De Cambridge para Boston
Vive em um mundo em que ela está perdida
Vítima de compromisso
Ele está encarando seu coração de Aberdeen
Olhos de Londres, osso de GlasgowEla é um assovio nas catacumbas
Um paradoxoEle está apaixonado pela
Estátua no bloco de mármore
Ele está apaixonado pela
Garota que o tempo esqueceuEla cobriu suas orelhas
Ela está caindo fundo demais
Com sal em suas cicatrizes
Não irá deixar ele provar suas lágrimas
Ela está caindo fundo demais
A garota que o tempo esqueceuMomentos desperdiçados
Cheios de possíveis compensações
Um anjo disfarçado
Mas ele consegue enxergar seu coração de Aberdeen
Olhos de Londres, osso de GlasgowEla é um assovio nas catacumbas
Um paradoxo.
A garota que o tempo esqueceu
Que o tempo esqueceuVocê a deixou ir
Catacumbas, você a deixou ir
Você a deixou ir
Catacumbas, você a deixou ir
Ela está caindo fundo demais
A garota que o tempo esqueceu(Tradução livre da música The Girl - Hellberg)
Clara retornava com a TARDIS para Gallifrey. Olhava para a máquina do tempo vazia, havia fugido de Ashildr a deixando em segurança em um planeta humanoide e agora era tempo de cumprir o destino que por tanto tempo evitara. Clara usava as roupas de garçonete, as mesmas que usou para se despedir do Doctor da última vez que se viram tanto tempo antes. Esse era o problema sobre como o tempo havia sido ágil, cruel e ainda assim profundamente injusto, porque havia chegado o momento no fim da linha em que finalmente conhecia a localização de Gallifrey, o momento dramático no qual precisava confessar a si mesma que o peso de tantas vidas vividas era menor do que o peso daquela única vida infinita que ela vivera. O fardo era grande demais.
Tudo tinha um começo, tudo tinha inevitavelmente um fim, porém nada nunca termina definitivamente.
Clara Oswald, a garota impossível, a garota levada nas asas de um corvo e trazida por uma folha pousou a TARDIS instantes depois de ter desaparecido com o Doctor no dia em que foi levada de sua morte. Estava diante dos líderes de Gallifrey devolvendo a TARDIS e pronta para ser devolvida ao instante do qual jamais deveria ter sido tirada. Enquanto era conduzida para a nave que a levaria de volta para a morte a garota fechou os olhos que não tinham lágrimas, temor, incerteza ou tristeza…o tempo leva dos humanos todas essas coisas.
A garota se lembrou de muitas coisas perdidas, ganhas e importantes: se lembrou da décima primeira e décima segunda regeneração do Doctor, de Danny Pink, de Jane Austen, de Ashildr, de seu pai abusivo que jamais a considerou importante, dos avós amorosos, da mãe morta. Se lembrou de como um dia teve a todos e de repente não possuía mais ninguém. Clara decidira tanto tempo antes não viver assombrada pelos fantasmas daqueles que se foram, mas agora prestes a se tornar como um fantasma algo dentro de seu coração doeu. Era o fim de suas aventuras, era o fim de suas infinitas vidas, todas as aventuras foram vividas e todo o tempo que poderia ser oferecido foi devidamente concedido.
Ela havia tido mil vidas através dos ecos, mil vidas através do tempo.
Ainda assim a garota impossível fechou os olhos em busca de um único momento: o seu último adeus com o Doctor. A garota se lembrou da TARDIS que se parecia uma lanchonete enquanto o velho homem adentrava o local, se lembrou da guitarra e da música que se tornou na mente de um Senhor do Tempo o sinal de que ele jamais a abandonaria. Se lembrou do que o Doctor havia dito: "Nada é triste até que tenha acabado e então tudo é.”
No momento em que Clara retornou para a última batida de seu coração, para o pequeno momento que antecedia sua inevitável morte se lembrou do Doctor. Se lembrou sobre como era ser humana e isso a fez perceber que a vida é pequena demais, excessivamente grandiosa e terrivelmente fatal. Tudo tem um fim, mas o universo sempre continua, a aventura nunca termina e a entre folhas deixadas e corvos levados havia apenas a única e garantida certeza de que o tempo sempre venceria.
Então corra, corra e se lembre que ainda há tempo.
O nome dela era Clara e essa foi sua história.
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