História (Não) Se apaixone pelo irmão da sua amiga (Imagine Taehyung) - (Não) Veja por outro lado.

“A gente sabe quando

é a hora certa”.

×

Quinta-feira.

TAEHYUNG.

O apito do treinador faz um barulho irritante e eu disparo com meu taco, atravesso até a metade do campo mas não deixo de acompanhar trajeto da bola e assim que tenho oportunidade a pego, aperto o taco em minhas mãos e jogo a bola com força para Jimin.

— SE MEXAM, A OUTRA ESCOLA NÃO VAI FICAR DANDO MOLE NÃO. — O treinador Choi grita.

Corro novamente sentindo meu corpo se aquecer e o suor escorrer pela minha testa dentro do capacete, puxo a bola com o taco e corro na direção de Jeno e Jaemin, dois alunos do segundo ano que estão jogando contra meu time, meu corpo colide com os deles e eu me esgueiro de lado empurrando um e depois o outro. A bola cai no gramado e Jaemin se empurra contra mim tentando me afastar, giro ao redor dele e empurro suas costas com o ombro puxando a bola pelo meio de suas pernas. Pego rapidamente o objeto com o taco e me preparo para lançar em direção ao gol, a força que ponho nos meus braços é grande, o modo como deslizo faz o pessoal que observa o jogo vibrar e o goleiro tenta mas não consegue, eu marco um gol.

Algumas meninas presentes começam a gritar e eu puxo o capacete, meu corpo molhado de suor faz minhas roupas grudarem nele, o dia está mais quente hoje e não contribui com nosso treino.

— NÃO PAREM QUE AINDA TEM 30 MINUTOS, EM 30 MINUTOS VOCÊS PODEM FAZER HISTÓRIA. — O treinador grita e apita a porra do apito fazendo um barulho horrível aos ouvidos. — JISUNG, TROCA COM O JUNGKOOK.

Jisung vai para o banco e meu amigo entra no campo, ponho o capacete novamente e o apito soa irritantemente. O jogo corre novamente e com um pouco mais de brutalidade, Jimin e Jungkook fazem um duo bom na defesa e mudam ao decorrer, Haechan consegue marcar um gol e eu vou para o ataque.

— ACABOU. — O apito soa novamente e eu tiro as luvas das minhas mãos, puxo o capacete e abro a boca buscando mais ar.

— Agora é o que? — Jimin curva-se colocando as mãos no joelho, sua voz sai ofegante e ele tenta normalizar a respiração.

— Eu tô em outra turma hoje, faço a mínima ideia. — Jungkook leva a garrafinha a sua boca e bebe água.

— Tenho inglês. — Respondo e começo a andar em direção ao vestiário com os dois.

— Fez as atividades? Porque a professora não tem piedade, caralho, ela chapa de dever e fode meus planos. — Jimin reclama.

Assim que entro no vestiário, abro meu armário, ponho meus equipamentos dentro dele e puxo minha mochila pegando o essencial para meu banho.

— Novidade? Ela ensina bem mas aqueles deveres dela são exagerados, nunca que eu vou me acostumar com essa doida. — Jungkook abre o armário dele e tudo cai no chão. — Eu não tinha arrumado na segunda?

— Não, você perguntou isso na segunda. — Respondo e ele dá de ombros, Jungkook se abaixa, pega tudo e taca novamente dentro do armário.

— Esse muquifo que você chama de armário deve tá todo fodido. — Jimin olha para o armário de Jungkook com uma careta.

— Ih? Foda-se. — Jungkook entra em uma cabine.

Pego minhas coisas e entro em uma delas também, os dois conversam e zombam de algumas coisas mas eu fico pensativo enquanto aproveito a sensação da água cair pela minha pele. Balanço a cabeça sentindo meus cabelos grudarem no meu rosto, pego o meu sabonete e ouço risos de Jungkook e Jimin.

— Hyung, até tinha esquecido de perguntar. — A voz de Jungkook sai abafada. — Não foi você que fez o dever né?

— Pirralho, tu sabe que eu odeio inglês e tento manter o quanto mais longe de mim.

— Hmm, ela falou com você? Naquele dia ela tava puta e eu não tiro razão dela, hyung você é doido. — Jungkook responde e eu reviro os olhos, Jimin logo começa a reclamar de estar sendo excluído e eu solto uma risada.

Eu sei quem é esse ela que ele diz e seu que ele diz em códigos pelo caso de alguém estar ouvindo nossa conversa já que é normal em fim de treino, os jogadores estarem aqui.

— Porque é a assim, sempre assim, vocês dois aí conversando, se esquecem do amigo de vocês e guardam segredos de mim. — Jimin reclama e eu começo a enxaguar meu corpo, apenas rio e Jungkook ainda tenta contestar com ele. — Ainda quero saber que garota o Jungkook tava falando hoje mais cedo, na verdade, ele vem falando com ela quase todos os dias e eu nem sei o porquê.

— Aigoo, depois a gente conversa disso. — Jungkook retruca e Jimin quase solta um grito indignado.

— Aposto que o Taehyung sabe.

Passo a toalha por meu corpo lentamente não ligando para as reclamações de Jimin, ponho minhas roupas exceto a blusa e saio da cabine vendo os dois discutirem. Os outros garotos do time estão nas cabines ou fora delas conversando, se barbeando ou até tentando cortar o cabelo.

— Eu sei de nada não, caralho. — Passo por Jimin e ele arqueia as sombrancelhas.

— Seu paranóico, é sempre assim. — Jungkook reclama.

— Aish, vocês dois tem cara de que vão me deixar e serem uma dupla. — Jimin contesta e eu reviro os olhos. — Mas por hora eu aceito suas desculpas furrecas.

— Puta que pariu, some da minha frente se não te como na porrada. — Jungkook diz bolado e Jimin começa a rir.

— GENTE EU ACHO QUE EU TÔ CARECA. — Haechan grita. — SOCORRO, JENO O QUE VOCÊ FEZ PORRA?

Pego meu celular assim que acabo de me vestir e jogo a mochila nas costas, me olho no espelho lembrando que tinha que cortar o cabelo e ainda sim, ouço a voz de Jimin agora com o time provavelmente zombando de Haechan.

— Aí capitão, não quer deixar o Jeno cortar seu cabelo? — Jisung zomba e todo mundo ri.

— Hmm, acho que no dia de são nunca. — Bato nos ombros de Jeno e ele faz um barulho com as tesouras.

— Capitão, o treinador pediu pra não esquecer que tem um garoto tentando fazer teste pro time. — Jaemin diz e eu assinto.

— É, eu não lembrava. — Respondo e eles riem. — Juízo, fui. — Saio do vestiário e ouço um fuzuê começar, como sempre.

Ando tranquilo até demais pela escola e respiro fundo tentando pensar em toda a situação da semana passada, tento não me estressar mas não dá, não dá.

— Hmm, pensativo? — Tomo um susto mas a menina continua apoiada nos armários sem menor reação enquanto eu permaneço de olhos arregalados e a boca entre aberta. — Que foi? O gato comeu sua língua?

— O que você quer Seungyeon? — Respiro fundo tentando acalmar meus batimentos, eu estava tão distraído que não reparei nela bem no meu caminho.

— Você. — Ela sorri como se fosse uma criança que ganha doce, mas de criança ela não tem nada e merecendo ganhar doce, muito menos. — Não é novidade pra ninguém.

— Você tá brincando né? — Pergunto perplexo, meu celular apita e eu vejo uma mensagem de Jungkook me chamando para ir na sua casa depois da aula mas não tiro a atenção da menina a minha frente que me analisa. — Sério porra, me diz que você tá tirando onda com a minha cara.

— Por que eu estaria? Taehyung, era tão bom quando ficávamos nós dois juntos e sem aquela sonsa nos interrompendo. — Os dedos de Seungyeon passam pelo meu blazer e depois passeiam pela minha blusa mas eu não sinto nada em relação a ela, só me lembro da estrangeira.

Me lembro de todas às vezes que nos beijamos e como é, como gosto de sentir seus lábios nos meus e como gosto da maneira que ela me olha tentando desvendar o que eu estou fazendo. Nem eu sei, essa é a verdade.

— Você tá me ouvindo, Taehyung? — A voz de Seungyeon me desperta e eu pisco atônito. — O que tá acontecendo?

— Nada e nunca vai acontecer, você sabe que nosso último envolvimento foi a anos atrás antes de você fazer aquelas porras com a minha irmã. — Me desvencilho dela, meu olhar se torna mais rígido e eu percebo que Seungyeon fica mais séria. — Eu amo minha irmã e jamais iria trair ela assim tão baixamente. — Digo sério, a saliva desce cortando minha garganta porque me sinto um mentiroso mas não demonstro nada porque sei que Seungyeon não me deixaria em paz. Ela seria a primeira a jogar na cara de Doyeon e fazer um inferno na minha vida.

Meu peito pesa minimamente porque me sinto divido, gosto da sensação que a estrangeira me passa porque ela é diferente e eu sei que fui infantil com ela no início mas tudo isso me dava um gosto de quero mais, fora que eu tinha medo dela ser alguém como ou que está com a Seungyeon. Provocava ela porque de alguma maneira me atraí mais do que deveria, é errado porquê eu não deveria ter feito o que fiz mas agora que já tá feito, eu não me arrependo.

— Você deveria deixar aquela songa monga, acorda pra vida porque sua irmã só te trata como um objeto que ela usa a favor dela quando quer e sempre vai se assim com todos os outros. — A voz acusatória de Seungyeon me causa raiva.

Minha irmã pode ser sim ruim mas quando eu sempre precisei, ela estava lá pra me ajuda e quando nem meus pais estiveram, foi só eu e ela, muitas vezes ela fez o papel de minha família mesmo não entendendo muito e foi ela quem me incentivou a correr atrás do que eu quis.

Eu também não passo ileso das coisas, todo mundo já fez algo em algum momento e quando a Seungyeon fez um circo com nós dois, me senti devastado e traído ao ponto ridículo. Por que eu iria apontar o dedo pra ela sendo que também não sou um santo imaculado? Por isso, Seungyeon está errada, porque ela acusa minha irmã mas faz pior.

— Caralho, larga do meu pé que eu sou passado pra você, porra. — Bato no armário com força e raiva, Seungyeon treme pelo barulho mas continua intacta e me encara com um possível ódio. — Eu nunca vou perdoar o que você fez com a minha irmã e comigo, você jogou com nós dois e fez isso tudo porque queria ser líder do seu grupo além de que, põem o terror nessa porra de escola.

— E eu não sou a única.

— Um erro não apaga outro, Seungyeon. — Puxo meus cabelos levemente e sinto meu celular vibrar, mensagens de Jimin chegam sem parar perguntando onde estou e provavelmente ele já deve estar paranóico de novo.

— Você não entende, Taehyu-

— Você que não entende. — Corto sua fala, puxo minha mão do armário decidido a ir embora mas Seungyeon se aproxima e o cheiro enjoativo de seu perfume fica mais forte. — Fica longe de mim, só se afasta porque nós dois é algo que não vai acontecer. — Dou passos para trás e dou uma última olhada para ela, não sinto nada por ela faz muito tempo e isso não vai mudar.

Saio em passos apressados tentando me manter longe o mais rápido possível de Seungyeon, assim que passo pelo pátio minha visão se foca em duas pessoas, a estrangeira e Taeyong, me lembro dela no auditório perguntando sobre ele e isso faz meu sangue ferver.

Que porra, foi eu que me envolvi nisso mesmo.

×

— Você chamou o Jimin né? Você sabe que ele fica paranóico com qualquer coisa. — Pergunto assim que entro na casa de Jungkook, nos cumprimentamos rapidamente e eu vou em direção ao sofá. Pra variar, seus pais não estavam em casa e eu não posso dizer nada pois os meus também não estão.

— Claro, e lembrei ele umas cinco vezes. — Jungkook sai do meu campo de visão, puxo o celular do bolso e começo a fuxicar minhas redes sociais, e entre outros do meu celular.

— Hyung? — Sou despertado com a voz de Jimin que eu nem sequer vi entrar. — Você tem que ver isso. — O loiro se joga ao meu lado e pega meu celular, fico uns minutos pensando na audácia dele mas nem digo nada, só vejo ele me mostrar o Instagram da estrangeira. — Ela postou foto com o Taeyong.

— Quem postou foto com o Taeyong? — Jungkook volta para o mesmo cômodo que nós dois.

— _________ e eu sinto que isso foi uma afronta pro Taehyung. — Jimin se levanta com MEU celular e mostra a tela pra Jungkook, os dois começam a rir e ele volta para meu lado. — É, Taehyung… Você tá perdendo algo que não ganhou e a culpa é sua.

— Nossa, ela trocando o capitão do time de Lacrosse pelo do time de basquete. — Jungkook ri zombeteiro. — Perdendo ela não saí.

— Não diz isso, Jungkook. — Jimin empurra ele e volta para o meu lado. — Tae, como você tá?

— Uma porra. — Me jogo no sofá e Jungkook me estende uma latinha de cerveja. — Sério, nem eu entendo o porquê disso.

— Entende sim, seu sonso. — Jungkook dá um tapa na minha testa. — Ela sugeriu que vocês dois se conhecessem e você ficou com fogo no cu, disse não e ela agora tá lá com o time rival.

— Aigoo, o que eu faço? Não sei mais de nada.

— Eu jurava que vocês dois iriam se desenrolar melhor, tinha tudo pra dar certo o início de um sonho e deu tudo errado. — Jimin começa a beber o conteúdo de sua latinha. — Vocês dois são muito complicados.

— Por que você disse não? — Jungkook me pergunta e eu dou de ombros.

— Não sei, eu estava e estou confuso porque essa história envolve tanto a minha irmã como a Seungyeon e sei lá, não gosto de esconder as coisas da Doyeon porque nunca escondemos nada um do outro. — Levo minha latinha até a boca e dou um grande gole, o gosto ácido desce pela minha garganta mas não deixa de ser bom ao meu ver.

— Você já começou, não dá pra dar pra trás. — Jimin responde. — Tipo, ela ficou bolada e com razão mas você teve seus motivos, só que você tem que entender que sua irmã já é maior de idade e mesmo que ela e você sejam ligados, cada um tem sua vida.

— Eu só me fodo mesmo. — Suspiro fundo. — Faz praticamente uma semana que ela me ignora e eu já tô nesse estado, eu admito que eu faria de tudo pra poder conhecer mais ela e sei que gostaria, porque o pouco que vi eu aprendi a apreciar.

Quando ela me entrega minhas atividades, só deixa e sai sem me deixar falar ou me olha com um olhar tão duro que eu tenho até medo de falar algo, quero voltar a ter controle de mim mas nem sei o que fazer.

— Olha esse papo meloso. — Jimin faz uma careta de nojo e vira a latinha. — Jungkook não me diz que você vai entrar pro time do Taehyung e além do mais, caralho não esqueci, quem era aquela menina?

— Ih é, tu nem disse. — Falo mais relaxado tentando dar conforto para que o pirralho falasse já que Jimin não é nada receptivo.

— Ah, não sei, eu só ando falando com ela desde a festa do Hoseok. — Jungkook dá de ombros e também bebe sua cerveja. — É a Seunghee, nos falamos às vezes mas ela é muito tímida e eu fico envergonhado perto dela. Sei lá, eu não sou tão tímido mas também não sou tão solto assim, sei lá que porra acontece comigo.

— A estrangeira me deixa acuado, é estranho mas ela me deixa tão nervoso que eu sou capaz de quase gravar além do fato de que ninguém fica me rebatendo como ela e porra, adoro beijar aquela boca. — Levo novamente a latinha até minha boca, mínimas lembranças dela me fazem sorrir e pensar umas trezentas vezes no que eu tô fazendo da vida. — Não entendo, sei que começamos tudo muito rápido e eu sei que estraguei tudo mas o que eu vou fazer? Meu exemplo de relacionamento foi qual? O meu com a Seungyeon? — Arqueio as sombrancelhas e rio junto a eles. — Só tenho medo porque ela é amiga da minha irmã, não quero o mal pra ela e tenho medo do que ela se torne ao andar com aquelas meninas.

— Mas ela tá segura da Seungyeon pelo menos, ainda mais quando ela descobrir que você não só anda beijando a novata. — Jimin diz e eu assinto. — Foi por isso que você parou de ficar com as meninas né? A Seungyeon sempre ia atrás delas.

— Aquela porra é louca e obsessiva. — Jungkook reclama e eu solto um riso. — Prefiro mil vezes a novata, vai ser a melhor namorada/caso que você já teve e torço por vocês dois.

— De novo esse papo meloso. — Jimin reclama e pega outra latinha.

— O que eu faço? Sério, tô aqui me lamuriando mas não faço a mínima ideia do que fazer e perguntar pro Jimin é a mesma coisa que nada. — Zombo e o loiro me joga uma almofada. — Não leva a mal Jiminnie mas você é péssimo dando conselhos amorosos.

— É mesmo. — Jungkook concorda e o outro faz um bico irritadiço. — Qual é hyung, admite porque até você sabe disso.

— Estão dizendo que eu não posso arrumar uma namorada? — Jimin retruca com uma de suas sombrancelhas arqueadas. — É isso né? Porque é assim que começa, o Jungkook se interessando por uma garota e você, Taehyung, querendo mais que uns beijinhos.

— Porra Jimin, eu mal falo com a Seunghee. — Jungkook tenta se defender. — Somos só amigos, ela é toda quieta e já disse que ela é muito tímida então eu duvido muito que ela tenha interesse em caras do meu estilo, ela parece ser mais do estilo do Namjoon.

— E como você sabe? Perguntou pra ela? — Indago e ele balança a cabeça negativamente. — Então para de ser cabeça dura e vai falar com a menina.

— Tô dizendo, não é atoa que o Jungkook sempre foi o mais quieto, é porque ele também gosta de gente quieta como ele. — Jimin vira a latinha e pega outra, acabo com o conteúdo da minha e aproveito o fato dele se levantar pra pegar mais.

— Ele não é quieto, é viciado nesses jogos dele e se torna anti-social. — Rebato, Jungkook revira os olhos e Jimin dá de ombros. — Mas é sério Kookie, tenta falar com ela porque se você ficar tentando supor, nunca vai conseguir nada.

— Verdade. — Jimin pega mais uma latinha, permaneço quieto enquanto não consigo desviar meus pensamentos de uma única pessoas mas Jimin continua falando igual um rádio e Jungkook escuta ou finge escutar ele. — Taehyung, que cara de tacho é essa?

— Vai mesmo fingir que não sabe? — Jungkook ri, eu pego mais outra latinha e enquanto eles conversam só vou bebendo mais e mais.

— Eu realmente acho que vou surtar, isso tá me corroendo por dentro e eu nem sei o que fazer. — Digo do nada e os dois me olham confusos. — Vou conquistar ela, vocês vão ver.

— De novo isso? — Jimin questiona com sua voz já arrastada, efeito da bebida. — Jungkook, pega algo mais forte.

— Quer que a gente tenha um treco? — Jungkook arqueia as sombrancelhas e Jimin assente, isso não vai dar bom… — Vou lá pegar vodka. — O pirralho são correndo e enquanto eu acabo com o conteúdo da minha latinha. — Aí. — Não se passam muitos segundos porque Jungkook volta com uma garrafa na mão. — Devil Springs, uma vodka 80%.

— Puta que pariu, me dá. — Jimin se levanta animado, Jungkook estende o copo pra ele e os dois riem feito hienas enquanto enchem os copos.

— Agora sim, podemos nos lamuriar e ouvir da vida amorosa do Taehyung. — Jungkook me estende o copo. — Ainda bem que o Jimin não namora porque seria péssimo, ele não sabe namorar.

— Tá me dizendo o quê? Ta dizendo de novo que eu não sou capaz de namorar? É isso? Porque vocês podem ficar aí de namorinho e eu não? — O loiro vira o copo e pisca várias vezes, eu não demoro pra jogar o líquido garganta a baixo e sentir ele rasgar minha garganta.

— Caralho Jimin, não foi isso.

— Também tá duvidando de mim? Pois então, apareço com uma namorada pra vocês verem e não me excluírem. — Jimin só falta jurar de pés juntos enquanto Jungkook vira a garrafa na boca. — PORRA, DEIXA PRA MIM.

Depois de uma briga danada pela bebida, tentativas frustrantes de dizer a Jimin pra desistir dessa história dele arranjar uma namorada porque sabemos que não vai dar certo e eles ouvindo meus fracassos amorosos, eu já não sei nem mais meu estado.

— O… Quem? — Jungkook olha pra mim e eu dou de ombros, ele começa a rir e eu não entendo então rio também mas também não entendo, só ri mesmo. — J-jimin dormiu. — Ele fala embolado e eu tiro o celular do meu bolso traseiro.

— Ih, já são 20H e eu preciso ir pra casa. — Solto um bocejo e abro no app do Uber, minha visão se embaça tanto que eu demoro no mínimo uns 10 minutos pra conseguir fazer o que eu quero e me perco no meio de tudo.

— Não… Não cara, dorme aí. — Jungkook passa a mão pelos olhos e os coça, seu rosto corado por bebida e seus olhos que se forçam a ficar abertos demonstram o quanto ele tá bêbado.

— E-eu. — Pisco atônito e o que eu tinha que fazer mesmo? Não lembro então olho o celular e digito o endereço assim que tenho a minha resposta, só não sei se digitei certo ou o que eu digitei. — Vou pra casa. — Me levanto meio grogue e me espreguiço, o copo d'água que tomei a alguns minutos evita que minha boca resseque tanto, Jungkook perambula ou tenta ir até a porta e Jimin continua quase morto no sofá.

Com muita dificuldade e tantos minutos de atraso eu consigo chegar na porta junto a Jungkook, me despeço dele e respiro fundo quando chego do lado de fora. Ando lentamente pelo jardim e quase caio umas seis vezes no meu trajeto até o portão, abro ele ou tento e continuo demorando com minha lerdeza não natural.

— Que porra. — Foco minha visão ou tento e finalmente abro o portão, devo ter demorado tanto que já vejo o carro me aguardando assim que saio.

Entro nele e dou boa noite ao motorista, minha voz sai tão embolada que eu quase não consigo dizer nada mas me sento no banco traseiro e tento não dormir. Tanta coisa passa pela minha cabeça e eu nem sei o que eu vou fazer, o meu eu de Janeiro só queria focar na escola, time e nas festas do ano sem ter que se preocupar com a doida varrida da Seungyeon mas agora parece que as coisas mudaram tanto, nem sei o que começo a sentir ou o que posso começar a nutrir. Sei que é atração envolvida mas me sinto tão puxado a estar com ela que não entendo, eu devo estar enlouquecendo.

É apenas a primeira semana de Março e eu tenho muito a descobrir, disso eu posso afirmar e ter certeza mas também sei que tenho que correr atrás do que eu quero, infelizmente pode dar tudo errado porquê eu temo muito pela minha irmã e ela se torna um empecilho nisso mas eu quero saber o que é isso que eu ando sentindo.

— Senhor, chegamos. — Ouço a voz do motorista e puxo as notas do meu bolso, saio do carro sem esperar qualquer resposta dele e encaro o portão meio confuso mas ignoro, o portão se abre e eu fico meio perdido porque nem disse nada mas ele abriu e caralho, que sono.

Ando pelo jardim novamente perambulando e chego até a porta, meus dedos se fecham e eu bato na porta esperando que eu esteja fazendo a coisa certa, eu só queria estar em casa e ao menos sei o porquê de estar aqui.

— Ué? Mabel por que você… Taehyung? — A voz da estrangeira me desperta e eu abro meus olhos ou tento, minhas pernas tremem e eu fico nervoso.

— E-eu, desc-culpa. — Soluço e tento me manter acordado mas sinto tanta vontade de dormir. — S-só q-queria… — Tento terminar a frase mas não consigo e ao forçar novamente minha fala sinto uma dor grande na cabeça, a voz da estrangeira se faz presente novamente e então eu vejo tudo mais zonzo, me sinto tonto e tento me apoiar em algo mas não consigo. Tento abrir os olhos mas meu corpo não me obedece, ouço um grito e eu tenho certeza que caí no chão mas está tão bom, que eu só fecho os olhos.

Ora ora ora, se não são as consequências dos meus atos.