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História .new frontier ; stray kids - Chapter 14 - XIV - História escrita por chanisteles - Spirit Fanfics e Histórias
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História .new frontier ; stray kids - Chapter 14 - XIV


Escrita por: chanisteles

Notas do Autor


Attention: Minho POV

Capítulo 15 - Chapter 14 - XIV


Segui ByungChul a uma distância respeitável até a ala mais distante da hospedaria. Naquela manhã meu coração estava tão leve como nunca esteve, apenas por ter a presença de JiSung ao meu lado assim que despertei. Mas quando o conselheiro me avistou enquanto tomava um copo de água na cozinha do local, ele me chamou para uma conversa. A cada vez que ele me guiava até algum ponto inóspito, sentia meu coração encher-se com mais e mais dúvidas. Mas naquela vez havia ao menos uma única certeza: eu nunca conseguiria machucar JiSung àquele ponto. O que criamos conseguiu me tirar daquele poço escuro em que não havia luz alguma, e pela primeira vez em muito tempo eu sentia que precisava proteger alguém além de mim mesmo.

Talvez por agora não compartilhar das mesmas ideias que o homem, percebi o quanto ele estava irritado. Seus passos eram contidos, mas duros e pesados, como se quisessem correr das amarras da velhice e de seu status social. Paramos atrás de uma parede de pedras.

- Onde esteve ontem à noite? Os soldados não o viram voltar aos seus aposentos.

- Naturalmente, passei a noite no quarto de Vossa Alteza. Não recebi ordens para interromper minha missão. – Respondi da maneira que pude, e ele bufou.

- Você realmente estraga toda e qualquer oportunidade que lhe aparece, não é? Parece que está tentando pescar um peixe com uma agulha.

- Havia soldados escoltando a hospedaria e não há saídas laterais. Kim SeungMin aparece toda manhã assim que o sol nasce para se encontrar com Vossa Alteza. – Tentei argumentar, mas ele apenas me olhou torto, as rugas se tornando mais aparente à medida que ele franzia.

- Achei que tivesse feito um acordo com você por saber exatamente como contornar esses obstáculos, seu inútil. Chamei dois soldados de patente menor para escoltar o lugar e coloquei uma criança como eunuco pois são completamente descartáveis. Mate-os também se for preciso.

Olhei para baixo, sentindo o coração pesar como uma rocha. Eu já pensava naquilo bem antes, mas era ainda mais nítido agora o quão vil era aquele homem. Não sei se podia me retirar da análise, pois concordei com seus ideais durante anos. Eu era tão sujo quanto ele. ByungChul ajeitou sua postura e começou a andar em círculos.

- Estou perdendo minha paciência com você. Sabe o quanto que tive que barganhar com aqueles corruptos para que eles pudessem cooperar? São incultos, bárbaros, e mesmo que tenhamos os mesmos objetivos, fizeram de maneira incrivelmente desorganizada, igual a três anos atrás.  – Ele começou a resmungar, passando de um assunto para o outro. Levantei a cabeça, sem ter muito o que dizer àquela altura. Eu já não queria fazer parte daquelas conversas, mas não havia muito que eu pudesse fazer ali; sair não era uma opção.

- Sinto muito, senhor.

Houve um momento de silêncio após minhas palavras, como se o mundo tivesse travado. Meus olhos que olhavam para baixo conseguiram captar apenas a não envelhecida se aproximando e desferindo um tapa contra mim. A ardência me fez desequilibrar em dois passos e o choque me deixou paralisado por um segundo. Ele limpou a mão nas vestes logo depois, o que me deixou com o sangue fervendo. Seu senso de superioridade era indescritível.

- Sinto muito... como se suas desculpas esfarrapadas bastassem. Parece que seus princípios não eram tão convictos como há dois anos. – Ele berrou, e minha boca pensou seriamente em gritar que ele estava certo, que eu havia mudado. Que seus planos de criar uma nação em que ele governasse eram tão absurdas quanto porcos voando, quanto mais unir Taeyang e Nancho numa província só. Ele deu uma risada consigo mesmo, como se estivesse se afogando nas próprias ideias.

- Acho que estou envelhecendo. Por que confiaria num moleque de dezoito anos que ainda estava aprendendo a empunhar a espada? Na verdade, acho que até esqueci qual é o nosso plano. Mas você não se esqueceu, não é?

- Não, senhor. – Disse entredentes. Depois da noite passada, a última coisa que eu queria era dizer o que ele queria. Minhas pernas tremiam para sair correndo dali o mais rápido possível, e as unhas fincadas na palma da minha mão estavam prestes a cortar a carne. Ele se aproximou vagarosamente.

- Então repita. Repita para mim, e para você, caso seus ossos não estejam lembrados.

- Devo me tornar o guarda-real do príncipe, matá-lo o mais rápido possível e então fugir com o pagamento.

Foi como uma facada. O ar que puxei pareceu estagnado nos pulmões, que se apertavam a cada segundo. ByungChul pareceu satisfeito, e então bufou mais uma vez. O maldito baforava como um búfalo.

- Pagamento este que é apenas a sua vida, não se esqueça. Há, foi realmente uma pechincha, não se conseguem acordos como este hoje em dia. Bem, de qualquer forma surgiu um problema e o garoto não pode morrer agora. A princesa pediu que ele viesse para um jantar, já que ela é burra o suficiente para acreditar que aquele mendigo era realmente da realeza. Claro, colocando roupas decentes, qualquer vagabundo pode fingir educação.

Fiquei em silêncio, pois já era demais para mim. Ele se me olhou com o canto dos olhos.

- Dois dias, este é o prazo final. Após o jantar, a princesa provavelmente vai querer caminhar. Prepare uma emboscada e faça seu maldito trabalho. Aproveite e leve junto a mulher idiota, ela não nos será útil de qualquer forma. – Ele disse, com a naturalidade de quem conversa sobre o clima. Meu corpo estava tão sobrecarregado de fúria que eu até havia me esquecido de responder. Ele se aproximou vagarosamente, o sorriso podre colado no rosto. Ele colocou a cabeça perto do meu ouvido. – Que tal um pequeno incentivo? Vamos ver... Lee HyeIn.

Tudo parou. Nossas respirações, o canto dos pássaros, o vento do verão. Temi que até meu coração parou por alguns instantes. Ele deu uma risada de escárnio. Por que o maldito citara a minha irmã?

- Acho que gostou da ideia, pelo visto.

- E-ela está viva? – Perguntei num súbito, fincando as botas no chão arenoso para não sacar minha espada e lhe dar um golpe certeiro que lhe mataria na hora. Talvez fizesse aquilo depois, mas precisava de pelo menos aquela informação. Se fosse verdade, não precisaria de mais nada, pois procuraria por ela até o fim do mundo.

- Está. Porém, ela não sabe que você está. Talvez nem lembre de você. Mas sei que se lembra dela. – Ele disse, cutucando as malditas unhas. Meus joelhos cederam e eu caí ao chão. Ela estava viva. Por alguns instantes relembrei daquele dia terrível, nós dois entrando na casa, eu lhe dando um último carinho no rosto, dizendo que estava tudo bem e que podíamos brincar de esconde-esconde naquele momento. Mas ela tinha que se esconder o melhor que podia, senão ela não ganhava o jogo. Lembrei do mercenário me puxando e a última visão da minha casa, à primeira vista completamente vazia. Mas HyeIn continuou lá. E sobreviveu.

- Nancho? – Perguntei, e ele negou.

- Ela está aqui, MinHo, em Taeyang. Tenho a observado desde que descobri o parentesco. Até que ela veio a calhar, não é? – Ele disse, se divertindo com as ideias vis. – Ela pode ser nossa moeda de troca, que tal? Faça o que eu mandei, e você pode levá-la se conseguir. Já sabe o que acontece se não o fizer. E então?

Não. Era tudo o que eu queria dizer. Queria negar com todo o fôlego que eu tinha, mas justamente naquele momento, eu não podia dar ouvidos à emoção, eu precisava raciocinar. ByungChul, apesar de ser a mais pura escória, não era imbecil. Ele sabia exatamente como manipular as informações que tinha para conseguir o que queria. Mas ele se tornava vulnerável quando achava que estava no controle. Por isso, tinha que continuar fingindo estar do seu lado, até que eu bolasse um plano para toda aquela bagunça. Agora eu tinha duas prioridades, e precisava protegê-las.

Me levantei e curvei-me ao homem.

- Farei como deseja, senhor.

- Ótimo. Você é um cachorro obediente no final das contas. Não me decepcione.

ByungChul saiu e fez seu caminho para fora daquela ala. O observei até que ele estivesse fora de vista e me pus a correr até o corredor de quartos. Puxei a porta dos aposentos de JiSung, mas a única pessoa que estava lá era uma criada que dobrava suas roupas, e SeungMin.

- Onde está Vossa Alteza?!

- Eu que pergunto. Esta manhã ele saiu a sua procura, mas até agora não voltou. – SeungMin disse, e talvez fosse perguntar algo mais, mas não tive tempo de ouvi-lo. Saí deixando a porta aberta e me pus a procurar pelo resto da hospedaria. Não se encontrava nos estábulos, na área comunal ou na cozinha. A única pessoa que se dirigiu a mim enquanto olhava ao redor eram os soldados de escolta, que pareciam confusos.

- Ei, MinHo! Você pegou um dos arcos e a aljava? – Ele gritou. Assim que ouvi aquilo, soube que JiSung já não se encontrava na hospedaria.

Também sem respondê-lo, saí pelo portão de madeira estrada abaixo, entrando na cidade. Naquela hora do dia, a rua principal estava aglomerada de transeuntes e vendedores, o que dificultava bastante a locomoção. Eu me esbarrava em quase todos que surgiam na minha frente e era puxado pelas mangas por comerciantes. Poderia ter pegado alguma montaria, pelo menos conseguiria ver algo de cima. Comecei a pensar mais um pouco, e lembrei dos poucos lugares que JiSung provavelmente lembrava de Taeyang, e fiz a volta para entrar nas bifurcações da rua principal.

Virei em vários caminhos mais estreitos até parar em frente à casa que antes pertencera a YongBok e JeongIn. Na entrada havia um senhor velho fumando um cachimbo e provavelmente sua esposa pegando arroz de seu pote, dois desconhecidos que conseguiram comprar a casa depois do ataque. Virei-me para o lado, tentando enxergar o final da rua aparentemente sem saída. se estivesse anoitecendo, seria impossível de ver, mas o sol conseguiu iluminar brevemente os fios longos e escuros na orla da floresta. Comecei a correr, chamando por JiSung. Ele estava sentado na beirada da ladeira que entrava na floresta, e não se mexia, apenas estava sentado com a aljava vazia ao seu lado.

- JiSung! – Gritei mais uma vez, sentindo o coração ficar mais aliviado. No entanto, freei com as botas imediatamente quando JiSung virou o torso e apontou a flecha para mim, a corda do arco tensa nos dedos trêmulos. Seus olhos estavam vermelhos, e as bochechas molhadas. Ele andara chorando. – Ei, por que...

- Cale a boca senão eu atiro. – Ele ordenou com a voz dura, levantando-se. Minha cabeça dava voltas enquanto eu tentava manter a respiração calma, mas era difícil. Já houve centenas de vezes em que flechas foram apontadas para mim, mas JiSung era de longe o mais perigoso. Ele deu alguns passos para frente e eu, instintivamente, para trás. – O quê, veio me matar? Não acha meio covarde em plena luz do dia? Ah, mas você é covarde. Tirar a vida de um maltrapilho e fugir com algumas moedas. Depois de ganhar a confiança dele, a inocência... ganharia o meu sangue também.

Ele havia ouvido a conversa, com toda a certeza. Fechei os olhos e pensei seriamente em sumir, deixar tudo e simplesmente me afastar do que não merecia ter por perto. Falar aquelas coisas da minha própria boca já eram um sofrimento para mim, mas ver a pessoa que eu amava acreditando nelas chegava a doer mais que qualquer cicatriz. Aquiesci com vergonha.

- Sim, eu sou um covarde, e um idiota, e o que você quiser. Mas, JiSung, precisa acreditar em mim. Eu...

- Cale-se! – Ele gritou, apertando ainda mais os dedos contra a ponta da flecha. Lágrimas começaram a manchar seu rosto novamente. Ele rangeu os dentes para evitar um soluço de escapar. – Eu disse que o amava. Como pude...?

- Eu também te amo, JiSung. Amo incondicionalmente. – Eu disse, tentando transparecer o máximo de honestidade que pude naquele grito desesperado. Ele me olhou nos olhos por um momento, e havia uma faísca de hesitação. Sem que eu percebesse, meu coração doía tanto de arrependimento e culpa que não vi as lágrimas descendo pelos meus olhos. Ele arregalou suas orbes cor de âmbar. Provavelmente foi a primeira vez que ele me viu chorar, e até mesmo eu me surpreendi. – Por favor, me deixe explicar... Se não acredita, pode atirar em mim. Não vou revidar.

Com isso, deixei a espada embainhada cair no chão e com o pé a joguei para ele, longe demais para que eu pudesse recuperá-la. Ele hesitou mais uma vez, apenas os murmúrios vindos da rua principal preenchendo o silêncio entre nós, até que ele cedeu e deixou a flecha cair no chão. Ele ofegava, a adrenalina correndo pelas veias, assim como eu. Soltei o ar que prendia no peito.

- Obrigado. E me desculpe. Por favor, me desculpe... – Só pude dizer aquilo antes das lágrimas preencherem toda a minha visão. Os fatos que recebi hoje bateram todos de uma vez, como um saco de pedras. Era demais para uma pessoa só, não fazia ideia de como conseguiria salvar a todos, e a mim mesmo. Meus soluços eram altos e, de certa forma, até guturais. Me senti como uma criança de novo; fraco, dependente e ingênuo. JiSung se aproximou em algum momento e eu senti seu calor me envolver. Céus, como eu poderia me redimir com ele? Não importava o quanto pensava, nada poderia apagar os meus pensamentos antigos, ou tirar de sua memória o que eu havia proferido com as próprias palavras. Eu o ouvi dar uma risada próximo ao meu ouvido, e sua voz era doce e reconfortante, como o sabor do mel.

- Você é humano, afinal. – Ele disse, e aquelas palavras me deixaram sem chão algum. Ele limpou minhas lágrimas com o dedão, e eu segurei seu pulso com força, por medo de perder seu toque. – Eu vou ouvi-lo.

Ele se sentou na orla da floresta novamente e eu me encostei em suas costas, olhando para a rua vazia. Então eu lhe contei tudo. Desde quando cheguei em Nancho e fiz a escolha de me tornar um soldado, e que descobri sobre o plano de ByungChul de matar o rei e formar a sua nação. Ele envenenou o rei de Nancho, assim como haviam feito com o rei de Taeyang quando a guerra eclodiu há três anos. Eu ouvi suas ideias e me dispus a ser parte de seu plano. Falei em como eu estava cego de vingança, mas que JiSung havia me mudado. Aquela última conversa teve que ser fingida, senão ele mataria minha irmã, que agora eu soube estar viva. Agora, precisava proteger ele e HyeIn, além de fugir. A emboscada seria em dois dias e eu não teria como fugir daquilo. Se eu não bolasse nada, todos morreríamos e eu não suportaria perder mais ninguém. Ele ouviu em silêncio, e eu não o forcei a falar nada.

- Pode escolher acreditar em mim ou não, mas... eu vou protegê-lo com tudo o que tenho. É minha nova promessa. – Eu disse, me levantando. Ele se manteve no lugar, e então se pôs de pé. Seus olhos me encararam com convicção e, mais importante, confiança.

- Vamos chamar o SeungMin para ajudar. Não temos muito tempo.



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