POV Camille
- Eu...eu...eu transei com Jeffrey! – Soltei como uma bomba para minha amiga que escancarou sua boca surpresa com minha fala.
- Você o que? – Interrogou alto e exaltada.
- Foi isso que você ouviu e, por favor, não me faça repetir. – Nem eu mesma sabia se queria ter dito isto.
Descemos pelo elevador e saímos do hotel.
...
Estávamos no banco de trás do carro da produção indo em direção à casa da tia da Jenny. Ela não havia dito mais nada no hotel após eu revelar o porquê da minha cara, no entanto já havia se virado para mim umas três vezes fazendo menção de dizer algo, mas logo virava sua cara novamente para frente e ficava encarando o nada. Acho que ela ainda não tinha processado a notícia.
Chegamos à casa da dona Lourdes e logo fomos adentrando. A casa era bem diferente das do E.U.A, mas era uma casa bonita e bem aconchegante.
- Dona Eleanor, que saudades! – Fui imediatamente abraça-la assim que a vi.
- Dona? Você me chamava de tia. Por que mudou? – Perguntou-me com um sorriso carinhoso.
- Eu era tão menina, pensei que talvez não quisesse que eu continuasse chamá-la assim.
- Claro que quero. Para mim, Camille, você é como uma filha. Cresceu junto com minha menina. – Ela disse olhando para Jenny.
- Vou chamar a tia e os primos para lhe apresentar, Camille. – Jennifer saiu da sala deixando-me com a tia Eleanor.
- Você me deixou preocupada dona...quer dizer...tia Eleanor. Não sabe como fiquei feliz em saber que não passou de um susto.
- Sim, um susto que esse povo aqui de casa está fazendo uma tempestade. Acredita que a Jenny agora regula tudo que eu como? – Ela disse contrariada.
Apenas sorri de seus lamentos. Logo Jennifer voltou com seus primos e sua tia Lourdes. Eu os cumprimentei, mas a Jennifer fez a mediação, porque eu não sabia falar português e eles não sabiam falar inglês.
O pouco que entendi foi que a tia dela iria fazer alguma coisa na cozinha para mim. Acho que era costume aqui oferecer alguma coisa, não entendi bem, mas ela saiu preocupada para a cozinha e a Jennifer foi atrás dela ajudá-la. O primo dela foi muito simpático e ainda tentou falar algumas coisas comigo, mas sua prima fez uma cara feia, dando as costas e saindo da sala em seguida. Acho que ela não gostou muito de mim.
Fiquei novamente sozinha com a tia Eleanor na sala e assim que a Jenny saiu para cozinha, ela se aproximou de mim e me perguntou baixinho.
- Camille, sabe que tenho muita confiança na Jennifer. Sempre foi uma menina ajuizada, vocês duas, aliás. Mas, ela me contou sobre esse rapaz, eu aceitei, mas ainda fico com o pé atrás. São tantas notícias ruins sobre ele. Me diga, você que está sempre com ela: ele não faria algum mal a Jennifer, faria?
- Eu entendo sua preocupação tia Eleanor. Axl não é um homem muito “fácil” de entender e com certeza tem seus “momentos” polêmicos. Mas acho que ele já não é mais como antigamente, irresponsável e baderneiro. Acredito também que a mídia aumenta as coisas sobre ele. Mas tia, indo ao que interessa, desde que ele e a Jennifer se acertaram, ele tem se mostrado um bom rapaz com ela.
- Certeza, filha?
- Sim, eles tiveram uma pequena briga, mas já fizeram as pazes. Antes disso ele estava completamente diferente. Se você se preocupa que ele possa fazer alguma coisa com ela, fique despreocupada. Além do mais, a Jennifer só tem esse jeito de menina frágil, mas sabe se defender, não se preocupe. – Sorri me lembrando das brigas dos dois antigamente.
- Isso acalma um pouco mais meu coração. – Ela me disse aliviada.
Logo Jennifer voltou com a tia dela e uma jarra de suco de laranja. Tomamos o suco ali na sala mesmo. Após muita conversa, Jennifer me levou para o quarto da mãe dela o qual ela também estava dormindo.
- Bem, acho que você me deve uma história. – Ela se virou pra mim assim que fechou a porta do quarto.
- Jenny...eu...acho melhor não falar disso agora.
- Nem venha com essa. Você me despeja uma bomba dessa e depois vai deixar por isso mesmo. É claro que eu quero saber Camille. É o Izzy amiga, se fosse o Slash eu até entenderia, mas o Izzy.
- Algum problema com o Izzy?
- Não, mas...eu nem sabia que você gostava dele.
- Eu não gosto...ou gosto...eu não sei.
- Como foi isso Camille?
- Jennifer, a gente bebeu demais, depois brigamos e acabou rolando. Foi isso.
- Você estava bêbada? Ele se aproveitou de você bêbada?
- Não, não pense isso. Estava alegrinha, mas tinha plena consciência dos meus atos.
- Ah que susto, pensei que ia matar um guitarrista hoje. – Ela disse divertida.
Sorri juntamente com ela, mas logo depois ela ficou séria e me encarando. Sabia que ela não iria desistir tão fácil. Então resolvi contar como tudo aconteceu.
Flash Back On
...
Saí enraivecida em direção a porta de seu quarto, parei em frente à mesma e passei a esmurra-la. A sensação que tinha era que todos queriam me fazer de idiota e dessa vez não ia ser assim.
Jeffrey abriu sua porta me olhando surpreso. Talvez não esperasse que eu falasse com ele tão cedo, mas dessa vez eu não ia me esconder, eu ia falar tudo que estava preso na minha garganta.
Ele ficou parado na porta sem dizer nada. Notei que ele já havia se desfeito do colete preto que vestia por cima de sua camisa branca, e que a mesma estava com metade dos botões abertos, revelando seu peito nu. O fitei por um momento, mas logo ignorei seu "jeito" e sem pedir apenas lhe empurrei para o lado e adentrei seu quarto.
- Como você pôde me esconder uma coisa dessas Jeffrey? – Questionei exasperada.
- Camille. – Ele suspirou fechando a porta. – Eu queria muito te falar, tentei algumas vezes, mas sempre algo acontecia e nunca parecia ser o momento certo. – Calmo, tentou se justificar.
- E você acha que esse foi o momento certo? Eu descobri assim? Parece que eu sempre sou a última a saber das coisas. Vocês querem me fazer de idiota?
- Não Camille, nunca foi minha intenção.
- Quem mais sabia?
- Ninguém. Quer dizer, Axl desconfia, mas nunca lhe disse nada.
- Jeffrey, nós éramos amigos, nos vimos tantas vezes e conversamos tanto ultimamente e você nada disse.
- Camille, também não foi fácil para mim. – Novamente ele mantinha sua expressão calma e isso estava me dando nos nervos.
- Ah claro... imagino como foi difícil para você. – Ironizei. - Se eu soubesse nunca teria vindo nessa viagem. – Afirmei.
Estava começando achar que tinha sido um erro vir aqui. Essa conversa não ia dar em nada.
- Melhor eu ir para o meu quarto, se é pra ouvir uma desculpa esfarrapada dessa, que também foi difícil para você. – Ri com escárnio.
Dei dois passos em direção à porta, mas antes de alcançá-la, Izzy me segurou pelo braço. Ele agora apresentava uma face mais séria, firme.
- Você acha que não foi difícil? Que não foi difícil para mim vê que a garota que eu gostava estava namorando o meu melhor amigo? Que após anos a primeira garota que realmente me interessou de uma forma mais profunda estava nos braços do meu melhor amigo? Você acha que era fácil vê o modo como você olhava para ele? Ouvir os risos que vinham do quarto de Slash e desejar tanto que aqueles risos fossem para mim.
Izzy dizia chateado segurando meu braço com certa força. A calma e tranquilidade características dele haviam sumido dando lugar uma pessoa inquieta e irritada.
- Jeffrey, você devia imaginar, eu era namorada do seu amigo. Acho que você confundiu, nos vendo juntos passou a me enxergar de outra forma. Que tipo de amigo é você? – Perguntei incrédula, puxando meu braço, fazendo-o soltá-lo.
- Eu não passei a gostar de você depois que vi você com Slash, Camille. – Ele me segurou novamente, mas agora pelos dois braços, se aproximando ainda mais de mim. Sua face estava vermelha, seus olhos fixos em mim e sua respiração alterada. Ele estava nervoso e agitado. – Eu gostei de você desde o primeiro dia que te vi. No dia que derramei aquele maldito café em você. E me amaldiçoei tanto por não ter te convidado naquele mesmo dia para sairmos. Aconteceram tantas coisas e quando finalmente iria te chamar, você apareceu para mim junto com Slash. Não sabe como fiquei por dentro.
- Izzy...- Me interrompeu bruscamente.
- Então Camille, você pode brigar, não olhar mais na minha cara, me odiar, mas nunca diga que foi fácil para mim. PORQUE NÃO FOI FÁCIL PORRA NENHUMA! – Com um timbre aumentado, disse um tanto ríspido e rude.
O encarei por alguns segundos, meus olhos estavam arregalados e meu coração acelerado. Nunca tinha visto Isbell dessa forma. Ele me fitava exasperado, sério e um tanto revoltado. Logo sua respiração começou a normalizar e sua face foi ficando mais relaxada. Parecia que ele estava guardando aquilo há muito tempo e após o desabafo sua sensatez e serenidade aos poucos voltavam a si.
Nossos ânimos ainda estavam exaltados, olho no olho nos encarávamos fixamente, nossas respirações levemente alteradas e nossa face a centímetros de distância. E assim que ele fez menção de dizer qualquer coisa, sem entender bem o porquê, avancei em seus lábios com um beijo quente e molhado.
Nos separamos rapidamente, Izzy me fitou de cima a baixo e eu olhei novamente para o seu tórax seminu. Impulsivamente, coloquei minhas mãos em sua camisa puxando-a com certa força para abri-la arrebentando os botões que ainda estavam fechados retirando-a rapidamente enquanto ele percorria suas mãos por todo meu corpo sobre o vestido verde rodado o qual usava.
Ele começou andar comigo pelo quarto até esbarramos na escrivaninha. Jeffrey se separou rapidamente de mim, derrubando todas as coisas que estavam sobre ela colocando-me logo em seguida em cima da mesa.
Voltamos a nos beijar calorosamente. Ele se posicionou entre minhas pernas e levou suas mãos para minhas coxas, elevando meu vestido deixando-as descobertas. Eu arranhava suas costas e com minhas duas mãos, adentrei seus cabelos negros o puxando com certa força. Um calor tomava conta de nossos corpos, sentia como se fosse incendiar. Seus beijos eram selvagens e molhados, bem diferentes do que imaginei. Ele desceu seus lábios por meu pescoço dando várias mordidas e chupoes.
Sua mão foi de encontro à alça do meu vestido a qual tentou afastá-la para o lado, mas por meu vestido ser justo em cima ele não conseguiu descê-la completamente.
Stradlin começou a distribuir beijos pelo meu colo, apalpando vigorasamente meus seios ainda cobertos, fazendo-me arfar de desejo. Suas mãos desceram novamente para minhas coxas, apertando-as com vontade, passando para a parte interna indo em direção meu centro. Senti seus dedos afastarem cuidadosamente para o lado o pano delicado da minha calcinha começando a massagear sutilmente minha intimidade, arrancando-me um gemido. Em resposta, ele aumentou os movimentos e por fim adentrou dois dedos em mim fazendo-me contorcer em cima da mesinha. Joguei minha cabeça para trás enquanto sentia seus dedos irem cada vez mais fundo explorando cada pedacinho de mim.
Voltei minha atenção para sua fivela...desabotei o botão e em seguida desci seu zíper fazendo sua calça cair e ele terminar de tirá-la.
Observei seu membro rijo, apertado sob a box preta que ele usava. Tão rapidamente, levei minha mão até seu membro fazendo uma leve pressão, retribuindo a sensação que seus dedos me proporcionavam neste momento. Aumentei a velocidade vendo Izzy gemer alto ao meu toque.
Impacientemente, ele apenas subiu meu vestido até o quadril e arrancou minha calcinha. Abriu a gaveta da escrivaninha, pegando rapidamente a camisinha, rasgando a embalagem com os dentes enquanto me fitava com desejo. Jeffrey me puxou pelo quadril me encaixando em seu membro duro e firme. Ele penetrou-me de uma só vez, começando a se movimentar ávido dentro de mim.
- Ownnn... - Gemi, mordendo seu ombro, tentando abafar minha voz.
Ele segurou firme em meus cabelos puxando para trás com certa força deixando meu pescoço livre para sua boca que entre um sussurro e outro fazia questão de mordê-lo.
Seus toques eram rudes e era nítido que ele gostava de dominar e eu apenas me deixava ser dominada. Não demorou muito para que eu atingisse meu ápice.
Ainda estava me recuperando quando ele me pegou pelo colo e me jogou em cima da cama, onde recomeçamos tudo de novo.
Confesso que estava surpresa, não pelo sexo, eu já tinha tido algumas experiências anteriores, mas o que me surpreendia era o jeito de Izzy. Ele sempre me pareceu ser mais tranquilo, mais quieto, imaginava que ele seria mais calmo, mais doce e pelo contrário, seus toques, seus beijos e o sexo em si era mais selvagem, me revelando um Jeffrey bem diferente do que esperava, mas não que eu estivesse reclamando, no momento o máximo que fazia era gemer, e gemer cada vez mais alto.
...
Acordei por volta das 06h da manhã. Sentia uma dor de cabeça chata e meu corpo dolorido. Assim que abrir meus olhos, tomei um susto levando minha mão à boca para tampar o quase grito que dei ao vê um homem deitado ao meu lado, no momento enxergando apenas seus cabelos pretos. Ele estava virado para o outro lado. Logo tudo voltou a minha mente.
- O que foi que eu fiz? – Foi à primeira coisa que veio a minha mente.
Completamente nua, levantei-me rapidamente da cama procurando desesperada pelas minhas roupas que estavam espalhadas pelo quarto.
Vestida de todo jeito, abrir a porta delicadamente e saí em direção meu quarto.
Sentei na cama sem acreditar no que havíamos feito.
Tanto Izzy como eu estávamos mais soltos e leves, não sei se pela bebida; e em nenhum momento questionamos nosso ato, nem tentamos parar para evitar o mesmo.
Mas agora era outro dia, um novo dia.
...
Flash Back OF
Terminei de contar para Jennifer que ouvia tudo atentamente. Claro, poupando alguns detalhes mais quentes.
- Você gosta dele, Camille?
- Eu não sei.
- Mas você esqueceu o Slash?
- Não, eu não esqueci.
- Então ainda gosta do Slash?
- Eu não sei, Jennifer. Eu não sei de mais nada. – Disse aflita.
- Vem cá. – Ela disse enquanto encostei minha cabeça em sua perna.
- Eu sou uma puta, não sou?
- Não amiga, não pense isso de você. Você não estava mais com o Slash.
- Mas eles são amigos.
- Camille, pior seria se você tivesse enganado um deles. Mas você está solteira, e até onde eu sei, Izzy também. Vocês são adultos. Se isso tivesse acontecido com você ainda namorando o Slash seria diferente. Eu sei que o fato deles serem amigos complica, mas não se torture.
- Jennifer, o que eu faço? O Slash é...O Izzy é... – Apenas suspirei.
- Amiga eu realmente queria poder te dar esse resposta. Mas isso só você pode.
- Acho que eu gosto dos dois. – Disse.
- O máximo que posso dizer é, pense com calma no que você vai fazer e tenha certeza de quem você gosta, para não magoa-los. Infelizmente não dá para ficar com os dois. – Ela disse dando um leve sorriso.
- Eu sei. – Suspirei fraco.
Conversamos mais um pouco a respeito, mas de fato era algo que dependia apenas de mim.
- Eu vou separar algumas coisas para o show de mais tarde. – Jennifer se levantou enquanto me joguei no colchão fitando o teto e pensando no que faria.
Eu sei que Izzy iria querer conversar comigo, eu só não sabia ainda o que faria. Ficar com Jeffrey significaria perder Slash e vice versa. Agora tudo estava ainda mais confuso.
POV Izzy
Batia impacientemente na porta de seu quarto, até a figura ruiva abrir a porta coçando os olhos.
- Pô Isbell, eu estava dormindo. – Axl resmungou.
Adentrei seu quarto e olhei para todos os cantos.
- A Jenny está aqui? – Perguntei sem me importar com suas reclamações.
- Não, ela saiu mais cedo. Mas o que quer com minha garota? – Rose se sentou na beirada da cama pegando um cigarro e acendendo.
- Na verdade queria saber se ela estava com a Camille.
- E que urgência é essa em falar com a loirinha? Aliás, que estresse é esse Isbell, há tempos não te vejo assim, andando de um lado para o outro. – Questionou fumando tranquilamente até que a ficha caiu. – Ahh não me diga...eu não acredito nisso, Jeffrey. – Disse arregalando os olhos e levando as mão ao alto.
- Axl, sem drama. Você já desconfiava, por isso vim aqui.
- Eu não acredito nisso, Isbell. Você e a loirinha...???
- Sim, nos transamos noite passada. – Desembuchei logo de uma vez.
- Caralho! Porra Jeffrey!!! No dia do show, eu não acredito nisso. Slash sabe?
- Não cara, ele não sabe, mas ele que começou com tudo isso. – Se não fosse a revelação de Slash, talvez isso nunca tivesse acontecido.
- Cara, ela era namorada dele.
- Axl nem venha me dar sermões, tenho duas palavrinhas para você: Adriana Smith. – Ele imediatamente revirou os olhos.
- Não estamos falando de mim. – Bufou.
- Pelo menos ela não estava namorando ele ainda, diferente da namorada de Popcorn, né Axl?
- Tá, vocês nunca vão esquecer essa história. Isso foi há tempos, já amadurecemos daquilo para cá.
- Você amadureceu? De um mês para cá você quer dizer. Mas voltando ao que interessa. Será que ela está com a Jennifer?
- Deve ter ido junto com ela para a casa da tia da Jennifer.
- Porra!!! A gente nem conversou, acordei e quando vi, ela já não estava mais no quarto.
- Elas têm essa mania, se acostume. – Axl soltou a fumaça lentamente pelos seus lábios. – Jeffrey, não sei o que fará, mas não me arrume confusão hoje com Slash, temos um grande show essa noite.
- É só com isso que você se importa?
- Cara, a gente tem que parar de inverter os papéis aqui. Não me sinto bem fazendo seu papel de conselheiro. – Ele deu um sorriso debochado. – Tá foi mal, entendo que você realmente deve gostar dela, afinal é muita gata, gostosa, e...
- Ei....
- Cara, só quero dizer que a loirinha é legal. Não se preocupe que meu interesse é único e exclusivo na amiga dela. Mas a Jenny ia passar aqui antes do show, se elas estiverem mesmo juntas, mais tarde ela aparece. Tem certeza que ela não está no quarto?
- Não, vi a hora que a arrumadeira entrou no quarto dela.
- Você estava espionando, Isbell? – Axl caiu na gargalhada, parecia que se divertia com minha aflição. Grande amigo que eu tinha.
- Não deboche, William. – Disse sério o vendo também fechar a cara após chamá-lo de William.
- Bem, eu até tentaria ligar para onde a Jennifer estar para saber se a loirinha está com ela, mas sempre que ligo desligam na minha cara, o jeito meu amigo, vai ser esperar.
- Merda! – Saí de seu quarto chateado.
Eu não entendia porque ela não esperou para conversarmos.
Será que estava com raiva? Que iria por a culpa na bebida e fingir que nada aconteceu?
Eu só sei que precisava falar com ela, conversar com ela.
...
POV Jennifer
Já estava quase anoitecendo e já havia arrumado minhas coisas para o show. Antes de voltar com Camille para o hotel, passei no quarto de Viviane que estava emburrada desde cedo.
- Vivi...Podemos conversar? – Ela estava sentada na cama ouvindo seu walkman.
- Se não estiver muito ocupada com sua amiguinha americana. – Disse enciumada.
- Ah então é isso. – Sorri. – Vivi, a Camille é minha amiga, melhor amiga. Você não tem uma melhor amiga aqui no Brasil?
- Tenho, a Fafá. – Disse mal olhando para mim.
- Então, eu tenho a Camille. Mas você é minha prima, minha prima favorita.
- Mas hoje você só ficou com ela.
- Ela estava precisando, está passando por problemas.
- Hum. – Murmurou.
- Bem, e para você vê como gosto de você, apesar dessa sua cara...– Ri e ela sorriu de volta. – ...Trouxe um presente.
- O que? – Disse sem dar muita importância.
- Dois ingressos para o show de hoje a noite do Guns. Chame sua amiga, a Fafá.
- Jenny, onde você conseguiu? – Ela arrancou os ingressos da minha mão me olhando como se fosse um bilhete premiado de loteria.
- Vou te contar um segredo e depois para o Marcos: Eu sou intérprete do Guns N’ Roses.
- Ah tá, conta outra. Sério mesmo, onde você conseguiu?
- Eu estou falando a verdade, prima. Vocês já devem ter ouvido a mamãe falar que eu estava trabalhando e que era para uma banda.
- Sim, a tia falava, mas nunca nos disse a banda. Prima, isso é verdade? Você não está mentindo?
- Não. – Afirmei categoricamente.
- E por que não nos contou antes? E como eles são? São legais? São chatos? Do que eles gostam? Eles falam com você? Me consegue um autógrafo?
- Por isso não falei. – Sorri, enquanto ela fazia bico. – Eu tenho que ir, mas na volta à gente conversa melhor e conto o que der para eu contar.
- Promete? - Apenas afirmei com a cabeça.
Mal saí de seu quarto ela já estava pendurada no telefone chamando sua amiga para o show enquanto segurava entusiasmada seus ingressos.
Fui então até o quarto do Marcos que já se preparava para ir para o show. Ele queria chegar cedo para não perder nenhum detalhe.
...
Contei novamente que era a intérprete da banda e sua reação foi:
- kkkkkkkkkkkkkkk... Pô prima, essa foi a pior peça que você já tentou me pregar.
- Eu não estou brincando Marcos. Eu realmente trabalho com eles.
Ele me fitou desconfiado.
- Então me responda.... - E assim ele me fez um pequeno questionário.
- E então? Agora acredita em mim?
- Você errou algumas. - Ele pontuou.
- Mas acertei a maioria. Isso não prova?
- Só prova que você é mais fã do que eu pensava. - Ele riu, demonstrando sua total incredulidade.
- Já sei. - Saí de seu quarto por um momento voltando com a "prova".
Marcos pegou meu crachá fitando de um lado e do outro.
- Você não comprou isso com os camelôs, né? - Questionou.
- Maarcossss...
- Prima não brinca com uma coisa dessas. - Ele me olhava tenso.
-Não estou brincando... Eu só contei agora porque...
- Caraaaaaalhooooooooo.... - Me interrompeu. - & $#&&$@@$$(@)&$#'...- Saiu gritando pelo quarto dizendo palavras que realmente eu não entendia e que acho até que era melhor eu não entender.
- Tá legal, eu tenho que ir, na volta...
- Não prima, pera aí. - Depois de sua crise eufórica, veio até mim. - Sabe que é minha prima favorita, né?
- Seeeeii... - O fitei de canto.
- Eu sei, eu sei que você mal deve vê-los, e que eles nem devem conhecer você direito e tal, e sei que praticamente é impossível chegar no Axl, mas se você é intérprete em algum momento vocês devem ficar juntos, não? - Ele indagou.
- Digamos que sim. - Tentei disfarçar o sorriso matreiro que insistia em se formar no meu rosto.
- Prima, pelos deuses do rock, me prometa que fará o possível para pedir um autógrafo ao Axl. - Me pediu, praticamente implorando. - Sei que é praticamente impossível chegar até ele, mas você está mais perto e talvez consiga algum momento a sós com ele.
- Não sei...ele é muito difícil...
- Se você conseguir eu te dou aquela jaqueta que você tanto já me pediu. - Propôs.
Ele tinha uma jaqueta linda, meio vintage, anos 70/80, com uns broches de diversos países, era simplesmente perfeita e eu sempre fui apaixonada por ela, mas ele nunca me deu.
- Não vou prometer, porque como você mesmo disse, é praticamente impossível chegar no Senhor Axl Rose. Mas farei esse esforço, talvez no intervalo de uma entrevista ou outra. Mas você vai mesmo me dá a jaqueta, né? - Sorri.
- Sim. - Ele afirmou, estendendo a mão e fechando o acordo. Esse Marcos era uma figura.
Tá, eu podia já ter contado toda a verdade, mas queria contar aos poucos para eles e bem... Eu realmente era apaixonada por aquela jaqueta e ela nem servia mais nele depois do estirão que ele teve aos 15 anos. E em minha defesa foi ele que ofereceu. Mas eu iria contar na volta sobre minha relação com Axl, claro, depois da minha jaqueta em mãos. Sorri divertida.
...
Chegamos ao hotel e Camille apressadamente foi para seu quarto, ela realmente não queria ver nenhum dos meninos.
Como tinha quartos sobrando no andar da banda, após falar com Ângela, peguei um para colocar minhas coisas, afinal depois do show era melhor voltar para cá com o resto da produção.
Camille foi logo se arrumar, já que disse que iria na frente comigo. Eu tinha que chegar mais cedo para confirmar entrevistas e ajudar Ângela nas demais coisas. Porém antes de sair, passei novamente no quarto do meu ruivinho
Bati várias vezes em sua porta, vendo ele abrir a mesma emburrado, mas assim que me viu colocou um sorriso no rosto.
- Por que tão chateado senhor Rose? – Adentrei divertida.
- Pensei que fosse Isbell, ele já bateu umas 05 vezes hoje na porta do meu quarto querendo saber de você.
- De mim?
- Bem, na verdade se você já tinha voltado e se estava com a Camille.
- Você sabe...
- Que eles transaram na noite passada? – Completou minha frase.
- A Camille está...
- Ferrada! Conheço esses dois e eles não vão abrir mão assim tão fácil. – Disse.
Pelo modo que Axl afirmou parece que minha amiga estava mesmo encrencada.
- Mas vamos deixa-los para lá, temos tão pouco tempo. – Ele me puxou pela cintura, me dando um beijo demorado.
- Senti tanta saudade de você, ruivinho. Mesmo depois de ontem, ainda estou com saudades. – Finalizei o beijo.
- Você devia ter ao menos tentado falar comigo Jennifer, foi maldade me deixar tanto tempo sem nem ao menos dar uma notícia. – Ele falou calmamente colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- Como? Eu tentei Axl, várias vezes. – Franzi a testa sem entender porque ele disse isso.
- Vai dizer que ligou e não conseguiu completar a ligação? – Questionou descrente.
- Não, vou dizer que liguei e você não estava, mas deixei recado com a Lucy. Você que nunca tentou falar comigo. – Agora ele se afastou franzindo a testa confuso.
- Eu nunca recebi nenhum recado seu Jennifer. E eu tentei ligar, mas você nunca atendia aquele telefone e sempre batiam na minha cara.
Ficamos nos olhando sem entender o que tinha acontecido.
– Só quero que saiba que tentei falar com você, até mesmo no dia que viajei, eu fui à Hell house. - Contei.
- Porra!!! Lucy nunca me passou um recado seu. Aquela garota vai me ouvir quando eu chegar lá, eu vou demiti-la.
- Calma Axl, converse antes, talvez ela tenha se confundido ou esquecido.
- Mas nem que você foi lá ela me disse. – Ele estava revoltado.
- Eu fui, mas como não tinha muito tempo, não pude esperar se não perderia meu voo. Mas eu pedi para ela falar que eu ia viajar, até disse qual era meu voo. Confesso que tive esperança que você ainda apareceria por lá, e por um segundo achei que tinha ouvido você me chamar, mas quando me virei vi que era... - Nessa hora parei repentinamente. Droga, droga, droga, por que toquei nesse assunto agora?
- Viu que era quem? – Ele me perguntou desconfiado. – Quem era Jennifer, quem você viu no aeroporto? – Insistiu com um tom mais alto e sério.
Respirei fundo e falei. Não tinha mais como remediar.
- O Paul! – Axl mudou completamente sua feição.
- Eu não acredito que você avisou aquele babaca e não me avisou. Não tinha tempo para nada, mas para dizer para aquele imbecil que ia viajar você teve. – Esbravejou enraivecido.
- Não foi bem assim! – Retruquei. – Ele ficou sabendo por Alan e apareceu lá. Eu nem sabia que ele já estava na cidade. – Séria e altiva, expliquei.
Ele não ia ficar gritando comigo sem eu ter culpa de nada. Ahhh mas não ia!!!
Após responder mais ríspida, ele levou às mãos a cabeça e procurou se acalmar. Axl realmente tinha uma raiva genuína do Paul, ele mudara completamente ao ouvir o nome dele.
- Tá, tá...que tenha sido assim então. Pelo menos tiremos algo de bom nisso, deu para você finalmente terminar com aquele motherfucker engomadinho. – Disse me olhando convicto de que eu tinha feito isso.
Respirei fundo novamente e abaixei minha cabeça. Nisso ele percebeu que não foi bem assim.
- Você só pode estar brincando, Jennifer! - Fitou-me fixamente.
- Axl, eu não consegui. Ele apareceu na hora que fizeram a última chamada para meu voo. Ele não parava de falar e logo a aeromoça também apareceu... – Tentei me justificar, mas ele não queria muito me ouvir.
- Você não conseguiu ou você não quis? – Perguntou acintoso.
- Axl não dava apenas para eu dizer: Paul acabou e dar as costas e entrar no avião, sem nenhuma explicação, sem conversar direito. Mas eu ainda tentei fazê-lo entender que não me colocasse em seus planos e ... – Novamente ele me interrompeu.
- Isso é desculpa, Jennifer. Que tanta preocupação é essa com esse babaca? Tem certeza que é só isso mesmo? Ou você tem dúvidas? Espera que eu faça alguma burrada, que ferre com tudo e então tem um “step” para te consolar. – Eu sabia que ele falava aquilo pela raiva e ciúmes que sentia, mas que mania ele tinha de desconfiar sempre de mim, e isso também estava me enchendo.
- Droga Axl! Quando você vai confiar em mim? Eu não tenho dúvidas caramba, eu gosto de você, só quero você. – Disse exasperada.
Ele deu a volta na cama e foi até seu criado mudo.
- Pois então acabe com isso de uma vez por todas. – Pegou o telefone com raiva de cima da mesinha colocando-o rudemente sobre a cama. – Ligue e termine com ele. - Apontou o telefone para mim.
Ele ainda estava enfurecido, seus olhos com um verde mais escuro, sua face rígida e séria. Eu tentava manter a calma, mas já tinha me alterado umas duas vezes com ele ali na minha frente falando desse modo comigo. Já ia respondendo para ele, tentando acalmá-lo quando ele gritou novamente.
- LIGUE AGORAAA! – Ordenou.
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