P.O.V. PERCY JACKSON
-Luke, cara... mas é claro que foi a Calipso! – respondo nervoso e decido mudar de assunto. – E a Thalia? O que você fez para ela ontem? – vejo ele ficar mais desconfortável, ainda me olha com desconfiança.
-Eu estava na festa bêbado e a Drew me atacou. – coça a nuca chateado. – A Thalia deve ter visto no momento errado e agora vai ficar uma fera comigo por muito tempo, ótimo! – arrumo melhor minha camisa.
-Essa raiva da Thalia vai passar, mas se eu fosse você, esperaria o troco. – digo e ele passa a mão nas têmporas preocupado.
-Ela não vai fazer nada. Eu espero. – diz e entramos no quarto ele fica sentado na cama possivelmente pensando na situação dele, eu vou direto tomar banho para não receber mais perguntas, e quando saio, deixo ele só, já que ele vai ligar para os pais.
[...]
Deito sentindo meu corpo me agradecer, hoje o dia foi extremamente cansativo, tento dormir, mas quando estou pegando no sono, sinto meu celular tocar, verifico e número e não é conhecido, decido ignorar até que o celular pare de tocar, coloco no modo avião e me viro novamente. Tento me concentrar em qualquer coisa que não seja ela, mas parece impossível. As lembranças de ontem invadem minha mente e de repente me sinto quente, pegando fogo. Levanto frustrado e vejo que Luke ainda não chegou. Vou para o banheiro e tomo um banho de água fria para me controlar, fico apoiado na parede do banheiro e lembro de quando ela me encarou antes de me beijar. Caralho. Ela me beijou, beijar uma garota é uma coisa, ser beijado com tanto desejo e justo por ela, é a mistura viciante de céu e inferno! Meu Deus, como ela beija bem! Como foi excitante sentir as mãos pequenas e macias percorrendo meu corpo sem pudor algum, sentir ela se contorcer embaixo de mim e argh! Odeio ficar assim só de lembrar disso, não pela sensação, mas por ser ela a me dar essa sensação. Saio do chuveiro depois de sentir meus dedos enrugados, enxugo meus cabelos e enrolo a toalha na cintura, saio do banheiro e levo um susto imenso quando me deparo com Calipso deitada na minha cama.
-Pelos deuses! O que você faz aqui? – pergunto me recompondo e ela sorri sem graça.
-Vim ver você Percy, achei que ficaria triste de perder hoje e vim ver como você está. – responde estreito os olhos.
-Estou bem, a senhorita tem certeza que é só isso? – pergunto e ela assente sorrindo e caminha até mim.
-E também para quem sabe, namorar um pouquinho... – sorriu e tirei uma mecha do cabelo dela que estava perto dos olhos claros.
-Então posso conseguir isso. – puxo sua cintura e a beijo, o beijo é calmo e doce, ela enrosca as mãos no meu cabelo suavemente e sinto ela me conduzir para a cama, chegando nela, ela se deita e me deito por cima dela, sinto as mãos dela desamarrando minha toalha e sorrio, sorrio que logo diminui quando lembro das marcas que eu estou, mas como está mais escuro, ela não vai ver, espero. Continuo me envolvendo até sentir meu corpo ser tomado de desejo.
[...]
UMA SEMANA DEPOIS
Uma semana depois da derrota na caça das bandeiras, jogamos de novo e dessa vez ganhamos em primeiro com Athenas colada na gente, Annabeth quase ficou roxa de raiva e eu não consegui não gargalhar, nos vimos poucas vezes depois daquele incidente e nossas brigas diminuíram por isso, o que não significa que eu fique sem pensar naquele dia, Calipso e eu continuamos ficando sem nada sério, mesmo que eu perceba que ela quer, eu não posso dar isso a ela, não posso dar isso a ninguém. Olho no meu celular e já são umas seis horas da tarde, hoje como foi uma atividade grande, estamos liberados pelo resto do dia, o pessoal decidiu ir para a cachoeira, mas eu prefiro ficar aqui no meu quarto, vai que ela está lá. As horas passam muito devagar e me sinto cada vez mais idiota por ter deixado de ir para a cachoeira com os meus amigos, fico entediado e decido passear pelo acampamento. Vou andando sem rumo até encontrar o estábulo, por que não? Sinto falta do Blackjack e gosto de ficar no meio dos cavalos, quando vou chegando, vejo alguém lá dentro que parece conversar com eles, escondo-me atrás de uma das colunas do lugar e a vejo conversando animadamente com Blackjack. Não pode ser, eu sou a pessoa mais azarada do planeta.
P.O.V. ANNABETH CHASE
Decido não ir para a cachoeira com o pessoal, esses últimos dias aquele garoto não sai da minha cabeça e ficar pensando e vendo ele iria me enlouquecer. Meu Deus! Eu só fiquei com ele, por que não paro de pensar nisso? Lembro-me de Hazel e em como ela me disse que o estábulo acalma ela, não irá fazer mal ir lá, afinal. Passo na cozinha e peço das senhoras que trabalham lá alguns torrões de açúcar mascavo, já convivi com cavalos o suficiente para saber como se aproximar deles. Chego no estábulo com as minhas mãos para trás e vendo os cavalos cada um em sua cela, o que mais me chama é um cavalo negro com o pelo brilhante, parece ter muita personalidade.
-Oi garotão! – digo sorrindo e ele relincha fraco, me olhando desconfiado. – Você é lindo, sabia disso? – pergunto sorrindo e tento fazer carinho nele, mas ele se afasta e bufa. – Lindo e mal humorado. – chamo ele fazendo beijinhos com os lábios para o som atraí-lo, ele me olha e depois relincha virando de costas para mim. – Você é difícil hein menino? – reclamo e ele parece se divertir com o meu fracasso. – Vamos, vem aqui, só quero fazer carinho em você. – peço o chamando e apenas balança o rabo. – Se vier aqui, eu te dou um presente, aposto que vai gostar. – digo estendendo a mão fechada mais próximo da cela dele. Ele olha curioso e se vira para mim, ergo mais minha mão e ele chega mais perto cheirando. – Isso garoto! Isso mesmo, pode vir. – ele se aproxima mais e quando encosta o focinho na minha mão, abro e ele pega rapidamente o torrão de açúcar mascavo da minha mão e os devora, começo a fazer carinho nele, mas quando ele acaba o torrão, parece bufar e se vira de novo. – Ah, qual é? Achei que estivéssemos nos dando bem. – pergunto e juro que ele parece me encarar e dizer algo do tipo “ jura que você achou que eu ia me vender por esses torrões?” .Tudo bem, eu desisto. Não se pode ganhar todas afinal. – Tudo bem então, seu antissocial. – reclamo e vou ver os outros cavalos que são mais mansos e dóceis. Distribuo mais torrões de açúcar, tomando cuidado para não exagerar e sorrio quando acaricio a pelagem branca de um outro cavalo daqui, todos são bonitos. Viro-me para ver onde o cavalo negro estava e ele parece me encarar como se achasse ruim eu dar atenção para os outros. – Que foi? – pergunto para ele. – Você que não quis minha companhia. – digo exibida e continuo a fazer carinho no cavalo branco que aceita de bom grado, mas o outro cavalo começa a bater as patas dianteiras no chão repetidas vezes como se me chamasse. Termino de afagar um e vou até ele estendendo a mão, mas quando chego perto, ele se afasta bufando novamente. – O que você quer de mim? – pergunto chateada e ele parece se divertir. – Bom, então fique aí seu velho ranzinza. – digo e volto a acariciar o cavalo de pelagem mais alva. – Como foi seu dia? – pergunto, sei que é uma idiotice, mas sempre conversei com animais, não sei, às vezes acho que eles me entendem. – O meu não foi muito bom sabe? Eu sou líder de uma cidade. – digo e noto o quão estranho isso soa. – Bom, não é uma cidade, é um grupo que... Tudo bem, o que importa é que esse grupo que eu lidero não conseguiu a segunda posição desde uma festa que deixou todo mundo de ressaca ou mal e também eu não estou com os meus amigos agora. – digo coçando perto da orelha dele e ele parece esperar que eu continue. – Não é que eu não queira ou não possa, mas eu ‘tô tentando evitar confusão, mais do que eu já me meti. – suspiro. – Você é tão calmo e amigável. Por que aquele seu parceiro não pode ser assim também? – pergunto pensativa e ouço uma resposta.
-Ele é bem mais seletivo do que os outros. – assusto-me olhando mais para o cavalo na minha frente, mas em uma questão de fração de segundos meu corpo congela, eu conheço essa voz. Viro de frente para ele que ri provavelmente por assistir meu monólogo. – Mas se vale o conforto, ele foi mais amigável com você do que é com a maioria. – sinto minha sobrancelha se arquear.
-Há quanto tempo está aqui? – pergunto irritada, mas ele percebeu meu tom, ignorou.
-Tempo suficiente para notar que você é bem estranha, talvez por isso ele não tenha se aproximado de você – reclama.
-Vai me dizer que você consegue chegar perto dele? – pergunto cruzando os braços e ele se aproxima da cela onde o cavalo está e chama-o que rapidamente vai ao seu encontro e aproxima a cabeça da mão do Jackson. Encaro a cena boquiaberta. – Como você? – ele sorri e continua a fazer carinho nele.
-Ele é meu amigo, Chase. Conheço ele há muito tempo e comprar ele com torrões foi eficiente, mas vai precisar mais que isso para acariciar ele e poder montar. – olho para o animal com a minha melhor cara de chateada e ouço o riso nasalado do Jackson invadir o local.
-Você é tão seletivo e acaba escolhendo ele como seu melhor amigo? – aponto para o Jackson enquanto falo com o animal. – É serio isso? – recebo um olhar raivoso.
-Ele não tem culpa de ter bom gosto e mesmo que você não admita também tem um bom gosto, nós sabemos disso. – fico vermelha de raiva porque sei exatamente do que ele está falando. –Não se preocupa, eu guardo seu segredo. – ele pisca para mim. – Na verdade, nós guardamos, não é mesmo Blackjack? – como um passe de mágica o cavalo relincha em reposta.
-O segredo não é só meu. – respondo e ele para de fazer carinho em Blackjack e me encara sorrindo.
-então você admite que me acha bonito? Que sentiu atração por mim? – pergunta cruzando os braços e me remexo desconfortável.
-Na mesma intensidade que você. – decido que essa é a melhor resposta. Ele ergue a sobrancelha e se aproxima de mim, sinto muita vontade de recuar, mas não consigo. – Aquela noite não conta, nós estávamos bêbados, não estávamos pensando direito. – digo desconfortável.
-Eu não estava tão bêbado assim. – arquejo sem querer e ele se aproxima mais. Ele acabou de admitir que tinha total consciência do que estava fazendo ou é impressão minha? – Acho que nem você, pela sua reação. Mas você tem razão, a bebida deixa as pessoas mais excitadas, querendo beijar outras sem motivo. – se afastou e voltou a acariciar Blackjack. Sinto meu corpo se retrair.
- Concordo com você. – digo e me aproximo sorrateiramente para tentar fazer carinho em Blackjack, ele aceita no começo, mas depois se afasta, prefere o carinho do Jackson. – Você é lindo, mas é um teimoso, sabia disso? – pergunto para o animal, mas Perseu responde.
-Sei. – reviro os olhos encarando ele. – Brincadeira. – diz erguendo as mãos e um clima um pouco mais leve se faz presente por alguns minutos. – Acho que a bebida realmente faz coisas inacreditáveis com as pessoas, eu senti que se não te beijasse naquela noite, poderia morrer seco por dentro. – diz depois de um tempo me encarando sério e devolvo o olhar, mesmo que sem querer. – Naquela noite, – engole em seco parecendo totalmente desconfortável. – Beijar você não era vontade, era necessidade. – responde deixando Blackjack mais de lado e se aproximando de mim lentamente.
-Ainda bem que a bebida tem efeito limitado. – digo tentando não gaguejar.
-É. –tudo que ele responde enquanto sinto ele se aproximar, acho que ele nem percebe quando faz isso.
-Se não você teria vontade de me beijar toda vez que me visse. E eu também. – digo encarando os olhos dele e as pupilas dilatam. Sinto minha garganta ficar seca, de novo não!
-Eu sei. – responde novamente seco e parece vidrado em algo. Meu coração começa a acelerar.
-Mas como não estamos bêbados agora, não estamos nos beijando. – concluo nervosa e ele se aproxima mais.
-Não. – vejo ele se aproximar mais. – Mas eu quero. Quero muito mesmo. – arregalo os olhos com a confissão. Meus deuses, seria tão fácil ir embora se eu não estivesse me corroendo para beijar ele também, se eu não quisesse tanto e talvez até mais que ele esse maldito beijo.
-Então o que você está esperando? – pergunto reunindo toda minha coragem. Ele me encara sério por um momento curto e depois ataca meus lábios com o dele, sinto o cheiro de maresia dele e rumo minhas mãos para o seu cabelo. Sinto ele me pressionar na divisa entre as celas, colando o corpo dele ao meu, porra! Gosto quando sua língua se enrosca na minha de forma deliciosa causando arrepios no meu corpo me deixando viciada e querendo mais. Arquejo quando ele ergue uma das minhas pernas e se esfrega mais em mim com sofreguidão, consigo sentir mais seu corpo. Tento chegar ao pescoço dele com beijos leves, mas ele segura minha nuca e me afasta.
-De novo não, aqui não. – sorrio, sei que ele se refere às marcas que ficaram no corpo dele.
-Não gostou das últimas? – pergunto quando sinto beijos molhados serem distribuídos pelo meu colo enquanto puxo os cabelos dele levemente.
-Odiei. – responde e volta a me beijar, uso minhas mãos para puxá-lo para mais perto pela nuca. – Assim como odeio tudo em você. – sinto o nariz dele no meu pescoço. – Seu cheiro. – contenho um gemido quando ele aspira perto da pele do meu pescoço. – Seu gosto. – minha pele é sugada e a sinto entre os dentes dele. – Sua boca. – diz me encarando profundamente e volta a me beijar. Não consigo não corresponder. Sinto meu fôlego indo embora quando ele aperta meu traseiro com força e Blackjack chama nossa atenção quando começa a tentar nos cabecear, solto-me do Jackson rapidamente pelo susto e ele dá um meio sorriso.
-Você realmente não gosta de mim, não é? – pergunto e ele relincha. – Ingrato. – respondo e sinto minha cintura ser rodeada por mãos firmes. A sensação é nova, mas não é ruim, o que é surpreendente.
-Ele gosta de você, só não quer admitir. – fala perto do meu ouvido, arrepios são causados no meu corpo, ele percebe e como o babaca que é, ri.
-Você está falando do cavalo ou de você? – viro para ele com um arco na sobrancelha, fiz a pergunta apenas para perturbá-lo, ele nega sorrindo.
-Nós nos odiamos, lembra disso? – pergunta quando estou de frente para ele sem soltar minha cintura. Olho significativamente para suas mãos na minha cintura e ele sorri mais envergonhado. – Segurança para você não me atacar.
-Isso porque sou muito ameaçadora e perigosa. – retruco.
-Pelo menos para o meu juízo. – diz em tom casual.
-Uhh, deve ter deixado muitas garotas com o coração aquecido com essa declaração. – digo e ele assente sorrindo.
-A maioria delas. – responde convencido e de repente me sinto desconfortável, não gosto dessa sensação.
-Pena que nunca me encaixei em grandes partes. – digo saindo do aperto, tentando chamar a atenção do animal e sendo ignorada.
-Não pareceu isso há instantes atrás. – disse parecendo levemente irritado e corei de raiva.
-Não vai mais acontecer. – garanto, isso realmente não pode se repetir.
-Você não está falando sério. – diz e faz carinho no cavalo.
-Não haja como se quisesse.
-Não haja como se não quisesse. – rebate e reviro os olhos irritada.
-Estou falando sério, isso não vai mais acontecer porque não quero mais ser uma na sua listinha. – respondo mais séria.
-Tecnicamente você já faz parte dela. – sinto meu sangue ficar quente, eu sou uma idiota!
-Infelizmente. Por isso pretendo reparar meu erro.
-Erro? – ele me olha sério procurando a resposta.
-Isso não foi certo, não nos gostamos e nem vamos nos gostar. – digo.
-E não precisamos, atração física é o suficiente para sexo. – se ele tivesse me chamado de vadia me ofenderia menos.
-Acontece que eu não procuro só sexo, um cabeça de algas como você não tem o que eu procuro.
-Ah é? Que coisa! Você também não tem nada do que eu procuro em uma garota! – ele pareceu ofendido, ótimo.
-Tem razão, eu não sirvo para você, seria como tentar agradar gregos e troianos. – ele concorda com o maxilar travado. Que se foda. Droga, lá se foi a regra de não falar palavrão. Esse merda está fodendo com tudo. Eu nem sei se ele tem alguma coisa com aquela menina, merda! Deve ter e se tem mesmo estou muito errada fazendo essas coisas.
-Boa noite para você, Chase. – diz quando sai do estábulo esbarrando no meu ombro. Encaro o animal negro a minha frente pensativa, isso não devia ter acontecido nem ao menos uma vez, por que ele simplesmente não aceita que uma garota não quer ele? Todo esse enxame por ego ferido? Com os braços estendidos para dentro da espécie de casa dele, sinto Blackjack se aproximar o focinho de mim, sorrio surpresa, contudo na mesma rapidez ele se afasta e fica deitado com as patas cruzadas. Tudo bem, eu posso ter paciência com ele. Só com ele.
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