P.O.V. ATHENA CHASE
Abro meus olhos ainda com minha imagem no meu antigo quarto só, penso em quantas brigas daquela a gente teve até eu descobrir sua traição, por quanto tempo eu fui traída até descobrir, aquela maldita e ele deviam rir da minha cara por isso, mas agora tudo isso vai acabar. Vejo que ainda está cedo, verifico meu celular e se passa das três da tarde, Zeus provavelmente já deve estar na empresa, está na hora da gente conversar. Procuro me recompor e saio do quarto, passo pelo corredor e desço as escadas rapidamente, eu tenho pressa, Zeus pode estar muito ocupado se eu chegar na hora errada e preciso conversar com ele de qualquer forma. Passo por Prometheu, digo um “muito obrigada pela estada” e saio de lá completamente apressada ,porém certa do que fiz e do que devo fazer para impedir um desastre ou pelo menos o atrasar. Chego na sede da G.C. e passo com o carro pela entrada dos funcionários, parando direto na garagem, subo e coloco para seguir até o térreo. Chegando na recepção da parte pública onde interessados em nossos serviços ou possíveis investidores podem vir e nos comunicar ou ate mesmo fazer reclamações, bato minhas unhas no balcão e fico nervosa ao olhar para a secretária que parecia não ter notado minha presença por estar conversando animadamente com alguém do outro lado da linha até eu pigarrear, assim que ela me vê, seus olhos se arregalam e ela decide me atender.
-Desculpe senhora, o que a senhora deseja, senhora? – pergunta nervosa e me esforço para não revirar os olhos e descontar minha raiva nela, seria em vão.
-Falar com Zeus. Antes que me diga que ele está ocupado, não está ou em está uma reunião sem nem mesmo ligar para confirmar, apenas poupe nosso tempo e ligue para a secretária dele e avise que Athena deseja falar com ele. – disse e ela assentiu freneticamente, é por isso que não gosto de vir falar com Zeus e ter que passar pela recepção geral, geralmente passo para o setor ativo da empresa onde os funcionários estão realmente trabalhando, mas hoje cheguei em um momento onde a empresa está totalmente lotada e a vaga mais próxima era perto desse setor, o setor mais voltado para o público, as recepcionistas geralmente não me conhecem e tentam me enganar da forma mais barata possível, não que eu me importe, mas se torna extremamente estressante ter que dizer isso para que elas percebam que eu apenas quero falar com ele e sei que posso falar com ele, principalmente em dias que o meu humor não está dos melhores, dias como esse e tenho que me controlar para não cometer nenhuma injustiça ou dar uma resposta atrevida, prezo sempre pelo autocontrole.
-Ele está aguardando a senhora. – sorri e apenas aceno vagamente com a cabeça em um movimento de agradecimento. Passo por diversos corredores e vou direto para outro elevador novamente, subo para o último andar e passo pela secretária dele que já me conhece e apenas sorri para mim que dessa vez sim retribuo. Gosto de pessoas práticas e eficientes que pesquisam sobre a empresa e seus chefes o suficiente para saber quem eles deixam entrar direto ou não em suas salas.
-Estou perdida, Zeus. – digo assim que entro no escritório, sentindo o desespero que guardei tomar conta de mim por inteiro e fecho a porta, minha máscara de autocontrole some e me sinto exposta. Zeus assinava alguns papéis com sua expressão formal e séria, que costumava usar com quase todos, até mesmo os próprios filhos, ergue os olhos calmamente ao me reconhecer estava com o rosto mais neutro como se esperasse que eu estivesse exagerando ou brincando, porém seu semblante muda quando vê o meu estado.
-Por Deus! O que aconteceu com você? –pergunta ficando em pé e me encarando enquanto eu sentava em um dos sofás e apoiava meus braços em meus cotovelos e meus cotovelos em minhas pernas. –Athena?- perguntou se aproximando de mim e sentando do meu lado.
- Ele descobriu onde eu estou. – disse por fim e ele me encarou confuso. - Achei que ia conseguir resolver esse problema sem meter você, mas ele descobriu tudo. - passo as mãos pelo cabelo nervosa e bufo de frustração.
-Athena, seja mais específica. – reclamou com os olhos azuis me examinando enquanto ia buscar um copo de água para mim, que não conseguia sair da minha posição e ficava apenas pensando em como escapar dessa situação.
-Ele, Zeus. Ele! Frederick sabe que estou em New York, ele sabe que estou trabalhando nessa unidade da GC. Todos os meus esforços foram por água abaixo. Passei um bom tempo tentando impedir ele de me encontrar, sendo discreta, dando pistas falsas. – entro em desespero e pego toda água oferecida a mim e tomo de uma vez só. – Foi tudo em vão, todas as pistas falsas que eu implorei para você espalhar em outras filiais. – Zeus foi a pessoa que mais me ajudou naquele período difícil da minha vida.
-E como foi? O que ele disse? Você encontrou com ele?– perguntou curioso enquanto se sentava no braço do sofá com as mãos entrelaçadas.
-Não! Ele pediu para um detetive me procurar! Um detetive, Zeus. Você pode acreditar? –Perguntei incrédula e Zeus acenou dizendo que sim e o encarei irritada. – O detetive me encontrou há alguns dias atrás, cinco, quatro no máximo.
-Athena, você sabia que Fred a procuraria, sabia que ele iria atrás de você e de Annabeth e que não ia desistir da família dele. – respondeu e me contorci de raiva, negando com a cabeça e agarrando com mais força os fios loiros da minha cabeça. – Bom, pelo menos se fosse comigo, iria atrás da minha esposa e dos meus filhos e se não os encontrasse, acionaria um detetive, ele procurou por um bom tempo, quase quatro anos sem ver vocês, se ele poderia te dar um tempo para pensar, já acabou, deve ter entrado em desespero, eu não o culpo. – não falo nada para não irritá-lo, porque sei que ele está tentando me ajudar mas também sei que ele não foi atrás da mãe dos gêmeos quando ela fugiu.
- A família que ele fez questão de destruir! Ainda mais com aquela vagabunda! – gritei e bati com força no sofá de raiva, Zeus me encarou aparentemente assustado e depois sorriu. – O detetive disse que ele queria saber notícias sobre Annabeth e quis saber se ela poderia ir. Entrei em desespero e disse que a ver se ela tinha algo planejado para tais dias.
-Como Annabeth reagiu sobre ele querer vê-la? Aliás, sobre tudo. – perguntou normalmente e o encarei como se ele houvesse xingado minha mãe.
-Ela não sabe e nem vai saber, eu não vou deixar. – respondi magoada e foi a vez de Zeus me encarar incrédulo.
-Athena, você não pode fazer isso e sabe disso, Frederick é pai dela, ela merece saber que ele quer encontrá-la. Ela vai saber que ele quer encontra-la, melhor que seja por você. – respondeu de uma forma tão calma que me irritei.
- Isso não vai ser bom para ela. – respondi. – Ela não precisa passar por isso.
-Quem decide isso não é você. – devolveu com aquela estranha calma e me senti ofendida no exato momento.
-Eu cuidei dela esses anos e não vou deixar ele machucar o coração dela de novo. – o encarei severa e ele riu. Riu. Eu poderia mata-lo, se não fosse meu melhor amigo e meu chefe.
-Athena, você é tão inteligente, tão sábia. Não é à toa que seu nome é uma homenagem a uma deusa grega que simboliza a sabedoria. Use-a. – me disse e o encarei curiosa, franzi o cenho e ele me olhou de modo quase paternal. – Você não está com medo dele partir o coração dela, está com medo dele partir o seu. – me olhou apenas neguei enquanto sentia lágrimas quentes descendo pela minha face.
-Ele já o partiu, Zeus. Despedaçou-o e o esmagou, o que resta dele não dá mais para fazer nada, serve apenas para bombear sangue. – o encarei com lágrimas e comecei a limpá-las, porém elas continuavam a vir e desisti de tentar limpar meu rosto. – Mas o da minha filha ainda está intacto e vai continuar assim.
-Você ama Annabeth, então o seu coração serve para mais alguma coisa além de bombear sangue. –o olhei e pude tentar sorrir.
-Eu amo Annie com todo o meu corpo e minha alma, não é algo que eu possa tirar de mim ou queira. – o amor materno é a coisa mais forte que existe.
-Athena minha amiga, ouça o que estou lhe dizendo, Annabeth precisa crescer. – ele afagou minhas costas. – Precisa passar por situações difíceis e vencê-las e precisa do pai dela para ajudá-la também. – o encarei.
-Eu já fiz o papel dele por muito tempo, consigo ajudá-la. – respondi rancorosa, porém não me importei. – Ela não precisa dele.
-Eu tenho a plena certeza de que é capaz, mas Annabeth talvez queira o pai dela do lado dela. – me recuso a acreditar nisso.
-Nem tudo o que se quer é o que precisa. – respondi o encarando.
-Exatamente. Você quer evitar esse encontro, mas talvez não seja de distância dele que você precisa. – limpei as últimas lágrimas que desciam lentamente pelo meu rosto e sorri agradecendo pela paciência que Zeus estava tendo comigo. –Dê uma chance à ele, dê uma chance à vocês.
- Ele me procurou porque quer divórcio. – disse por fim e vi que Zeus ficou chocado me encarando.
-Isso é estranho, Athena. – me olhou surpreso. –Frederick ama você, mas suponho que depois de tantas cicatrizes... – me olhou e voltou a me abraçar, segurei a respiração, porque se soltasse, lágrimas saíram junto com ela.
-Ele vai querer tomá-la de mim, Zeus. – disse sentindo todos os meus medos sendo exalados para o ambiente.
-Ele disse isso? –me perguntou.
- Não. Mas eu sei que vai, vai querer se vingar de mim por tê-la levado. –voltei a chorar sem conseguir me conter.
-Ele não vai fazer isso, Athena. Ele não iria obrigar Annabeth a ir embora com ele. – disse em tom tranquilizador.
-Mas e se ela quiser ir Zeus? Eu vou poder obrigá-la a ficar?- voltei abaixar minha cabeça tentando me controlar e vi que ele estava ficando cada vez mais nervoso.
-Ele não faria isso com você. – me disse atencioso.
-Você sabe que ele faria sim. – o encarei e ele baixou a cabeça, contra fatos, não há argumentos e eu sei muito bem que ele vai querer leva-la de mim, eu não vou deixar.
-Quando você vai assinar os papéis? –perguntou.
-Um dia depois que Annabeth for para o acampamento, na verdade, depois que ela for, nós vamos começar a negociar o divórcio, vai ser difícil manter ele longe da minha filha, mas eu consigo.– respondi e ele pareceu pensar por um minuto antes de me olhar com um ar questionador.
–Você não vai mandar a Annabeth para esse acampamento apenas para ter a desculpa que ela não poderia ir não é? – perguntou e apenas abaixei a cabeça sem poder encará-lo. Ele se levantou e caminhou pela sala furioso.
-Athena! Você não podia ter feito isso com a sua filha. – Zeus ficou nervoso, pois começou a passar as mãos pelos cabelos, um tique antigo dele.
-Não é só por isso, ela errou tentando fugir da escola hoje e você também vai mandar os seus filhos! – reclamei e sei que meu argumento foi fraco. – E aliás, assim vai ser melhor, ela vai estar em segurança, e eu vou ficar aliviada, mais até do que ficaria se ela estivesse em casa e vou poder mostrar o recibo e a comprovação de que ela não vai poder ir ao encontro.
-Vou mandar meus filhos porque eles estão malcriados e não porque eu quero evitar um encontro com a mãe deles. – disse e parou de andar para ficar parado observando os objetos na mesa. – Não acredito que você tirou vantagem de um erro da sua filha, Athena.
- Não me olhe assim, eu fiz o melhor para ela e eu te conheço há bastante tempo para saber que você também seria capaz de fazer isso. – rebati e ele encolheu os ombros;
-Eu só estou tentando fazer o que você faria por mim. – senti aquilo como um tapa na cara, porém não demonstrei, minhas fraquezas já estavam muito à mostra.
-Ele pediu o divórcio e quer me encontrar daqui a alguns dias aqui em New York mesmo para acertar os detalhes. – o encarei procurando ajuda e ele apenas fez uma careta mínima e me respondeu.
-Vá, seja forte e faça o que for necessário, mas não esconda isso de Annabeth, ela não merece. – fechei os olhos e tentei me concentrar pela milésima vez em algum pensamento sólido, mas apenas vinham flashes em minha mente.
-Obrigada, Zeus. – tentei sorrir, mas acho que não fui bem sucedida pela careta que recebi.
- Me diga uma coisa Athena. – o encarei curiosa.
-O que é? – perguntei.
-O que você ia dizer para Annabeth para se ausentar por dias? – perguntou de mim, porém parecia que já sabia a resposta.
-Disse que tinha assuntos da empresa para resolver fora. – respondi girando meu anel enquanto olhava para qualquer ponto da sala que não fosse ele. – Iria me hospedar em outro hotel longe de casa e ia resolver isso sem ela saber. -Ele apenas soltou um riso nasalado e consegui me sentir ainda pior.
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