《Robert》
—23 anos?
O movimento sucessor na face de Johnny, após o suave arqueio em suas sobrancelhas, é fechar os olhos. Arqueando seu pescoço, ele solta um silvo pelos lábios.
No céu limpo, o sol quente de verão encaminha-se para o seu centro, aquecendo minha pele exposta. Uma vez que o short de estampa e a camiseta preta que uso, não possuem comprimento o suficiente para oculta-la.
Acomodado na espreguiçadeira amarronzada de madeira posta às margens da piscina, tenho meus tornozelos cruzados. Levo o Cabinet Selection entre meus dedos, aos lábios e dou um trago. Solto a fumaça ao fazê-lo.
Volto meu rosto para ele, minhas sobrancelhas conjuntamente elevadas enquanto o faço. Estico um dos cantos da minha boca num gesto de confirmação.
Relaxando suas costas no encosto da espreguiçadeira, Johnny estira um dos seus braços no apoio situado na extremidade do assento. E emite um novo assovio. Quando Johnny chegou hoje mais cedo, o pretexto da sua visita era me proporcionar um último momento de descanso, por intermédio de uma boa conversa, –O que na verdade isso, não deixa de ser—, antes do retorno das gravações de Dolittle, previsto as próximas três semanas.
Agora acomodado na espreguiçadeira alguns centímetros da minha lateral, ele torna a sentar-se erguendo seu indicador.
—Uma coisa Downey! –Sua testa vinca-se. —Brasil?
Estreito um dos cantos da minha boca. A mesma pergunta que ocorreu-me quando Fabiano enviou-me a ficha dela. A imagem daqueles olhos avelã ávidos correndo pelo contrato, passa pela minha mente. Dou um novo trago.
Solto a fumaça pelos meus lábios, franzo-os logo após isso. Gesto provocado pelo passeio da minha mente para o domingo anterior. Quando observando-a ler o contrato, o repetido movimento do seu lábio inferior, preso nos seus dentes, para frente e para trás me incomodou. Usando meu polegar pressionei o seu queixo fazendo-a parar.
Nove anos de experiência nessa pratica foram incapazes de deter o surgimento do meu anseio pela sua resposta. Eu queria que ela concordasse com o que lia e notar esse desejo deixou-me internamente irritado, no início.
Mexo-me na espreguiçadeira. A resposta para isso veio rápido. Analisando a forma como obedientemente deixou a sala, quando instrui-a a tomar banho. No seu retorno ficou quieta deixando-me arrumar seus cabelos. E embora existisse uma hesitação discreta em seus movimentos enquanto direcionava-se para a camao ela simplesmente ateve-se a se deitar docilmente na cama. Ela gosta de jogar e isso instiga meu instinto competitivo, por isso que a queria tanto. Toda aquela amabilidade carregando seus olhos avelã mediante a minha declaração que queria foder aquela boquinha, ela encontrou meu ponto fraco e estava usando-o ao seu favor. E de alguma forma eu gostei disso.
Imobilizada, com aquele traseiro erguido para mim. Enquanto fodia aquele cuzinho apertado, precisei trazer a minha mente o artificio que eu era o primeiro a fazer aquilo, para que assim não a estocasse com tanta ferocidade e a machucasse. Aspiro suavemente, meu pau já está enrijecendo.
Ignorando o meu instintivo alerta da imprudência daquela decisão, permiti-me gostar da imagem das pequenas gotículas de suor tomando sua testa, enquanto existia porra minha pelo seu traseiro. Engraçado como abriu aceitou abrir mão de uma vida tão familiar para ingressar em um mundo tão desconhecido para ela, em todos os aspectos, mas sinceramente estou feliz que ela tenha assinado.
Um dos cantos da minha boca levantou-se rapidamente. Alguns meses se passaram desde a dispensa da minha última submissa. Eu sentia falta disso. Controle. Sexo do meu jeito. Olhei para o papel por um pequeno período e o peguei em seguida. Ela me pertence agora.
Fechei o contrato, devolvendo-o ao envelope, o pus na mesa ao fazê-lo.
Voltando meu rosto para ela, existia seriedade em meu semblante. Levantei a mão e abrindo meu indicador postei-o no espaço entre seus seios. Arrastei-o para cima em seguida e detive-me na coleira rosa que circulava seu pescoço.
Curvei minha boca fechada num sorriso, mantive a seriedade nos meus olhos.
“Você ficará com isso”.
Por um curto período seus olhos avelã percorreram minha face. Um dos cantos da sua boca precipitou-se num sorriso desajeitado. Alissa piscou.
“Daddy, se isso...”. Certamente percebendo a serenidade em meu semblante ela deteve-se.
“A usará até o meu retorno”. Eu disse enfático.
“Daddy”. Sacodindo a cabeça ela pressionou seus lábios no trajeto. “Não que eu não tenha gostado dela. Mas, trabalho. Não posso usá-la o tempo todo”.
Absorvi rapidamente o ar. Suavizei minha postura em seguida.
“Exceto nisso”. Cedi. “Preciso de fotografias diárias, usando-a, em qualquer outra atividade”.
Decididamente senti falta disso.
Com meu indicador formando um semicírculo levantei seu rosto, fitando-a nos olhos.
“Você entendeu?”.
“Sim, Daddy”.
Apertando seus lábios, desviou seu olhar para a lateral, olhando para o piso de porcelanato do local.
“Desculpe”.
“Boa menina”. Ainda com o meu polegar em seu queixo, tracei com suavidade alguns círculos no local.
Elevei os cantos da minha boca num sorriso aprovador.
“Venha comigo”. Eu pedi, no instante seguinte do relaxar dos meus lábios. E despido, concentrei meus passos para o quarto principal.
Detendo-me à porta, virei meu rosto para ela. Embora fechado, abri um rápido sorriso simpático.
“Trouxe uma coisa para você”.
Pouco após o meu despertar naquele dia, eu tirei a embalagem da minha mala e coloquei no móvel que situa-se á poucos metros da lateral da cama, para onde direcionei meus movimentos após minha entrada no quarto.
O logo da Pandora situava-se no centro da delicada sacola bege. Depois de tirá-la do móvel branco estendi para ela.
“Daddy”.
Enrubescendo, ela piscou.
“Por quê, dar-se ao trabalho?”.
Puxei suavemente o ar pelas minhas narinas, formando uma expressão brincalhona em meu semblante.
“Me pareceu muito sua cara”.
“Abra”. Acrescentei.
Possuindo a mesma cor da sacola, a pequena caixa branca em veludo que ela tirou da embalagem continha um delicado colar em ouro rosê, com um pingente em gota de quartzo rosa. Fitando-o ela piscou, curvando sua boca num sorriso desajeitado.
“Daddy”. Apertando seus lábios, sacudiu a cabeça. “É lindo”.
Pisco. Inclinado meu abdômen, franzo a testa.
—Descrição não era o primeiro ponto?
Depp dá um novo trago no charuto. Arqueia seu pescoço, assim soltando a fumaça pelos seus lábios.
—Tá certo.
—Mas porquê tão longe? —Voltando sua face para mim ele tem uma discreta linha curvando-se em sua testa.
—Bem, ao menos ela atém-se a acatar minhas ordens. —Dou de ombros.
—Quanta hostilidade Downey.
Antes de tomar esse rumo. Mais cedo na conversa, Johnny comentou sobre a sua, querer mais que o que lhe contratada para executar. Malefícios quando na nossa profissão, optamos por essa prática.
No espaço entre nossas cadeiras, no centro arredondado de madeira escura, onde meu celular encontra-se. Um discreto bipe é emitido pelo dispositivo indicando a existência de uma nova notificação. Pego meu celular, no segundo seguinte ao desbloqueio de tela, deslizo a barra responsável pela emissão do som. Clico em sua foto, fazendo com que toda nossa conversa tome a tela, elevo os cantos da minha boca num sorriso fechado.
Na foto enviada por ela, seus lábios volumosos estão separados num sorriso, o vestido rosa apertado que ela usa, circula seus ombros, mas deixa o topo exposto, sua extensão compreendendo até poucos centímetros acima dos seus joelhos. Meu pau agita-se suavemente. A coleira com o meu nome ainda está em seu pescoço.
Não sendo ainda há pouco o único momento em que o decorrer do domingo passou pela minha mente, no episódio ocorrido durante o café da manhã, uma súbita ideia o acompanhou. E entrando no meu quarto, peguei o meu celular sobre o criado mudo, após o aplicativo de mensagem, selecionei o contanto dela.
“Encontre algo que combine com o colar”. A mensagem que enviei era de um comprovante bancário de transferência bancária que fiz a sua conta.
“Daddy!”. Costumo atribuir isso à distância, mas porra, gosto que ela me chame assim. "Nunca vi tanto dinheiro em toda minha vida".
Um comentário tão inocente que me fez rir, por sua sinceridade irresponsável.
“Cuide-se”.
Estreito um dos cantos da boca. Clico na foto, fazendo-a preencher a tela.
Estendo o celular para Depp. Dou outro trago em meu charuto. Expilo a fumaça, em seguida.
Johnny balança levemente a cabeça, um dos cantos da sua boca estreitado segue o movimento. Ele posta o aparelho em seu lugar inicial.
—É, ela tem certo charme.
Posicionado entre seu dedo indicador e médio, Depp dá mais um trago no charuto. Limpando os pulmões ele vinca suavemente a testa.
—Sabe que se não te conhecesse, diria que está com uma “quedinha” por essa garota? —Pronunciando a antepenúltima palavra, Johnny faz aspas no ar.
Ergo um dos lados da minha boca. Conjuntamente arqueio as sobrancelhas.
—Que bom que me conhece.
Aperto meus lábios, curvo-os em seguida num rápido sorriso.
—Indio! —O agudo gritinho de Exton, carregado de excitação ecoa pela casa.
No centro de madeira posto no espaço entre as espreguiçadeiras, um novo bipe é emitido pelo meu celular. Pegando-o, desativo o bloqueio de tela. Usando meu polegar, desço a barra de notificações.
—Cavalinho! Cavalinho! —Com a empolgação carregando sua vozinha, Exton aproxima-se.
Minha respiração intensifica-se ligeiramente. Levo meus olhos para a lateral da piscina. Observo Indio pôr o elétrico Exton no piso de madeira escura, poucos centímetros do mármore acinzentado que compõe as bordas da piscina.
“Rubens Alberto Gatti Nunes.
Nascido em 02 de Junho de 1986, 34 anos. Residente na cidade de Vinhedos/SP. Noivo de Miranda Sarvejo.
Advogado e coordenador do Movimento Brasil Livre”. Na mensagem, o documento conforme solicitei para ele na segunda, este é o conteúdo.
—Grande Johnny Depp. –Existe simpatia na voz de Indio, quando atritando sua mão aberta espalmada contra a de Johnny, ele passa o braço pelo topo dos seus ombros e desfere alguns tapinhas em suas costas.
—Fala Indio, pronto para aquelas aulas de música de verdade?
Após afastar-se de Johnny, Indio ergue suas mãos abertas. Rindo, sacode a cabeça enquanto o faz.
“Daddy”
Ela franziu os volumosos lábios, os apertou em seguida. Virando-se pôs a embalagem na cama. Ao voltar da sua face, seus olhos passearam pelo meu rosto.
“No próximo fim de semana, precisarei viajar”.
Um dos cantos da sua boca apertou-se, ela fitou por um pequeno momento a parede branca do cômodo.
“Para Recife, fica bem perto daqui”. Acrescentou.
“Querida”. Segurando seu queixo com polegar e o indicador, virei seu rosto para mim.
“Entrarei em contato caso precise de você”. Fitando-a, existia simpatia em meu sorriso. Tirando minha mão do seu queixo, tracei uma trilha com o dorso dos meus dedos até sua orelha. Levei-os para o seu local inicial logo após isso.
“Tudo bem?” Pisquei rapidamente. Embora que imperceptível, minha voz continha ternura.
“Tudo bem?”. Uma rápida seriedade tomou meu semblante eu levantei as sobrancelhas.
Após soltar o lábio inferior que ela cobria levemente com o superior, ela os estirou conjuntamente num sorriso.
Não detive minha boca de reproduzir o mesmo gesto que ela. Minha mão permanecia em seu queixo, então arrastando o dorso dela pelo contorno do seu rosto, detive o gesto ao chegar a sua orelha. Onde abri meu polegar rente à parte frontal. E os demais dedos penetraram seus negros fios lisos.
Ergui rapidamente um dos cantos da minha boca.
“Agora, venha aqui”. Encerrado as palavras, envolvi seus lábios com os meus.
Comportamento bem imprudente, uma piada com humor péssimo.
—Não. —Indio torna a ri sacudindo a cabeça. —Estou feliz com o que produzimos.
Pequeno, mãozinhas fechadas em forma de punho. Segurando em minhas mãos eu tinha um sorriso na ponta dos lábios. Um dia desde o seu nascimento se passara para chegar até aquele momento. Fitando-o naquele instante eu só queria duas coisas, protege-lo e que seu amor pela arte fosse similar ao meu. Nenhum deles foi possível. Preferindo a companhia das drogas á estar com meu filho, que direito eu tinha de querer que ele fosse um grande ator como eu?
Foi o mais me atormentou quando meu processo de recuperação começou. Mas, hoje vendo o quanto parece feliz como cantor, sinto certa felicidade, afinal de contas, depois de tudo, ele não deixa de ser um grande artista e parece muito feliz com isso.
—Tivemos um show na cidade ontem.
Devolvo o celular ao seu lugar inicial. Seus olhos castanhos claros pousam em mim, enquanto levantando-me, estiro um dos cantos da minha boca.
—Pensei em visitar o meu pai. —Ele acrescenta, olhando-me, enquanto batemos com suavidade nossas mãos uma contra a outra.
—Hey.
Passo meu braço pelos seus ombros, em seguida dou tapinhas em suas costas.
—O que falamos sobre justificativas sempre que vier aqui?
—Foi mal. —Ele ri agitando a cabeça.
—Indio. —Erguendo seus olhinhos carregado de timidez, Exton enrola as mãos na camiseta á medida que aproxima-se.
—Sabia que vamos para um dos reinos da Avri amanhã?
—É mesmo? —Assumindo uma pouco convincente feição de surpresa em seu semblante, Indio abaixa-se.
Ele balança a cabecinha loira para cima e para baixo em resposta. Apertando seus lábios finos, seus olhinhos focam no meu rosto.
—Deveria vir com a gente.
—Não é uma má ideia. —Apoiando seu queixo no topo dos meus ombros. Os lábios de Susan tocam meu pescoço e ela entrelaça seus dedos no meu abdômen, assim circulando meu corpo com seus braços.
—Putz! —Fazendo muxoxo, Indio meneia a cabeça. —Estou com meus colegas de banda aqui.
—Um tempinho com sua segunda família, tenho certeza que eles entenderiam. —Ela insta.
—Vamos! Eu insisto. –Acrescenta mediante o seu silêncio. Ele relaxa a postura.
“Seria mais linda se não me ignorasse tanto”.
“Nada pessoal”. “É que foder com você foi uma das coisas mais traumatizantes da minha vida”.
“E relembrar isso não é saudável”. “Curta e grossa”.
“Espero encontra-la em Recife”. “Não precisava dar-se ao trabalho”.
“É o mínimo que eu poderia após traumatiza-la tão intensamente” O conteúdo da captura de tela que fiz no celular dela na noite sábado, posteriormente convertida por Fabiano para o inglês, serpenteia em minha mente. Pisco, tudo faz sentido. Ficarão no mesmo hotel, FILHO DA PUTA!
—Quer saber. —Os lábios de Indio afastam-se num sorriso. –Umas férias não farão mal.
—Isso quer dizer o quê? —Ao lado de Indio, Exton semicerra seus olhinhos.
—Que iremos todos juntos para o reino da Avri. —Um ar simpático acompanha as palavras de Indio.
—Verdade? —Exton ainda não está convicto disso.
—Verdade!
—AVRI!
Nos braços de Darla, com o bichinho de pelúcia na mão, Exton corre em direção a irmã.
—Teremos mais um cavalheiro para protegê-la. —Alcançando a irmã o garoto põe-se a saltitar.
Fitando-os, uma abrupta ideia me ocorre. Ignorando o instintivo alerta da imprudência que esse gesto carrega. Cubro as mãos macias de Susan com as minhas e delicadamente separo-as. Ainda segurando-as, levo-as aos meus lábios.
—Com licença, um segundinho.
Ao termino dessas palavras, pego meu celular no centro escuro, posto ali no segundo anterior a formulação do cumprimento para meu filho. Mantendo a postura risonha, concentro meus passos para o interior da propriedade.
“Preciso do agendamento de um pouso, amanhã.”. Compondo a tela do dispositivo, ainda em aberto, na conversa com Fabiano, eu digito.
Considerando o tempo em que, abaixo do seu contato surgiu o “Digitando”, calculo que advertência é o conteúdo da próxima mensagem. Mas “Certo” é a resposta ao invés.
Isso funcionará, eu farei funcionar. No térreo, alguns metros da escada que dá para o piso superior, não detenho meu sorriso.
E julgando ser uma tarefa difícil, sai com mais facilidade do que roubar doce de criança, com a porta entreaberta, cruzo a entrada do quarto de Darla, ao lado do abajur, na mesinha de cabeceira, eu pego o passaporte.
Encaminho meus passos para a cozinha. No cômodo, pego uma tesoura na gaveta de utensílios, no armário abaixo da pia. Em poucos segundos o que resta do documento são minúsculos pedaços de papel. Apanho-os da bancada com cuidado para que nenhum pedaço escape. Jogo na lixeira postada rente á uma das extremidades do armário. No momento seguinte em que ponho meu pé no pedal, assim erguendo o topo do depósito.
—Espero que saiba o que está fazendo.
Levanto a cabeça. Apoiando o ombro no acesso para cozinha, com os braços cruzados em torno do peito, existe seriedade nos olhos de Depp.
Retiro meu pé do pedal, fazendo com que a tampa do recipiente desça. No meio sorriso que mostro, não existe humor no gesto.
—É. Eu sei. —Digo veementemente.
Espero que esse advogadozinho medíocre tenha se contentado com seus sonhos, pois será o único lugar onde colocará suas mãos nela.
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