Hey, Johfam!
Este foi um ano intenso, não? Bem, eu posso falar muito sobre isso, já que estivemos juntos por todo esse tempo. Há um ano, eu e vocês ficamos unidos, andando por aí, arranjando confusão e adquirindo informações acumuladas e inúteis!
Pois é, eu ouvi vocês. Sempre ouvi!
Então, abri uma enquete no Twitter para escolher a minha parceria para a minha viagem: meu colega vlogger Chittaphon, meu amigo Jaehyun ou meu melhor amigo... e quem ganhou foi...
...oh, Mark! Okay, vou ligar para ele mais tarde e começaremos nossa aventura em Nova York.
Até mais, Johfam!
• • •
A cada vez que desligo a câmera, eu me pergunto como eu cheguei aqui. Chittaphon diz que é por eu falar em inglês e ser "exótico" — não que eu entenda seus adjetivos —, enquanto Mark fala que sou simpático demais. Ao certo, não sei, mas tenho muitos fãs ao redor do mundo e, quando acordo de manhã, esqueço disso e quando lembro, eu me assusto. Literalmente.
Sou John Suh, ou Johnny — como prefiro ser chamado — me tornei vlogger em meu canal JCC: Johnny's Communication Center, Onde viralizei com vídeos como "A Cup of Coffee" com meus amigos na Tailândia e vários outros, nos quais as pessoas gostavam do meu quadro bizarro "Johnny's Fashion Evaluation". E através desses vídeos, eles conheceram minha família e minha casa em Chicago e também pessoas próximas de mim, como Mark Lee, que é meu melhor amigo canadense e Jung Jaehyun, que é meu... bem... rolo romântico. Apesar dos fãs shipparem, eles não sabem que tínhamos algo por trás das câmeras, mas me surpreendeu eles terem escolhido o Mark para esta trip para Nova York.
Io— Eu me lembro que você me disse uma vez que seu sonho era pedir alguém em namoro no Central Park! — Mark me falou aos risos, enquanto voavamos para a América.
— E você disse que era brega!
— Dude, a gente vive na Coréia! — ele me rebateu revoltado, mas todo humorado. — Tem muitos lugares melhores para se fazer isso lá. Principalmente porque seu crush vive lá!
— Mark, você é um ogro!
— Um dia você irá me agradecer!
•••
Minha amizade com Mark Lee é estranha. Sempre foi. Nos conhecemos naquelas comunidades isoladas de grupos de Facebook, onde vários descendentes de asiáticos vindos da América trocavam informações sobre seus países de destino. Eu e ele chegamos a Coréia quase que juntos, então, foi fácil pegar amizade com o pirralho e, consequentemente, a família dele me deu a responsabilidade de cuidar dele por aqui.
Não foi fácil. A amizade foi construída tijolinho a tijolinho por anos!
— Ei, Johfam, estou aqui em New York City, comemorando nosso primeiro ano juntos ao lado dele... o escolhido pela nação Johfam...
Mark tentou aparecer, mas o cobri propositalmente com meu ombro.
— Dude, eu não tô aparecendo! — ele reclamou, dando sua risada esquisita.
Foquei a camera nele e juntos, passamos a caminhar.
— Não é qualquer pessoa que aceita viajar para outra cidade em outro continente por causa de uma enquete no Twitter, para andar às 4 da tarde nesse frio! — ele tagarelou, com a voz falhando no meio do discurso. — Estou fazendo isso porque vocês gostam do Johnny!
— E você também não gosta!?
— Hell, no! — ele respondeu risonho. — Mas confesso que é um pouco romântico. Tirando essa coisa do frio e da enquete do Twitter!
— Não desmereça meus fãs! — apertei ele pelos ombros, apoiando meu braço nele para seguirmos juntos. — Um dia frio. Sabe o que me lembra?
— Café!
— Você é um gênio!
— Você não é você sem café! — olhou para a camera, com uma convicção que me fazia sorrir. — Esse cara vai morrer intoxicado por cafeína. Sugiro que comecem uma hashtag viral para salvar ele!
— Não deixe meus fãs assustados! — bati em seu ombro.
Caminhamos mais um pouco, enquanto eu gravava o caminho, até chegarmos numa grade que separava a rua de um rio. Do outro lado, podíamos ver Manhattan.
Mark observava a linha do horizonte concentrado, isso rendeu várias fotos espontâneas nas quais ele não saberia que tirei.
— Sabe, Johnny, eu acho que o Jaehyun caberia muito bem nesse conceito! — Mark puxou assunto comigo. — Ele combina com paisagem, caminhada, essas coisas... tipo o último vídeo com você fazendo o que mais gosta!
— Café!
— Isso mesmo! — disse exaltado. — Eu sou o cara do humor, talvez isso aqui seja especial demais pra mim, sabe?
— Não precisa se diminuir! — digo sorrindo. — Meus fãs tinham algum ponto ao escolher você. Eles gostam de você!
— Mas Jaehyun é seu shipp. Não vê o tanto de fanfic? E com o Ten!? Nem se fala!
— Eu só tenho química com todo mundo porque sou legal!
— A própria fada do amor próprio!
— Deveria acreditar mais em si mesmo, Mark! — o olho nos olhos, assim, ligo a câmera e foco nele. — Estamos indo para 2020. Amo que vem você faz 21 e isso quer dizer que definitivamente você se tornará um adulto. Mark Lee, quais são suas ambições para a próxima década?
Ele suspirou, largando um grunhido antes de dar uma risadinha. Esse era o Mark que não suportava coisas tão sérias, pois sempre ficava com vergonha. Demorou a responder, arrumando a touca ou esfregando as mãos.
— Acho que maturar. Não digo no sentido de amadurecimento geral, eu falo sobre pensar em tudo o que fiz e o que irei fazer... acho que essa coisa de me tornar adulto por idade me deixou louco, entende? Eu quero fazer algo diferente, pensar diferente... e você, Johnny?
Ele tomou a câmera de minha mão, virando-a para mim.
— Bem... acho que eu posso dizer que 2019 foi um ano incrível. Eu não esperava crescer tanto no sentido de popularidade e também mentalmente e espiritualmente, se é que posso falar exatamente essa palavra. Mas, existem coisas pessoais que eu preciso lutar... acho que preciso ser um pouco mais corajoso. Quando pensei no canal, eu simplesmente disse que ia fazer e fiz, mas outras coisas bobas e algumas importantes, eu recuo ou sinto medo.
— Você é corajoso, John! — Mark me falou com um sorriso. — Tudo o que construiu e o que continua construindo já diz isso por você!
— Obrigado, Markie!
O abraço foi espontâneo. Até esqueci que estávamos gravando.
— Vai apagar isso no edit?
— Definitivamente, sim!
Rimos juntos.
•••
Encontramos um Food Plaza no meio do caminho, pois acabamos nos perdendo quando o dia virou noite. Por sorte, o interior era quente e podemos passar um tempo concentrados nas escolhas do cardápio.
Mark escolheu chocolate quente e eu o acompanhei.
— O seu primeiro projeto de coragem seria você se declarar logo para o Jaehyun, tipo, cara, seus fãs gostam de vocês dois juntos... vocês até que tem química! — ouvi atentamente, até ele ser interrompido pela atendente, que trouxe nossas bebidas. — É isso, deveria fazer isso aqui.
— Eu sei... — ri sem graça. — Mas não é ele quem está aqui!
Mark riu, então, busquei alguma reação diferente nele.
Um sinal.
— Eu chamei ele!
Meu coração faltou uma batidas.
— Quer dizer, ele queria viajar no fim de ano, então usei o Google para mostrar todas as atrações de Nova York até ele aceitar!
Eu não consegui falar.
— Ele está no Brooklyn! — continuou Mark, sem perceber que eu já estava fora de mim. Percebi que ele franziu a testa algumas vezes, também riu, mas se limitou a tomar o chocolate quente.
Eu ainda não podia falar.
O toque do celular dele quebrou o silêncio, então, se afastou.
Pude respirar, largar o nervoso dentro de meu peito ao ouvir o nome de Jung Jaehyun. Seria mais fácil se fosse há mais um tempo atrás, pelo menos antes de terminarmos o que não teve um começo, ao certo. Ele procurava por algo diferente — e talvez encontrou nesse meio tempo — e eu me limitei a voltar a gostar de uma pessoa que eu não sabia se gostava de mim, mas que via o melhor de mim em tudo e eu sentia que ele quem trazia esse meu melhor para fora.
Mark Lee voltou sorridente, sentando a meu lado. Sorri junto, mas não pude evitar de fechar totalmente a cara quando vi que ele puxou alguém do seu lado. Um rapaz mais velho que ele, bastante bonito, com o cabelo vermelho e longo amarrado e uma jaqueta estilosa.
— John, este é Yuta! — me apresentou.
Ele se curvou e eu estendi a mão, mas fui logo o abraçar.
— Ele é japonês e acabamos nos conhecendo quando eu estava pesquisando sobre Nova York! — continuou.
— Hey, Yuta. Como vai?
— Tudo bem, obrigado! — ele sorriu. Tinha um sorriso muito bonito, eu posso dizer. — Então, Mark, quer dar uma volta?
Os olhos dele encontraram o meu. Assenti e ele sorriu, me dando um abraço quente que eu não retribui.
E ele se foi.
O cara que eu gostava, de mãos dadas com outro.
Nova York, você poderia ter pego leve comigo esta noite!
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