Nunca tive alguém para chamar de meu, oh não
Fiquei quieto por muito tempo
Eu penso demais e odeio isso
Estou tão acostumado a estar errado, estou cansado de me preocupar.
Silence – Mashmello ft. Khalid.
Kim Taehyung.
Não sei se posso dizer quando dei a minha opinião, ou se já tive alguma. Minha mente sempre foi de exatas, nunca extrapolei do plano cartesiano por simplesmente achar errado. Para mim, as coisas sempre foram assim, e é como se fosse muito errado quebrar essa regra principal. Tudo sempre foi cinza demais, como o carvão do lápis que eu usava para fazer exercícios matemáticos. Não é como se eu não gostasse de dar a minha opinião, é só que eu não tenho bases para dar alguma. Eu não gosto de lembrar do passado, e não, eu não vou dramatizar o que andou acontecendo comigo, visto que eu precisaria de argumentos fortes, e eu não tenho nenhum. Na verdade, tê-los eu até obtenho, mas tenho preguiça de expor. E por isso, nunca dei minha opinião pra nada, porque nunca tive argumentos.
Foi cinza demais quando entrei no quarto de Hyunjin, à procura de algo para ele, mesmo que particularmente eu tenha entrado por alguém. Eu sabia que tinha alguém a mais na casa. Eu soube assim que ouvi um grito esganiçado pouco antes de Hyunjin abrir a porta. Então, eu me voluntariei para ir ao segundo andar. Não importa em qual porta, eu senti que precisava abrir todas, e comecei pela do Hyunjin. Eu pude avistar uma garota, quase morena, e seu olhos não eram puxados como o da maioria das garotas que conheço. Ela estranhamente se balançava na cama de casal com lençóis e colchas cinzentas e azuladas. Ela tomava algo em um copo transparente. O quarto estava frio. Ela notou a minha presença perto da porta e arregalou os olhos. O quarto era escuro, então eu não consegui ver como era seu rosto, e nem me importei.
Bingo. Achei quem procurava. Só falta encontrar o que Hyunjin pediu.
A questão foi: o que seria ela, de Hyunjin?
Deixando rapidamente essa questão avulsa pela minha lógica, balancei a cabeça em um aceno. E não faria mais que isso ali dentro depois de pegar o que ele pediu.
Encontrando o celular de Hyunjin dentro da gaveta de camisas, – e não cabe a mim, responder o motivo que ele tem para guardar o celular dentro de uma gaveta tão aleatória – voltei a abrir a maçaneta da porta e sair do quarto, sem antes notar seu olhar confuso sobre mim.
Desci as escadas vagarosamente e ponderando sobre a garota, logo chegando na sala e observando as pessoas presentes.
- Aqui. – estendi o aparelho metálico para o dono quando cheguei à sala. Logo sentei no sofá e continuei comendo o japchae¹ que Hyunjin fez para nós. Ele arregalou os olhos puxados e eu logo saquei que ele se lembrou da garota do segundo andar. Mesmo assim, quando ele voltou a falar, sua naturalidade poderia surpreender a qualquer um. E prosseguimos com o teatro e conversa de quem sabe mais dessa história até ficar tarde. No final, eu dei meu número de celular para ele, então voltei para a minha casa.
Como nos conhecemos? Eu diria que foi uma longa história, mesmo não sendo. Que se dane. Eu digo o que quiser.
Joguei os fios acastanhados de cabelo para trás e abri a porta de casa, encontrando-a vazia.
- Voltei. – suspirei, sabendo que as paredes daquele lugar podiam me ouvir. Dito e feito, logo veio ele.
Ele e seu pelo macio, extremamente fofinho. Claro, o dono cuida bem. O nome do bichinho que veio até mim de quatro patas peludas é Yeontan, sendo mais específico. Os mais próximos chamam ele de Tannie, no caso só eu mesmo. O cachorro que alegra os meus dias monótonos.
O filhote cresceu de forma adorável nos meus braços, eu o vi desde pequeno. Eu o criei e cuidei como um filho, porque ele é mesmo o meu. Sem pressa, pego o pequeno ser nos meus braços e o levo para o quarto, com objetivo dele dormir comigo. Estranhamente, eu não consigo dormir sem estar agarrado a algo. Ou alguém.
Depois que conheci Hyunjin-ah, posso afirmar que meus dias passaram a serem diferentes. Ele é muito... Cara de pau? Sem vergonha? Não sei como posso chamá-lo. Ele sempre me põe em questões constrangedoras, como a vez que ele me empurrou para ficar com uma garota que ele julgou que estava afim de mim. Ela nem estava afim de mim, na verdade. Quer dizer, talvez ela estivesse. Ele sabe pirraçar muito, também. Uma curiosidade sobre nós: se não fosse por ele, eu não teria conversado com ninguém daquela escola nova. Antes, eu nem era daqui. Eu me mudei durante as férias.
Depois de conhecer Hyunjin, conheci também os amigos dele, e eles sempre comentavam de uma garota, uma não, na verdade. Eles sempre falavam sobre as garotas. Mas é como se essa em específico fosse do grupo, mesmo que indiretamente. Como aquelas pessoas que mesmo mortas, deixam muitas lembranças boas e engraçadas. Mas ela não morreu, aparentemente.
- Hyung. – virei meu rosto e balancei a cabeça, acordando do devaneio. – No que tanto pensa? – Jeongguk me perguntou, e eu não soube como responder, ficando mais sério. – Aigoo, Taehyung! Tira essa casa de merda daí! Hoje é sexta, caralho!
- Estava justamente pensando no que fazer esse final de semana, Jeongguk-ah! – disfarcei.
- Cara, a gente podia colar um rolê na festa que o Hoseok vai dar! O Hyunjin e o Namjoon vão e mais uma galerada toda! – suspirou. Aposto que nesse “galerada toda” veio um nome bem específico.
- Por acaso, no meio dessa “galerada toda”... – fiz aspas com os dedos. – Tem alguém que começa com “J” e acaba com “imin”? – digamos que Jeongguk, Hyunjin e Jimin não saibam esconder bem os segredos entre eles. Foi fácil demais perceber o lance de Jeongguk e Jimin.
- Na verdade, começa com Park e acaba com Jimin, mesmo. Sim, ele vai! Vou ficar de olho naquela bênção! – cerrou os olhos.
- QUE BÊNÇÃO, JEON JUNGKOOK? – olhei para trás e pude observar a cena de um Jimin, a plenos pulmões gritando, seu suor escorrendo pelo pescoço e sumindo entre a camiseta clara de listras rosas que ele usava. Seu semblante não estava dos melhores, mas eu não tenho nada a ver com isso mesmo, então tanto faz.
- O quê? Ah, nenhuma... – ele mentiu, e depois pensou melhor. Podendo acompanhar seu raciocínio, eu o entendi nas próximas palavras. O que eu percebi é que os dois vivem se provocando, mas não vivem sem o outro. Logo, Jeongguk não cederia rápido e diria ao Jimin que já estava falando dele. Ele vai usar alguém de qualquer gênero para provocar. – Na verdade, eu estava dizendo sobre a Mah. Ela vai à festa do J-hope e eu vou com ela, nosso acordo. – piscou. Eu posso garantir: dito e feito. Ele realmente usou qualquer pessoa para provocar o mais baixo.
- Então... Você vai com a Mahana. Tudo bem, se divirtam. – ele abaixou a cabeça, dando a visão de seus fios suados. – Eu nem vou, mesmo. Cuide dela pelo Hyunjinnie-yah.
Logo, concluí que Mahana é a namorada de Hyunjin. Bingo 2.0.
Jimin deu as costas e logo Jeongguk se desesperou, tocando o ombro do pequeno. Na verdade, por pouco que Jeongguk que não pulou nas costas de Jimin.
- O quê? Não! Jimin, você tem que ir! Nós temos que ir... Tipo, a Mahana sabe se cuidar dela. – Jimin se virou e cruzou os braços.
- Você sabe o que aconteceu da última vez que deixou ela sozinha. – Jimin teve um olhar triste. Cruzou os braços e eu só observei os dois ignorando a minha presença.
- Hm... Talvez ela não saiba cuidar dela... – apertou os lábios um no outro. – A gente precisa arrumar alguém pra ficar com ela que ocupe o tempo dela na festa, mas que ela não saiba que essa pessoa é tipo uma babá dela.
- Vish... Se ela descobrir, a garota vai ficar puta com os três.
- Três? – Jeongguk perguntou na inocência. Agora o assunto ficou interessante. Claro, cuidar da vida de pessoas alheias é muito melhor que cuidar da nossa própria.
- Sim. A pessoa, e nós, se ela descobrir! – arregalou os olhos com a expressão fofa.
- Entendi. Ei, como você ficou sabendo da última festa dela? – Jeongguk perguntou novamente. Jimin revirou os olhos.
- Talvez porque eu também sou amigo do Hyunjin? – deu de ombros, respondendo com outra pergunta.
- Nossa, o Hyunjin é mais rodado que roda-bolsinha. – entrei no meio da conversa que eles me esqueceram. Eles assentiram com a cabeça ao mesmo tempo.
- E ainda por cima, a Mahana sempre diz que ele não tem amigos. – Jimin riu, pareceu lembrar-se de alguma cena. – Esses dois... Aish!
- O sinal já tocou, cambada! Let's go²! – Hoseok apertou meu ombro e começou a pular animado. – Você também vai à festa, né? – o garoto perguntou. Eu neguei.
- Mas você tem que ir, pelo menos pra ver a Mahana! Ela em festas é muito engraçado! – Jeongguk argumentou.
- E preocupante, Kookie. – Jimin falou baixinho.
- Ok, eu vou. – revirei os olhos. – Mas não vai ser pra ver garota nenhuma, é só pra passar o tempo!
Eles ergueram o punho fechado, como se eles dissessem: “conseguimos”. No fim, fomos todos embora.
A festa de Hoseok vai ser de sexta à noite até o sábado de manhã. Madrugar na festa, ótimo. Se eu gosto de festas ou baladas? Odeio. Mas agora, estou num caminho de vida nova. Ninguém me conhece, ninguém precisa saber do meu passado.
Terminei de me arrumar e desci, assim que bateram na porta. Às vezes, penso que as pessoas desconhecem a campainha. Fui abrir a porta, dei de cara com Hyunjin e Chan, mais um amigo do garoto. Quantos amigos esse menino tem?
- Oi, hyung... – sorriu envergonhado e eu percebi que lá vem história. Logo, dei passagem para eles entrarem em casa. Hyunjin colocou as mãos no bolso da calça jeans e logo começou: - Ahn... Eu percebi que você não curte muito essas festas. – assenti. – E por isso, eu queria que você ficasse de olho em uma pessoa, porque o garoto que ela gosta vai estar lá. E eu nunca sei o que acontece quando eles estão juntos. – estranhei o seu pedido, e logo cruzei os braços.
- Você quer que eu fique de olho em uma pessoa só porque o crush vai estar lá?
- Não! Não é isso. Ok, vou esclarecer as coisas. – eu ergui a sobrancelha. – É que assim, eu estou ficando com uma garota, e eu não posso ficar de olho nessa garota e na menina. – então eu percebi que essa pessoa era uma menina. E como eu suspeitava, ele namorava a tal da Mahana. – Eu preciso que alguém fique de olho nela, mas alguém que ela não desconfie! Se eu pedir pro Jeongguk, ele não vai querer por causa do Jimin e ela vai ficar brava com ele. – umedeci os lábios, pensando na proposta. Eu não tenho o que fazer em festas, então ficar de babá de uma garota seria uma distração.
- E por que ao invés disso, vocês não deixam ela aqui? Eu não estou afim de ir à essa festa, mesmo. – de repente, Bang Chan e Hyunjin começam a rir.
- Você não tá entendendo, cara! – Bang Chan começa. – Ela é do tipo nunca trocaria uma festa para ficar na casa de alguém. Se fosse assim, seria melhor ela ficar em casa. – Deu um sorriso pequeno que revelou suas covinhas na bochecha. – Eu me voluntariei pra ficar cuidando dela, mas esse aqui... – apontou para Hyunjin com a cabeça. – Não confia em ninguém pra ficar com ela.
- E por que ele confiaria em mim pra cuidar de uma pessoa que eu nem conheço?
- Justamente por isso! Vocês não se conhecem! – Hyunjin respondeu. – Topa? – acenei que sim com a cabeça e logo saímos daquela casa. Tranquei a porta e fomos.
Dentro do carro já estava Changbin, Seungmin e Woojin, que também faziam parte do ciclo grande de Hyunjin. Perguntei onde estava a garota, e Bang Chan disse que ela foi com um outro pessoal.
A balada era grande. Música, luz, bebidas, drogas e danças. Tudo o que evitei durante minha existência. E cá estou eu.
- Ei! Taehyung! – ouvi Jeongguk gritar ao meu lado. Nós tínhamos acabado de chegar, e eu estava do lado de fora escuro da festa. Vamos entrar, eu vou te apresentar ela! - virei-me para ele sem entender. – Sim, Hyunjin me contou que você vai ficar de olho nela. – assenti. – E nem vem, viu? Nada de interesse! É só pra ela não fazer merda de novo, que nem na última vez!
Entramos na festa com a galera.
Hyunjin brotou do meu lado dizendo que falou pra ela maneirar na bebida. – Ali, Taeyhung! Tá vendo aquela garota baixinha? É ela! – o garoto gritou e apontou para uma garota.
Seu corpo era magro. Suas escassas curvas eram delicadas na pele amendoada. O cabelo escuro e liso em um channel curtinho. Ela não era tão baixinha, mas eu entendi que ele disse isso pelo prazer de provocar.
- Boa sorte, hyung. – Jimin disse do meu outro lado. Eles sumiram rapidamente, cada um foi pro seu canto e eu também não fiz questão de continuar ali. Já que é uma festa, vamos curtir, sem bebida.
Quando abri os olhos novamente, desgrudei da garota que eu segurava pela cintura. O que eu fiz? Ela sorriu, me acalmou. Então eu não fiz nada demais. Olhei em volta e não encontrei muita gente, o que me fez correr pelo corredor que eu me encontrava com a garota. Preciso encontrar a menina... Que eu nem sei o nome.
Encontrei-a novamente na dobra de uma escada, agarrada a um garoto de fios castanhos e ombros largos. Com meu copo de pepsi, escorei ao lado deles. Que se dane o disfarce, preciso falar com ela. Se foi nojento ficar perto deles se pegando? Claro! Por isso que eu fiz questão de olhar para o outro lado, onde passava uma garota de cabelo castanho longo, seus olhos puxados pra cima. Sem perca de tempo, cheguei por trás dela, na intenção de atraí-la. Rápido demais o tempo que eu esqueci a menina que precisava ficar de olho. Logo eu consegui capturar os lábios da menina. Quando nos desgrudamos, ela sorriu.
- Você não é o amigo do Hyunjin? – ela perguntou. Coube a mim, responder com um aceno de cabeça que sim. – Eu sou amiga da irmã dele!
- Ele tem irmã? – questionei ela.
- Uhum! Irmã gêmea, ainda por cima. – eu assenti, surpreso. – Tenho que ir, agora. Vou encontrá-la, ela deve estar com os meninos. Tchau! – Deu-me as costas. Quando eu fui procurar pela garota, encontrei-a dançando.
- Jeongguk! Cadê você? – ela gritou, mas o garoto não a ouviu, obviamente. O som era alto da música. – Aish, você prometeu que ia ficar aqui! – ela parou de dançar.
- Achei você! Vamos? Lisa e o Felix estavam procurando você. Só falta acharmos a Dahyun-ah. – um garoto apareceu.
- Minho? – arregalou os olhos. – Não! Eu não posso ir agora! Tenho que achar o Jeongguk aqui... – fechou os olhos em birra. – O Jeongguk me prometeu que iria mostrar o amigo gato dele... Hyuntae? Aish, não lembro o nome dele!
- Você não vai procurar por ele! – o garoto ordenou. Ele é muito mandão, não gostei disso. – Duvido que ele vá te mostrar alguém. Ele sabe que você...
- Que eu gosto de você? Porra, Minho! Você nem liga pra mim! Eu quase morri na última festa! Onde você estava? Não foi você quem me salvou, com certeza não. Eu me recuso a isso, porque estou cansada! – a garota reclamou. O garoto parecia surpreso, e o que me pegou foi: pelo o quê? Será que ele não sabia que a menina gostava dele? – Eu tô cansada da sua indiferença! Vai lá pra a sua Tzuyu e me deixe em paz!
O garoto se afastou da menina, assustado e olhou seu estado. Bêbada, completamente perdida, desiludida e triste. É assim que alguém muito bêbado fica? De repente, o moreno abraça a menina e ela retribui, me fazendo ficar questionando a lógica do ser humano.
- Ei, hyung. – alguém me cutucou por trás, levando-me a dar as costas àquela situação. – Vamos?
Embreei-me por entre meus pensamentos, questionando se a cena que eu acabei de presenciar fazia algum sentido, ao menos. Pisquei os olhos lenta e confusamente, tentando acordar do transe em que entrei em alguma linha de raciocínio perdida.
Porém, eu estava tão perdido em alguma linha de lógica que eu não percebi que já estávamos do lado de fora, questionando-me o que aconteceu.
Então Minho é o nome daquele menino que a garota gosta? E quem é essa garota?
Seria impossível ser a tal Mahana que todos falavam para tomar cuidado nas festas, porque Mahana é a namorada de Hyunjin. Então, será que ela era o quê de todos eles?
Eu só fui capaz de me acordar num súbito quando sentei no banco do carro e o baque da porta sendo fechada ao meu lado se fez presente, despertando-me.
- Hyunjin-ah. Como foi com a Mahana? – toquei no banco de passageiro e me aproximei dele, onde o garoto sentou.
- Mas eu não estava com a Mahana. – ele se virou para mim, seu rosto tinha uma expressão duvidosa. – Eu estava com minha namorada.
- Mas, essa tal de Mahana não é a sua namorada? – eu fiquei curioso. Eles olharam um para o outro e, do nada, começaram a rir. Tipo, morrer de rir mesmo.
Eu, desesperado, fiquei perguntando vários “o quê? O que foi?” e rindo, porque risadas são contagiantes. Os quatro que estavam no carro riam de mim, mas o que eu fiz? Hyunjin, o primeiro a ficar menos risonho, disse:
- Deus me livre ser namorado da Mahana, aquela doida! Acho que ela combina mais com o Minho, e olhe que eu odeio aquele moleque, do que comigo! – ele riu mais, dessa vez foi um riso menos escandaloso. Já disse que quando Hyunjin ri, ele ri escandalosamente alto? – Mahana é a minha irmã gêmea, hyung. Aquela pestinha é a menina que você ficou de olho hoje.
- O QUÊ? HYUNJIN, SEU FILHO DE UMA BOA MÃE, VOCÊ ME PAGA! É BOM ME DAR BONS MOTIVOS PRA EU NÃO TE BATER!
- Por que você me bateria?
- Hyunjin-ah, me dê bons motivos que justifiquem o porquê eu tive que cuidar da sua irmã! – apesar do volume da minha voz ter se regredido gradativamente, eu ainda falava alto.
- Taehyung, a Mahana é mais rodada que o Hyunjin-ah! – exclamou Seungmin. – E assim... Bom, digamos que o Hyunjin seja muito ciumento. Ele odeia quando a gente fica muito colado. Só deixa Jeongguk porque ele tem o Jimin.
- Eu não sou ciumento! – Hyunjin exclamou.
- Claro que é! – retrucou Woojin. – Você brigou com o Minho só porque ela começou a gostar dele! Em fim, ele pediu pra você porque ela não te conhece e você não conhecia ela.
Depois daquele dia, foi difícil evitar a curiosidade. Por que Mahana é tão rodada? Como ela gosta disso? E por que que as pessoas falam tanto dela? Solto um suspiro esquecendo as pessoas ao meu redor.
- Você tá bem, Tae? – Jimin perguntou. Claro, eu esqueci de mencionar que depois de um tempo, achei o meu próprio grupo: Jeongguk, Jimin, Hoseok, Jin e Namjoon. Eu assenti e sorri.
Dias e dias se passaram, e nós chegamos nas datas de provas do último bimestre. As desgracentas das provas conseguiram me prender em casa, e conseguiram prender até o povo mais festeiro da escola. Não está sendo fácil pra ninguém, não.
- Hyung, seria legal se você prestasse atenção no que falo! – reclamou Hyunjin. Aquela coisa que só sabe beber e falar merda, estuda na mesma sala que eu, sim.
- Que é, desgraça?! – o sinal bateu e eu peguei a minha bolsa para ir embora. Coloquei-a sobre o ombro, me virando para o pirralho.
- A gente precisa arrumar uma festa por causa do seu aniversário, Taehyung!
- Nem pensar, hum-hum. – neguei balançando a cabeça. – Você sabe que eu não gosto dessas coisas. Mas eu topo se você aparecer lá em casa e a gente rachar uma pizza, sei lá.
- Fechado, cara! Mas eu posso levar mais alguém?
- Hm... – pensei um pouco, tendo a resposta em mente, mas querendo ver a reação de Hyunjin, que ficou mais ansioso. – Tá, pode levar. Mas eu não quero nada de ver todos os seus trocentos amigos lá, viu, pirralho? – ele sorriu animado. Fechou o punho e o ergueu. Que lance é esse dessa galera?
Meu aniversário. Eu sempre achei essa data especial, especial demais, na verdade. E eu odiava ficar sozinho em casa nesse dia. Por que eu acho especial? Um ano a menos. Simples, rápido, e comum.
Atendi a campainha com a mesma vontade que tenho de acordar e ir à escola, e ouvindo uma voz suave, afeminada do outro lado da porta. Logo estranhei. O mais estranho foi que a garota falava em inglês. Meu inglês é de Taubaté, então eu não entendi nada. De repente, pude entender alguma coisa quando ela começou a falar em coreano:
- Felix, seu mosquito assexuado! Eu não acredito que você armou essa pra mim! – ela deu uma pausa. – E agora? O que eu faço? Eu já toquei a campainha! Okay, fazer o quê, né?! Mas quando eu chegar em casa, você vai ver só.
Abri a porta e ela tomou um susto, afastando o celular do ouvido, onde aparentemente ela estava em uma ligação com Felix.
- Quem é você? – fingi-me de desentendido.
- O-oi... – abaixou a cabeça. – É... disseram pra eu vir aqui porque... Era a comemoração do aniversário de alguém... Mas me engaranham, desculpe por isso. – ela se curvou e se virou.
Foi mais rápido, mais forte que eu. De repente, minha mão segurou seu pulso e eu virei a garota para mim.
- Você é a tal da Mahana? – soltei a primeira coisa que veio na minha cabeça pra disfarçar o meu ato repentino. Ela estava com os olhos arregalados e os lábios entreabertos. A garota pensou um pouco antes de acenar que sim com a cabeça.
Ela não faz ideia de quem sou eu.
- Quem é você? – Mahana perguntou.
- Sou um amigo do seu irmão. – puxei ela para entrar. – Explique porque não é o seu irmão que está aqui, por favor.
Meu celular vibrou, e eu tive que atender. – Oi, hyung! Já estou chegando!
- Como assim? E a sua irmã?
- O que tem ela? – ele perguntou.
- Porque ela está aqui e não você?
- O QUÊ??? PASSA O CELULAR PRA ELA, AGORA! – tive que afastar o celular do ouvido com seu grito esganiçado.
Passei a ligação e ela, sem entender nada, disse um “oi” duvidoso. Eu pude ouvir seus berros de longe. Por causa disso, entendi que ele estava bravo porque ela veio e ela estava dizendo que foi culpa do Felix. As ameaças de morte de Hyunjin não me amedrontavam, de qualquer jeito. Ele disse que chegaria voando.
Ele realmente chegou voando. Em cerca de dez minutos, Hyunjin estava esmurrando a porta. Por que ele é assim?
Eu abri a porta, sério, e encontrei seu rosto irritadiço, cheio do ciúme. Ele gritou por sua irmã, que respondeu um simples “quê é?” preguiçoso. Hyunjin entrou em casa e começou a gritar com ela. Não, ele não estava cantando de galo, mas estava irritado, e perguntou quem foi que disse pra ela vir sozinha pra minha casa.
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