Kile Woodwork
22 de fevereiro de 2018, Nova Iorque
=^^=
– O que você vai fazer amanhã à noite? – Fox pergunta quando saímos para almoçar.
– Não sei ainda, mas com certeza envolve Eadlyn. – Ele riu.
– Claro. Então pode levá-la, mas você vai sair comigo. Vamos comemorar o meu aniversário!
– Boa! Você quer ir pra onde? – Nós entramos no refeitório e nos dirigimos para a nossa mesa de sempre.
– Vou reunir a galera numa boate, mas ainda vou confirmar o lugar. Depois eu falo.
Erick entrou no lugar e passou por nós, nos cumprimentando rapidamente. Agora faz três semanas desde que ele começou a trabalhar aqui e realmente o seu comportamento está condizente ao que ele me disse quando nos encontramos naquele fim de semana. Eadlyn não se queixou de ele tê-la procurado e ele está na dele comigo. Sem forçar uma amizade que não existe mais e sem me provocar também.
– Eu convidei ele. – Fox diz percebendo pra onde eu estou olhando.
– O que?
– Eu fui falar com os caras do setor dele, ele tava por perto. Ia ser meio chato.
– Cara, não ia. Vocês nem se conhecem!
– A gente já trocou uma ideia. E quem tem problemas com ele aqui é você. Todo mundo gosta dele!
– Que droga, agora não sei mais se eu quero levar a Eadlyn. – Fox não sabia todos os detalhes da história, mas o suficiente. Sabia que Erick e Eadlyn já tiveram um relacionamento.
– Você é um bobo! Vai perder uma noite com a sua garota por causa de um cara que nem faz diferença na vida de vocês? Vocês nem se falam direito. Não precisa interagir com ele só porque ele vai estar lá. – Eu pensei um pouco. Ele está certo. Não preciso evitar um ambiente com Eadlyn quando Erick estiver nele. E se ele não quiser nos ver juntos, é ele que vai se retirar.
– Você tem razão. Nós vamos!
– É isso aí! – Tocamos as mãos.
Aproveitamos a fila mais livre nesse momento e levantamos para pegar a nossa comida.
=^^=
Quando eu saí do trabalho, resolvi passar na revista para ver Eadlyn e falar sobre amanhã. Nem tenho certeza de que ela ainda está aqui, mas resolvo arriscar. Encontro Neena logo na recepção.
– E aí, Kile!
– Neena! A Margareth ainda tá aí?
– Tá sim, vem cá. – Eu a sigo. Passamos por um balcão. – Ele tá comigo, namorado da Eadlyn. – Ela diz pra moça, que só assente com a cabeça.
– Na verdade...
– Eu sei, vocês ainda insistem em dizer que não namoram. Vem cá, você tá esperando que ela faça o pedido? – Ela foi bem direta.
– Bom, não. Mas sem querer ser machista também, eu sei se a Eadlyn quiser ela vai fazer.
– É, mas embora ela saiba que ela poderia fazer, eu acho que ela espera uma atitude sua. Qual é, vocês ainda não tem certeza do que tão sentindo?
– Eu tenho!
– Então não perde tempo, seu bobo!
– Vou pensar no assunto. – Viramos em um corredor amplo e ela bateu rapidamente e abriu a porta.
– Visita para Margareth, tem alguma Margareth por aqui?
– Deixa ele entrar! – Eu podia saber que ela tava sorrindo só pelo tom de voz dela. Isso é louco? Neena me deu espaço.
– Se liga, hein! – Disse baixinho antes de se afastar.
– Oi! – Entrei na sala e fechei a porta. Percebi que era um laboratório de fotografia. Tinha um equipamento para revelar fotos e computadores.
– E aí? – Cheguei perto e lhe dei um beijo. – Tô atrapalhando? Pensei que você já fosse sair. – Já passava das 17hrs e ela ainda parecia concentrada no trabalho.
– Só preciso terminar de editar essa última foto. – Ela disse. Fiquei em pé atrás dela e comecei a mexer no seu cabelo enquanto observava ela realçar as cores da roupa chamativa e nada usual da modelo na tela.
– Tenho um convite pra amanhã. – Eu disse.
– Oba!
– É aniversário de um amigo lá do trabalho, Fox. Ele vai reunir a galera numa boate.
– Curti, faz tempo que eu não saio pra dançar. – Ela disse salvando as alterações.
– Terminou? – Perguntei.
– Sim! – Eu me abaixei ao seu lado e a beijei com intensidade. Ela levantou da cadeira com cuidado e me puxou, colando nossos corpos. Alguém abriu a porta e nos soltamos.
– Temos câmeras de segurança nesse laboratório, você esqueceu, Margareth? – Neena disse.
– Obrigada por sempre zelar pela nossa privacidade. – Respondi.
– Vamos pra casa? Quer dizer, eu posso ir pra casa? Porque vocês obviamente vão sair juntos. – Ela perguntou.
– Na verdade, eu tenho umas coisas pra fazer hoje, tenho que ir pra casa. Só passei pra falar com você de amanhã e aproveitar pra ganhar uns beijos. – Eu disse pra Eadlyn. Ela sorriu e me deu um beijo na bochecha.
– Tudo bem. – Olhei pra Neena que esperava na porta nós termos alguma atitude para sair dali. Eady começou a desligar o computador. – Kile, seu amigo Fox é solteiro? – Perguntou.
– É.
– Hetero?
– É.
– Neena pode ir? – Perguntou e a amiga a olhou confusa.
– Que? – Neena praticamente gritou.
– Claro que pode! – Respondi.
– Então nós vamos! – Eady disse.
– Alguém me explica? – Neena continuava sem entender e eu comecei a explicar enquanto Eadlyn pegou suas coisas e saímos de lá. Eu as levei em casa e fomos caminhando e falando sobre a nossa noite de sexta.
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23 de fevereiro de 2018, Nova Iorque
=^^=
No dia seguinte, pontualmente às 21hrs, estou parado na porta do apartamento de Eadlyn tentando pensar rápido se eu devo dizer que Erick estará lá, ou não. Eu deveria ter dito desde ontem, mas eu não queria correr o risco de ela recusar. Uma porta se abre atrás de mim e eu me viro. Neena sai de casa toda produzida. Ela está muito bonita.
– Não vai entrar, não? – Pergunta me olhando se cima à baixo. Eu sempre me sinto avaliado pelas minhas roupas agora que eu ando com essa turma da moda. Não posso dizer que já estou completamente seguro com as minhas próprias combinações.
– Eu ia bater agora. – Respondo simplesmente.
– Quem precisa bater? – Eu me afasto e ela passa e abre a porta. – Eady? Tá pronta?
– Só vou colocar a roupa. – Ela saiu daquele closet/escritório onde tinha me vestido quando fomos a festa da revista. Ficou parada no lugar quando me viu com sua amiga. Ela estava maquiada, com os cabelos em ondas grossas e de saltos. Mas, um robe aberto revelava sua lingerie enquanto ela segurava dois cabides com vestidos.
– Oi! – Ela disse sem graça colocando um dos cabides na frente para se cobrir, mas era tarde demais. Eu tenho certeza de que já estava com o meu melhor sorriso malicioso no rosto.
– Boa noite! – Eu disse enfatizando o “boa".
– Não esqueçam que eu estou aqui, por favor. – Neena disse e bateu sua bolsa em mim. Eady riu. Oceania apareceu saindo do closet e andou preguiçosamente até mim, se enroscando nas minhas pernas.
– Então, vestido vermelho ou prateado? – Ela pergunta.
– Prateado! – Neena diz.
– Vermelho! – Eu digo ao mesmo tempo.
– Vermelho. – Eady concorda comigo sorrindo e volta pro closet.
– O prateado é mais descolado pra uma baladinha. – Neena grita, rolando os olhos.
– O vermelho é mais sexy. Ela fica linda de vermelho. – Eu disse só pra ela, baixinho. Ela olhou melhor pra mim.
– Eu gosto cada vez mais de você, Woodwork. Aquela pessoa desagradável anterior na vida dela nunca iria deixar ela sair assim.
Fiquei desconfortável lembrando que a pessoa em questão a veria assim hoje.
– Pronto, podemos ir. – Erick e qualquer outra coisa que estava na minha cabeça sumiram quando eu a vi.
– Maravilhosa! – Eu disse e ela veio me dar um beijo.
– Vamos lá. – Pegou a bolsa e se despediu da gatinha. Nós três saímos do apartamento.
=^^=
Quando chegamos no local indicado por Fox, entrei com as garotas e demorei um pouco para achá-lo, mas finalmente nos encontramos.
Apresentei Eadlyn e Neena pra ele e o chamei para nos falarmos enquanto as garotas foram pegar bebidas.
– O Erick ainda não chegou? – Perguntei.
– Não, mas ele vem. Já avisou que tá atrasado mesmo.
– Espero que não dê problema.
– Eu falei com ele, cara. Ele tá avisado sobre se meter com vocês. É meu aniversário e essa história não tem nada a ver. – Ele disse, virando um copo. Eu acho que ele já está começando a ficar chapado.
– Valeu. As meninas tão voltando, muda de assunto.
– Tranquiliza a Eadlyn. – Ele dá de ombros.
– Ela não sabe. – Respondo e ele me olha de um jeito repreensivo.
– E aí? – Margareth me passa um copo.
– Obrigado! – Ela passa uma mão ao redor do meu corpo e eu faço o mesmo com ela.
– Então, Neena, né? Segurar vela é horrível, você não quer chegar ali comigo, vamos conhecer o resto do pessoal... – Fox disse, oferecendo a mão pra ela. Eu e Eady rimos.
– Pode crer, vamos lá. – Ela aceitou e piscou pra gente, rindo enquanto saía com ele.
Eadlyn se virou e me beijou assim que pôde. O primeiro grande beijo da noite. Tento tirar imagens dela de lingerie da minha cabeça enquanto sua mão livre passeia pelo meu corpo, ou ficarei numa situação complicada.
Quando nos afastamos, olho de relance para atrás de Eadlyn e Erick está de longe nos observando. Volto a olhar pra Eadlyn e abro um sorriso, torcendo para ela não ter percebido a falha de um segundo na minha expressão. A beijo de novo, para impedi-la de olhar pra trás. Durante o nosso momento abro os olhos e vejo que ele não está mais lá. Eu a solto.
– Vamos dançar?
– Agora? Eu nem conheci todo mundo ainda.
– Depois eu te apresento, a maioria ainda nem chegou. – Digo, pegando nossas bebidas e colocando na mesa mais próxima. Ela olha para onde Fox está com Neena.
– Neena está bem acompanhada... – Comenta.
– O Fox é ótimo, eu acho que eles vão se adorar. – Eu digo e a puxo para a pista de dança.
Eu já tive a minha época de festeiro, mas nos últimos tempos, a coisa mais difícil no mundo seria me ver em uma boate numa sexta-feira à noite. Até que apareceu a Eadlyn.
Com ela eu tenho vontade de tudo de novo. De reviver aqueles tempos. De dançar mesmo sem saber, mas me divertindo. De beber sem me preocupar. A única diferença é que eu não queria as garotas do lugar brigando por mim.
Eu queria Eadlyn.
Só ela.
A frequência da música invade nossos corpos. Olho pra ela, dançando à minha frente, tão linda, e nem acredito que é a mesma garota do aeroporto, de semanas atrás.
“Você tá esperando que ela faça o pedido?”
Lembro das palavras de Neena. Eu quero pedi-la em namoro. Sem mais tempo, sem mais espera.
Eu envolvo meus braços nela, por trás. Ponho uma mão em sua cintura e tiro seus cabelos do seu pescoço. Deixo um beijo ali.
– Eadlyn Margareth... – Falo perto do seu ouvido, mas ela se afasta abruptamente e se vira pra mim. – O que foi?
– Erick está aqui. – Olho na direção em que ela estava olhando e ele está lá, com uma taça na mão, nos olhando como um psicopata.
– Calma. Ele não vai fazer nada. – Eu ponho a mão em seu rosto e beijo sua testa. Ela me abraça. Erick sai de novo do nosso campo de visão.
– Você não parece surpreso. – Ela comenta.
– Eu sabia. – Confesso, torcendo pra ela não ficar com raiva. – Fox convidou o pessoal do trabalho, isso inclui ele agora.
– Mesmo assim, quis me trazer? – Ela se solta e olha pra mim. Ainda não sei dizer se vamos acabar essa conversa bem ou ela vai sair irritada.
– Não iria ser a mesma coisa sem você. E também, a gente não pode deixar de se divertir por causa do Erick, se ele provavelmente vai tá sempre por perto agora. Ele não vai fazer nada, tem cumprido o que disse.
– Tomara. – Ela disse e eu a beijei de novo. Não é mais a melhor hora para um pedido de namoro. Graças a Erick, de novo.
Olhei para onde Fox estava com Neena e Erick estava falando com eles agora. A cara dela não era das melhores.
– Ela nunca o tinha conhecido pessoalmente, até agora. – Eadlyn disse.
– Vamos até lá? Tenho a impressão de que ela pode bater nele a qualquer segundo.
– Diga a eles que eu estou chamando-a, não quero me aproximar e ter que falar com Erick, vou ficar aqui.
– Ok. – Eu dei um beijo rápido nela e fui até lá. Fox e Erick estavam rindo de alguma coisa, enquanto Neena bebericava um drink, emburrada.
– Com licença, Neena, Eadlyn está te chamando para dar uma volta no lugar.
– Ótimo, a companhia aqui já não está mais das melhores. – Ela disse e levantou, saindo. Era a cara dela ser tão debochada, e vibrei um pouco com isso.
– Erick. – Eu o cumprimentei e estendi a mão. Ele demorou um segundo de propósito para apertar.
– Kile. Com licença, eu preciso de outra bebida. – Disse e se retirou.
– Nossa, essa amiga da Eadlyn soube fazer o clima pesar. – Fox disse.
– Eu tenho certeza que o clima pesado tem mais a ver comigo. Neena só é sincera demais.
– Gostei dela.
– Sabia que iria. Mas tenha cuidado com as suas intenções, não é qualquer garota que você conheceu aqui hoje, é alguém com quem eu estou convivendo sempre, não é pra ela me odiar por sua causa.
– Tranquilo Woodwork. Não é o único que sabe como tratar uma mulher. E agora preciso achá-la de novo por causa do seu amigo Erick. – Ele diz e dou risada da ironia.
– Vamos lá, também quero achar Eadlyn.
Caminhamos pelo lugar que ficava cada vez mais lotado de pessoas. Olhei para o bar e vi o vestido preto brilhante de Neena. Acenei para Fox e fomos andando até lá.
– E aí? Espero que queira a minha companhia agora. – Fox disse.
– Bem melhor só vocês dois.
– Cadê a Eadlyn? – Perguntei.
– Foi ao banheiro, aliás ela tá demorando. – Ela respondeu. Pensei no que Erick disse sobre pegar outra bebida e percebi que ele deveria estar aqui, mas não havia nem sinal dele.
– Droga! – Eu disse, ficando nervoso.
– Que foi?
– Erick sumiu também, ele disse que viria ao bar, mas não está aqui. Não deveria ter deixado ela sozinha! – Falei rápido e comecei a andar para onde as placas apontavam os banheiros.
Passei pela porta que dava para uma varanda lateral.
– Onde ficam os banheiros? – Perguntei a um cara. Ele apontou um corredor no final da varanda. – Valeu.
Andei devagar até lá. Tinham algumas pessoas aqui fora, mas o clima estava calmo, bem diferente da festa lá dentro. A maioria eram casais aproveitando um tipo estranho de privacidade.
– Por favor, Eadlyn. Até hoje, você nunca me deixou nem falar direito com você. – A voz de Erick me deixou parado no lugar. De onde eu estava, conseguia ver os dois no corredor, mas seria difícil que me notassem.
– Porque não tem nada pra falar! – Ela rebateu.
– Deixa de birra, eu não quero fazer nada contra você. Até o Kile já me ouviu. – Ela ficou quieta um instante.
– Tudo bem. Tem dois minutos, e depois vai me deixar voltar e não vai mais me tirar a paz enquanto estivermos no mesmo ambiente.
– Ok. Eadlyn, eu queria te pedir perdão. Mesmo sabendo que eu errei muito com você e, mesmo que você não me perdoe, eu quero ter tentado. Quero lembrar desse momento em que eu reconheci que eu nunca deveria ter te tratado da forma que eu tratei. E quero que você saiba que eu só percebi o valor que você teve pra mim quando eu te perdi. – Ele disse.
– Típico. Porque homens como você nunca acham que vão perder.
– Você também foi muito dura comigo. Tudo o que você fez, você tem noção de que quase acabou com minha carreira? Achei que nunca mais conseguiria um emprego, em Los Angeles ou em qualquer lugar.
– Eu fiz o que fiz e você ainda continuou no meu pé, me perseguindo loucamente, imagina se eu tivesse só tentado terminar com você como todo mundo faz. Você não teria deixado, a única coisa que faltou foi você me bater, Erick. Você é doente. E eu te desprezo.
– Me perdoa. – Ele insistiu mais uma vez e passou a mão no rosto. Não posso acreditar que ele está chorando. – Eu reconheço que eu tava fora de mim mesmo. Eu nunca fui daquele jeito antes de você entrar na minha vida. Eu mudei, e fiquei louco por sua causa e toda aquela situação. Mas agora eu mudei de novo porque você saiu. Eu tô fazendo terapia, sabia?
– Não. Tem muita coisa que eu não sei. Se isso é verdade, inclusive. – Ela disse.
– Olha, você tem todo o direito de me odiar assim. De não acreditar e não me perdoar. Mas, você deveria pensar em dar uma chance pro que você tá vendo. Eu vim pra Nova Iorque. Confesso que eu tinha a intenção de vir atrás de você, tentar ter você de novo. Mas então eu te vi com o Kile. E eu soube que nada do que eu fizesse iria recuperar a chance que eu tive com você. Agora é a chance dele. Então eu deixei vocês. Toda vez que eu vejo vocês juntos, eu me sinto mal porque, você ainda poderia estar nos meus braços daquele jeito. Usando seus vestidos curtos. Dançando e bebendo como se ninguém estivesse olhando, como na noite em que nos conhecemos. – Eu respirei fundo e me segurei para não aparecer e atrapalhá-los agora.
– Chega. Essa conversa não vai levar a nada. Você quis falar, eu ouvi. Eu... preciso dizer que eu fiquei surpresa com a sua atitude. Eu agradeço o seu respeito em se manter longe desde que voltou, cumprindo sua palavra ao Kile. Eu vou pensar sobre te perdoar. Sinto que preciso fazer isso mais por mim do que por você, mas... Você precisa estar pronto para ouvir esse perdão como um esquecimento do que passou. Não como um consentimento pra voltar à minha vida de alguma forma. – Eadlyn tentou encerrar.
– Nós ficamos quatro meses juntos. Tem que ter algo em mim que você gostava. Pense que agora eu posso ser somente esse cara. Sem todo o resto que te feriu. – Quando ele disse isso, eu não me aguentei mais. Saí de onde estava e os dois se endireitaram com o meu movimento. Erick se virou e me viu.
– Neena estava preocupada porquê você demorou, vim ver se tinha acontecido alguma coisa. – Eu disse, olhando para Eadlyn. Eu não tinha percebido de onde estava, mas agora, olhando pra ela melhor, ela parece ter chorado.
– Nós só estamos conversando. – Erick disse.
– Estou vendo. – Eu disse. Não queria que Eadlyn achasse que eu estava sendo ciumento, mas não sei se ainda posso evitar isso.
– Já acabamos. Vamos voltar. – Ela veio pra perto de mim. – Licença, Erick. – Disse e agarrou meu braço.
Começamos a andar apressados pela varanda e quando entramos a área da boate de novo, ela me puxou para um canto onde conseguíamos falar sem gritar um com o outro pelo barulho.
– Você tá bem? – Perguntei.
– Obrigada! – Ela disse, simplesmente.
– Pelo que?
– Eu vi que você tava lá. Erick estava de costas para você, mas eu estava praticamente de frente. O vi desde que você chegou.
– Me desculpa. Realmente fui atrás de você porque Neena disse que estava demorando, quando eu vi que Erick tinha sumido também achei que ele pudesse estar importunando você. Quando eu cheguei e vi vocês conversando não quis atrapalhar.
– Tudo bem. Obrigada por ter me deixado ouvi-lo. Achei que você pudesse surtar e bater nele quando chegou. – Ela disse.
– Passamos dessa fase. – Ela me deu um abraço. Caminhamos pelo lugar em direção a pista de dança. – Quer beber mais? – Perguntei.
– Quero. Faz tempo que eu não saio pra me divertir assim. Quero ficar muito bêbada hoje. – Ela disse voltando a sorrir como se tivesse magicamente esquecido dos últimos minutos.
– Ok. E eu vou me manter sóbrio pra cuidar de você, porque pelo visto a Neena pode não voltar pra casa com a gente. – Apontei para Neena e Hale que estavam dando o maior beijo.
– Eles se deram bem, né? Eu estaria com inveja se o cara mais gato do lugar não tivesse comigo. – Ela disse colocando os braços em volta do meu pescoço e me beijou. – Ei...
– O que?
– Se eu quiser te agarrar no final da noite, me impede?
– Como é? – Não acho que seria humanamente possível.
– Eu vou estar bêbada. Não quero transar com você assim, porque eu não vou me lembrar e odiaria não ter na memória o momento em que eu te vi pelado pela primeira vez. – Ela explicou e eu tentei prender o riso.
– Tomara que você não tente me agarrar, então.
– Kile...
– Tudo bem. Eu vou te levar em casa e te colocar na cama. Prometo que vai ser só isso por enquanto.
– Por enquanto?
– Quando você estiver sóbria e entre quatro paredes comigo de novo, não vou mais te dar a chance de perder a oportunidade, como na noite da cozinha. – Eu disse próximo ao ouvido dela.
– Vamos parar com essa conversa. Preciso de álcool. – Ela disse se afastando e caminhamos pro bar, rindo.
Nós pegamos novos drinks. Bebi apenas mais um pouco e nos divertimos dançando juntos. Neena e Fox se juntaram a nós, e aos pouco, os caras do trabalho foram chegando também. Nem parece que há aqui mais pessoas que nós não conhecemos.
Até Erick depois de um tempo se soltou e agimos como se nada tenha estado errado um dia. Ele e Eadlyn dançaram juntos e se falaram mais um pouco enquanto eu os observava na pista de dança.
Não consegui ouvi o que disseram dessa vez, o que eu lamento, porque pelo estado dela, duvido que ela se lembre.
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