Seis de maio, esse foi o dia em que Jungkook o conheceu. Havia acabado de sair de sua casa de onde fora expulso após sua irmã o pegar com o marido dela. Sim, os dois haviam transado, não sabia ao certo o que tinha levado a fazer aquilo naquela época… Talvez às cervejas a mais, ou apenas o clima. No fim, tinha transado com seu cunhado e sido expulso da casa onde viveu a vida inteira.
Tudo o que seus pais fizeram foi abraçar sua irmã que parecia inconsolável e, por mais que não fossem irmãos que se davam bem, vê-la daquela forma lamentável só serviu para preenchê-lo com a tamanha culpa. Ainda se lembrava de Ji Oh — seu cunhado — ajoelhado no chão implorando por perdão onde dizia que fora Jungkook quem o seduziu.
Lembra-se muito bem também de que foi muito difícil encontrar algum emprego quando finalmente se deu conta do que sua vida iria se tornar dali em diante. Não tinha faculdade nenhuma e muito menos experiência em trabalhar; esse foi o maior empecilho. Sua família sempre fez questão de que não precisasse de algo assim, a não ser que fosse uma carreira de lucro, ou melhor, nome.
Jungkook estava muito bem posicionado dentro da sua família, sua função? Cuidar da avó arrogante que só fazia lhe comparar com uma das irmãs. Ela era melhor em tudo. Ponto. Não havia mais argumentos.
Ah, foi tão bom quando — praticamente por sorte — entrou em uma loja de roupas de grife, que na verdade era um atelier, e bem no dia em que estavam fazendo entrevistas. Ainda se lembrava de Kim Taehyung, o funcionário que o atendeu e chegou olhá-lo de cima a baixo, desde o início estava claro que pouco entendia de moda.
Fora o último a ser entrevistado, mas foi lá que o conheceu. Num ar sério que Jimin carregava, vestido em um terno de cores escuras com uma gravata clara; os cabelos muito bem penteados, com a franja dividida ao meio. Oh, nunca irá esquecer a primeira vez que se deixou entorpecer com aquele perfume delicioso.
A entrevista ocorreu de forma instigante e predatória, Jungkook sentiu isso na pele a cada segundo que ficou de frente ao Park. Mal conseguiu dormir naquela noite, ainda sentindo seu perfume que parecia dançar perfeitamente com seu corpo.
Foi uma surpresa quando recebeu a notícia de que tinha sido aceito, ainda mais quando descobriu sua posição. Simplesmente o secretário de Park Jimin, o seu entrevistador e o CEO da empresa. Certo, ele não sabia na época quem era Jimin, mas com o tempo foi conhecendo seu chefe.
Jimin era uma pessoa exigente que gostava de suas coisas, e todos à sua volta, muito bem organizados. Tinha uma esposa, muitos amigos e contatos importantes; extremamente respeitado no mundo da moda. Ele garantia esse respeito. No começo foi tudo novidade, mas com o tempo, os dois foram ficando cada vez mais próximos. Jimin gostava de como Jungkook trabalhava e o moreno também gostava de como seu chefe era consigo.
O problema começou quando os dois passaram da relação patrão/empregado. Aquela linha invisível que deveria ser respeitada acima de tudo. O clima entre eles foi mudando, ficando cada vez melhor, mais quente. Foi isso que os levou até sua primeira noite juntos, depois do expediente, com Jungkook debruçado sobre a mesa bagunçada do Park, gemendo o nome dele até não aguentar mais.
Os corpos suados se chocando, Jungkook com a boca aberta soltando sons obscenos e desejosos. Aquela primeira vez deles fora maravilhosa e memorável. Cada toque, cada beijo… Jimin o fez conhecer o céu. Aquela cena se repetiu inúmeras vezes, não só no escritório como em outros lugares do atelier. Às vezes até na casa de seu chefe.
Quanto à esposa do mesmo, ela soube desde o início. Jimin sempre confiou nela para esconder algo assim, e, segundo ele, o casamento dos dois era só uma fachada. Mesmo que estivesse receoso sobre a possível traição, Jeon não conseguiu evitar cometer aquele pecado com seu chefe mais e mais vezes.
Tudo aquilo que estava acontecendo começou a confundir Jungkook, principalmente depois do primeiro “eu te amo” que Jimin lhe disse, depois de gozar dentro de si. Por mais que repetisse para si mesmo diversas vezes que, não devia se apaixonar, foi inevitável quando, Jimin confirmou que aquilo que dizia sobre seus sentimentos, não era da boca pra fora.
Os dois ingressaram em um relacionamento confuso, mesmo que o casamento do Park fosse fachada, tinha que continuar sendo por motivos de negócios e imagem. No entanto mesmo com todas as divergências, os dois estavam cada vez mais juntos e apaixonados, Jungkook passava suas folgas com Jimin, como se realmente fossem um casal assumido. Aquilo era sério, para os dois, ou pelo menos foi isso que pensou.
Fora há cerca de três semanas quando tudo desandou mesmo sem que Jungkook notasse, quando sua mãe pediu que fosse ao banco com ela, por que tinha algo lá que os dois teriam de fazer juntos. Ao chegar, estranhou por ser um banco onde sua família nunca tinha sequer feito uma conta, mas deixou aquilo de lado dado ao fato de que sua progenitora poderia trocar de banco quando bem quisesse.
Quando a mesma chegou, lhe trouxe uma novidade, ela havia ganho uma herança atrasada de seu falecido avô, sua avó quis que tudo fosse direto para a única filha que era quem cuidava dela. Jungkook estranhou, por que mesmo não conhecendo seu avô por ele ter sido divorciado de sua avó mesmo antes de nascer, também — pelo pouco que sabia — não era um homem que pudesse deixar quaisquer heranças a não ser por contas.
— Ele tinha alguns hectares de terra e três lojas, nem mesmo nós sabíamos disso, papai nunca me falou — foi que sua mãe disse quando questionou sobre. — Ele morreu faz dois anos, você não sabe por que não tem conhecimento nessa área, mas essas coisas costumam demorar por volta disso mesmo para se resolver.
Jeon olhou nos olhos de sua mãe e disse que entendia do que ela estava falando, por fim a mulher conseguiu convencê-lo de fazer uma conta conjunta com ela por que não queria fazer um solo e tinha medo de que suas filhas usassem o dinheiro caso fizesse com elas. Jungkook não questionou sobre, ele conhecia a família que tinha e sua mãe não estava de todo errada.
Todavia, com o tempo ele teve de ficar fazendo transações que sua mãe sempre pedia e dizia estar sem tempo, mas Jeon se iludiu pensando que se fizesse aquilo sua amada mãe o perdoaria pelos erros que cometeu. Ledo engano. No fim das contas, era o único e mexer naquela conta, não questionava sobre as contas que sua mãe pedia a transferência de dinheiro, apenas fazia, a última vez fora a dois dias onde fez uma última transação no valor de duzentos mil dólares. Ainda não acreditava que seu avô havia escondido tanto dinheiro.
Agora Jungkook estava com a cabeça distante de tudo isso, sua felicidade era tamanha demais. Desde antes de sua mãe voltar a falar consigo, vinha se sentindo estranho e finalmente tinha o motivo em mãos. Se condenou, por um tempo, por não ter notado aquilo antes, mas agora só sabia sorrir e sorrir.
Estava grávido.
Sempre quis ser pai e sabia que Jimin também, então o papel que trazia consigo — comprovando sua gravidez — seria como um presente dos sonhos para os dois. Já sabia que Park o esperava, pois recebeu o chamado a partir de Taehyung assim que entrou.
Mas seu sorriso sumiu quando entrou na sala de Jimin e avistou sua mãe, sua irmã, seu cunhado e Jimin sentado. O que faziam ali?
Respirou fundo e se conteve em perguntar, Park não olhava para ele e sim para algo que passava na tela de seu computador. Havia várias fotografias espalhadas em sua mesa também, mas isso não foi o mais preocupante; o que fez Jungkook sentir um aperto ruim no peito fora a forma como Park Jimin o olhou logo em seguida.
— Onde estava? — ele perguntou, sua voz era seca, sua fala, rude.
— Fui buscar algo num laboratório de exames aqui perto, achei não fosse problema! — justificou. — O que fazem aqui? — perguntou sem mais aguentar.
— Sinto muito Jungkook, você é meu filho, eu te amo, acredite quando digo que fiz isso para seu próprio bem — algumas lágrimas começaram a escorrer pelos olhos de sua mãe. Jungkook estava completamente perdido em toda aquela confusão.
— Me deixem sozinho com ele.
E todos saíram, sua mãe ainda tocou em seu ombro e sussurrou que tudo iria ficar bem.
— Jimin, o que houve? — Jeon se aproximou dele quando todos já havia saído dali.
— Ainda pergunta? — ele riu, parecia magoado. Traído.
— Eu não entendo… — Jeon resmungou consigo mesmo, mas foi audível para Jimin bufar e ficar impaciente.
— Eu disse que te amava — Jimin começou —, tantas e tantas vezes…
— Eu também te amo!
— Me ama Jungkook? — riu de novo — Ou ama meu dinheiro?
— Do que está falando Jimin? Que papo estranho é esse?
— Sua mãe veio até mim, ela veio me contar a verdade e pedir misericórdia para o filho mais novo — continuou, sem olhar para mim. —; é uma boa mulher, e mãe. Devo reconhecer.
— Do que está falando, droga, Jimin!
Então Park lhe entendeu uma pasta em sua mesa, e Jeon a pegou rápido, começando a ler tudo o que tinha lá; página por página. Aos poucos fora se sentando, quando viu que se tratava de uma investigação de algum detetive particular. A empresa da mulher de Jimin — umas das patrocinadoras que mais investia ali — e até mesmo a empresa de seu amado, estavam perdendo dinheiro. Muito, e aos poucos. Como se alguém estivesse desviando dinheiro. Ficou preocupado que tivessem alguém assim lá. Foi quando seu nome começou a aparecer várias vezes, e então reconheceu o nome do banco onde sua mãe abriu conta. Tinha uma fotografia sua lá, ao lado de sua mãe, uma imagem de câmera na verdade.
E mais, e mais.
Jungkook tinha os olhos arregalados quando viu os valores e reconheceu eles, só via a cópia de documentos de transferências com sua assinatura. Ele já havia entendido o que estava acontecendo ali. Era tão nítido que seu estômago embrulhava. Tão…
— Jimin — o chamou quando o desespero bateu à sua porta —, isso, não está certo, eu nunca faria isso, você sabe, me conhece!
— Eu também não quis acreditar nisso quando sua mãe procurou minha esposa, até mesmo Lia me recomendou que investigasse antes de tomar decisões precipitadas. — ela tirou os óculos e massageou as pálpebras. — Eu fiz isso, te dei um voto de confiança por que fui tolo o suficiente para te amar a ponto de querer que tudo fosse mentira. Mas então vi os históricos em seu computador daqui da empresa, está tudo lá Jeon, as transações.
— Impossível! — Jungkook gritou sentiu a boca amargar.
— Eu disse isso também, tantas e tantas vezes…
— Jimin eu não sou esse tipo de pessoa, nunca faria nada isso com você, com ninguém!
— Está tudo aí, apenas pare de negar, existem fotos, vídeos e documentos de você no banco, Jungkook. Seu computador te entrega e o único que sabia sua senha era só você, pelo menos até iniciar a investigação! — Jimin o condenou.
— Por favor, acredite em mim! — Jungkook sentiu os olhos arderem. — Mãe! — Chamou e na mesma hora a mulher abriu a porta, Jungkook correu até ela. — Diz pra ele, diz que foi você que abriu aquela conta. Diz da herança do vovô!
— Eu não vou mentir meu filho, não mais!
— Não — Jungkook sussurrou, sentiu algo arder dentro de si, era o peso de ser traído. Sua própria mãe. — Jimin — se virou para ele de novo e desviou na mesa se aproximando ainda mais do homem. —, amor, olha pra mim! — segurou em seu rosto — Sou eu, nunca o trairia dessa forma, eu te amo, vamos ter um filho juntos, eu te amo!
Pensou que se desse a notícia do bebê, Park poderia escolher se acalmar para estudar a situação melhor, mas ele sequer pareceu surpreso com a notícia.
— Eu me pergunto o que é pior, você me roubar, ou transar com seu cunhado e engravidar dele.
Jungkook se afastou.
— Como? Não! — protestou — Eu realmente fiz isso, eu dormi com ele, mas foi bem antes de entrar nessa empresa!
— Não é o que ele diz, seu amante, até mesmo sabia que estava grávido, me poupe Jungkook!
— Isso é mentira!
— Filho, por favor, apenas deixe de mentir assim para o coitado do homem, ele não merece isso! — sua mãe segurou em seus ombros, mas Jeon se desvencilhou dela.
— Por que está fazendo isso? — questionou-a aos gritos.
— Por que eu quero o seu bem, poderia ser preso por isso, mas o senhor Park vão ser bom, e não vai prendê-lo.
— Não, não, não! — voltou-se outra vez para Jimin que estava de costas. — Amor, me escuta, esse filho é seu, eu não sei como ele sabia disso antes de você, mas eu te amo e é nosso filho que estou carregando aqui!
— Chega! — Jimin gritou e se virou.
Jungkook sentiu-se horrível, Jimin estava chorando.
— Apenas saía da minha vida, você, o filho que vai ter com seu cunhado, apenas sumam todos vocês da minha vida! Eu confiei em você Jungkook, eu te amei e você me roubou, me apunhalou pelas costas e me fez de idiota.
Eu não tinha feito nada daquilo.
— Taehyung — Jimin falou ao apertar o número cinco no telefone —, mande os seguranças subirem.
E quando eles chegaram, Jungkook não disse nada enquanto pegavam em seus braços o conduzindo para fora, com sua mãe ainda lá, abraçando Jimin e o consolando. Jungkook olhou para o exame da gravidez ainda em mãos e o apertou.
Suas mãos doeram, assim como seu coração.
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