O carro de Robin cheirava a floresta. De uma forma boa, é claro. Regina respirava aquele cheiro com vontade, afim de esquecer a vergonha que Graham havia feito ela passar.
Havia um silêncio confortável ali, mesmo que Robin quisesse ouvir a história por trás do relacionamento da professora de seu filho.
Robin entrou com o carro no estacionamento do condomínio, e ao desligar o automóvel, encarou a morena ao seu lado.
Os cabelos médios de Regina tampava metade de seu rosto, fazendo com o Robin suspirasse. Chamando a atenção da moça para si.
"Vamos subir?" O loiro perguntou e ela apenas assentiu, depois descendo do carro.
Eles subiram pelo elevador em silêncio ainda.
Ao pararem no andar deles, Robin fez questão de andar até o lado contrário de seu apartamento, acompanhando a morena.
"Obrigada." Regina forçou um sorriso. "Não sei como eu estaria agora se não fosse por você."
"Não precisa agradecer." Ele sorriu.
Regina olhou para os lados e voltou a encarar Robin.
"Você quer entrar? Eu sei que está tarde, mas eu posso fazer um café e comemos algo. Como agradecimento." Regina propôs.
Robin analisou a mulher.
Ela estava com medo de Graham aparecer ali, ele sabia disso. O homem sabia onde Regina morava e talvez não tivesse conhecimento que Robin morava no mesmo andar que ela, e poderia facilmente ir atrás da moça.
Roland provavelmente já estava dormindo e Robin não havia dito nenhum horário específico para Granny, então, ele aceitaria.
"Claro."
Regina soltou o ar que ela nem percebeu que segurava, e se virou para abrir a porta de seu apartamento.
Robin entrou tímido, observando o lugar devagar.
Ali, todos os apartamentos eram iguais, mas obviamente cada um tinha um toque especial de cada morador.
A sala dela era branca com diversos detalhes coloridos, com porta-retratos, quadros e um sofá que dava a volta pelo o cômodo.
"Vem, vou preparar nosso café." Regina puxou o braço do loiro, o guiando até a cozinha.
A cozinha dela e o outro cômodo eram divididos por um balcão. O lugar continuava com os mesmos toques da sala, porém - obviamente - com utensílios domésticos para a cozinha. Robin notara o mesmo corredor de sua casa, o qual ele acreditava que levava aos quartos e banheiro.
"Então.." Robin começou, enquanto assistia Regina preparar as coisas para fazer o café. "Como conheceu Graham?"
Regina o encarou.
"Se não quiser falar sobre ele, tudo bem." O loiro se sentou numa das cadeiras.
"Não tem problema. Acho que você merece saber, afinal, me livrou dele por hoje." Regina disse. "Bom, durante a faculdade eu costumava frequentar um café perto da Universidade e ele cursava administração no mesmo lugar, então, sempre estava naquele café." Regina dizia enquanto colocava o pó do café na água quente. "E um dia, cansada de só ficar trocando olhares com ele, eu resolvi me sentar na mesma mesa que ele. A partir daquele dia, nós nunca mais desgrudamos." Ela suspirou. "Porém, como nem tudo são flores, quando eu terminei a faculdade, ele já tinha acabado fazia um tempinho, então nossas rotinas já não batiam mais e ficar juntos estava mais complicado do que nunca. Nós terminamos por um tempo, mas continuamos amigos."
A morena prendeu o cabelo no topo da cabeça em um coque frouxo por não ter nada para amarrar, e passou a encarar o café que coava, para não ter que olhar para Robin.
"Quando já estávamos trabalhando e com círculo de amigos diferente, nos afastamos, o que me deixou bem chateada. Porém, ele voltou para a minha vida, e nós reatamos o relacionamento." Regina disse.
"Isso faz muito tempo?" Robin perguntou e ela negou.
"Faz uns 3 anos, eu acho." Ela deu de ombros. "Só que Graham estava diferente. Ele estava bruto, mais bravo e às vezes chegava na minha casa bêbado."
Robin se mexeu desconfortável na cadeira, cruzando os braços.
"Nós estávamos brigando muito, mas eu amava ele. Eu tinha que pelo menos tentar salvar nossa relação, entende?" Ela encarou Robin. "Mas ele não queria. Então, passamos os últimos anos apenas tendo algo casual." Regina colocou a jarra de café na mesa e pegou o pote bolachas de chocolate, colocando junto da bebida.
O loiro a encarava confuso.
"Não foi exatamente isso que eu ouvi dos seus amigos." Ele disse, se servindo.
Regina o olhou.
"E o que exatamente você ouviu deles?"
"Coisas ruins. Graham parece ser um filho da puta." Robin relaxou as costas na cadeira, bebericando o café.
A morena revirou os olhos.
"Ele nunca me bateu." Regina soltou. "Se foi isso que eles te disseram. Ninguém ali gosta de Graham." Ela se serviu, e se sentou na cadeira.
"Com razão, não? Apenas o fato dele fazer você sofrer já o torna um sem noção." Robin apoiou sua xícara na mesa.
Regina riu fraco.
"Eu amo ele." Ela disse baixo. "Mesmo que eu negue às vezes. Eu nunca senti nada por alguém igual eu sinto por ele."
Robin não respondeu. O que ele diria? O loiro sabia que havia um traço enorme de dependência emocional em Regina por Graham, e o relacionamento abusivo que obviamente existia, não parecia ser um empecilho para a morena.
"E eu já tive muitos namorados." Ela riu. "Mas, Graham.."
Robin parou de ouvi-lá.
Sua atenção estava presa na forma como os olhos de Regina parecia duas bolinhas de chocolate brilhantes, que ele sabia que poderia ficar observando eles para sempre. Ele teve certeza que eram os pares de olhos mais lindos que ele já vira em toda a sua vida.
Conforme Regina falava, seu cabelo dava sinais que iria se soltar do coque feito de mal jeito. E dito feito, quando Regina balançou a cabeça um pouco mais forte, seu cabelo se soltou. Robin provavelmente havia soltado um suspiro com a cena. Os cabelos pretos da moça tinha ondulações rebeldes, que temiam cair no rosto dela. Locksley sentiu vontade de tirar eles dali e beijar todo o rosto da moça, como se sua vida necessitasse daquilo.
Ah, o rosto de Regina. Tudo parecia muito bem harmonizado naturalmente. Seu nariz era meio arrebitado e em cima de seu lábio superior havia uma cicatriz curiosa.
"Como você fez essa cicatriz?" Robin perguntou de supetão.
Regina parou de falar confusa.
"O gato da minha mãe fez isso quando eu era criança." Ela explicou e ele assentiu.
"Combina com você." O loiro disse.
Regina, sem entender por que seu vizinho havia lhe interrompido para falar de sua cicatriz. Ela falava sobre como Graham era realmente um príncipe com ela no início do relacionamento e que não sabia como ele havia se tornado tão diferente.
Com medo de estar enjoando o homem, Regina levantou, pegando as xícaras já vazias e as colocando na pia.
"Desculpa te encher falando de Graham." Ela disse e ele se levantou.
"Não se preocupa. Você está apaixonada, não?" Regina assentiu. "Acho que ficamos um pouco obcecados quando estamos apaixonados. Sabe, querer observar a pessoa sem se cansar, falar dela, beijar ela.."
Regina sorriu de lado.
Inconscientemente, Robin se aproximou da moça.
Então, Regina notou o loiro.
Seus olhos eram azuis como o mar. Tão lindos quanto o oceanos, e Regina se perguntara como as íris do homem podiam ser tão perfeitas. Seus olhos transmitiam paz, mesmo que a noite não tivesse sido nada pacífica. Regina se sentiu bem apenas por lhe observar.
Robin tinha o mesmo cheiro que seu carro, até mais forte. Mills se viu puxando o ar com certa força, talvez para memorizar aquele cheiro que ela estava achando muito bom.
Os cabelos dele, que no início da noite estavam perfeitamente alinhados, naquele momento estavam totalmente bagunçados. Mas ainda assim, bonitos e agradáveis. Regina sentiu vontade de sentir como seria passar seus dedos pelos fios de Robin, que pareciam estranhamente sedosos.
"Acho que está tarde." Regina disse, saindo de seu transe.
Robin passou a língua por seus lábios, desejando que eles se encontrassem aos de Regina.
"Sim." Foi tudo que ele conseguiu responder.
"De novo, obrigada. Eu te devo uma." Regina tocou o braço do loiro, que sorriu negando.
"Seu café estava ótimo. Acho que estamos quites." Ele brincou, e Regina riu.
Eles se despediram segundos depois. Os dois querendo que aquela noite não chegasse ao fim.
Regina observou o loiro buscar Roland - que estava completamente apagado - na casa de Granny, vendo o menino de cabelos cacheados usando um pijama extremamente fofo.
Após um longo banho, Regina se jogou em sua cama. E mesmo querendo dormir, todos os seus pensamentos a levavam para uma única pessoa.
Robin.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.