— Olá — disse Shouto, ao abrir a porta e se deparar com Eijirou. — Hamm… Eu não sabia que tinham te chamado.
— Eu chamei. — Você? O dono dos cabelos bicolores arqueou uma das sobrancelhas, olhando para a sala da casa de Kaminari, onde Katsuki Bakugou se levantou e caminhou até ambos.
— Vem cá…
— Cala a boca!
Todoroki estava boquiaberto, até — fracassando — tentou pedir explicações, mas o loiro cabeça quente cortou qualquer conversa, puxando o colega recém chegado para dentro, apressadamente se afastando de Shouto.
Estava mesmo rolando algo entre aqueles dois? Enfim, teria a noite toda para descobrir.
Kyoka Jirou, 20 anos, sexo feminino, natural de São Daello, estudante de música e desaparecida.
— É sério? Desde o primário? — O ruivo secava as lágrimas nos cantos dos olhos, não se aguentando mais de tanto rir. — E ele já era explosivo assim?
Acomodados no meio da sala, todos riam juntos. Menos Katsuki, que estava fazendo a lata de cerveja sangrar de tanto que a apertava.
— Eoh, para, não tá ouvindo? — Tenya, sentado no chão, ao lado de Bakugou, o cutucou, logo apontando para a pobre item metálico. — Ela tá implorando por piedade- — Mal terminando a frase, o moreno caiu na gargalhada novamente.
— Hilário, idiota!
— Calma, Suki! — pediu Kirishima, entregando a ele outra cerveja. Todoroki, por outro lado, interrompeu seus goles, tossindo, depois de ouvir o novo "apelido fofo" do vulcão em pessoa. Pelo comportamento, a proximidade — que sabia que a Bakugou não gostava normalmente —, as carícias despreocupadas e visíveis, apesar de discretas, Shouto lá teve a confirmação de que eles realmente estavam em um relacionamento.
— Não estranha, não. Na delegacia agem como desconhecidos, mas são uma coisa só. — Inasa estava sentado no braço do sofá, do outro lado, com o copo em frente a boca, impossibilitando aos olhos bicolores de perceberem um sorriso. Ele sabia que o belo amigo notaria aquele relacionamento até se os dois disfarçassem.
— Hã… Eu quero saber? — Em condições normais, vulgo, menos alcoolizado, o jovem transferido não teria a falta de face de fazer aquela pergunta.
— É flex — disseram — com exceção do casal — quase ao mesmo tempo.
Todoroki preferia não ter ouvido aquilo, Bakugou corou, Kaminari — o mais bêbado — desatou a gargalhar e Eijirou sorriu de canto, tentando não ser tão visível, puxando a cabeça do loiro contra seu ombro, fazendo-lhe carinho, buscando, inutilmente, deixá-lo calmo, e falhando, obviamente.
— Vão cuidar do cu de vocês! — bradou cuspindo fogo, empurrando o ruivo ao se levantar. — Você! Pikachu de merda! Cadê seu namorado? Ele não vinha? — Era uma tentativa, cheia de farpas, de tirar o foco de si, e, juntando com a mente atordoada pela bebida, aquilo podia não terminar bem. — Ele não gostava que implicássemos uns com os outros.
Os passos seguintes do rapaz foram cambaleantes, sem sequer sair do lugar, sendo logo amparado por Kirishima, que também havia se levantado apenas para garantir que o loiro não fosse muito longe naquele estado, gentilmente acomodando-o no sofá.
O porém era, por que tudo tinha ficado em silêncio de repente?
Inasa tossiu baixo, limpando a garganta, como um sinal para que Iida, o suposto mais responsável entre eles, resolvesse a bagunça.
— M-Meu namo-orado deve estar ocupado no trabalho — explicou vagamente, mesmo sabendo que ninguém realmente se importava com aquilo no momento.
Deixando a latinha sobre a mesa de centro a frente, Todoroki se dirigiu calado e sério para a porta da sala que levava a uma pequena área externa; Katsuki, surpreendendo Eijirou, começou a emitir pequenos soluços e, sua cabeça abaixada, escondia as prováveis lágrimas.
Lá estavam os motivos para Shouto Todoroki ter demorado mais do que os outros para se mudar. Não queria deixar a cidade dele e sabia que sua presença era a que mais lembrava ele.
Aqueles minutos foram surpreendentes para o policial dos cabelos vermelhos. O que raios havia acabado de acontecer? E quem era esse ele que chegou a fazer Katsuki Bakugou chorar?
***
— Você está bem?
Poucos minutos depois do pequeno show na sala de estar, o casal ficou cochichando, deitados, abraçados no sofá, como se estivessem na própria casa; Denki foi para a cozinha, provavelmente ligar para o namorado, não para exatamente ouvir a desculpa que ele teria, mas sim para sair do clima tenso do cômodo anterior; e Inasa, que terminou sua cerveja tranquilamente, como se nada tivesse acontecido, esperou um pouco antes de ir conversar com Todoroki, sabendo o jovem queria ficar sozinho por um tempo. Yoarashi não era amigo de todos desde pequenos, mas sabia das cicatrizes que carregavam.
— Por que não estaria? — Ser ignorante não era intencional, mas foi como acabou soando. — Olha, está tudo bem, Katsuki não fez aquela cena por mal, você sabe como ele é. E algo me diz que ele facilmente abaixa a guarda com o Eijirou por perto.
— Você está correto, nos dois pontos. — Riu, pois chegava a ser engraçado como o loiro parecia outra pessoa quando o namorado estava ao seu lado. — Eu sei como vocês eram, como são e desde que conheceu Kirishima, o Kat tem sido… mais feliz? Ele tem relaxado, sabe? Sorrido…
Todoroki, finalmente, colocou-se a olhar para o colega. Foi pego de surpresa. Bakugou estaria, por fim, superando?
Yo Shindo, 27 anos, sexo masculino, natural de São Daello, herdeiro da empresa mais conhecida da cidade e namorado de Denki Kaminari.
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