Três de fevereiro, Daegu.
Quarta-feira, seis horas da manhã.
Minha casa.
Acordei sentindo os primeiros raios de sol entrarem no quarto, abri os olhos lentamente e vi que estava no quarto de Richard, mas... por que diabos eu estava aqui mesmo?
Levantei-me e sentei na beira da cama, observei ao redor e percebi que só tinha eu no quarto. Aos poucos fui me lembrando do que aconteceu e o medo de antes tomou conta de mim novamente.
Notei uma sombra no meu quarto e senti uma respiração batendo contra minha nuca.
Respirei fundo e tentei me acalmar, mas foi em vão. Eu tinha que ir até o meu quarto mas eu estava com medo.
Cadê o Richard agora? Que droga! Parece que eu tenho que criar coragem e ir sozinha.
Saí do quarto de meu irmão e caminhei até o meu quarto; abri a porta lentamente e enfiei apenas a cabeça para dentro do cômodo. Estava tudo silencioso e a cortina da janela estava aberta deixando o sol adentrar. Entrei e vi Laila como sempre dormindo. Eu fiquei tão assustada ontem que esqueci de levá—la comigo.
Fui direto para o banheiro e fiz minha higiene matinal. Depois de fazer as minhas higienes, coloquei o meu uniforme e escutei minha mãe me chamar — ou melhor, gritar — para ir tomar café. Resmunguei baixo por causa daquele grito e peguei minha mochila.
Fui até a cozinha onde meus pais já estavam tomando café, mas nada de Richard. Pelo jeito, outro dos seus sumiços que para todos a causa é sua namorada, que por sinal nunca vimos.
— Bom dia! — falei animada assim que sentei-me na mesa.
— Bom dia, querida. — meu pai disse enquanto mantinha seus olhos no jornal em que estava lendo.
— E o meu irmão? — perguntei e minha mãe franziu o cenho.
— Ele não está no quarto? — indagou ela.
— Não… — respondi.
— Eu nem vi ele sair hoje — terminou, desconfiada.
— Esse garoto vive sumindo, não toma jeito — disse meu pai em um tom ríspido. — Será que é de novo aquela namorada desconhecida dele?
— Acho que não, pai — respondi, pensativa.
— Por que, filha? Está sabendo de algo? — questionou minha mãe e eu neguei balançando a cabeça.
— Não, é apenas um pressentimento — eu disse.
— Meu Deus! E se ele estiver envolvido com coisas erradas, N/P? — questionou minha mãe com um semblante preocupado.
(N/P: nome do seu pai.)
— Quando eu voltar vou ter uma conversa séria com ele — Engoli em seco após a última fala de meu pai.
07:00 A.M
Hoje eu estava fazendo o caminho para o colégio sozinha. Meu pai quis me dar uma carona mas eu neguei, pois queria ir andando e também por causa de meu pai, já que ele teria que estar às sete e vinte no aeroporto.
— S/N! — escutei alguém gritar por mim e me virei vendo Dahye que vinha correndo em minha direção. – Eu estava te chamando há tempo e você não me ouvia! — ela dizia entre pausas para tentar recuperar o fôlego por ter corrido tanto.
— Por que não veio de carro hoje?
— Meu pai mandou para o concerto, então passei na sua casa para irmos juntas, mas sua mãe disse que você já tinha ido.
— Aah… — abaixei levemente a cabeça.
Ficamos em silêncio caminhando até eu quebrar o mesmo.
— Ei, como foi com o Jungkook? Já estão namorando?
— Ele não me pediu ainda mais ontem me deu um beijo — ela disse, corada.
— Olha, quero conhecer esse garoto e saber as verdadeiras intenções dele — ditei séria, mas depois sorri, arrancando uma risada de Dahye
— Você logo irá conhecer ele.
Chegamos no colégio e Jihoon junto à Jaegyu vieram até nós. Jaegyu passou os braços pelo meu pescoço assim que se aproximou.
— Eai, meninas lindas! — Jaegyu expressou e eu tirei o seu braço do meu pescoço.
— Deixa de falsidade — Dahye reclamou.
— Que isso, Dahye? Eu amo vocês — Mandou beijo no ar para ela que revirou os olhos.
Jihoon permaneceu calado enquanto digitava algo em seu celular.
— Teu amor veio hoje — Dahye disse e eu olhei para onde ficavam os armários. E lá estava ele.
Meus olhos só faltavam brilhar por ter visto ele, e acredito eu que eles estavam. Isso me fez lembrar que eu tinha que falar sobre o trabalho, então eu já comecei a entrar em pânico.
É agora ou nunca!
— Eu já volto — pronunciei e nem esperei eles responderem, indo até Yoongi. Eu estava muito nervosa — bastante nervosa — eu diria. Parei do seu lado e ele passou a me olhar, e foi aí que eu esqueci completamente o que eu ía dizer e, mesmo se eu quisesse, as palavras não saíam de jeito nenhum. Eu estava me sentindo uma otária por isso.
— O que foi? — sua pergunta parece que me fez voltar para a realidade e racionar tudo.
— Bem.. É que… a professora de química passou um trabalho em dupla e eu fiquei com você.
Eu falava em tom baixo que nem sabia se ele estava escutando bem.
— Ok… — ele suspirou. — É para entregar quando?
— Sexta.
— Então fazemos amanhã na sua casa, pode ser?
— C-Claro! — me xinguei mentalmente por ter gaguejado.
Ele assentiu e se retirou. Eu fiquei lá parada que nem uma idiota que eu sei que eu sou.
Mas espera um pouco...
Min Yoongi falou comigo! MIN YOONGI VAI PARA A MINHA CASA! AHHH!
Mentalmente eu estava surtando, e surtaria em voz alta ali mesmo naquele corredor se não tivesse tanta gente.
— S/n, sobre o que vocês conversaram?
Eu estava tão inerte a tudo que aconteceu que tomei um susto com a fala repentina de Dahye.
— Sobre o trabalho — respondi simplista.
Ela soltou um “ah” e fomos caminhando até os nossos armários. Pegamos os livros que iríamos utilizar e fomos para a sala. Yoongi estava sentado como sempre afastado de todos. Mas eu me sentia feliz por ele estar ali.
Ok, podem falar…
Eu sou uma idiota.
12:30 P.M
Agora estava eu aqui apenas esperando a Dahye para irmos até a quadra onde o jogo vai acontecer. Dahye tinha ido ao banheiro e até agora não havia voltado.
— Ei.
Escutei a voz rouca de Min Yoongi o que fez eu quase voar por conta do susto, afinal, o corredor estava vazio e ele apareceu do nada.
Me virei para encará—lo, e como eu estava amando ver ele de perto.
— Você não me disse onde é a sua casa e que horas tenho que ir — disse, com a mão na nuca.
— Você poderia me passar o seu número, aí eu mandava o endereço por mensagem.
Desculpa para ter o número dele? Imagina!
— Eu não tenho celular — ditou sério.
Ok. Tentativa falha. Lógico que ele não daria o número dele para mim.
Abri a minha mochila tirando o caderno e uma caneta, passando a anotar o meu endereço. E em seguida entreguei à ele.
— Como estudamos de manhã, você poderá ir às quatorze horas, está bom?
— Sim — foi curto. — Já vou… Até mais, S/N.
Ele saiu e eu arregalei os olhos. Ele sabia o meu nome… Eu não havia passado tão despercebida assim por ele.
— Vamos, S/n! — Dahye resmungou, puxando o meu braço e me arrastando para a quadra.
— Você demorou. Parecia que iria morar no banheiro — debochei e em seguida ri.
Antes de entrarmos, já ouvimos alguns cochichos dizendo como os meninos do outro time eram lindos.
A quadra estava lotada, mas o jogo ainda não tinha começado. Nos sentamos e Dahye e eu ficamos conversando enquanto o jogo não começava.
Escutamos os gritos histéricos das meninas e lá estavam eles: O time adversário. Não posso negar, todos são muito lindos.
Um que tinha o cabelo loiro olhou diretamente para mim e deu um sorrisinho, me deixando confusa e envergonhada. Mas ninguém havia percebido, para o meu alívio.
O time do Jihoon entrou e logo a partida deu início. Vejo Jaegyu correndo com a bola em direção à cesta, mas o loiro que sorriu para mim tomou a bola dele e correu para o lado contrário. Ele era tão rápido…
Ele arremessou a bola que entrou na cesta e fez o primeiro ponto do jogo. Depois o jogo voltou normalmente e o placar indicava que os times estavam empatados. Eu estava torcendo para o time de Jihoon ganhar, afinal, eles são meus amigos. Entre pontos marcados do time adversário o loiro continuava a me encarar, isso já estava me incomodando um pouco. O que ele queria com isso, afinal?
Agora era a hora de tirar o desempate, faltando apenas alguns minutos para o fim do jogo, e o desempate veio do time adversário e escutei o apito do árbitro indicando o final da partida.
Jaegyu estava extremamente irritado, mas perder faz parte.
— S/N — Dahye me chamou. — Aquele garoto que não tirou os olhos de você está vindo para cá.
— O quê!? — Fiquei desesperada. Olhei para a quadra e lá estava vindo o loiro até mim. E ainda por cima sem camisa, deixando exposto o seu abdômen definido.
As meninas já ficaram alarmadas com a aproximação dele e eu estava normal — mais ou menos, na verdade —.
— Oi, princesa — se pronunciou. — Qual o seu nome? — Perguntou com um sorrisinho de lado
— Por que quer saber?
— Acho que seria o mais óbvio saber o nome da garota que eu dediquei todos os meus pontos, não acha? — falou mantendo um sorriso que agora ao meu ver parecia fofo. Dahye já estava boquiaberta ao meu lado.
— S/N — Falei.
— É um prazer, S/n. Eu sou Park Jimin — sorriu, simpático.
— Jimin, vamos! — escutei um garoto gritar pelo mesmo.
— Tenho que ir, nos vemos algum dia desses — Piscou para mim e me deu as costas.
— S/N… aquele garoto é lindo! E se interessou por você! — Dahye expressa animada.
Quando notamos que as pessoas já estavam indo embora nos levantamos e vimos Jaegyu e Jihoon vindo até nós duas…
E com expressões irritadas
— Não fiquem assim, garotos! Na próxima vocês ganham! — Dahye disse, tentando aumentar o alto astral deles.
— Que seja — Jihoon ditou desinteressado e bufou.
— Aquele tal de Jimin tomou a bola de mim umas três vezes, aish! — Jaegyu resmungou.
— Ele era muito bom, não é, S/N? — Dahye me olhou com um sorrisinho provocador e eu não evitei de revirar os olhos para a mesma.
01:30 P.M
Estava em casa junto de Dahye, já que a mesma disse que hoje os pais dela saíram e não queria ficar sozinha.
Estávamos assistindo um Drama que ela havia escolhido quando escutamos um estrondo de porta sendo fechada com força. Dahye e eu nos assustamos.
— Será que alguém entrou em casa? — Dahye perguntou assustada. Afinal, estávamos sozinhas porque minha mãe havia saído para o mercado
Me levantei sendo seguida por ela e abrimos a porta. Escutei um gemido de dor vindo do quarto do meu irmão e corri até lá, abrindo a porta e vendo ele caído no chão com cortes pelo rosto e a roupas meladas de sangue. Dahye soltou um gritinho assim que viu a cena.
— O que aconteceu, Richard?? Quem fez isso com você?? — questionei preocupada, me aproximando dele.
— Foram eles... — respondeu com a voz fraca.
"Eles"? Quem são "eles"?
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.