História Nem com toda Sorte Líquida do Mundo - Capítulo 2: Tortinha de Abóbora

Era sexta-feira da mesma semana, o Kim sempre levantava animado nesse dia, ansioso pelas cartas do admirador. O bronzeado abriu os olhos e já viu o pergaminho amarelado, mas dessa vez não veio com as suas amadas varinhas de alcaçuz. 

O sonserino levantou e foi até a pia que havia no dormitório, lavou seu rosto para poder analisar a carta mais atentamente. Enxugou o rosto e logo pegou o pergaminho, abrindo ansiosamente. 

A letra bonita e cursiva escrita com tinta preta sempre deixava Taehyung animado, era satisfatório ler aquelas palavras tão bem alinhadas. 

“Bom dia, TaeTae! Acordou bem? 

Hoje acordei com um instinto de coragem! E vim te fazer uma pergunta. Eu não consigo mais esconder isso, toda vez que vejo seu rosto meu coração transborda em sentimentos, tenho vontade de te falar toda a verdade e ter a chance de tocar sua mão e ficar ao seu lado. Nunca te falei quem sou com medo, apesar de tudo, sou muito medroso quando se trata de relacionamentos. Eu tive medo da rejeição, mas percebi que me escondendo de você só estava adiando meu sofrimento. Então aí vai: 

Você gostaria de ir a um encontro comigo?

Estarei no Três Vassouras, às 16:30h de hoje. Vou te esperar lá na mesa 13 (escolhi um número da sorte para aumentar minhas chances com você!) ansiosamente. 

Não se sinta obrigado a comparecer, eu entendo que se encontrar com um estranho deve ser desconfortável, mas prometo apenas te fazer bem. 

Um beijo, um queijo e um caminhão lotado de caranguejos, 

De seu admirador secreto mais medroso do mundo que finalmente criou coragem de se revelar. “

O coração do sonserino estava a mil por hora, seu rosto queimava com o convite inesperado. Ele finalmente ia conhecer aquele admirador que tanto lhe fazia bem. Um sorriso animado surgiu no rosto do moreno, que encostou a carta no coração feliz.

Logo foi se lavar e colocar o uniforme, ainda tinha que tomar o café da manhã para ir às aulas. Depois de suas responsabilidades, pretendia colocar uma maquiagem leve e botar sua melhor roupa para encontrar o admirador. 

Depois de devidamente pronto, foi em direção ao Salão Comunal animado. Ao chegar no local foi rapidamente até a mesa de sua casa e sentou-se ao lado de Jimin, que comia um pratão de ovos mexidos, torradinhas e um copo de café com leite.

— Bom dia, Tae! — disse o loiro colocando os ovos mexidos na boca. 

— Bom dia, Minnie! Você não vai acreditar no que aconteceu! 

— O que aconteceu? 

— O meu admirador me convidou para um encontro! — expressou o moreno animado. — Você tem noção o que é isso, Jimin? Eu vou descobrir quem ele é! 

— Fico feliz por você, Tae! Tenho certeza que ele é uma pessoa incrível! 

— Sei que você tem certeza, traíra que nunca me disse quem ele é! — o moreno falou rindo e dando leves tapinhas no braço do loiro, que xingou por estar derramando sua comida. — Que fome! 

De repente, um prato repleto de suas comidas de café da manhã favoritas surgiu na mesa. Ovos estrelados com gema gelatinosa, pedaços de abacate, torradas, geleia de amoras e uma caneca de chocolate quente com mini marshmallows. Seu dia começaria bem. 

Do outro lado da mesa, Jeongguk olhava atento para o sonserino, feliz em ver o Kim animado. O goleiro comia um sanduíche de pasta de amendoim com geleia, dois ovos cozidos e um suco de tangerina. Esperava que desse tudo certo nos três vassouras. 

—

O dia passou-se rapidamente para o bronzeado, participou das aulas, almoçou e, depois de muito tempo, não foi estudar na biblioteca como de costume. Ele precisava se arrumar e ficar lindo para o admirador. Estava indo em direção ao dormitório da Sonserina, quando de repente é atingido por um vassoura e o piloto gritando descompassado. Os dois caíram no chão, Taehyung levou o impacto maior, assustando o dono do desastre.

— M-Me desculpe, Taehyung! — A voz conhecida ressoou no ambiente. 

— Ai ai… — Ainda bem que o sonserino apenas havia caído de bunda no chão. — Tinha que ser você… 

Jeongguk logo levantou, pegando o Kim no colo no estilo noiva, com medo de ter machucado o bronzeado. 

— O-O que está fazendo? Me largue! — pediu o sonserino indignado. — Jeongguk! 

— Você pode ter se machucado! Vou te levar a Madame Pomfrey! Me perdoe! 

O goleiro começou a andar rapidamente com o bronzeado no braços, que não negou a carona, afinal, tinha um encontro hoje, tinha que garantir que estava tudo bem. O sonserino estava com as mãos no pescoço do grifinório, que segurava o Kim com cuidado para não piorar a situação. 

Taehyung notou como Jeongguk estava diferente de quando eram crianças. Como o sonserino não olhava muito para o goleiro, ele se surpreendeu com tamanha beleza do homem que lhe carregava. Ele era másculo, a mandíbula bem marcada e as sobrancelhas o deixavam meio raivoso. Muito bonito, e as roupas de treino do time de quadribol o deixavam ainda mais atraente. Agora entendia a babação que aquele cara recebia, ele era muito gato! 

Rapidamente chegaram na enfermaria, sendo recepcionados pela mulher que cuidava dos feridos.

— O que houve, senhor Jeon? — a senhora perguntou já mostrando a cama onde o atleta deveria colocar o outro. 

— Eu estava treinando com o time, quando uma goles atingiu minha vassoura, deixando ela louca. Não conseguia controlar aquele negócio e quando vi estava voando loucamente pela escola quando bati com ela no Tae! — Jeongguk nem parecia respirar enquanto dizia. 

— O que está sentindo, senhor Kim? — perguntou a enfermeira. 

— Eu só tô sentindo minha bunda doendo e meu braço esquerdo um pouco, mas eu tô bem! Esse estrupício exagerou! — explicou o sonserino, mostrando a língua para o goleiro, que ao invés de se ofender, achou um dos atos mais adoráveis do Kim. — Só aceitei vir para cá pra garantir que está tudo bem. 

A enfermeira logo fez algumas checagens no corpo do sonserino que estava bem, só o seu braço esquerdo que estava roxo, mas uma compressa de gelo e uma pomadinha iria ser o suficiente. A mulher trouxe uma bolsa de gelo e disse que era para ficar 15 minutos colocando no membro machucado. Ela saiu e foi cuidar de outros afazeres, enquanto os dois garotos ficaram ali. 

O grifinório mordeu os lábios inferiores, nervoso por estar com aquele bronzeado esquentadinho. Sentou-se em uma cadeira ao lado da cama do Kim, que evitava olhar para o atleta. 

— Desculpe de novo, Tae — pediu o goleiro. — Eu sou muito estabanado com você, não é? 

— Sim, você é muito estabanado — afirmou o sonserino. — Mas acho que isso é tão seu que se não fosse assim… Não seria verdadeiramente você. 

Jeongguk surpreendeu-se com o “elogio” do sonserino, pois aquela boca de serpente nunca disse uma qualidade sua sequer. 

— O-Obrigado… Eu acho… 

Os dois ficaram em um silêncio desconfortável, o bronzeado ainda estava se sentindo péssimo pelo último contato na aula de poções, então resolveu quebrar o silêncio: 

— Me desculpe — pediu o Kim, envergonhado, deixando um goleiro confuso. — Sabe… Por te tratar tão mal de forma gratuita. Acho que sonserinos são rancorosos, e tenho guardado essa raiva de você desde que pintou meu cabelo de azul e atrapalhou minha nota em herbologia. 

— T-Tudo bem, ser ranzinza faz parte da sua personalidade, se não fosse assim você não seria você — repete para o Kim, que mostrou a língua de novo em pura pirraça com o atleta.

— Besta! — Os dois começam a rir, mas logo o Kim diz com o olhar triste. — Me perdoe por não corresponder seus sentimentos, Jeon. Sei que fui cruel com você, mas meu rancor e raiva estavam muito grandes. Mas hoje vejo que me enganei sobre você apesar de tudo. 

— Então hoje em dia você me daria uma chance? 

— Não… — Suspirou o Kim. — Eu g-gosto de outra pessoa. Na verdade, eu vou me encontrar com ela hoje. 

O goleiro olha para o machucado levemente espantado, ele estava falando que gostava de seu admirador, logo gostava de si. O coração leonino do garoto acelerou em saber aquele fato.

— Eu atrapalhei seu encontro? — diz o goleiro, brincalhão. 

— Não se ache tanto, daqui a pouco saio daqui. — Eles dois riem. — Mas você pode fazer algo pra compensar. 

— O que seria? — indagou o grifinório com os olhinhos negros brilhando em animação. 

— Me leva no colo até as masmorras? — respondeu o Kim, levemente envergonhado. 

— V-Você não está conseguindo andar? Meu Deus, o que eu fiz? 

— Não, estrupício! Eu só gostei de ser levado no colo por um jogador enorme como você — confessa o sonserino, colocando o dedo indicador na bochecha branquinha do outro, deixando-o completamente rubro, com tamanha vergonha pelo ato. — Faz isso ou eu não te perdôo pela sua malinação. 

— Ainda bem que você é leve, se não eu não levaria.

— Levaria sim, porque você tá doido pra me segurar no colo de novo, não é? 

— E você doido pra que eu te carregue. 

Os dois riram novamente e o silêncio novamente se instalou, mas não era desconfortável, e sim acolhedor, mas Taehyung não conseguia ficar em silêncio, logo falando: 

— P-Por que você gosta de mim? Eu nunca te dei motivos. 

Jeongguk abaixou a cabeça, ele não saberia explicar com precisão, mas tentou:

— Você me fazia rir… Eu acho. Quando eu implicava com você, tu ficava com raiva e eu gostava de te ver irritado, apesar de nunca ter feito nada de propósito. E no quarto ano nós jogamos xadrez, lembra? 

— Não… 

— Ah Tae! Você estava jogando com um amigo seu no natal, lembra? Só que ele teve que ir embora, aí você ficou todo tristinho pois queria continuar jogando. Eu vi e fui lá jogar com você.

— Agora eu lembro! Você era péssimo em xadrez bruxo! — O Kim riu com a lembrança. — Você me deu seu rei de graça. 

— Você até tentou me ensinar, lembra? Nós passamos a véspera de natal comendo peru e bolo de frutas enquanto você mostrava como se jogava — relembrou Jeongguk, nostálgico. — Lembro que você estava com um suéter de gola alta verde musgo e seu cabelo estava grande e cacheadinho, como estava frio seu nariz estava levemente vermelho e os lábios inchadinhos. Parecia mais novo do que realmente era.

— Eu tinha 14 anos, estrupício, claro que eu era novo — Taehyung resmungou para tentar disfarçar a vergonha que estava sentindo, o goleiro realmente o observava e gostava de si. — Lembro que você estava com um suéter azul cheio de glitter, parecia uma árvore de natal de tão brilhante. 

— Minha mãe que fez aquele suéter, seu malvado! Eu o amo, ele é bem quentinho e fofo! 

— Lembro que na manhã de natal você me deu um cachecol vermelho lotado com o mesmo glitter! — proferiu o bronzeado. — Só usei aquilo em casa, pois é tão exagerado.

— Achava que você não gostava de purpurina nas roupas!

— Eu gosto! Só disse que é exagerado, mas não significa que seja feio.

A conversa entre os dois fluia quando Madame Pomfrey chega ao encontro de ambos, os interrompendo.

— Senhor Kim, já foi o suficiente. Já pode ir, se sentir bem. 

Os dois garotos concordaram, o sonserino entregando a compressa de gelo para a médica, agradecendo.

— E aí, vai querer que eu te desculpe ou não? — provocou Taehyung,erguendo os braços e pedindo colo. 

— Você é um folgado! — brincou Jeongguk, erguendo o Kim em seus braços fortes. Dessa vez, o sonserino ficou mais agarrado no goleiro, deixando seu rosto mais próximo ao do outro.

As mãos do bronzeado seguravam o pescoço branquinho e com algumas pintinhas do atleta, os dedos longos estavam repousados na nuca, deixando Jeongguk arrepiado. 

— Vamos?

— C-C-Claro… 

O Jeon logo começou a andar, tentando não tropeçar a todo custo em seus próprios pés de tamanho nervoso que estava com aquela aproximação. Nunca havia estado tão próximo ao Kim como estava naquele momento. 

Eles passavam pelos corredores do grande castelo, no caminho passaram pelo jardim, que trouxe uma brisa agradável ao ambiente, e com aquele ato da natureza, o cheiro agradável de sabonete de algodão invadiu o olfato do sonserino, que reconheceu aquele mesmo cheiro que havia sentido na poção do amor. Será que seu admirador estava naquele jardim? Ele começou a olhar ao redor, observando alguns estudantes sentados ou em grupos se divertindo. Será que era algum daqueles? 

Havia ali um garoto de cabelos ruivos da corvinal sentado no banco olhando para si, e quando os olhares se cruzaram, o garoto desviou o olhar para a árvore, claramente envergonhado. Será que era aquele cara? Torcia para que fosse, pois ele era muito bonito. 

Depois de terem passado pelo jardim, Jeongguk ainda andou em alguns lugares até chegar nas Masmorras, onde ficava o dormitório de Sonserina. 

— C-Chegamos — anunciou o goleiro, ainda envergonhado pelos dois estarem tão próximos um do outro, contudo ainda não havia soltado o bronzeado, segurando-o no estilo noiva.

Taehyung fixou seu olhar no rosto branquinho do outro, focando nos olhos de ônix. Aquela troca de olhares durou alguns minutos, não conseguiam parar com aquela ligação profunda que estavam tendo. Jeongguk chegou mais perto do sonserino, os rostos de ambos estavam tão próximos que o bronzeado conseguia sentir a respiração quente do outro bater em seu rosto. 

Para completar, o Kim apertou levemente seus dedos na nuca do Jeon, agarrando alguns cabelos negros do mais forte.

— J-Jeongguk… Desde quando você ficou tão bonito? — sussurrou Taehyung, completamente hipnotizado por aqueles olhos. 

Aquilo foi a gota d’água para Jeongguk, que simplesmente encostou os lábios no do outro, selando aquele ato por apenas poucos segundos, mas que em sua cabeça já valeram para uma vida toda.

— D-Desculpe… — pede o goleiro, quase em um sopro. Estava tão nervoso, o rosto ardia de vergonha, seus braços começaram a tremer e perder a força, soltou o sonserino, que estava com uma expressão paralisada, com cuidado no chão. — Me perdoe… E-Eu...

Mas para a surpresa do atleta, Kim Taehyung agarrou novamente sua nuca e lhe deu um selar forte. Não conseguia entender o que estava acontecendo consigo, só sentia que deveria beijar aquele garoto.

O grifinório arregalou os olhos, espantado com aquele ato do sonserino. Aquele cara estava lhe beijando?! Seria um sonho? Um delírio? Mas logo terminou com os dois se olhando intensamente. 

— O-Obrigado por me trazer aqui… — sussurrou ainda próximo a boca desenhada do grifinório. — Preciso ir…

— C-Certo… 

Os dois se separam, o sonserino virou e não olhou para trás, entrando em seu dormitório. Estava envergonhado e sentindo que havia feito uma besteira. Havia beijado Jeon Jeongguk! 

JEON JEONGGUK! 

O garoto que lhe irritava desde o primeiro ano! Com o que eu estava na cabeça em beijar aquele cara? Como eu vou fugir disso agora? Perguntava-se. Ele não deveria ter feito aquilo! 

Mas seu coração estava tão acelerado! Sentia que precisava fazer aquilo, alguma coisa naquele garoto o atraía. Como poderia ir para seu encontro agora? Estava tremendo com aquele ato impensado, tão nervoso. 

— Eu sou um idiota! — disse pra si mesmo. — Por que eu beijei ele? Eu tenho caraminholas na cabeça? Agora ele não vai querer sair do meu pé! Achando que eu tô dando mole pra ele… EU DEI MOLE PRA JEON JEONGGUK! Burro, burro, burro! 

Sentou-se em sua cama, esfregando os olhos em preocupação quando lembrou-se de um detalhe. Rapidamente olhou para o relógio na mesinha ao lado de sua cama, o objeto marcava 16h, então esbugalhou os olhos, só tinha meia hora para se arrumar e ir para o restaurante.

— O encontro! — gritou desesperado. — Droga, Jeon Jeongguk! Você fez eu me atrasar! 

O sonserino logo foi tomar um banho e se arrumar o mais rápido possível, esperava que desse tempo. 

— 

16:45h foi o horário que Taehyung chegou na porta dos Três Vassouras. O sonserino respirou fundo e fechou os olhos. Estava nervoso. 

— Vai dar tudo certo… — Estava com medo, será que iria gostar de seu admirador? Ou ele seria muito estranho? Não se importava com a aparência, contanto que fosse aquele mesmo garoto doce das cartas iria tudo ocorrer bem. 

Mas antes de entrar, o Kim se checou, tentando desamassar qualquer imperfeição em sua roupa, que consistia em uma camiseta branca, um cardigã caramelo com três botões fechados, uma calça marrom escuro, um sapato branco e uma bolsa de lado preta. 

Ao apalpar a roupa, viu um volume no bolso do cardigã, estranhando, pegou o que havia ali dentro. Era o frasco que havia ganhado de Felix Felicis, o que estava fazendo no seu bolso? Seria um sinal do universo? 

Kim Taehyung nem se importou com mais nada, abriu a tampinha do frasco e bebeu mais da metade do frasquinho, não queria gastar tudo de uma vez. Logo uma sensação de confiança lhe surgiu, sentia que deveria entrar e sentar-se na mesa de 13, o número da sorte. 

Guardou o frasquinho em sua bolsa e respirou fundo. Acabando com aquela enrolação, entrou nos Três Vassouras, sentindo um cheiro agradável de baunilha e manteiga. 

Seus olhos castanhos procuram a mesa 13, logo encontrando um garoto sentado ali com o cardápio na frente do rosto. Que bobão, pensou o Kim, o admirador queria fazer suspense. Suas tremiam levemente ao andar para o local indicado, e, ao chegar, sentou-se. 

— O-Oi… Sou eu… Kim Taehyung. 

O cardápio se abaixa lentamente, revelando quem menos o sonserino esperava. 

— Jeon Jeongguk? O-O que faz aqui? 

— Vim para um encontro — ele diz, dando um sorriso leve, nitidamente nervoso.

— Não estou entendendo… Isso é alguma piada?

— Jamais te enganaria, Tae — expressou o grifinório. — Eu quero te entregar uma coisa.

O goleiro tira do casaco jeans escuro que usava um pergaminho dobrado, logo entregando para o sonserino, que o olhava intrigado.

— Pode ler agora se quiser. 

Taehyung nem esperou, abriu a carta se deparando com a letra de seu admirador secreto, ele não estava crendo… Jeon Jeongguk é meu admirador? Perguntava-se.

Surpresa! Era o que você esperava, Tae? 

Tenho certeza que não… Jeon Jeongguk talvez fosse a última pessoa que você pensaria ser seu admirador secreto, estou certo? 

Sinto muito, espero que não esteja decepcionado. Sei que você não gosta de mim dessa forma, lembro muito bem de suas palavras hostis pra mim, mas não guardo rancor de nenhuma delas. Na verdade, elas só me fizeram ter mais vontade de te conquistar (afinal, sou da Grifinória, sou chato por natureza).

Nessa parte, Kim riu, realmente grifinórios eram chatos e se metiam em tudo.

Sou um garoto da Grifinória de 16 que é apaixonado por um da Sonserina, cuja personalidade é rígida comigo.

Desde a rejeição que recebi, tentei ignorar esses sentimentos incabíveis, mas algo me fez persistir mais. 

Houve um dia no outono que eu estava voando de vassoura pelo lago, quando eu vi um homem lindo sentando em uma rocha olhando o horizonte, completamente relaxado e entregue à natureza. Eu imediatamente lembrei do ballet clássico O Lago dos Cisnes. Você tinha tanta conexão com aquele lugar, parecia que você iria voar igual Odette a qualquer minuto. 

Eu sentia que não podia deixar você escapar sem ao menos ter tentado te conquistar, mas ao mesmo tempo ainda estava mal por conta da rejeição, com medo que brigasse ainda mais comigo.

Então comecei a escrever cartas para você, eu pretendia apenas te dizer tudo que eu sentia. Mas você respondeu… De forma tão doce e agradecida, pedindo pra me conhecer.

Ai eu percebi que você não era tão cruel como havia sido comigo, foi uma época bem existencial para mim. Eu não te culpo por não gostar de mim Tae, de verdade! Eu entendo que não escolhemos por quem nos apaixonamos. 

Mas quando você respondia minhas cartas, era impossível deixar meu coração controlado, eu queria tanto ficar com você! Mas será que você iria me querer? 

Depois da aula de poções, quando fizemos a Amortentia, eu realmente fiquei irritado com você. Eu nunca tinha ficado! Mas eu estava tão cansado de ser tratado daquela forma… Você era tão gentil nas cartas para seu admirador, mas comigo era tão cruel. 

Nesse momento, o sonserino teve uma imensa vontade de chorar. Ele era tão cruel! Por que havia feito aquilo com o goleiro? 

Foi naquele dia que eu percebi que não podia mais guardar o segredo da minha identidade. Você precisava saber a verdade! Então criei coragem pra te convidar para esse encontro. Eu estava tão nervoso, que de manhã tomei mais da metade do meu frasco de Sorte Líquida. 

Bem, parece que deu certo, não é? Apesar de ter te derrubado, eu ganhei um beijo! UM BEIJO! Nem nos sonhos eu imaginava que isso iria acontecer! Naquele momento um fio de esperança que você pudesse ficar comigo se acendeu em mim. Agora vou te fazer uma pergunta. 

Só que não havia nada escrito, então olhou para o Jeon, que estava atento às reações do outro. 

— Qual a sua pergunta? — Os olhos castanhos do Kim estavam brilhantes, prontos para chorar. 

— Você aceita ir ao encontro com Jeon Jeongguk? Um goleiro da grifinória que pode, a qualquer minuto, deixar seu cabelo azul? 

O atleta pegou a mão direita do sonserino que estava sob a mesa, enquanto o outro ria com a pergunta. 

— Eu já estou em um encontro com ele, então acho que esse convite está atrasado — Taehyung contou rindo, apertando a mão do outro a sua, tão satisfeito com aquele momento. — Me desculpe por tudo que eu te fiz passar…

— Eu desculpo se você me der outro beijo. 

— Seu aproveitador! Tinha que ser um grifinório! 

Os dois seguiram com o encontro, tomaram cerveja amanteigada e comeram bolos, enquanto isso conversando sobre tudo, trivialidades e até assuntos profundos. 

Quando viram que precisavam voltar para o castelo por estar muito tarde, pagaram a conta e saíram do estabelecimento de mãos dadas. Jeon estava tão bonito, uma jaqueta jeans escura e uma camiseta rosa bebê por baixo, uma calça jeans da mesma cor que o casaco e um tênis branco. 

Eles caminhavam calmamente pelas ruas brilhosas de Hogsmead, não estava muito frio, mas nos telhados dos chalés da aldeia havia neve, deixando tudo muito lindo. 

A mão de Jeongguk é tão aconchegante. Pensou o Kim, não cogitando soltar aqueles dedos tão cedo. Os dois conversavam sobre qual a melhor estação do ano, e o sonserino constatou que ambos são muito diferentes, o goleiro gostava muito do verão e da primavera, pois era adepto ao calor, diferente do bronzeado, que amava o inverno e o outono, por conta do frio. 

— Eu não gosto de calor! Eu fico suado de uma forma desagradável! Frio maior e melhor! — reclamava o sonserino.

— Eu só gosto do frio se for para ficar debaixo das cobertas com uma caneca de chocolate quente! 

— Então pronto, a gente deixa tudo frio e ai eu te esquento — finaliza Taehyung, mas ao raciocinar o que disse, viu que essa frase tinha muito duplo-sentido. — E-Espe-

— Quer dizer que você vai ficar comigo debaixo das cobertas tomando chocolate quente? — Os olhinhos de jabuticaba brilhavam em imaginar aquele momento fofinho dos dois, nem passando pela sua cabeça a outra opção mais quente. — Ai TaeTae… Assim eu fico sem jeito… 

O goleiro apoia sua cabeça no ombro do bronzeado, enroscado em seu braço direito no caminho, de forma aconchegante. O Kim achou aquele garoto tão fofo que também deitou sua cabeça na do outro. Os dois ficaram parados naquela posição, observando a fachada da loja Dedosdemel. 

— Quer varinhas de alcaçuz? — perguntou Jeongguk. 

O sonserino concorda e eles entram na loja de doces. Eles vão até os doces que o Kim mais gosta, colocando-os em um saquinho de papel. O sonserino pega outra sacolinha e coloca tortinhas de abóbora, pois sabe que é o que o Jeon mais gosta. 

— Deixa que eu pago, okay? — avisou o bronzeado. — Você sempre compra doces para mim, agora vou retribuir. 

Depois da compra, os dois foram em direção a um banquinho fora da loja, onde comeram os confeitos e conversaram sobre como estavam gostosos e quais os dois mais gostavam. 

Os dois comeram tudo e resolveram ficar ali sentados, observando as pessoas andando pelas vielas iluminadas da aldeia. Aquele momento estava tão agradável para o Kim que gostaria de congelar para durar para sempre. 

Taehyung então olha diretamente 'pros olhos de jabuticaba do goleiro, que estava fazendo carinho na mão esquerda bronzeada. 

— Jeongguk… — sussurrou o Kim. — Eu posso te beijar? 

O atleta apenas concordou com a cabeça, olhando diretamente para a boca desenhada do bronzeado, que fechou os olhos e selou os lábios de ambos. 

Jeongguk tinha o coração tão acelerado que seu corpo tremia, já tinha beijado o sonserino, mas naquele o Kim mexia os lábios, deixando tudo mais intenso. De início, a língua ainda não era presente, apenas os movimentos suaves dos lábios eram feitos. 

Contudo, isso logo mudou, o Jeon pediu passagem com a língua, sendo prontamente atendido. Aquele beijo era intenso e doce, as mãos do Kim seguravam a nuca do goleiro, puxando levemente os cabelos negros presentes ali, enquando o grifinório tocava a cintura fina do bronzeado, e em certos momentos apertando-a por conta da intensidade do sonserino. 

Não tinham noção de quanto tempo ficaram naqueles toques e beijos, mas o ar foi necessário em certo momento, fazendo os dois separarem as bocas, porém ainda muito juntos. Então, o sonserino acabou soltando uma risadinha leve. 

— Eu não acredito que estou beijando Jeon Jeongguk… O que está acontecendo comigo? 

O grifinório apenas riu, dando mais alguns selinhos no garoto à sua frente.

— Eu estou tão feliz… — O goleiro selou mais beijinhos na bochecha bronzeada do garoto. — Eu prometo que vou fazer de tudo pra te fazer feliz, Tae. 

— Agora eu acho que quem não está à sua altura sou eu, Ggukie. 

— Pode deixar que eu ponho uma escada pra você chegar até aqui. 

— Bobo! — Os dois riram daquele comentário. 

— Eu pensava que nem com toda Sorte Líquida do mundo eu poderia te conquistar.

— E eu pensei que nem com toda Sorte Líquida do mundo eu teria alguém que gostasse tanto de mim… Obrigado, Ggukie… Eu prometo que vou fazer de tudo pra não te magoar de novo. 

E os dois cumpriram suas promessas sem precisar tomar o restinho de poção que havia sobrado para ambos naquela noite.