Não é mais um segredo
Capítulo XIX da segunda temporada
" Deja vu "
Kristen on
Estava anoitecendo…todos na mesa de jantar, desfrutando de um banquete. Normalmente seria de grande fartura e me traria tamanha felicidade. Se não fosse tudo uma esmola que meu tio nos deu.
O fato de tudo isso ter vindo dele que me enoja. Não me enaltece.
Então eu evito aquela reunião na mesa de jantar. Onde todos comentavam sobre política e discutiam termos e assuntos que me deixavam desconfortável. Eu jamais teria voz ali. E minha opinião nunca passaria de uma piada.
Tio - Você já vai,Kris?
Eu havia me levantando da mesa da forma mais discreta possível. Mas é claro que o velho me notaria e ainda por cima comentaria.
Mãe - Filho, é falta de educação desprezar toda essa comida. Seu tio preparou tudo com tanto carinho.
Eu não me dei o trabalho de responder.
Apenas suspirei cansado,me movi, mesmo após tudo,para fora daquela comunhão.
Minha mãe ou meu pai não devem ser tão cegos quanto parecem. Eles devem saber dos podres do meu tio. Porém ignoram isso,já que precisam da ajuda dele. Isso é tão decadente. Eu entendo e admiro o esforço deles. Mas gostaria de que fossem mais orgulhosos.
…
Bom,eu estou trancado no quarto que me foi reservado. Começando a me preocupar com essa noite e com minha ingênua irmã.
Logo minha mãe a colocará para dormir e subirá para cá junto com meu pai,para seus aposentos também.
Meu tio beberá até tarde,e eu temo que seus pensamentos imundos e embriagados o levem até o quarto onde está minha irmã.
Encantada pelo quarto cor de rosa e cheio de bonecas, é claro que ela insistiria em ficar ali. O quarto da antiga filha dele…eu não sei bem como ela faleceu tão jovem. E prefiro não saber. Mas é curioso que até hoje a porta esteja com a fechadura arrebentada. E é mais estranho ainda que ela tenha sido arrebentada. Me assusto ao imaginar o porque. E que nenhuma história doentia se repita com minha irmã.
…
Como eu havia previsto…
Logo ficou mais tarde. Meus pais subiram para descansar também. Passaram por mim para dar boa noite. Eu quase supliquei para não deixarem minha irmã naquele quarto. Mas eu apenas passaria como doido ou mal agradecido.
Então me segurei e me preparei para mais uma noite em claro.
Ficar acordado não seria difícil. Foi um dos péssimos hábitos ao qual me acostumei. O que seria complicado era lidar com o medo de ser pego pelo meu tio. Ou que meus pesadelos realmente aconteçam…
Descendo as escadas eu apenas escuto um disco tocando. Ele cantarolava junto com a melodia francesa. Bebendo um de seus vinhos caros. Apenas enxergava suas costas na poltrona.
Não parecia bêbado. Mas não demoraria para ficar.
Me movi silenciosamente até o quarto onde estava minha irmã. Havia apenas a luz do abajur acesa. Ela dormia tranquilamente. Jovem demais para saber do perigo que passava.
Eu me sento no chão,ao lado de sua cama. Me enrolo com o lençol que trouxe e tento aguentar o frio enquanto encaro a porta.
Eu vim até aqui e estou disposto a ficar aqui até que meus pais acordem. Mas a verdade é que não sei se irei adiantar de algo. Se caso meu tio realmente apareça naquela porta…eu não sei se terei forças pra lidar com ele.
Eu precisarei superar meu medo. Sempre que me encontro em situações complicadas,perco minha voz. Fico completamente mudo. Por mais que eu precise e queira gritar…nenhum som é capaz de sair pela minha boca.
Muitas vezes nem ao menos posso me mover. É como se perdesse meus sentidos. E isso me deixa ainda mais preocupado.
Eu apenas clamo que se nessa noite eu houver de precisar…que meu corpo não falhe.
…
Algo que eu não esperava aconteceu.
Eu cochilei. Geralmente fico bem acordado,mesmo de madrugada. Mas hoje,talvez por conta do cansaço da viajem,e do chão frio…eu não tenha aguentado.
Quando me despertei. Chequei rapidamente o relógio. Não havia dormido por tanto tempo.
Também conferi se minha irmã estava bem. Ela continuava dormindo calmamente.
Então me levantei. No momento pensei que talvez tivesse exagerado,e que fiquei ali atoa.
Mas esse pensamento ficou de pé por pouco tempo.
No caminho para a porta. Prestes a sair do quarto rosa…eu ouço passos. Parecia derrubar coisas também. Ouço resmungos e o som de uma garrafa sendo virada.
Por instinto. A primeira coisa que fiz foi me esconder atrás da porta.
Era meu tio.
Comecei a soar frio e comecei a rezar para que meu tio passasse direto. Que não chegasse a entrar no quarto. Que apenas seguisse o corredor a frente. Pacificamente.
Mas talvez era pedir demais para alguém de mal caráter e que estava embriagado.
Apenas escuto ele se aproximando da porta. Observo totalmente nervoso,pelo canto. Ele tinha o olhar fixo para a cama da minha irmã.
Cerrei meus punhos. Meu coração disparou. Com ódio eu o espionava ainda escondido.
Tio - Filha…
Ele chamava por sua filha enquanto caminhava desorientado até a cama da minha irmã. Seu tom era totalmente estranho. Havia um sorriso bizarro no rosto dele. Me deu calafrios.
Eu o vi se sentando no chão ao lado da cama. Ele deixou a garrafa de lado sem nenhum cuidado. E o que mais me enlouqueceu foi vê-lo levantar a mão na direção dela.
Senti meu ar ir embora. E o que eu temia começou. Quando criei coragem para confronta-lo…meu corpo não respondeu. Me xinguei mentalmente. Mas eu não estava surpreso.
No entanto preciso fazer algo. Ele começou a alisar o rosto dela e acariciar seus cabelos. Ainda com aquele sorriso.
Não era normal. E poderia se tornar pior.
Eu me perguntei se deveria tentar gritar. Mas eu nem ao menos sei se conseguiria. E se eu conseguir. O que ele fará comigo? Estou com medo. Eu não posso me defender dele. Mas não posso encarar ele mexer com minha irmã na minha frente.
Estou me odiando totalmente agora. Talvez se eu fosse um homem de verdade…conseguiria fazer algo. Socaria a cara dele até que ele não se levantasse mais. Mas tenho menos que a força nescessária pra derrubar um homem do porte dele.
Tio - Você é tão bonita quanto sua mãe. Cresceu bastante. O quanto seu corpo já evoluiu? Eu devo checar,minha princesa? Papai está curioso.
As sensações de nojo,medo e pânico em mim era evidente. Nunca me senti tão aterrorizado.
E a situação só piorava. Era um pesadelo…o Maldito se levantou. Dessa vez se sentando na cama. Minha irmã começa a acordar. Eu tento respirar fundo. Ele senta minha irmã depois de vê-la abrir os olhos. Ela tinha uma expressão inocente e confusa. Minhas lágrimas corriam mais e mais. Me sentia horrível vendo aquilo sem conseguir reagir…
Tio - Você acordou,princesa. Papai só vai te ajudar com uma coisa.
Irmã - Papai…?
Coçando os olhos que ela mal tinha aberto… provavelmente tentava entender o porquê do tio dela está ali,falando aquilo e olhando para ela daquele jeito. Para uma criança com certeza deve ser confuso.
Depois de ouvi-lo dizer aquilo…meu desespero crescia ainda mais. Ele tocou os ombros dela logo em seguida.
Eu não me importei mais nenhum pouco comigo. Eu só queria interferir. E quando tentei gritar. Um sussurro,mas como se fosse a voz de alguém que estava sendo sufocado…sai pela minha boca.
Kris - P a r e…!
Por mais baixo que tenha sido. Ele me ouviu. E me procurou pelo quarto com um olhar de quem havia feito algo errado e tinha sido pego. Mas ainda assim,parecia uma fera procurando sua presa.
Ele se levanta com velocidade e minha irmã também me procurava com o olhar, ainda na cama.
Eu me mantive atrás da porta. Tampando minha boca. Me sentindo dentro de um filme de terror. Apenas ouço ele vindo em minha direção.
Ele havia pegado a garrafa antes disso. E segurava ela como se fosse uma arma.
Meu corpo todo tremia. Só se ouvia meu choro abafado cheio de desespero. Minha irmã logo pareceu assustada também. E começou a chorar,ainda que baixo.
Meu tio puxou a porta com toda força. Me encontrando. Era como ter sido achado por um monstro. Ele parecia um. Me encarando com ódio e repulsa. Levantou a mão que segurava a garrafa e eu espremi meus olhos esperando pelo golpe. Cobri meu rosto com minhas mãos trêmulas. Como quando você se cobre pelo coberto quanto escuta um barulho estranho.
Tio - Maldito…!
Ele bufou com ódio e eu em choque sabia que em seguida receberia seu golpe.
Mas ao invés disso. Houve um som. E não foi o barulho da garrafa quebrando na minha cabeça. Foi de alguém pesado caindo no chão e da garrafa se despedaçando no piso de madeira.
Eu descubro meu rosto e meus olhos vagarosamente. Abaixando minhas mãos que tremiam menos.
Minha visão estava confusa por conta de tanto medo. E o quarto também estava escuro,só o abujur iluminava.
Mas eu enxergo uma sirueta masculina. Tentei reconhecer traços do meu pai. Mas não parecia com ele. E no entanto,ao mesmo tempo era familiar aquela alinhatura.
Era um homem de máscara e boné. Eu me perguntava quem era ele. O que fazia dentro daquela casa. E porque ele me dava a sensação de conhecê-lo?
Irmã - Kris…o que tá acontecendo? Eu tô com medo!
A voz chorosa e confusa da minha irmã me chamou novamente atenção. E eu corro até ela depois de receber de volta meus movimentos. Me sentindo mais calmo,eu abraço ela,tentando acalma-la. Mesmo que eu ainda esteja apavorado com tudo.
Kris - Está tudo bem…eu estou aqui…
Enquanto acalentava ela,encarei novamente o homem que golpeou e derrubou nosso tio.
Ele começou a arrastar ele e logo em seguida o colocou nas costas e saiu do quarto. Antes disso ele me encarou de volta por alguns segundos. Mas não disse nada.
Eu logo me apressei e coloquei minha irmã nos braços. No caminho para sair do quarto e seguir o homem misterioso…eu esqueci da garrafa quebrada e pisei nos cacos de vidros. Mesmo com a dor eu segui meu instinto e continuei andando. Mesmo que mancando.
Eu o vi subindo as escadas com meu tio,ainda,em suas costas. Eu me perguntei se deveria me preocupar com o tal suspeito. Ele havia me ajudado. Mas eu não sei quem é ele. E os quartos dos meus pais ficavam lá em cima.
Antes que mais uma tragédia acontecesse. Eu corri até o banheiro e convenci minha irmã a continuar calma e a ficar lá dentro por enquanto. Eu tranquei ela lá. E corri até a mesa do meu tio pegando seu revólver.
Antes de subir as escadas. Eu chamei a polícia,denunciando que havia um estranho na minha casa.
Apesar de ter o pressentimento de que ele não nos faria mal…eu queria ter certeza que não iria me arrepender de nada se caso algo acontecesse.
Então após a ligação. Os polícias avisaram que estavam a caminho. Mas eu sabia que iriam demorar. Então não fiquei no aguardo parado. Com a arma em mãos,mesmo que com medo,subi as escadas.
Quando cheguei no corredor dos quartos vi a luz do quarto do meu tio acesa. Me aproximei sorrateiramente e espiei lá dentro. O homem colocava o meu tio na cama e em seguida checou o celular.
Eu corri para os quartos dos meus pais. Eles ainda estavam dormindo. O barulho de tudo que houve lá embaixo talvez nao tenha chegado até aqui,ou então meus pais só estão com sono pesado demais por conta do tanto que beberam.
Eu me perguntei se deveria acordar eles. Mas conhecendo meus pais…sei que minha mãe teria um treco de primeira. E meu pai com certeza iria querer confrontar esse invasor.
Eu não quero que eles se machuquem.
Tranco o quarto dos meus pais também. E mantenho as chaves comigo. Não me havia tanta coragem,mas por algum motivo eu não estava com tanto medo comparado do quanto estava com meu tio. Talvez porque fulano tenha derrubado meu tio e me livrado daquela situação horrorosa. Mas ainda assim não faz sentido. Me pergunto se é algum inimigo dele. E não é difícil de acreditar que seja,já que meu tio é de fato um homem tenebroso. Até eu gostaria de matar ele.
Kris - …!
No caminho para descer as escadas eu me atrevo a checar o quarto do meu tio onde fulano estava, novamente. Só que dessa vez a luz estava apagada e quando eu ia voltando,me dou de cara com o invasor na minha frente.
Eu quase dou um grito e tremendo,graças a deus não fiquei parado novamente e apontei a arma para ele. Mesmo que eu pareça patético segurando isso com as mãos tão tremidas e inseguras…me mantive disposto.
Enfim,eu estava começando a me preparar para atirar ou para ser pego. Principalmente quando ele toma a arma de mim. E no entanto ele não a usa contra mim. Ele apenas me pede para fazer silêncio,não necessariamente fala isso,mas faz um gesto e em seguida segura minha mão. Eu sinto uma sensação estranha de dejavu. E meu coração foi a mil.
Kris - Você…
Ele não me deixou dizer nada. Colocou a mão contra minha boca. E em seguida trancou o quarto do meu tio dando a chave para mim.
Quando ele colocou a chave nas minhas mãos,me encarou por uns instantes. Eu não conseguia enxergar nem ao menos seus olhos direito. Era a única parte de seu rosto ainda amostra. Mas estava escuro e a sombra do boné cobria tudo.
Mas eu sei que ele me encarava.
Kris - Quem é você?
Após dizer isso o homem se desfez sem dizer nada. Desceu as escadas com pressa. Por um minuto pensei se deveria seguir ele. Ele não me machucou. E aliás,estava me ajudando. Eu queria saber quem era ele.
Eu o segui. Desci as escadas tentando acompanhar sua rapidez. Mas logo a dor me faz lembrar que meus pés estavam machucados e caio no chão após sentir uma pontada.
Fulano olha para trás assustado,ou talvez surpreso. Ele corre até mim como se estivesse preocupado. "Quem é ele?" Me ajudando a levantar ele nota o ferimento nos meus pés e o ouço suspirar. Meus dejavus só aumentavam e a confusão no meu peito era grande.
O desconhecido me colocou no braço me levando para dentro da cozinha. Enquanto ele me carregava eu tentava enxergar os olhos dele. Algumas mexas de cabelo cobriam seus olhos pra completar. Mas eu não parava de sentir que ele era familiar…
Nós entramos na cozinha.
Ele me sentou numa cadeira. E começou a vasculhar as coisas. Até que achou uma pequena maleta e tirou de lá algumas coisas para fazer um curativo.
O observei ficando de joelhos e começando a tratar do meu ferimento. A maneira que meu coração batia…até mesmo isso era familiar.
Eu olhei suas mãos. Mas até elas estavam cobertas. Ele usava uma luva. Talvez era o tipo de pessoa que era pago para dar um jeito em pessoas como meu tio. Eu me pergunto se lá dentro do quarto…ele matou ele. Seria um favor,mesmo que assustador tê-lo aqui agora. Cuidando de mim.
Kris - Posso ouvir sua voz,ao menos?
Ele me olhou e rapidamente abaixou a cabeça novamente. Não atendendo meu pedido,continuou calado. Eu suspirei,sentindo a curiosidade me matando. Vagarosamente levei minha mão na direção dele. Especificamente seu rosto. Minha intenção era arrancar aquela máscara dele. Mas só tive tempo de tocar sua orelha. Ele agarrou meu pulso. E não levantava o rosto por nada. Aqui era claro eu veria ele claramente. Então não desisti. Com a outra mão retirei o chapéu dele rapidamente.
Quando fiz isso pude ver seus cabelos escuros e longos como eu imaginava ser. E após vê-los não me dava certeza de nada. Mas aquela sensação no meu peito aumentava.
Ele logo se levantou e colocou o boné novamente. Em seguida saiu a disparada. Só que ele não saiu na direção da porta. Pulou a janela.
Eu me levanto mancando,e vou até a mesma. Ele já havia sumido.
Me volto a sentar e encaro os curativos que ele fez em mim. Eram tão mal feitos…como se tivessem sido feitos por uma criança.
Nesse momento uma cena do passado me invadiu.
Na época da escola. Quando me meti em problemas e me machuquei…lembro-me de ter curativos como esse. E de ter dito o mesmo; "parece que foram feitos por uma criança",e lembro-me mais. Foi o Rock que tinha feito eles.
Logo sou despertado dos meus pensamentos. Ouço a sirene tocar. Era a polícia. Caindo na real,corro até o banheiro e destranco minha irmã. Em seguida destranco o quarto dos meus pais. E quando passo pelo quarto do meu tio…penso se deveria destrancar o dele. Mas não faço isso. Me apresso para atender a polícia. E digo que o homem havia fugido em direção da lanchonete tal.
Obviamente mentira. Quando o fulano pulou a janela não vi para onde foi,que caminho levou.
E como ele me ajudou,eu fiz isso,menti para os policiais. Espero não me meter em encrenca depois disso.
…
Momentos antes desses ocorridos…
Versão do Rock
On
De manhã cedo,eu pilotei até a casa do tio do Kristen. Pelo o que escutei ontem. Ele provavelmente estará aqui hoje com a família.
Passei a noite num bar aqui perto. Aqueles que fica aberto 24 horas por dia. Eu me obriguei a socializar com alguns velhos que bebiam lá. Assim a dona não me obrigaria a sair se eu não pedisse e pagasse nenhuma bebida.
Enquanto jogava alguns jogos com os coroas…eu notei um homem parecido com o tio de Kristen entrar no bar. Ele comprou algumas bebidas. E ouvi ele comentar sobre suas visitas. Visitas essas que era Kristen e sua família.
Ele realmente viria.
Me lembrando de como ele não gostava do tio. Imagino que não esteja gostando da ideia de ficar lá.
…
Perto de amanhecer,eu me movo até um beco próximo a rua da casa.
Comecei a pensar no que faria quando entrasse lá. Desde o início planejei tudo. Mas até agora não sei o que faço em relação a abordagem. Se devo falar com Kristen. Ou talvez deixar meu contato,ou uma carta. É muito difícil decidir. Já que eu não sei como ele está. O que ele pensa de mim depois de tudo.
No fim decidi não falar com ele. Era uma decisão difícil,pois oque eu mais queria era falar com ele, abraçar ele… tê-lo de volta. Mas isso jamais acontecerá tão facilmente após tudo. Eu devo pensar bem.
Quando eu invadir aquela casa hoje. Irei apenas tentar descobri aonde Kristen está morando. Alguma pista. Se não encontrar nada o seguirei assim que voltar para onde quer que seja.
Depois disso eu com certeza me mudarei para perto. E la eu pensarei no que farei no futuro. Há muitas coisas pendentes. Não só minha relação com ele. Mas eu quero saber se ele está vivendo bem e com quem. Eu preciso saber.
…
Pela amanhã,antes do almoço eu vejo um carro parar em frente a casa do velho. Eu me pego ansioso, observando. Vejo os pais de Kristen saírem do carro com algumas bagagens. Kristen saiu logo em seguida. Meu coração vibrou logo ao vê-lo. Ele era o mesmo. Mas parecia abatido e mais magro. Além de que pela sua expressão se mostrava de mau humor.
Rock - Kristen...
Eu sussurrei seu nome enquanto o encarava distante. Serei um rosto escondido numa pintura. Pelo menos por enquanto. Serei uma imagem escondida na sua vida Kristen. Até que eu resolva tudo. Eu vou resolver tudo. É o que posso prometer.
...
A madrugada logo veio. Me certifiquei de usar máscara, boné,e até mesmo luvas. Eu não poderia mostrar nada meu. Kristen saberia.
Meu cabelo está mais cumprido que o normal. Isso vai me ajudar também.
Enfim,deixei minha moto estacionada no beco da rua de trás. Eu pularia alguns quintais para chegar até lá.
Então entrei na casa,pelos fundos. Até então estava silenciosa. Me senti nervoso apenas por pensar que Kristen estava naquela casa. Estamos no mesmo lugar. Após tanto tempo.
Fui caminhando sorrateiramente pelos cômodos. Estava tudo silencioso. Mas logo me aproximei mais do salão principal. Ouço música e o coroa cantando. Ele estava bebendo e totalmente entretido. O que era bom para mim. Me aproveitei para subir as escadas tranquilamente. O tio parecia ser o único acordado.
Entrei no quarto que parecia ser dele. Não havia nada que me ajudasse a descobrir sobre o paradeiro da casa de kristen. Mas infelizmente me deparei com coisas bem nojentas lá dentro. Várias revistas pornôs. E sites esquisitos. Eu estava entendendo cada vez mais por que Kristen o detestava.
Andei por outros cômodos até que encontrei o quarto dos pais deles. Eles estavam dormindo.
Eu teria que arriscar.
Comecei a procurar algo que ajudasse. Não encontrei nada fora o celular deles. O da mãe tinha uma senha. Mas o do pai não. Então me afastei para conferir.
Havia algumas mensagens com os avós de Kris. Ao que parece eles estavam ficando lá e já voltam amanhã. Vieram para conseguir uma ajuda do tio dele. Que situação complicada. Eu realmente baguncei tudo.
...
Depois das informações que consegui me preparei para sair da casa pelos fundos. Segundos antes eu estava me segurando para não deixar nada meu para trás. Segurando minha vontade de levar Kristen comigo ou de ao menos abraçar ele. Mas não devo mais agir com impulso e estragar as coisas mais ainda. Não novamente.
No entanto eu não fui tão coerente.
Não poderia deixar meu coração ferido tão carente. Queria ao menos ver o rosto dele mais uma vez. Então me arrisquei. Me dei ao luxo de realizar esse desejo.
Comecei a procurar ele nos quartos. Mas ele não estava em nenhum. Foi quando percebi que o tio dele não estava mais na sala. E quando passei pelos quartos também não estava lá. Comecei a me preocupar e corri até os dois banheiros. Mas não havia nem kristen nem seu tio. Havia um quarto que não chequei. Um próximo ao salão.
Fui até lá imediatamente. Já no caminho escutei barulhos estranhos.
Como alguém chorando. E em seguida ouço o ranger de uma porta sendo puxada com força. Eu corro imediatamente e me dou de cara com uma cena que ferveu todo meu corpo.
Tio - Maldito...!
Aquele desgraçado estava prestes a acertar Kristen com uma garrafa de bebida. Antes disso eu o atingi com um golpe. Nocauteando ele. O observo cair no chão junto da garrafa que estava em suas mãos. Encaro Kristen que partia meu coração. Ele estava tremendo. Parecia tão assustado. Se eu pudesse...abraçaria ele agora mesmo. Meu ar chega a faltar de tanta dor no meu peito.
Olho na direção da sua irmã que chorava assustada. Ele logo corre para acalma-la. Suspiro profundamente. E me preparo para levar o velho para cima.
Kristen estava protegendo sua irmã. Protegendo ela desse tarado. Deve ter sido um momento difícil para ambos. Eu espero que nunca mais tenham que vim aqui.
...
Pela manhã vi os pais de Kristen guardarem as bolsas no porta malas. Estavam prestes a voltar. Fiquei despercebido atrás de um caminhão já em cima da moto. Estava preparado para seguir eles. Me sinto estranho fazendo isso. Mas não há outra maneira.
Após oque aconteceu ontem...os pais deles devem estar mais atentos. Apesar de que acredito que não estejam cientes da real história.
Já o tio dele...deve pensar que delirou por conta da bebida e levou uma grande queda. Mas o fato de que a casa foi invadida não poderia ser mentira. Já que Kristen chamou a polícia. Ele fez o certo. Não sabia que era eu. Mas isso não vai me atrapalhar. Pensam que é algum inimigo do velho.
Bom,o carro está partindo. Hora de descobrir o paradeiro deles. Irei concertar tudo por lá mesmo. E também criarei coragem para falar com Kristen. De agora em diante nada vai me deter.
...
Momentos depois
Kristen on
Nós voltamos para a casa dos meus avós. Pela primeira vez estou me sentindo em paz aqui. Com certeza qualquer lugar é melhor que na casa do meu tio.
Nunca vou esquecer a noite de ontem. Isso irá me traumatizar para sempre. E minha irmã, também...ela contou tudo aos meus pais. Disse que o tio queria me bater. Ela não entendia o porquê. Nem entendia o que ele estava prestes a fazer com ela também.
Meus pais ainda passaram pano,justificando que ele estava bêbado. Mas me prometeram que não me levaria mais lá. Eu pedi para que não levasse minha irmã também. E após algumas discussões... eles concordaram comigo.
Se não fosse por aquele homem,ontem a noite...eu e minha irmã...o quão pior estaríamos? Eu me sinto muito agradecido a ele. Não importa quem seja. Aliás,espero que tenha roubado boa grana daquele imundo.
No entanto...ele não pareciam um ladrão. Qual seria seu objetivo ali dentro? E porque me ajudou? O mais estranho...porque ele me lembra alguém? Nunca saberei.
Terei pensamentos o bastante pra me entreter hoje. Iram me ajudar a não ficar imaginando bobagens suicidas.
Obrigado homem misterioso.
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