- Não pode ser... O Lysandre não tem um irmão gêmeo e não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo... – Rosalya disse cochichando para Dressert.
- Lysandre? – Dressert parou de olhar para o cardápio e finalmente viu Lysandre atendendo uma das mesas – Espera um pouco... Se o Lysandre está aqui...
- O Castiel também está... – Rosalya completou o raciocínio de Dressert e as duas se olharam.
Lysandre acabou olhando para as duas neste exato momento. Ele sorriu e acenou para as duas quando as reconheceu, mas quando se deu conta do problema que era as duas estarem lá naquele momento, ele apenas fez uma cara de paisagem e entrou para a cozinha com pressa. Lá, Castiel estava com uma bandeja quase pronta para levar aos clientes, só faltava pegar alguns talheres. Ele olhou para Lysandre e riu.
- Que cara de paisagem é essa? – Ele perguntou se apressando para pegar as coisas que faltavam na bandeja.
- Você não vai acreditar... – Lysandre respondeu ainda com cara de paisagem – E agora?
- E agora o que, Lysandre? Esqueceu o pedido de alguém de novo? – Castiel finalizou a bandeja e já estava pronto para ir, mas o jeito estranho de Lysandre o segurou ali.
- Castiel, a Dressert e a Rosalya estão aqui... – Lysandre falou logo de uma vez.
- O que? O que elas estão fazendo aqui? – Castiel disse caminhando em direção à saída da cozinha devagar e quando saiu se abaixou um pouco atrás de um balcão para que ninguém o visse ali. Lysandre fez o mesmo.
- Elas estão com o Alexy... Acho que aqueles são os pais dele. O pior de tudo é que elas já me viram... – Lysandre sussurrou para Castiel.
Castiel entendeu a situação tão rápido quanto responder que 1 mais 1 é igual a dois. Mas entender a situação não significava que ele iria colaborar e muito menos que não iria se divertir com aquilo. Ele não queria que Dressert soubesse que ele estava trabalhando ainda, mas uma hora ela teria que saber e aquela era uma “boa” maneira de contar.
- Vamos continuar trabalhando normalmente... – Castiel disse se levantando e indo para a cozinha.
- Mas você não está preocupado com a Dressert descobrindo que você tem trabalhado como garçom esse tempo todo ao invés de ir para um ensaio da banda comigo desse jeito? Você mentiu para ela todo esse tempo, sem dúvida ela ficará muito brava... – Lysandre foi atrás do amigo que já estava ajeitando as mangas da camisa social para voltar ao trabalho.
- Dressert é uma garota esperta, se ela viu você, com certeza sabe que eu estou aqui... – Castiel pegou a bandeja e antes de sair da cozinha ele se virou para Lysandre – Vamos, voltando ao trabalho...
“Acho que já passou da hora de contar para ela...”, ele pensou enquanto carregava a bandeja cozinha a fora.
Alguns dias antes
- Minhas pernas e meus pés doem... – Lysandre se arrastava ao lado de Castiel enquanto os dois tentavam chegar em casa depois de um longo dia de trabalho.
- Para de reclamar, Lysandre. Está me irritando já... – Castiel disse mancando um pouco.
- Não era você quem estava reclamando de dor nas costas quando fizemos a curva? – Mesmo Castiel estando um pouco manco, Lysandre ainda tinha dificuldade de acompanhá-lo.
- Mas eu já parei, você não para de falar!
- Está bem, eu paro de reclamar... – Lysandre ficou em silêncio por apenas um minuto – Minhas costas também estão doendo...
- Lysandre... – Castiel olhou irritado para o amigo.
- Está bem, vamos mudar de assunto... – Lysandre disse logo após um suspiro.
- Nós temos que dar um jeito de limpar a casa, não podemos deixar a Dressert fazendo tudo sozinha... – Castiel ia na frente de Lysandre. Neste momento eles já estavam quase na porta de casa – Vamos acordar mais cedo amanhã e resolver isso antes que ela faça tudo sozinha de novo...
- Tem razão, é muita coisa para ela dar conta sozinha. Parando para pensar, ela é mesmo incrível, não é? Não dá para acreditar que é a mesma Dressert que saiu da sala correndo quando teve que se apresentar no primeiro dia de aula... – Lysandre parou logo atrás de Castiel enquanto este procurava a chave de casa – Ela é muito forte, mesmo com... Tudo o que aconteceu...
- Sim, ela é... – Castiel abriu a porta e entrou procurando o interruptor para acender a luz da sala – Mas não é por isso que nós... – Castiel acendeu a luz antes de terminar de falar e sua voz saiu um pouco confusa depois de ver como estava a sala, totalmente limpa e organizada, assim como o resto da casa - ... vamos deixar ela fazer tudo sozinha...
- Tarde demais... – Lysandre olhava para o chão enquanto passava as mãos pelos cabelos – Olha só, o chão está tão limpo que eu consigo ver o meu reflexo! – Ele disse animado.
- Eu não acredito nisso... – Castiel correu até a cozinha e, além de encontrar o lugar totalmente limpo e organizado, tinha comida pronta no fogão e a mesa estava arrumada para eles comerem – Ela tem que parar com isso...
- Por que? Não tem nada de errado com a comida dela, muito pelo contrário. Ela poderia cozinhar no nosso restaurante... – Lysandre já estava mexendo nas panelas para ver o que tinha.
- Não, não tem nada de errado com a comida dela... – Castiel apreciava o cheiro de casa limpa misturado com o cheiro da comida que ela tinha preparado.
- Então qual é o problema? – Lysandre já estava com o prato mão e ia começar a se servir quando Castiel deu um tapa na sua mão – Ai! Por que você fez isso?
- Fique longe dessas panelas, eu tenho que experimentar primeiro... – Castiel cruzou os braços enquanto encarava Lysandre.
- Por que você tem que experimentar primeiro?
- Porque sim... – Castiel respondeu.
- Isso não é resposta! – Lysandre ainda passava a outra mão sobre a mão que Castiel deu um tapa.
- Não encoste em nada até eu voltar... – Castiel disse antes de se virar e sair da cozinha.
- Você ainda não disse porque ela tem que parar de fazer essas coisas! – Lysandre disse enquanto Castiel passava pela porta da cozinha.
- Porque se ela continuar fazendo isso, eu vou acabar me casando com ela... – Castiel disse indo em direção às escadas.
Ele subiu as escadas e caminhou até a porta do quarto de Dressert. Pela primeira vez na vida pensou em bater na porta, mas depois lembrou que isso não era coisa dele. Ele pegou na maçaneta da porta e a abriu devagar.
- Dressert... – Ele a chamou enquanto entrava no quarto.
Dressert dormia profundamente com a cabeça apoiada na pequena mesa de estudos que ela tinha arrumado para o seu quarto. “Credo, ela está babando!” Castiel pensou quando se aproximou mais dela para ver melhor o seu rosto. Ele olhou para a mesa de Dressert e tinha livros e cadernos em cima dela. Dressert apoiava a cabeça em um deles, inclusive. “Ela está assim tão preocupada com as provas? Não é a primeira vez que encontro ela assim...”, Castiel pensou enquanto tentava pegar um dos cadernos dela que estava em cima da mesa.
Ele folheou o caderno rapidamente e percebeu que todas as folhas tinham anotações. Isso era um pouco assustador para ele já que ele não gostava nem um pouco de estudar e o caderno era grande. “Como ela consegue? Só de olhar já me dá sono. Só de pensar eu já tenho enjoos...”. Ele parou em uma das folhas para ver o que estava escrito. Não era como se ele estivesse lendo o diário dela de novo, então achou que não precisaria da permissão dela para fazer isso. Foi então que ele percebeu que Dressert não estava estudando as coisas da escola. Ela estava estudando medicina. “Ela já está se preparando... Você é mesmo incrível, Dressert” pensou e continuou foleando. Ele sorriu ao ver que ela tinha escrito o nome do pai dela dentro de um desenho de coração na parte superior de uma das folhas do caderno e reclamou mentalmente por ela não ter escrito o dele também.
Ele aproveitou para pegar a lapiseira que ela segurava na mão enquanto dormia e aproveitou para deixar um recado para ela na parte de baixo de uma das folhas. “Continue se esforçando... “ ele escreveu.
- Certo, mocinha. Hora de ir para a cama... – Ele disse vendo ela se mexer um pouco, mas sem acordar.
- Só mais cinco minutos, mãe... – Dressert disse sonolenta.
- Que palhaçada é essa? Eu não sou sua mãe! – Ele disse irritado.
- Não tenho culpa... Se você está cheirando a frango... Castiel... – Ela disse ainda sem acordar totalmente.
- Sua mãe não cheira a frango, Dressert... – Ele abaixou um pouco e começou a levantá-la para poder pegá-la no colo.
- Só quando ela fazia carne... – Ela disse passando o braço pelo pescoço dele enquanto ele segurava suas costas com uma mão e as pernas com a outra.
- É cheiro de carne ou de frango? – Ele perguntou confuso.
- Você está com o cheiro dos dois... – Ela ficou em silêncio por um instante enquanto ele ria – Você cheira a queijo também...
- Nossa, estou me sentindo tão sexy ao saber disso... – Ele disse colocando Dressert deitada na cama com a cabeça apoiada no travesseiro. Depois ele a cobriu – Sendo assim acho melhor tomar um banho antes que você queira morder o meu braço como um zumbi...
- Não vai... – Ela abriu os olhos lentamente e disse com a voz ainda sonolenta – Fica aqui...
- Eu prometo que será rápido. Descanse mais um pouco, você não deveria ter feito tanta coisa sozinha...
- É que... – Ela não estava conseguindo manter os olhos abertos, o sono e o cansaço estavam a consumindo naquele momento – Você está ficando tanto tempo... Longe de mim...
- Dressert... – Ele sentia muita falta dela, o tempo que passava no trabalho parecia ser o dobro só pela ansiedade que ele tinha de chegar em casa e ficar com ela. Mas ele não tinha se dado conta ainda do quanto ela sentia falta dele.
- Por que você está tão longe? – Ela perguntou antes de cair no sono mais uma vez.
- Porque... – Ele ia tentar explicar quando percebeu que ela tinha caído no sono mais uma vez – Eu não sei como te explicar porque, mas não se preocupe... – Ele se deitou na cama de frente para ela só para conseguir dar um beijo em sua testa – Eu amo você... – E ela começou a roncar quando ele tinha acabado de dizer isso – Vou entender isso como um ‘Eu também te amo’...
Enquanto isso Lysandre já estava se preparando para repetir o prato de comida na cozinha.
Agora
Dressert e Rosalya se encolheram juntas tentando se esconder com o cardápio na frente do rosto. Os pais de Alexy escolheram seus pratos e já iam fazer seus pedidos enquanto Alexy ainda estava na dúvida.
- Vou chamar o garçom, já escolheram seus pedidos? – o pai de Alexy perguntou enquanto fechava o cardápio o colocando em cima da mesa.
- Quero o mesmo de vocês. Já podem pedir um para o Armin também, ele mandou mensagem avisando que está chegando... – Alexy respondeu e depois olhou para Dressert e Rosalya que pareciam estar se escondendo de alguém – Ahm... E vocês, o que vão querer?
- O mesmo que vocês também... – Rosalya respondeu sem mostrar seu rosto ainda tampado com o cardápio.
- Certo, vou chamar o garçom... – O pai de Alexy fez um sinal para chamar um dos garçons e este veio imediatamente.
- Sejam bem vindos. Em que posso ajudá-los? – Castiel parecia outra pessoa falando, mas mesmo assim Dressert e Rosalya reconheceram a sua voz sem ter que olhar para ele.
- Nós já estamos prontos para fazer os pedidos... – o pai de Alexy respondeu para Castiel.
- Todos já escolheram o que vão pedir? – Castiel perguntou olhando para Dressert e Rosalya que se escondiam atrás dos cardápios tentando não chamar atenção, chamando atenção.
- Sim, vamos todos querer a mesma coisa... – A mãe de Alexy respondeu, ela parecia estar encantada com Castiel.
- Então eu posso recolher os cardápios? – Dressert e Rosalya quase deram um pulo da cadeira quando Castiel perguntou isso.
- Claro... – o pai de Alexy respondeu.
Castiel recolheu os cardápios começando pelos pais de Alexy, depois passou pelo próprio Alexy que parecia estar em choque, depois Rosalya que fingiu que nada estava acontecendo e por último Dressert que segurava o cardápio com força, fazendo Castiel puxar o cardápio pelo menos três vezes até ela soltar e se encolher de vez na cadeira. Dressert não sabia se ficava sem graça pela coincidência de encontrar Castiel enquanto fingia ser namorada do Alexy para os pais dele ou se ficava nervosa por ele ter mentido para ela todo esse tempo, escondendo que estava trabalhando de garçom.
Castiel anotou os pedidos calmamente. Dressert não conseguia parar de reparar nele. Ele usava roupa social e seu cabelo estava meio preso. Ela não conseguia tirar os olhos dele e isso era de se esperar. O único problema é que os pais de Alexy perceberam as trocas de olhares entre os dois. Não importava o quanto fossem bons em fingirem que não se conhecem, qualquer um e até mesmo a pessoa mais distraída do mundo perceberia o jeito que cada um olhava um para o outro. Era como se eles respirassem um pelo outro.
- Seus pedidos foram anotados. Tem algo mais que desejem? – Castiel perguntou evitando olhar para Dressert. Ele sem dúvida percebeu o olhar dela sobre ele. Quis rir da cara de boba dela naquela hora, mas se conteve.
- Sim. Hoje é um dia especial, nosso filho Alexy finalmente nos apresentou sua namorada. Então nós gostaríamos que nos trouxesse uma bebida, vamos fazer um brinde... – O pai de Alexy tentou se desfazer do pensamento de que a nova namorada de seu filho e aquele garçom tinham alguma coisa e abriu um sorriso.
- Sim, o que desejarem... – Castiel ia se afastar quando a dona do restaurante se aproximou da mesa. A senhora de idade o segurou delicadamente pelo braço.
- Fico feliz em vê-los aqui novamente, depois de tanto tempo! – A senhora disse para os pais de Alexy com um enorme sorriso no rosto.
- Senhora Clark, sentimos muito por não poder vir mais vezes. Estamos tão ocupados com o trabalho... – A mãe de Alexy disse gentilmente.
- Bom, da outra vez vocês não conheceram o Castiel, mas agora vocês tiveram a oportunidade de serem atendidos por ele – A senhora mantinha seu sorriso no rosto enquanto olhava para Castiel – Agora ele não é só o melhor garçom, mas é um dos rapazes mais bonitos deste restaurante! – De repente sua voz começou a demonstrar mais animação – Desde quando ele e o Lysandre começaram a trabalhar aqui, nosso número de clientes dobrou! Vejam só aquelas garotas... – a senhora apontou para uma das mesas onde estavam um grupo de garotas que não paravam de olhar para Castiel e comentar com sorrisos bobos e bochechas coradas – Elas começaram a frequentar o restaurante todos os dias desde quando Castiel começou a trabalhar aqui...
- Sem dúvida você é um rapaz muito bonito... – A mãe de Alexy comentou com um sorriso bobo no rosto.
- Com certeza deve ter uma namorada... – O pai de Alexy disse ainda com uma suspeita sobre Castiel e Dressert.
- Muito obrigado pelo elogio e não, eu não tenho namorada... – Castiel conseguiu ver Dressert abrir a boca surpresa sem precisar olhar para ela – Estou solteiro a pouco tempo...
- É mesmo? O que houve? – A senhora perguntou para ele parecendo estar preocupada.
- Eu não sei bem, quando eu me dei conta ela já estava com outro... – Castiel respondeu sem demonstrar qualquer tipo de sentimento, mas por dentro ele ria das caras e bocas que Dressert fazia.
- Eu sinto muito, meu jovem... – o pai de Alexy disse.
- Não se preocupe, pelo menos agora eu consigo me concentrar melhor no meu trabalho. À propósito, vocês me dão licença? Tenho que atender aquelas moças... – Castiel acabou deixando apenas um sorriso leve escapar enquanto gargalhava por dentro ao ver Dressert olhar para as garotas como se pudesse explodi-las com o poder da mente – Logo trarei o pedido de vocês e a bebida. E senhorita... – Ele disse olhando para Rosalya – Você prefere um suco ou uma água?
- Um suco... – Rosalya respondeu um pouco tímida – Um suco de...
- Abacaxi com hortelã? – Castiel disse a interrompendo.
- Sim, você acertou... – Rosalya queria matar Castiel. Ela sabia que ele com certeza estava brincando com ela. Ele sabia o que ela queria e não precisava perguntar, mas fez isso só para provocar.
Castiel se afastou da mesa e foi atender as garotas que comemoraram quando ele se aproximou. Dressert não tirava os olhos de lá enquanto mexia em uma das facas que estavam na mesa. Alexy apenas olhava para seus pais, que conversavam normalmente enquanto esperavam seus pedidos, para Rosalya que parecia estar entediada com a situação e para Dressert que parecia que iria lançar aquela faça no Castiel e acertar o seu coração a qualquer momento.
Foi nessa hora que Alexy começou a pensar melhor sobre as coisas. Elas não só podiam ficar piores para ele como podiam ficar bem feias para a Dressert. Ela com certeza iria ter problemas com Castiel e Alexy já se culpava por tê-la colocado nessa situação. Ele ficou pensativo por tanto tempo que Castiel já tinha voltado com os pedidos e já estava terminando de servir as bebidas.
- Mãe... Pai... Eu... – Alexy começou a falar, mas logo se deu conta de que ninguém prestava atenção.
- Dressert, você já bebeu antes? – Rosalya perguntou preocupada já que a amiga virou o copo de uma só vez após ver Castiel tirando uma foto com uma garota com os rostos bem próximos.
- Não... – Dressert respondeu tossindo logo em seguida – Isso... Queima...
- Acho melhor ir devagar com a bebida, senhorita... – Castiel disse ao se aproximar da mesa e lançando um olhar para Dressert que só ela entendia. Por fora ele podia parecer uma pessoa normal, mas por dentro ele era um sádico e se divertia com os sofrimentos das pessoas. Isso no pensamento dela.
- Eu acho que estou bêbada... – Dressert disse parecendo mais feliz do que o normal.
- Com meio copo de champanhe? Nunca vi ninguém ficar bêbado com meio copo de champanhe! – Rosalya pegou o copo de Dressert e cheirou só para ter certeza de que aquilo era mesmo champanhe.
- As pessoas não sabem, mas champanhe pode deixar alguém bêbado mais rápido do que pode imaginar... – Castiel disse.
- Diga, Castiel. O que você acha da Dressert? – O pai de Alexy perguntou para ele após limpar a boca com um guardanapo – Ela é incrivelmente bonita, não concorda?
- Desculpe senhor, mas tenho que discordar. Ela não é feia, mas para mim, ela não passa de uma garota normal... – Ele respondeu com um sorriso de canto.
- Dressert... Larga essa faca... – Rosalya sussurrou para a amiga que parecia estar furiosa.
- Não pode estar falando sério, com certeza está falando isso em respeito ao Alexy, não é? – o pai de Alexy disse.
- Sim, pode ser, senhor... – Castiel serviu mais um pouco de champanhe para os pais de Alexy e quando chegou em Dressert, ela tomou a garrafa de sua mão e encheu o copo acabando com o que ainda tinha na garrafa – Para quem nunca bebeu, até que você é boa de copo...
- É só champanhe... – Ela respondeu seca.
Uma hora se passou, eles já tinham acabado de comer. Alexy estava quieto, não dizia uma palavra e nem se mexia. Dressert acabou tomando mais um copo de champanhe antes de se levantar e ir em direção ao banheiro logo após Castiel ajudar uma de suas clientes a tirar o casaco. Ela já tinha perdido a conta de quantos copos já tinha tomado e Alexy se sentia extremamente incomodado de ter colocado a amiga nessa situação. Ele deveria ter dito a verdade para seus pais desde o início, pois agora, depois de toda essa bagunça, seus problemas tomaram uma proporção gigantesca.
Castiel tinha acabado de anotar os pedidos de um cliente que tinha acabado de chegar e ia em direção à cozinha quando sentiu alguém puxa-lo para a direção do banheiro. Dressert continuou o puxando até que encontrassem um lugar mais reservado perto da sala de material de limpeza.
- O que pensa que está fazendo? – Ela disse um pouco devagar, seu corpo balançava um pouco pelo fato de estar bêbada.
- Eu estou fazendo o meu trabalho. E você, o que está fazendo? Deixe-me responder para você. Você está mentindo! – Ele respondeu apontando um dedo para ela.
- Você mentiu primeiro! Deveria ter me contado que estava trabalhando de garçom ao invés de estar ensaiando com o Lysandre! – Ela apontou para ele da mesma forma que ele apontou para ela – E agora está fazendo cena com aquelas garotas, eu não sei o que está tentando fazer, mas eu quero que pare imediatamente!
- Bem, você está agindo como se estivesse namorando outra pessoa e eu estou agindo como se fosse solteiro. Só entrei na brincadeira... – Ele respondeu tão calmo que acabou deixando ela mais brava.
- Eu só estou ajudando o Alexy e você só está dificultando as coisas! Ele precisa da minha ajuda e você... – Dressert foi interrompida por Castiel.
- Tem certeza de que está ajudando ele? Tem certeza de que eu que estou dificultando as coisas? Dressert, você sabe o que é melhor para se fazer, você sabe que ele deveria dizer a verdade! – Castiel disse de uma vez e depois percebendo que Alexy estava ali olhando eles dois.
- A Dressert demorou para voltar do banheiro, então meu pai me pediu para ver se estava tudo bem... – Ele estava triste, isso claramente transpassava pela voz dele.
- Eu vou voltar ao trabalho... – Castiel disse deixando os dois sozinhos ali.
- Dressert... Desculpe ter envolvido você nisso... – Alexy disse abaixando a cabeça.
- Não se preocupe, Alexy. Está tudo bem, eu só quero ajudar você... – Ela sorriu cambaleando um pouco para o lado e fazendo ele rir.
- Obrigado, Dressert... – “Mas eu acho que nós já podemos parar com isso”, ele pensou.
Os dois voltaram para a mesa e os pais de Alexy informaram que tinham acabado de pedir a conta para poderem ir embora, já que parecia que Armin não iria aparecer e poderia ter preferido ficar em casa jogando vídeo game. Alexy suspirou aliviado por aquilo estar prestes a acabar, mas ele nem imaginava o que ainda tinha por vir.
- Sabe, vocês dois são namorados, mas depois de todo esse tempo que passamos juntos, eu não vi vocês darem nem sequer um selinho... – O pai deles comentou com um olhar desconfiado.
- B-bem, nós... Nós não nos sentimos a vontade de fazer isso em público... – Dressert respondeu tentando disfarçar seu nervosismo.
- Nós estamos em família, não tem porquê ficarem tímidos. Vamos lá, não tenham vergonha... – O pai de Alexy cruzou os braços esperando enquanto Alexy e Dressert se olharam sem saber o que fazer – Não se olhem com essa cara, vocês devem fazer isso o tempo todo...
- S-sim... Claro... – Dressert olhou para Alexy com determinação, como se estivesse dizendo para ele “vamos fazer isso” mentalmente.
Alexy ficou imóvel enquanto Dressert aproximava o rosto do dele. Dressert realmente era uma pessoa incrível. Ela estava disposta a fazer uma coisa assim só para ajudá-lo mesmo que depois pudesse ter sérios problemas com Castiel. Ela ainda faria isso mesmo se não estivesse bêbada. Ela realmente era uma grande amiga. Antes que Dressert pudesse aproximar mais o seu rosto do de Alexy, Castiel colocou uma bandeja entre os dois e interrompeu.
- Desculpem estar atrapalhando o casal, mas eu trouxe a conta... – Ele disse normalmente entregando a conta para o pai de Alexy.
“Foi por pouco”, Rosalya pensou suspirando aliviada.
- Obrigado, Castiel. Vou pagar imediatamente e assim poderemos ir embora... – O pai de Alexy disse enquanto abria a carteira.
O pai de Alexy pagou a conta e todos se levantaram para ir embora, menos Alexy. Todos olharam para ele e perceberam que ele secava algumas lágrimas com a manga de sua blusa.
- Filho, o que foi? Por que está chorando? Não está se sentindo bem? – A mãe dele se sentou ao seu lado.
- Me desculpem... – Ele disse começando a soluçar – Eu sinto muito... Sinto muito mesmo...
- Sente muito pelo que, filho? – O pai dele se sentou ao lado dele também.
- Eu menti... – Ele respirou tentando acalmar o choro para conseguir falar melhor – A Dressert não é a minha namorada...
Castiel fez sinal para Lysandre atender os clientes que acabaram de chegar em seu lugar já que achou que seria melhor ficar ali caso alguma coisa acontecesse.
- Por que você disse que ela era a sua namorada? – A mãe dele perguntou.
- Porque eu não sou o filho que vocês gostariam que eu fosse... Eu não queria desapontá-los... Não queria perder o amor de vocês... – Ele dizia enquanto as lágrimas rolavam pelo seu rosto.
- Eu já entendi tudo... – O pai dele começou a falar sério – Para ser sincero, eu já sabia, mas estava tentando enganar a mim mesmo. Acho que eu sou o culpado dessa confusão e de você se sentir assim... Eu sinto muito, Alexy...
Alexy apenas olhou para seu pai surpreso.
- Não se preocupe, eu não vou ter levar ao psicólogo ou te obrigar a acampar comigo. Eu não entendo você, mas prometo que vou me esforçar para ser compreensivo e aceitar isso. Você é o meu filho, não acredito que achou que eu algum dia poderia deixar de amar você... – O pai dele disse abraçando Alexy. No fundo, ele gostaria de gritar com Alexy por ele ter mentido e perguntar porque, onde ele errou para que Alexy fosse desse jeito. Mas naquele momento ele só conseguia ver um de seus filhos que ele amou desde o momento que pegou nos braços pela primeira vez. A lembrança desse momento ajudou a afastar qualquer outro pensamento que ele pudesse ter naquele momento.
- Não se preocupe, querido... Vai ficar tudo bem... – A mãe de Alexy se juntou aos dois no abraço.
- Adoro essa sensação... – Castiel disse olhando a cena.
- Que sensação? – Rosalya perguntou.
- A sensação de quando as pessoas provam que eu estou certo... – Ele respondeu.
- O que foi que eu perdi? – Armin disse após acabar de chegar no restaurante e ver sua família em um estranho momento de amor.
- Se me dão licença, eu vou encerrar o dia... – Castiel disse fingindo não ter notado que Dressert tentou falar algo com ele e se dirigindo para a cozinha.
Castiel trabalhou até o expediente acabar. Após isso, ele e Lysandre se trocaram e saíram do restaurante. Dressert esperou os dois saírem do lado de fora e Rosalya já tinha ido para casa. Lysandre achou melhor ir andando na frente para que os dois pudessem conversar e então, enquanto andavam lado a lado, Dressert começou.
- Você está bravo comigo? – Ela perguntou.
- Não... – Ele respondeu.
- Que bom, porque eu ainda estou brava com você! – Sua voz realmente demonstrava o quanto ela ainda estava nervosa.
- Você não consegue nem fazer um quatro, não vou discutir com você... – Ele continuou andando calmamente enquanto Dressert parou e tentou fazer um quatro. Ela conseguiu, mas com muito esforço.
- Eu consigo fazer um quatro, vamos discutir! – Ela apressou o passo para alcançá-lo.
- Eu não quero discutir com você, sua bêbada... – Ele disse rindo.
- Anda logo, estou esperando uma explicação! – Ela disse cruzando os braços.
- Que explicação? Você quase beijou o Alexy na minha frente, é você quem me deve uma explicação...
- Era por um bem maior... – Ela disse um pouco sem graça.
- E por um bem maior eu não vou explicar porque eu não te contei que estava trabalhando...
- Então é assim? Está bem... – E então ela se calou.
- Eu vi você olhando para mim... – Ele disse, mas ela continuou calada – Quer que eu dance para você com o meu uniforme de garçom? – Ela continuou calada, mas ele conseguiu ver um sorriso de canto dela como se estivesse segurando um riso – Está imaginando eu dançando, não é? Acha que eu não danço bem? Se é isso o que você acha, está muito certa... – Ela não conseguiu conter o riso e começou a rir.
Dressert riu até eles chegarem em casa. Quando chegaram, Castiel pegou Dressert no colo e subiu as escadas indo em direção ao banheiro. Lysandre não disse nada visto que ele já estava acostumado com seus amigos loucos.
- Ei! O que está fazendo? – Dressert perguntou quando Castiel a colocou no chão e encostou a porta do banheiro.
- Sabe, você ficou muito bem neste vestido, mas você sabe que eu prefiro você sem ele... – Ele disse se aproximando dela que ficou vermelha na hora – Só que nós não vamos fazer o que você está pensando. Se eu estivesse tão bêbado quanto você, talvez rolaria... – Ele disse a empurrando para dentro do box do banheiro.
- Eu não estou bêbada... – Ela disse começando a soluçar – Mas só por curiosidade... Se nós não vamos fazer... Você sabe o que... – Ela disse entre soluços - O que vamos fazer?
- Feche os olhos... – Ele pediu e ela o fez – Olha a água gelada! – Ele disse abrindo o chuveiro.
- Seu idiota! Eu te odeio! – Ela soluçou mais uma vez enquanto tremia e tentava sair debaixo da água gelada do chuveiro, mas Castiel não deixava ela sair – Eu te odeio com todas as minhas forças!
- Você se arrepende de ter ajudado o Alexy com uma mentira e quase ter beijado ele? – Ele perguntou enquanto ainda a mantinha debaixo do chuveiro.
- Eu... – Dressert pensou rápido como se fosse o único jeito de se livrar do banho gelado – Eu me arrependo...
- Que bom. Agora e provavelmente amanhã você vai se arrepender de ter se acabado no champanhe muito mais do que a mentira com o Alexy. Mas alguns minutos de banho gelado e você ficará bem. Não que o efeito do álcool vá passar, mas vai melhorar o seu humor e você vai parar de brigar comigo... – Ele lançou seu sorriso sádico para ela.
- Eu te odeio! Seu psicopata! Assassino! Criminoso! Me tira daqui agora! – Ela tentava bater nele enquanto ele a segurava e ria.
- Esqueceu do pervertido... – “É... Talvez o banho não ajude a melhorar o humor dela”...
- Pervertido! – Ela disse já sem forças para bater nele.
- Saiba que estou fazendo isso com você porque eu te amo... – Ele fez uma pausa antes de continuar – E porque é muito divertido... – Ele riu enquanto ela o chamava de psicopata mais uma vez.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.