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História .new frontier ; stray kids - Chapter 6 - VI - História escrita por chanisteles - Spirit Fanfics e Histórias
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História .new frontier ; stray kids - Chapter 6 - VI


Escrita por: chanisteles

Capítulo 7 - Chapter 6 - VI


Fui acordado naquela manhã pelo som de andorinhas cantando uma única melodia harmonicamente, junto com os primeiros raios de sol do dia. Meus olhos se abriram lentamente, encarando o teto de ébano envernizado acima. Normalmente, minha visão pela manhã seria um céu ainda contaminado pela noite, com pontos escurecidos e pontilhados de estrelas, o carpete de grama cor de esmeralda fazendo cócegas nos meus pés descalços. No entanto, eu só sentia o tecido fino do futon e aquela visão deprimente de quatro paredes me cercando como uma prisão, o único sopro de ar fresco saindo das janelas.

Me sentei, esfregando os olhos para afastar o sono, jogando as cobertas para o lado. Já se fazia uma semana desde que passei a viver dentro do palácio. O conselheiro que me informou tudo, cujo nome era ByungChul, disse que eu já teria que abandonar todos os meus dezoito anos passados fora dos muros do palácio. Logo, eu me tornaria o próximo da linhagem, necessitando, portanto, ter as habilidades à altura. Não sabia bem como desenvolveria todas aquelas aptidões consideradas “básicas” para um governante até o dia do meu aniversário de 19 anos (e, consequentemente, o dia da coroação) que aconteceria em seis meses. Era um tempo mínimo, mas ByungChul afirmou que, se eu me esforçasse o suficiente conseguiria; além do mais, fora um tempo dado pelos céus para a devida preparação, visto que se o herdeiro já tivesse a maioridade, não teria tempo para nada além de receber a coroa.

Passei os dedos pelas têmporas, frustrado por aqueles pensamentos ansiosos serem a primeira coisa que se passava pela minha cabeça assim que eu acordava; a segunda coisa era o rei. Sua Majestade jazia no quarto ao lado, cômodo que eu me recusava a até mesmo chegar perto. Mesmo de longe, conseguia senti-lo, a pressão se instalando no meu coração e o deixando mais pesado quase que imediatamente. Por que havia de morrer? Deixara como herdeiro um garoto de rua que tinha menos de um ano para ao menos saber ler e escrever, além de centenas de outros conhecimentos tirando os que adquirira ao longo dos anos – instinto e sobrevivência.

Atrás de mim, a porta de correr foi aberta subitamente. Virei-me para encarar um garoto usando as roupas dos empregados se curvando respeitosamente para mim; inconscientemente fiz o mesmo, me virando para ele. Em suas mãos, ele carregava com a cautela de quem leva um bebê uma bandeja com o café da manhã; aquilo era uma das únicas coisas que eu não conseguia reclamar: poderia comer a hora que quisesse, qualquer prato que estivesse ao alcance dos cozinheiros e com um sabor divino. O garoto que não parecia passar dos doze anos deu um sorriso genuíno e pousou a bandeja cuidadosamente em minha frente.

- Bom dia, Vossa Alteza. – Ele disse, ainda sorrindo com todos os dentes.

- Bom dia. Obrigado pela comida. – Agradeci, sorrindo inevitavelmente de volta. Talvez o tivesse visto uma ou duas vezes ajudando as outras empregadas com diversos afazeres, mas nunca havia tido a oportunidade de observá-lo de perto: possuía o rosto de feições bem esculpidas, mas infantis. Os fios negros eram puxados para cima num coque assim como o meu (mesmo que dissessem que eu deveria usá-lo solto) e as roupas claras características eram impecáveis, delatando o cuidado que possuía com elas. Ele colocou as mãos atrás das costas a postura perfeitamente ereta.

- Não é necessário que me agradeça, estou a seus serviços, Vossa Alteza. O senhor precisa de mais alguma coisa neste momento?

- Não, acho que... – Parei por um segundo, pensando melhor. Já que havia conhecido todo o castelo e não tinha permissão de sair ainda, talvez deveria começar a estudar. Ao contrário do ouvia de muitos outros da minha idade que já estudavam, a ideia não parecia ser tão ruim como diziam. Olhei para o garoto, que esperava pacientemente. – Existe uma biblioteca aqui, certo? Sabe me dizer se lá tem papéis e um pouco de tinta?

- Sim, senhor. Vou buscá-los agora mesmo. – Ele respondeu, fazendo o mesmo cumprimento rebuscado de quando entrou para agora sair. No entanto, me levantei rapidamente e o parei antes que abrisse a porta.

- Não precisa fazer isso, eu mesmo irei buscá-los mais tarde. Deve estar ocupado fazendo outras coisas.

O garoto se virou com um tom transtornado.

- Eu nunca negaria um pedido de Vossa Alteza! Por favor, deixe-me pegar os papéis e a tinta enquanto come. – Ele disse, realmente parecendo uma criança fazendo birra. Acabei por desistir, sabendo que insistir mais não levaria a lugar algum. Ele sorriu e então saiu. Me deixando sozinho com o café da manhã. Comi tudo em poucos minutos, antes mesmo do garoto voltar. A porta correu novamente quando estava raspando os últimos grãos de arroz da tigela. O garoto voltou com um rolo imenso de papel, um frasco do tamanho de sua cabeça de tinta negra como seus cabelos, pincéis com cerdas grossas e espessas para caligrafia, além de alguns livros pesados de capa de couro, tudo isso sendo equilibrado com muito esforço sobre as duas mãos do garoto.

- V-voltei, Alteza... – O menino disse com um sorriso nervoso, dando alguns passos desajeitados para dentro. Ele estava prestes a derrubar o frasco de tinta quando, como que por um milagre, outro par de passos veio correndo e segurou-o com a agilidade de um tigre. SeungMin deixou o pote no chão, respirando fundo.

- Aigoo, JeongIn, por que não pediu ajuda a alguém? Eu estava por perto. – Ele disse, o auxiliando a retirar os outros materiais de suas mãos. Prontamente me aproximei para ajudá-lo, percebendo com surpresa que o rolo de papel poderia ser tão pesado quanto uma rocha.

- Eu disse a ele que buscaria mais tarde. Mas, ele só queria ajudar. – Disse, tentando defender o garoto que agora olhava para baixo com derrota. Me agachei, olhando para ele. – Ya, está tudo bem. Muito obrigado, JeongIn. Trouxe até mais do que eu esperava.

JeongIn subiu o olhar, me observando com surpresa e até mesmo um pouco de admiração. Deu um sorriso enorme e suas orelhas ficaram vermelhas.

- Isso não foi nada, Vossa Alteza! Sempre que precisar de algo, eu trarei imediatamente. – Ele disse, como se fosse um comerciante. Agilmente pegou a bandeja com as tigelas vazias, se despedindo de nós dois e saindo do quarto. SeungMin passou as mãos pela testa, suspirando. O conselheiro havia também me informado sobre o que SeungMin seria para mim a partir de agora, o que provavelmente fora uma das piores notícias até então: ele seria o meu próprio conselheiro, já que éramos de idade semelhante e “já nos conhecíamos de antemão”. Não sabia que arrastar alguém pelo pulso sem nem dizer quem era já me fazia conhecido de longa data dele. desde o primeiro dia, sua postura mudou completamente em relação a mim, sendo incrivelmente educado e controlado, coisa que eu disse repetidas vezes para não o fazer. Os empregados não poderiam evitar não me chamar de honoríficos, mas no caso dele, que me acompanhava até mesmo para dormir, não queria ouvir “Vossa Alteza o tempo inteiro”.

- JeongIn ainda tem muito a aprender. Entrou para trabalhar no palácio recentemente e ainda está muito empolgado com tudo.

- Deixe-o, ele é muito prestativo. Achei até impressionante que conseguiu trazer tudo numa única viagem. – Disse, pegando tudo e colocando em cima de uma mesa baixa próxima à janela. Rasguei um pequeno pedaço de papel do rolo e o coloquei em minha frente.

- Precisa de ajuda com isso, Vossa Alteza? – O mais alto questionou, o que me fez bufar para ele.

- Já falamos sobre esse negócio de “Vossa Alteza”. Me chame de Jisung, aí ficaremos quites.

- Sabe que não posso fazer isso. Os senhores ficarão furiosos comigo se eu não o tratar da maneira correta. – Ele respondeu, ainda compelido.

- Eu serei o próximo imperador, não é? Será que não possuo o poder para lhe fazer me chamar apenas por Jisung? – Questionei, e ele olhou para o lado, contrariado. – Veja, se tem uma coisa que odeio, é hipocrisia. Não quero que me chame assim, a menos que eu me sinta pronto a ser realmente quem vocês dizem que eu sou. Se realmente não puder me chamar assim, pelo menos faça em segredo. Ficamos juntos o tempo todo, infelizmente. – Aquela última parte fez SeungMin virar-se para mim e revirar os olhos, o que me fez sorrir divertido. Parecia prestes a dizer novamente que não, até que relaxou os ombros.

- Precisa de ajuda com isso, JiSung?

- Acho que sim, SeungMin. – Respondi, vitorioso. – JeongIn trouxe todas essas coisas, então vou precisar gastá-las. Quero aprender no mínimo o alfabeto e algumas palavras.

- Certo. Sabe escrever alguma coisa? – Ele disse, se sentando ao meu lado. Peguei um dos pincéis e desenhei um círculo no ar.

- Sei fazer alvos para arco e flecha.

- Silêncio*. Certo, acho que temos muito o que ver hoje. – Ele disse, pegando um outro pincel para começar.

Era possível ver como SeungMin possuía uma inteligência enorme, mesmo para alguém tão jovem, além de um certo dom para ensinar. Ele começou com uma pequena introdução aos materiais, como segurar o pincel para a caligrafia, até mesmo a postura correta para se escrever. Começou com o alfabeto, me fazendo repetir ao menos três vezes o som que cada caractere fazia, a disposição deles na folha e como formar palavras. Escreveu rapidamente meu nome no fim da folha, e me fazendo repetir da mesma forma. Não havia apenas maravilhas naquela pequena aula, ele era bem duro quando eu não pronunciava corretamente ou fazia um traço errado, que poderia significar uma palavra ou frase completamente diferente daquela que pretendia escrever, me ameaçando até com o pincel cheio de tinta, pronto a fazer rabiscos no meu rosto que não sairiam com tanta facilidade. Quando finalmente consegui escrever meu nome do jeito que ele queria, me joguei para trás, suspirando alto.

- Aigoo, minhas costas!

- A educação vem com um preço. – Ele retrucou, dando um sorriso quase prazeroso ao me ver agonizando de dor nas costas. Observou o céu pela janela, que já estava alto no céu. – Acho que estamos bem por hoje. Sei que não irá lembrar exatamente de tudo amanhã, mas pelo menos não é tudo completamente desconhecido agora. Se continuar treinando todos os dias, não demorará muito até conseguir escrever frases inteiras.

- Espero conseguir fazer isso. – Disse, me levantando e alongando as pernas, olhando para fora. O dia estava ensolarado e quente, perfeito para sair por aí correndo e treinar na orla da floresta. Um ar de súbita saudade me atingiu ao lembrar das minhas corridas, sabendo que já não poderia fazer como antes. Me voltei para SeungMin, que guardava a tinta e as folhas de papel. – Ya, sabe onde colocaram o meu arco e flechas?

- Talvez junto das suas roupas antigas... Espere, arco e flechas? – Ele indagou, levantando uma sobrancelha.

- Sim, talvez eu possa treinar um pouco. Sei que tem uma área de treinamento aqui dentro.

- Sim, mas—Ah, não! – Ele subitamente exclamou, se levantando de imediato. – Eu esqueci completamente! Os conselheiros vão me servir no jantar!

- Espere, do que está falando? – Questionei, enquanto ele corria para o armário e puxava roupas para mim.

- O senhor ByungChul me disse que eu deveria levá-lo para que visse seu guarda-costas.

- Guarda-costas?! – Exclamei para ele, que literalmente colocava as novas camadas de roupa por cima das outras de dormir e as amarrava num nó cego e rápido demais para que ele prestasse atenção. Mas eu estava atônito. Agora também precisava de um guarda-costas para me proteger? Quem eles achavam que eu era, uma criança? – Por que eu precisaria de um desses soldados para me proteger? Eu sei me virar perfeitamente sozinho!

SeungMin me encarou por um segundo, enquanto desamarrava meu cabelo e o penteava rapidamente para que eu parecesse ao menos com alguém que não havia acabado de acordar.

- Não sei se já reparou, JiSung, mas a sua vida agora não é mais aquela que você vivia. Antes você tinha que lidar com coisas pequenas, uns valentões no máximo. Isso até eu consigo lidar. – Ele começou, o que me roubou um resmungo. – Mas agora, querendo ou não, você é o único herdeiro da linhagem de Nancho. Seus valentões agora são mercenários; podem cortar a sua cabeça fora antes que você pisque!  

- Como se eu pudesse sair por aí para me encontrar com um deles. – Retruquei de volta, cruzando os braços. SeungMin deu os toques finais com um pingente e um tapinha no topo da cabeça.

- Ya, você não está preso aqui para sempre. O conselho só não quer se precipitar muito neste momento, confie neles por enquanto. Além do mais, nunca se sabe quando o perigo vem de dentro. – Ele deu de ombros, me puxando para fora do quarto. – Agora vamos, não quero morrer hoje depois de tanta coisa.

O segui sem muita escolha, digerindo na cabeça as coisas que ele havia me dito, especialmente quando disse que o perigo pode vir de dentro. Ele não estava errado, não poderia confiar em ninguém naquele local, mesmo assim aquelas palavras me deixaram ainda mais ansioso do que antes. olhos bem abertos e ouvidos aguçados não eram suficientes para o que se escondia na escuridão da noite.

Meus olhos arderam quando se encontraram com o sol alto assim que saímos para o lado de fora, atravessamos um pequeno jardim com um lago repleto de carpas coloridas e uma ponte que levava a outra ala do palácio. Seguimos por um caminho largo até uma área aberta e extensa. Nela, soldados praticavam a luta com espadas, com seus uniformes escuros e lâminas afiadas que reluziam na luz solar. Todos exalavam uma concentração impecável, seus movimentos friamente calculados baseados no oponente; era quase como uma dança entre passos, espadas e giros, surpreendentemente hipnotizante. Infelizmente, SeungMin não estava ali para contemplar o treinamento como eu.

- Por aqui. Os generais devem estar nos esperando.

Ele segurou meu ombro e me impulsionou para frente, levando-me até uma área coberta, com vista panorâmica para toda a área de treinamento. De costas para nós estavam dois homens, ambos com roupas negras e uma aura sobressalente de mesmo tom. Nem mesmo precisava perguntar para saber que os dois estavam encarregados do sistema militar impecável de Nancho. Também, era impossível não reparar neles em público, principalmente em desfiles da corte durante festivais, os dois sempre liderando com o rosto sério e sempre alerta. Paramos a alguns metros dos dois e eles se viraram para nós. Fizeram uma reverência para mim, e logo me senti envergonhado por ganhar tanto respeito dos dois homens.

- Vossa Alteza, estávamos aguardando sua chegada. – Um deles, o mais baixo e de tapa-olho, disse, dando um sorriso. Era um sorriso frio, quase forjado, incrivelmente distinto daquele que recebera de JeongIn pela manhã. Era um tipo de sorriso que servia mais de aviso, para que não se metessem com ele. O de fios claros e olhar duro aproximou-se.

- O conselheiro sênior nos avisou que precisa de um guarda-costas.

- Foi o que ele disse. No entanto, não acho que deva precisar de um. – Soltei, cruzando os braços para os dois. SeungMin deu uma risada nervosa, se segurando para não me dar uma cotovelada nas costelas. No entanto, o mais baixo dos dois levantou uma sobrancelha.

- Não duvidamos de suas capacidades de combate, Vossa Alteza, longe disso. Nós tomamos a liberdade de fazer uma pequena pesquisa e descobrimos que é um excelente atirador.

Ele disse, me fazendo engolir em seco quando puxou meu arco e minha aljava de cima da mesa, felizmente com todas as flechas. Me aproximei para pegá-las, mas ele as puxou de volta, pousando-as sem tanto cuidado no chão, duas das flechas escorregando para trás dele.

- São inúteis. – O de cabelos cor de seda disse seco, me fazendo imediatamente olhar para ele. – Em combates a curta distância, arcos são a última opção utilizada. Espadas, lanças, adagas, Vossa Majestade sabe utilizar alguma destas outras armas?

- Bem... eu não sou tão ruim com adagas. – Disse, olhando para ele com o último fio de confiança que ainda restava em mim, somado com a irritabilidade que adquiri ao ouvi-los falar de minhas habilidades. O menor então abriu um sorriso, e imediatamente puxou de algum ponto secreto em seu uniforme duas adagas, afiadas e reluzentes. Engoli em seco, logo percebendo que aquelas eram genuínas armas de combate, e não a ridícula faca que usei para abater um ganso uma única vez. Mas não poderia voltar com a minha palavra. Peguei a adaga, surpreso com o peso inusitado. Como se fosse um sinal pré-estabelecido, SeungMin e o outro general abriram espaço. O tapa-olho do homem remexeu-se em seu rosto quando ele torceu o nariz.

- Vamos testar, então. Posso ir com tudo, Vossa Alteza? – Ele perguntou, cheio de petulância na voz. Concordei, ainda tendo um pouco de orgulho para enfrentar um combate digno. Mas também possuía amor à minha própria vida, e aquelas palavras apenas me fizeram tremer internamente. Limpei a garganta, tentando puxar do meu âmago algum resquício de coragem e talvez alguma ideia de como se lutava com adagas. Porém, para aquele general, aquela pequena área se tornou um campo de combate, e eu o seu oponente. E na guerra, não temos tempo para pensar.

Um golpe. Apenas um golpe e eu teria sido esfaqueado naquele momento. O homem pareceu voar por cima de mim e me puxar para perto de sua lâmina, tamanha era a sua agilidade. Meu braço entortou-se para trás, a súbita dor me obrigando a soltar a adaga, que caiu indefesa no chão. Sua lâmina chegou a literais milímetros do meu pescoço, e eu quase podia sentir a falta de calor do metal contra a minha pele. O general quase gargalhou ao meu ouvido, mas decidiu se controlar. Meu rosto esquentou de vergonha e raiva.

- Perdão, às vezes eu minto. Eu peguei leve com o senhor. – E com isso, me soltou e voltou para perto do outro general. SeungMin se aproximou, o rosto pálido com a possibilidade de eu realmente sair ferido daquele “teste”. Olhei raivoso para os dois.

- Isso foi mesmo necessário, senhores? – Indaguei, segurando meu pescoço e checando se realmente nada aconteceu. O mais baixo guardou as duas adagas limpas de volta, sorriso vitoriosamente para mim.

- Apenas queríamos demonstrar a necessidade de um guarda-costas, Vossa Alteza. Alguns assassinos podem ser até mais sanguinários que o general ChangBin. – O outro disse, olhando em meus olhos, me impedindo de virar para outro lado ou encarar outra pessoa. – Recomendamos veementemente que tenha alguém ao seu lado, para evitar momentos como este.

Fiquei em silêncio por alguns segundos, a maior parte de mim gritando para que eu fosse embora dali, me recusando a ter um guarda-costas depois daquele encontro. Mas, a parte menor, essa bem mais racional que a primeira, pedia que eu acabasse logo com aquilo, que eu poderia apenas fingir que este tal soldado não existisse e que ao menos eu não morreria ao atravessar o próximo corredor. Pela primeira vez, decidi ouvir aquela parte menor.

- Acabe logo com isso.

Ao meu lado, SeungMin suspirou aliviado. Prontamente, o general cujo nome descobri ser ChangBin desceu as escadas até a área onde os soldados treinavam. Ao longe pude ver que assim que ele chegou à distância necessária deles, todos cessaram com a batalha que travavam e se puseram em fila, batendo continência ao homem. Ele disse algo, e um dos soldados se aproximou. À medida que os dois faziam o caminho para voltar, o rosto do guerreiro foi se tornando mais nítida, e meus olhos se arregalaram.

- M-MinHo? – SeungMin sussurrou, olhando para o soldado que havia me ajudado na semana anterior com MyunJi, o homem de olhos frios e voz morna, que poderia agora ser meu novo guarda-costas. Ele parou ao pé da escada, o rosto coberto por uma fina camada de suor e os fios curtos bagunçados por cima da bandana negra. Ele se ajoelhou em minha frente, num sinal máximo de respeito.

- Este é Lee MinHo, um dos nossos melhores soldados. Talvez seria interessante se o considerasse como seu.

- M-meu? – Gaguejei sem querer, olhando para ele, que me observava com cautela. Será que se recordava de mim? Olhei para SeungMin, que também o observava com espanto. Engoli em seco todas aquelas perguntas desnecessárias e olhei para o soldado de pele alva.

- Tudo bem, posso trabalhar com ele. Já terminamos?

- Certamente, Vossa Majestade. – O general ChangBin disse, ambos fazendo outra reverência de despedida. Virei-me nos calcanhares, saindo dali a passos duros, outros dois pares de passos me seguindo. Assim que coloquei os pés para fora daquela área de treinamento, puxei o pingente dos cabelos e os amarrei de volta do jeito que normalmente usava, sentindo um calor anormal no pescoço. Não parei por algum tempo, usando do único silêncio disponível como saída para pensar no que havia acabado de acontecer. Virei-me discretamente para MinHo e o observei com o canto dos olhos. Ele, para minha surpresa, me encarava de volta, com os olhos entreabertos, mas alertas. Era difícil de admitir, mas era alguém bonito; ainda mais após lutar. No entanto, sua face sem expressão alguma me incomodava, já que era quase impossível saber no que estava de fato pensando. SeungMin vinha logo atrás, parecendo um pouco alarmado com minha caminhada sem destino e tudo o que havia acontecido anteriormente. Bufei alto, aqueles seis meses seriam longos.

 

 



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