- Só porque nos beijamos, não significa que você manda em mim! - digo já irritada.
Fazia minutos que estávamos discutindo a respeito do meu trabalho.
- Não significa, mas desde que seu irmão pediu pra... - o interrompi.
- Meu irmão? Você contou a ele do telefonema?
- Mesmo que eu não contasse, ele sabe que você está em perigo. Kota vem recebendo uns telefonemas, mas os Sulistas não conta o que quer, e isso deixa nós a um passo à trás deles. E é por isso que você ficará em minha casa!
- Ownn que fofo - disse cínica - Mas já sou bem grandinha e sei me virar!
- Aham, sei que sabe - foi a vez de Maxon soar cínico - Você soube se vira, quando o homem quase te estrupou? - fiquei quieta - Então, fim de papo.
- ARGH! Como você é chato! - grito irritada e saio bufando do quarto dele.
Que ótimo! Estou presa aqui, se eu fugir, os seguranças me pegam, então qualquer tentativa de fuga irá dar errado. Preciso resfriar a cabeça. Se eu não posso sair pra fira dos muros, posso pelo menos ir pro quintal...
Passei pela cozinha e não tinha ninguém. Acho que a Amberly deve estar dormindo ainda, a final são sete horas da manhã e dormir em uma cama de hospital deve ser horrível! Sai pelas portas brancas e me joguei naquele gramado verdinho e fofo.
Fui tao tola em acreditar que meu coração havia escolhido ele. Sei que o que eu sinto por ele é forte, e eu gosto muito dele. Mas eu não gosto quando ele decide as coisas por mim! Eu não gosto!
- Pensando um pouco na vida? - a voz de Amberly soa pelo quintal, fazendo com que eu me desperta-se de meus pensamentos.
- Ah... Sim, um pouco - solteira um sorriso amarelo.
- Mas o que uma jovem tao bela, pensa tanto na vida? - disse ela se sentando ao meu lado.
- É complicado... - desviei meu olhar para a enorme piscina que havia ali.
- Uma jovem como você já tem tantas complicações? - assenti - Sabe querida... - a olhei e ela deu uns tapinhas em sua coxa, indicando para que eu deitasse com a cabeça sobre a mesma, e assim o fiz - Você é jovem, bela, saudável e tem uma vida longa pela frente... Por que não sai e faz algo ou sei lá o que vocês gostam de fazer... - eu ia abrir a boca para falar que não tinha nada pra fazer, mas a mesma foi mais rápida - Já sei! Por que não toca um pouco!?
- Adoraria - digo me sentando - Mas meu violino está em casa e...
- Vem - disse Amberly ficando de pé e estendendo as mão pra mim - Eu te levo até a sua casa.
Sorri. Se eu não soubesse que ela tem câncer, diria que ela é uma mulher com cem porcento de saúde. Me levantei, passei as mãos pela roupa, para tirar a sujeira e a segui até a garagem.
- Wow! - deixei escapar.
- Legal neah - assenti de boa aberta.
O que é isso!? Estou em um paraíso de carros? Dentro dessa garagem tem uma Ferrari, uma Mercedes, um Mustang, um Corvette e uma Porsche.
Agora vocês devem estar se perguntando, como eu sei tanto sobre carros.
E a resposta é: Gerad. Sim, alem do baixinho amar jogar bola, ele também ama carros! E ele ira ficar doido aqui.
- Vem, o meu esta lá no final - disse Amberly começando a andar.
O que tem tanto nessa casa que eu ainda não vi?
Paramos em frente de um Corolla preto. Claro que o carro da senhora Schreave não iria ser um desses luxuoso e esportivo que vi. Adentrei do lado do carona e a Amberly do motorista.
- Então America, tem irmãos? - Amberly perguntou enquanto dirigia.
- Sim, somos em cinco - e contei a ela a ordem e disse que a mais velha esta pra ganhar esse mês.
- Família grande. Sempre quis ter mais um, ma a minha saúde não deixou.
Fiquei triste por ela, mas quem sabe ela possa ter agora? Ela mesma disse que o médico falou que o câncer dela esta melhorando.
- Vire aqui - pedi.
Uns minutinhos depois chegamos em casa. A convidei para entrar, nas ela disse que ficaria esperando dentro do carro. Destranquei a casa e corri pro banheiro para fazer xixi.
Merda! Estou na semana de menstruação! Sinto que terei cólicas fortes...
Me surpreendido quando vi que a casa está arrumada, Kota não é organizado... Desde quando ele tomou juízo? Não tinha um objeto se quer caído no chão ou fora do lugar. Acho que a minha saída, fez ele percebe que nem sempre estarei a sua disposição.
Adentrei no meu quarto, fui até o closet, peguei uns pacotinhos de absorvente e enfiei eles dentro de uma bolsa que tinha ali no meio, subi em um banquinho para pegar o violino, que está na ultima prateleira.
Estava saindo do quarto, quando eu lembro que estava esquecendo duas coisas. (1) as partituras. (2) a corrente que ganhei de meu pai, quando eu fiz quinze anos. Voltei pra dentro do quarto e fui ate o criado mudo, abro a primeira gaveta e pego a corrente, enfiando a mesma no bolso lateral da bolsa e pego as partituras e as guardo dentro da mesma.
Na volta, Amberly decidiu passar num restaurante para almoçarmos. Contamos sobe nossas famílias e Amberly disse que Maxon é apaixonado por fotografias, e que o mural de fotos que eu vi semanas atrás, foi ele quem fez. Depois de comermos fomos direto pra casa dos Schreave.
- America? - Amberly me chamou assim que parou no primeiro degrau da escada.
- Sim?
- Tem como deixar pra depois? Estou cansada, faz tempo que não ando tanto...
- Tudo bem - assisti ela subir as escadas e fui pra sala assistir algo.
Já fazia um bom tempo que Maxon havia saído. E sinceramente, estou odiando essa distância, mas tenho que ser forte, ele quis assim... Não... Fui eu que quis assim. Se eu não tivesse ido com a Marlee na racha, nada disso estaria acontecendo, certo? Não, estaria acontecendo de qualquer jeito, mas pelo menos não teria conhecido Maxon.
Como sempre, ligo a TV quando não esta passando nada de bom, desligou a TV e fico olhando ao redor, até parar no violino. Vou ate o objeto e abro a case, revelando o lindo instrumento.
Passei meus dedos sobre o violino e logo os flashbacks começaram a passar pela minha mente. Lembro até hoje do dia em que ganhei ele...
- Flashback on -
Era um dia chuvoso em Seattle. Um dia antes do meu aniversário de 12 anos.
Mamãe disse que não iria fazer festa, mas garantiu que eu ganharia um presente bem legal e especial. Então fui dormir com um sorriso no rosto.
No dia seguinte, acordei com uma Mayzinha pulando em cima de mim e me parabenizando. De tanto a pequena pular na cama, acabou caindo, no que resultou um dente mole.
- Anda Ames - diz ela puxando-me para fora da cama - Papai, mamãe, Kenna e Kota estão aguardando com um baita presentão.
- Estou indo - resmunguei.
Desci com a May para a cozinha, a mesma não parava de saltitar. Ria de sua animação.
- PARABÉNS! - minha família berrou assim que pisei na cozinha e eles começar a cantar a tipica música de aniversário.
- Parabéns meu anjo - mamãe disse beijando o topo de minha cabeça e sentou numa cadeira devido o cansaço e o peso da barriga.
- Parabéns maninha - Kenna disse.
- Doze anos mana, esta ficando velha - disse Kota zombando de mim.
- Olha que fala! - falei rindo.
Kenna já havia saido pra namorar. Ultimamente era assim, durante a escola, depois do almoço e da janta, Kenna sempre saia pra namorar. E isso deixava a mamãe furiosa!
- Parabéns gatinha - disse papai pegando-me e erguendo-me pro alto. Me surpreendo, como ele consegue carregar uma gorda como eu?
- Papai? Como você consegue carregar uma gorda? - perguntei referindo a mim mesma.
- Você não é gorda, você é uma menina linda que PENSA que é. Mas não é - falou me botando no chão - Agora vamos mudar de assunto. Aqui esta o seu presente.
- O que é? - perguntei analisando aquele embrulho enorme.
- Abre - mamãe falou sorrindo.
Sentei no chão e comecei a rasgar o embrulho. Nunca fui delicada, mas também sabia que seria um dia. Depois de um tempinho, eu já segurava aquele violino lindo. O detalhe da madeira é bem detalha e não lateral tinha o meu nome gravado.
- É lindo! - disse maravilhada.
- Toque, toque para nós - meus pais pediram.
Eu ainda estou no primeiro semestre da aula de violino, mas sabia algumas coisas. Posicionei o instrumento em meu ombro e com o arco, comecei a soltar as notas.
Eles podem ate achar que eu não ganhei uma festa, mas a verdade, eu ganhei sim. Eu estava mais feliz doque nunca!
- flashback off -
Enxuguei as lagrimas teimosa que escorriam sobre o meu rosto. Peguei aquele instrumento com delicadeza, posicionei ele e comecei a mover a mão e os dedos.
A melodia saia triste. Triste porque eu lembrava da minha familia e seria o meu primeiro aniversário sem a presença de meu pai
Terminei e ouvi uns aplausos. Amberly já está emocionada, o senhor Clarkson esta sorrindo ao lado do seu filho, que sorria sem para.
- Que... Lindo... - disse Amberly vindo em minha direção - Você é incrível! - me abraçou.
- Obrigada - disse retribuindo o seu abraço.
- Concordo com a minha querida esposa - disse Clarkson - Você é incrível, America.
- Obrigada senhor Clarkson - sorri.
- Só Clarkson.
- Claro... - o casal sorriu e subiu as escadas de mãos dadas. Eles são tao lindos juntos...
Esperei um tempinho, na esperança que ele dissesse algo, mas não. Guardei o violino na case, peguei a minha bolsa que trouxe de casa e subi as escadas.
Estou me arrependendo de ter correspondido o beijo dele... Desde o beijo, ele só diz que sei provocar... Não era a minha intenção provoca-lo!
Chegando seu quarto, coloco as minhas coisas num canto e me jogo na cama, fechando os meus olhos para tentar esquecer das coisas. Sinto o colchão afundar nas laterais da minha perna de uma respiração na minha cara, fazendo com que eu abra os olhos.
- Por-porque esta em ci-cima de mim? - gaguejei e senti que minha respiração ficou falha.
- Porque assim, eu posso fazer isso.
E sem mais delongas, Maxon sela os nossos lábios. Um beijo urgente, mas que eu não estou respondendo. Estou magoada por ele me prender nesse casarão e por não dizer nada.
- Sei que esta brava comigo - disse depois que viu que eu não estava correspondendo o beijo - Mas entenda, estou te protegendo!
- Sei que esta. E agradeço. Mas não posso ficar trancada aqui - disse sentando na cama - Quero ir à faculdade, trabalhar, ver meus amigos, sair...
- Resolvi esse assunto da faculdade e pedi pra Silvia vir aqui no período da tarde, para dar aulas pra você.
- Serio!? - exclamei animada.
- Serio. Já o assunto do trabalho, creio que você não ira gostar muito...
- Por que? Você pediu minha demissão? - disse ao lembrar que Maxon falou que queria me proteger de Aspen e seus homens.
Falando em Aspen, o que Maxon tem contra ele? E esses homens? O que são? Será que Aspen tem algo haver com esses malditos grupos?
- Sim, eu pedi a sua demissão. E você pode chamar as suas amigas pra vir aqui. E se não me enganado, minhas primas estão arrumando as malas para partir amanhã.
- Tudo bem, mas mudando de assunto, o que você tem contra o Aspen?
O seu meio sorriso de segundos atrás, desapareceu, seu corpo ficou tenso, como se levasse uma facada.
- Ele... - Maxon começou a dizer, mas parou
- Ele...? - o incentivei a continuar.
- Ele... É um Sulista.
Senti que meu corpo também ficou tenso e meu rosto pálido. Não pode ser... Aspen é uma pessoa tao boa... Meio difícil de acreditar que ele é um sulista.
- Co-como? - gaguejei sem acreditar na resposta dele.
- Isso mesmo que você ouviu, agora você me entende o por quê, de eu querer te proteger e querer ver você longe da confeitaria né?
- Sim...
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