P.O.V. ANNABETH CHASE
Encaramos Clarisse e seu grupinho enquanto eles pareciam se divertir às nossas custas, não sei por qual motivo ela decidiu agora ser um pé no saco com a gente, mas não estou interessada em descobrir também, tenho problemas maiores.
-Nem todos nascem com o seu talento para ser uma criminosa, La Rue. – Leo responde não parecendo muito preocupado com o olhar mortal que ela lhe lança. Então ela se vira para mim.
-Nem mesmo você, Chase. Anos fazendo aulas de luta e não consegue subir em um muro, chega a ser vergonhoso. – Clarisse solta uma risada curta. Se eu quisesse subir o muro, eu subiria sem dificuldades, mas eu estava tentando puxar a Thalia de um modo que ela não se machucasse, e isso dificulta um pouco as coisas, explicar isso a ela não adiantaria de nada, porque bom, ela não quer ouvir e... acho que só essa razão já é suficiente.
- A vergonha que eu sinto é de nunca ter... - antes que eu consiga terminar, nossos pais chegam e me calo. Afinal, nós já estamos bastante enrolados para que nos vejam brigando na escola, eles se aproximam com as expressões sérias que se suavizam quando olham para o grupo a nossa frente.
-Clarisse! Quanto tempo não a vejo. - minha mãe a cumprimenta educadamente.
- Athena, digo o mesmo. - Clarisse diz de um modo quase tímido, me fazendo ficar surpresa.
-Você também vai para o acampamento da escola? - Hermes pergunta descontraidamente. Ela nem sequer pisca antes de responder.
-Com toda certeza. – responde confiante.
- Isso é incrível! Mais companhia para nossos filhos! – Luke parece querer se enterrar.
-Com certeza vamos nos divertir muito. – responde com um sorriso torto, típico dela. Hermes sorri ainda mais, se ele entendeu o que ela quis dizer, não deu sinal.
- Estou gostando cada vez menos dela. - Leo sussurra para mim, apenas concordo.
-Tenho que ir, o intervalo já está quase no fim e tenho aula. - ela não tem a preocupação de ser discreta.
- Eu entendo. Está linda! Mande meus cumprimentos ao seu pai. - por um milésimo de segundo vejo Clarisse corar, mas são tão curtos que não sei se é algo da minha imaginação. Minha mãe não aprova todas as atitudes Ares com relação à criação da filha, mas não se mete, ter rivalidades com um milionário influente nunca é uma boa opção.
- Thalia, Jason. Vamos, agora. - Zeus diz em seu perceptível tom severo e frio enquanto se distancia de nós, cumprimentando apenas nossos pais com um aceno e seguindo para fora da escola, sem nem ao menos ver se seus filhos o acompanham, apenas dei um olhar desejando boa sorte para Thalia e Jason. Com isso, nosso grupo foi se dispersando e cada seguiu para sua casa com seu pai furioso a tiracolo.
POV THALIA GRACE
Seguimos com nosso pai até estarmos no carro dele, penso em dizer que nós temos carros, mas acho que isso não vai melhorar o humor dele, então só coloco os fones de ouvido, coloco o cinto de segurança e seguimos o caminho todo assim, até chegarmos em casa. Quando eu e Jason estamos subindo para os nossos quartos, ouvimos Zeus nos chamar para seu escritório, não consigo evitar revirar os olhos, já não basta o sermão na escola e as férias arruinadas, ainda vou ter que ouvir mais? Que ótimo! Seguimos até o escritório e, quando entramos, Hera já aqui, encostada na cadeira do meu pai que mais parece a porra de um trono, ótimo de novo, agora vou ter que ouvir um sermão com essa vaca me encarando e saboreando o momento. Sento em uma das poltronas de couro, sem tirar a mochila do ombro, e Jason senta em outra, ele parece tão culpado que fico com pena. Provavelmente vai ter que ouvir desaforos por minha culpa e vai ficar se torturando por dias.
-Agora você podem me explicar por que diabos queriam fugir da escola? – pergunta com o tom severo, mesmo já acostumada em ouvir sempre o mesmo tom de voz, ainda fico intimidada, ele apoia o cotovelo na mesa e, quase involuntariamente, eu e Jason nos encolhemos.
-Então foi isso que eles fizeram? Ai, eu não consigo acreditar! – Hera coloca a mão na testa de forma teatral e ridícula. - Jason, como você pôde ter se deixado influenciar pela sua irmã? Achei que você fosse o ajuizado dos irmãos. – Hera me olha com desgosto e com um biquinho para Jason, se ela soubesse como eu estou pouco me fodendo para a cara de desgosto dela, ela se pouparia e me pouparia de estar nessa cena ridícula. Por que todo mundo acha que eu sou a maçã podre da família? Tudo bem, que dessa vez a culpa foi minha, mas mesmo que não fosse, não acho que alguém acreditaria. Esse é o ponto.
-Thalia não me influenciou a nada, gosto de pensar que já sou grandinho para saber o que faço e as coisas não aconteceram como vocês acham, nós não íamos fugir de verdade. – Jason responde e isso só me mostra o quão perfeito meu irmão é, mesmo sabendo que eu tenho culpa, ele me ajuda e não me deixa a mercê dos questionamentos da vaca asquerosa da sala, mesmo que eu não mereça. Não posso deixar que Jason leve esporro do papai por culpa minha, respiro fundo.
-Jason está sendo legal, mas a culpa é realmente minha, eu praticamente forcei ele e os meninos a irem comigo lá para o muro, não que a gente fos... – começo a me explicar, mas antes que eu termine, já escuto acusações de Hera como: “novidade” ou “Você faz isso de propósito!”. Como eu sempre digo: vaca.
- Thalia, por que você fez isso? Você podia ter sido expulsa, meu Deus! Poderia perder a chance de uma faculdade boa por uma idiotice como essa! Por que você é tão impulsiva assim? Vocês são gêmeos, deveriam compartilhar mais características que a aparência. – papai parece realmente furioso, ele não nos encara, apenas fica parado, com as mãos entrelaçadas apoiando o queixo, provavelmente procurando onde ele errou na nossa criação. Talvez ele pudesse encontrar o que ele procura se olhasse para nós, se conversasse com a gente e não ficasse só naquela empresa idiota enquanto a inútil da mulher dele nos diz quanto gastar e o horário de estar de volta, mas ele prefere continuar sendo um filho da puta com a gente.
Eu não sei porque minha mãe fugiu quando éramos crianças e meu pai odeia falar sobre isso, mas eu estou começando a pensar que ela não foi tão doida assim por fugir, eu faria a mesma coisa se fosse ela, isso se, eu não tivesse filhos que precisassem de mim, mas parece que não tínhamos tanta importância para ela assim, já que ela abandonou a gente e nos deixou com ele, talvez como um castigo para Zeus, isso não funcionou totalmente porque tem o Jason, que é o filho perfeito, mas eu, talvez eu seja o castigo.
- Não diga isso Zeus. Eles poderiam ser como a Thalia. – Hera se faz presente novamente, eu estava perdida nos meus pensamentos masoquistas, porque eu quase esqueci dessa maldita, mas ainda assim ouço o que ela diz e mesmo que eu não ligue para Hera, o que ela diz me atinge, e me enche de um sentimento ruim. Raiva. Quando Jason a encara indignado e eu apenas sinto mais raiva de mim mesma.
-Talvez nós sejamos parecidos em mais coisas, papai. Mas aparentemente a sua fortuna, a sua coleção de carros e a vaca que você cria em casa e chama de mulher sejam mais importantes que nós e mereçam mais atenção. – levanto da poltrona com força e saio antes que Zeus possa dizer algo, ainda com a mochila nas costas, bato a porta com força, ouvindo meu nome ser gritado e reclamações de Hera, sinto lágrimas queimarem meus olhos. Sempre é assim, eu sempre faço besteiras e depois fico me martirizando e para parar de pensar nisso é quase o inferno. Subo os degraus brancos da escada rapidamente e passo correndo pelos corredores, entro no meu quarto, fecho a porta e me jogo na cama. Permito-me chorar baixo, odeio me sentir assim, fraca, exposta , mas parece que tudo que eu tento fazer de bom, se torna algo ruim na visão do papai, eu estou tão cansada de me aproximar das pessoas e as fazer entrarem em confusão, provavelmente todo o pessoal está se ferrando agora e eu sou a culpada por ser idiota, às vezes eu acho que seria melhor se só tivesse um dos gêmeos, nunca trago boas notícias para o papai, Hera faz questão de mostrar que apesar de não gostar de mim e do Jason, odeia menos ele, sei que Jason é totalmente amável, mas o que eu tenho? Sou tão ruim assim? Talvez ficar nesse acampamento longe do papai e dessa cobra não seja tão ruim.
Aproveito que meus fones e meu celular não foram tomados de mim ainda e coloco no máximo, enquanto tento dormir pelo resto do dia, de hoje, tenho certeza que nada de bom vai acontecer, então a melhor coisa que eu faço é dormir.
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