História Nightmare 2 - One chance to start over

Samantha James

Era real. Eu estava com Ryan agora, sentada em seu colo, com os olhos cheios d’agua e com meu pequeno coração apertado. De volta a Atlanta, eu sabia no minuto que coloquei os pés na cidade que iria ser difícil, rever aqueles rostos e não sentir nada. Mas em minha cabeça confusa eu não sentiria dor ou saudade, porém é exatamente o que eu estou sentindo agora.

- Você está diferente. - Sorri tocando seus cabelos loiros e passando levemente as unhas entre os fios. Nossos olhos não se desgrudavam, parecia sena de filme, quando o mundo para ao redor de duas pessoas e apenas aquele momento importa.

- Isso é ruim? - Ry disse entrelaçando sua mão na minha, por algum motivo senti o ar ficar mais pesado assim que nossas peles se tocaram. Ignorei e acariciei com o polegar a parte de cima de sua mão.

- Não seu bobo, você está mais... bonito. – Falei vendo que ele havia corado com meu elogio, ele fica tão lindo sem graça.

- Obrigado por dizer que eu era feio meses atrás. – Tentou se esquivar do que eu falei com uma brincadeira e eu não pude deixar de revirar os olhos.

- Para de ser idiota Butler.- reclamei e ele se calou por segundos, logo voltando suas belas orbes azuladas para mim.

- Obrigado. – Respondeu tímido e eu me deixai levar minha mão para seu maxilar. Nossa história, nossas lembranças, estava tudo lá, nos olhos de Ryan. Era tudo tão lindo, tão puro. Como eu pude deixar tudo escapar tão facilmente?

Eu entreguei minha vida a Jeremy, desisti de todos os meus sonhos e amigos. Deixei a raiva e o ódio me dominarem e acabei sem ter como voltar atrás. Aquelas vozes, ainda estavam em minha mente, me xingando e dizendo o quanto eu sou estupida, por vacilar em minhas decisões. Antes eu só queria ser feliz, sabe, antes de tudo dar errado; hoje, eu não sei mais o que é felicidade e se é possível tê-la para mim. Não, eu não tenho mais esse poder, essa escolha de dizer; eu quero ou eu vou; eu devo a minha vida a Jeremy, tenho que cumprir nosso acordo.  

- Ryan eu tenho que... – Disse já me levantando de seu colo. Eu preciso sair daqui, se eu ficar mais, não sei se vou conseguir fugir do meu passado.

É isso que Ryan significa, passado, ele faz parte do meu passado, e não do meu futuro, não tem lugar para ele na minha nova vida, na vida que fui forçada a escolher.

- Você não vai embora. –Sua voz soou autoritária e rígida, como uma ordem, um decreto. Nesse segundo senti sua mão segurar meu pulso me impedindo de prosseguir. Estávamos assim, eu de pé a poucos centímetros de distância de Ryan, que também havia se levantado e segurava meu pulso, eu não conseguia olhar em seus olhos, era difícil demais, doía demais.

- Eu não posso ficar. - Falei com o rosto virado para porta, evitando ao máximo os olhos de Ryan. - Eu tenho uma missão a cumprir.

- Missão? - Sua voz se alterou e eu senti que ele não havia gostado do que eu havia dito. Como poderia gostar? Eu queria matar a amiguinha dele, todos amam ela, todos querem protege-la. - Matar sua melhor amiga é uma missão para você?

- Ela não é minha melhor amiga. – Gritei já chorando.

- Então porque você está chorando? – Perguntou e eu me virei para ele tocando meu rosto coberto por lágrimas.

- Por que eu estou chorando? Eu não gosto dela, eu a odeio, não odeio? – Disse entre lágrimas, minha cabeça doía, eu estava confusa demais, nada fazia sentido.

- Não, você a não odeia. Isso é tudo coisa da sua cabeça Sam. Eles fizeram você pensar assim.

- Eles? Como você sabe deles?

- Você me contou, a muito tempo. – Era verdade, eu havia falado para ele das vozes que viviam em minha mente, como eu pude me esquecer?

- Não Ryan! Eu tenho que fazer isso! Você não entende. – Mudei de assunto, não queria mais falar sobre eles, quando eu falava deles sempre acontecia algo ruim. Eu estou perdendo tempo, tenho que matá-la.

-Não entendo mesmo. Como.. você... o que diabos aconteceu com você Samantha? – Esbravejou e eu parei de olha-lo, parecia que eu estava fazendo algo errado quando ele falava desse jeito comigo, mas eu não estava fazendo nada de errado, não é mesmo? - Olha para mim porra!

- A vida aconteceu comigo! – Gritei tirando meus cabelos que caiam em meus olhos, eles já estavam com as pontas molhadas pelas lágrimas. - EU ENCAREI A REALIDADE.

- Realidade? ISSO NÃO É REAL! ESSA NÃO É VOCÊ! – Gritou de volta já descontrolado. Depois ele virou de costas para mim e passou as mãos pelos cabelos, tentando se acalmar. Enquanto eu engoli a pouca saliva que se formava em minha boca, eu sempre odiei brigar com Ryan.

- Mas é o que eu me tornei.- Murmurei olhando para meus pés descalços. - Eu tenho que fazer isso.

- Porquê? - Quando me pronunciei percebi que Ry havia se escorado na janela do quarto, ele encarava algo o nada como se ali, entre as nuvens ele encontrasse alguma resposta.

- Por tudo que ela me fez Ryan. Eu não posso perdoar.

-Não pode ou não quer? – Me encarou com uma expressão que eu não conseguia decifrar se era preocupada ou aflita. - Eu sei que é mais fácil odiá-la do que aceitar. Mas as vezes se você tem que reconhecer seus erros Sam, senão vai entrar numa estrada sem volta. Se continuar vai perder quem você ama por puro orgulho. Isso realmente vale a pena?

-Mas....

- Sam já faz quase um ano. A Lia errou, e ela sabe disso. Porém o que ela poderia fazer? Ela se apaixonou. Não se manda no coração e você mais do que ninguém sabe disso. - Suspirou - Está mais do que na hora de parar de arrumar desculpas e resolver logo essa história.

- Eu...eu...

- Ela vai entender, eu te garanto e eu sei que você também é capaz disso. - Ele falou e eu o abracei com toda a minha força, sentindo um vazio que a tanto tempo doía dentro de mim ser preenchido por Ryan.

- Mas eu não posso. Se eu não fizer o trabalho ele vai vir atrás de mim. – Eu queria, queria que tudo voltasse ao normal. Queria ter Ryan de volta na minha vida, mas Jeremy não eixaria isso acontecer de forma alguma.

- O Jeremy?

- Sim. – Suspirei, não havia saída, eu não tinha escolha, eu nunca tenho.

- Então vamos embora.

-Como?

- Vamos sair de Atlanta, sem desculpas, sem explicações, vamos agora. – Ryan se animou e começou a calçar os tênis e a colocar a carteira e as suas chaves nos bolsos da calça.

- Han do que que você está falando? – Eu não entendia, o que eu ele estava dizendo?!

- Exatamente o que você ouviu, vem vamos! - Ele pegou minha mão e me puxou em direção a porta.

- Ryan para. Não é assim que funciona, nós não vamos a lugar nenhum. – Puxei minha mão e fazendo para e me encarar sem entender o porquê de minha atitude.

- Por que não? - Perguntou sem entender.

- Por que....

- Está vendo. Não tem motivo para você ficar e eu também não. Estando com você eu não preciso de mais nada. – Sorriu sincero e me aproximou com uma de suas mãos em minhas costas.

- Ryan do que você está falando?

- Você é uma idiota mesmo James. Se acha a garota mais esperta do mundo mais não ver algo que está bem abaixo do seu nariz. – Seus dedos quentes tocaram minha bochecha com carinhos descendo até minha nuca.

- Ryan o que você está fazendo?

- Algo que já deveria ter feito a muito tempo. – Seus lábios tocaram nos meus levemente e eu me deixei levar, assustada no começo, porém depois me entreguei totalmente. Eu sempre imaginei como seria o sabor dos seus lábios, e com certeza era bem melhor do que eu sequer podia imaginar. Havia algo a mais, havia sentimento, era isso que chamavam de paixão, tudo parecia tão claro, suas palavras, o jeito que cuidava de mim, ele sempre esteve ali, eu que nunca percebi.

- Para Ryan eu não quero que você se machuque.- O afastei, porém ele não deixou que nossa distancia passasse de poucos centímetros entre nossas bocas. Eu não podia fazer isso com ele, não podia deixar que ele também se machucasse. - São muitos os demônios que carrego, se um dia, puff, eu não conseguir mais controla - los? Eu sou doente Ryan, sou louca. – O empurrei com toda aminha força. Eu sou uma bomba, posso estourar a qualquer minuto. Estava tudo girando, minha cabeça martelava e as vozes ecoavam em minha cabeça novamente.

Cai ao chão sem forças em minhas pernas, estava tudo voltando.

- Você não é louca Sam. – Ry se agachou até ficar do meu tamanho.

- Sou sim, uma louca que... está se apaixonando... isso não pode isso está errado. Já não basta todo o sofrimento que eu passo ainda terei que levar mais uma pessoa p o fundo do poço comigo? – Deixei escapar, e me amaldiçoei na mesma hora. Como assim apaixonada, assim tão de repente?

- Você não está me levando para o fundo do poço Samantha. – Sinto sua mão erguer meu queixo e me força a encarar seus olhos azuis brilhantes. – Você está me mostrando uma saída dele.

- Que saída Ryan? Não tem saída.

- Tem sim, juntos nos encontraremos. – Tocou levemente meus lábios e sorriu limpando uma lágrima solitária que desceu pelo meu rosto. – Agora vamos.

Meu corpo foi levantado com rapidez e fui envolvida num abraço de urso que me deixou sem chão. Será mesmo que eu teria finalmente uma chance de recomeçar?