmente notava que Camille ainda gostava de Saul.
Ela permaneceu pensando em tudo, hesitando em aceitar.
- Tem certeza que não irá atrapalhar nada? – Perguntou-me indecisa.
- Tenho! E não se preocupe com Saul, ele não dirá nada. E eu estarei ao seu lado todo o tempo. – Olhei fundo em seus olhos.
- Então eu aceito. – Disse animada. – Nossa eu nem acredito que vou conhecer o Brasil. Tenho que comprar roupa, arrumar minha mala. Nossa tanta coisa para fazer. – Ela levantou empolgada num pulo.
- Já vou indo. Vou deixá-la organizar suas coisas.
Nos despedimos e lhe dei um beijo em seu rosto. Ela me encarou por um momento e por um curto período de tempo parecia que ela queria me beijar. Porém logo interrompeu o olhar e me deu um sorriso amigo.
Claro que foi apenas impressão minha, idiota!
Eu estava feliz que ela veria a amiga, mas claro que isso também me enchia de esperança. Ela estaria comigo, estaríamos mais próximos e finalmente eu poderia tentar algo a mais. A cada dia eu me sentia mais atraído por ela, por seu jeito, por tudo.
...
Cheguei na Hell house e me deparei com Axl sentado no sofá encarando enfezado o telefone.
- Por que dessa cara, William?
- Nada. – Respondeu enfadado.
- Já que não quer falar digo eu. A Camille vai com a gente para o Rio.
- O que? - Ele virou-se imediatamente em minha direção.
- Eu a convidei e acredito não haver problemas.
- Depois eu que sou o precipitado. – Revirou os olhos.
- Ela ia ficar sozinha e estava com saudades da amiga.
- Acredito Isbell, você só fez isso porque a loirinha ia ficar solitária e estava com saudades da amiga. – Disse irônico. – E você não ganha nada com isso. – Manteve o tom de deboche.
- Não sei do que está falando, Axl. Você tem problemas com a Camille?
- Não, eu gosto da loirinha, acho ela uma garota bacana. Mas Isbell não me arrume confusão em véspera de show. Nem acredito que eu tô falando isso para você, geralmente é o contrário. – Ele suspirou. – Isbell, Slash ainda gosta dela. Caramba vocês tinham que gostar da mesma garota. – Ele desembuchou de uma vez.
- Do que você está falan...
- Nem venha com desculpas. Eu te conheço Jeffrey, desde a escola. E você nunca foi fura olho, se está tentando algo é porque realmente gosta dela. Se fosse uma streaper, uma groupie, não haveria problemas, mas a Camille. Veja bem o que você irá fazer Jeffrey.
- Chega, William! Não haverá confusão e esqueça esse assunto descabido. – Saí da sala e fui para meu quarto.
Era só o que me faltava, ouvir sermão de Rose.
Deitei em minha cama e fiquei refletindo. Pior que o ruivo tinha razão, Slash ainda gostava da Camille.
Será que foi mesmo uma boa ideia chamá-la para essa viagem?
{...}
POV Duff
Era nossa última noite em L.A. antes da viagem. Aproveitei para ir curtir um pouco no Rainbow.
Axl estava um porre, estávamos quase sendo escravizados por aquele ruivo perfeccionista nos ensaios. Era até maneiro vê-lo tão empenhado cantando tanto, mas acho que ele estava mesmo era extravasando suas energias acumuladas. Ele não tinha saído com mais ninguém e isso era algo inédito para todos nós.
Estava com Popcorn e Slash numa mesa reservada. Slash finalmente resolveu sair e pegar umas garotas, depois que descobriu que Camille ia com a gente a convite de Izzy.
Fui até o balcão pegar mais bebidas para voltar para uma ruiva gostosa que me aguardava na mesa, no entanto, enquanto esperava o barman uma voz já conhecida chamou pelo meu nome.
- Michael, que surpresa agradável. – Virei-me para a loira cínica, mas altamente gostosa a minha frente.
Ela usava um vestido preto justo em seu corpo, desenhando suas belas curvas e destacando seus seios volumosos.
- Você não tem vergonha? Me deu bolo aquele dia e agora aparece como se não tivesse feito nada. – Ela achava que havia esquecido.
- Eu não te dei bolo Michael. Eu disse que talvez aparecesse aqui, infelizmente não pude vim. – Me fitou dengosa.
- Por que não veio?
- Problemas em casa. – Disse sem muitos detalhes.
Com todo o charme que ela estava jogando, logo minha raiva passou. Eu não conseguia tirar os olhos dela, principalmente de seu decote.
- E aquela bebida? Ainda vai me pagar? – Me perguntou com um sorriso malicioso.
- Peça o que você quiser.
Nos sentamos nos banquinhos do balcão e ficamos conversando. Ela pouco falava dela e me admirava ela saber tanto de mim.
- Você me disse que me diria seu nome na próxima vez que nos víssemos.
- Disse? – Se fez de desentendida e levou o dedo na boca me provocando. – Ai Michael, você só pede meu nome. - Contestou. - Tem tantas outras coisas mais interessantes para você pedir para mim, não acha? - Me fitou de cima a baixo.
- Que jogo é esse? – Ela me deixava confuso. Uma hora recuava, outra avançava.
- Não estou jogando, mas quer jogar? – Ela então pegou uma moeda da sua bolsa e olhou para mim. – Se der cara, eu te digo meu nome, se der coroa... – Ela parou por um momento mordendo seu lábio inferior.
- O que você me dá se der coroa? – Perguntei cheio de malícia lhe dando um sorriso safado. Ela sabia muito bem o que eu queria se desse coroa.
- ...pode tirar essa ideia da cabeça. Se der coroa... te dou um beijo. – Concluiu.
- Aaaa...um beijo? – Disse frustrado.
- Pegar ou largar. Além do mais, não subestime meu beijo. – Piscou para mim.
Já beijei tantas garotas, pensei. O que teria de diferente no beijo dela, principalmente sendo tão nova. Mas estava valendo, melhor que nada.
Concordei e ela jogou a moeda para o alto. Colocou no dorso da sua mão e olhou escondido fazendo mistério.
- E então, o que deu?
Ela apenas sorriu. Quando ia me responder, Popcorn apareceu bêbado.
- Hey Girafa, estamos esperando as bebidas. – Ele falou se encostando no meu ombro. – Oiiii, gata!!! Aaaahhh agora entendi. – Ele disse assim que viu a loira a minha frente.
- Oi. - Ela o cumprimentou sorrindo.
- De onde você surgiu? Por isso o Girafa abandonou a ruiva, mas você é muito mais gata. – Adler disse para ela.
- Então você estava com uma ruiva, Michael? – Ela me perguntou debochada.
- Cala boca, Adler! – Dei-lhe um tapa na cabeça.
- Ai Girafa! Que é isso? Paz e amor. – Steve estava muito alto.
- Não se preocupe Michael, não sou ciumenta. Você não é meu, ainda. – Piscou o olho para mim.
- Hey, eu já lhe vi. Em algum lugar... – Steve falou olhando para ela.
- Acho que não. – Ela respondeu.
- Deve ter sido no show beneficente Adler. – Comentei.
- Não, faz um tempo já, só não me lembro onde. – Steve tentava puxar pela memória, mas acho que ele estava se confundindo.
- Bem, tenho que ir. – Ela rapidamente se levantou e saiu.
- Caramba Adler, além de afugentar suas garotas, você vem aqui afugentar a minha. – Disse dando outro tapa em Steve.
- Porra Girafa! Você está muito violento essa noite.
Saí revoltado e fui até o banheiro. Droga, nem descobri o que deu na moeda. Que garota gostosa, estava contando que ia fudê-la essa noite. Ela estava na minha, tinha certeza.
Assim que sair do banheiro senti alguém me puxar e me encostar na parede. Me assutei até ver que era a loirinha.
- Pensei que tivesse ido embora.
- Eu ia, mas me lembrei que não terminamos nosso jogo.
Assim que ela se calou, avançou em meus lábios me dando um beijo quente, cheio de malícia. Nossas línguas batalhavam por espaço e pude sentir o gosto doce da bebida em sua boca.
Desci minhas mãos contornando seu corpo e a puxando mais para mim. Ela continuava me beijando loucamente, dominando o beijo de uma forma sensual e provocante, chupando minha língua e mordendo meus lábios.
Suas mãos começaram a descer pelo meu tórax, alisando o mesmo. Senti ela adentrar com sua mão minha camiseta e arranhar minha barriga subindo até meu peitoral.
Um arrepio percorreu em meu corpo. Coloquei uma mão em sua nuca e desci minha outra mão até sua bunda, a apertando com força.
Ela começou a beijar meu pescoço, deslizando sua língua, subindo até minha orelha, passando a mordisca-la.
Em poucos minutos ela me deixou excitado fazendo-me sentir meu membro apertado por baixo da calça. Ela percebeu minha ereção se afastando de mim e olhando em meus olhos com um sorriso travesso. Desceu sua mão até meu membro e o apalpou por cima da calça.
- Parece que tudo em você é grande, Mckagan! – Disse umedecendo os lábios delicadamente.
Porra! Ela não fazia ideia do que estava fazendo comigo.
- Você não imagina quanto. – Disse a fitando com desejo.
Ela sorriu e se afastou de mim.
- Tenho que ir. – Falou dando meia volta.
- Agora? – Perguntei incrédulo.
- Sim, tenho que ser uma boa garota esses dias se quiser algo que desejo muito e por isso não posso chegar tarde em casa. – Falou deixando-me confuso. Não entendi o que ela quis dizer com isso.
- Mas eu pensei que a gente...
- Eu disse que era só um beijo e para você não subestima-lo. Veremos-nos em breve, Mckagan. – Disse se afastando.
- Você é uma maluca, isso sim. – Gritei a vendo sumir na multidão.
Droga! Agora tinha que procurar outro alívio, se não ia pirar.
E nem tive tempo de dizer que ficarei uns 15 dias fora. Não nos veremos por tão cedo.
Mas que beijo! Eu realmente não esperava tanto.
Voltei para mesa que estávamos. A ruiva ainda estava a minha espera e assim que cheguei ela se sentou no meu colo e começou a beijar meu pescoço.
No entanto, não conseguia esquecer aquela loira:
Que garota!!!! Eu estava louco pra levá-la pra cama.
...
POV Jennifer
Faltava apenas dois dias para o show dos meninos. Já era noite e estávamos eu, mamãe, Vivi e Marcos na sala assistindo TV.
De repente o telefone toca. Vivi estava do lado do aparelho, mas não se mexeu, permaneceu olhando para TV.
- Não vai atender? – Perguntei curiosa.
- Eu não. - Deu de ombros. - Passei a semana inteira atendendo esse telefone e era apenas um idiota me passando trote.
- Trote? - Perguntei.
- Sim, falava umas coisas incompreensíveis e ainda disfarçava a voz. Tenho certeza que era um moleque colocando um pano no fone para fazer uma voz grossa.
- Liga não prima, aqui sempre passam trote. Antes perguntavam a cor dos carros, ou se era da peixaria, do frigorífico, coisas assim. – Marcos também relatou.
Voltei a prestar atenção na TV quando o programa foi interrompido para anunciar que o avião da banda Guns N’ Roses havia acabado de pousar no aeroporto Tom Jobim. Senti meu coração disparar.
- Já chegaram? – Murmurei.
- Êeee pelo menos não desistiram. – Marcos saiu vibrando para cozinha.
- Tanto faz, eu não consegui o ingresso mesmo. – Vivi saiu chateada para seu quarto.
O jornal deu continuidade a notícia avisando que eles seguiriam para o Copacabana Palace onde ficariam hospedados.
Era até de se admirar a banda chegando com dois dias de antecedência, pensei. Logo também noticiaram que eles ensaiariam amanhã no Maracanã no início da tarde.
- E então, minha querida. Já resolveu o que irá fazer? Vai aceitar acompanhá-los? - Mamãe perguntou.
- Sim, já resolvi o que farei. Amanhã mesmo irei falar com o senhor Niven. Amanhã eu irei ao Maracanã.
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