P.O.V. ANNABETH CHASE
Depois de que a garota saiu da varanda, vi que Percy ia vindo na minha direção, então apenas fiz que não com a cabeça e segui para dentro do salão do chalé com todos as outras pessoas, tentei não pensar nele e na cena que vi, mas parece que isso fica cada vez pior. Peter está calado e eu agradeço muito por isso.
-Que cara é essa? – Thalia me pergunta e respondo o que é preciso.
-Eu fui falar com o Sr. D. mas encontrei antes o Quíron e ele disse que a situação já ia ser resolvida. – aviso e todos me encaram curiosos.
-Resolvida como? –ouço Clarisse me perguntar impaciente e sinto a presença de alguém atrás de mim, sei que é ele.
-Eu não sei, mas confio no professor. –respondo e ela bufa.
-Que merda! Eu odeio essa situação! – soca a poltrona e assinto, eu também odeio não poder fazer nada pela Silena. Sinto meu celular vibrar, vejo que é minha mãe e meu semblante já muda, faz um tempo que ela não me mandava notícias. –Rapidinho, gente. – digo saindo para atender o celular. Chego na maldita varanda de novo e ouço a voz dela.
-Annabeth! –diz e sorrio.
-Oi mãe! – respondo e ouço a respiração dela do outro lado, junto com a voz de outra pessoa ao fundo. –Achei que estivesse esquecido que tinha uma filha. –brinco e sei que sorri do outro lado da linha.
-Eu andei ocupada, mas nada do que você precise se preocupar, a situação já está sendo resolvida e tenho novidades. – diz cautelosa, sorrio ansiosa.
-Que novidades? A senhora parece estar tão animada, gosto disso. –respondo e ela suspira.
-Eu estou pensando em como contar pra você, talvez depois desse acampamento. –sugeriu e neguei, eu realmente sou uma pessoa curiosa.
-Mãe! Eu prefiro que a senhora me conte agora, por favor! A senhora sabe como eu sou curiosa. – digo e ouço o riso dela.
-Annabeth! – ouço alguém me chamar e me viro dando de cara com Peter. –Ah, desculpa, você está ocupada, não é? – disse já saindo, mas acenei pedindo que ele esperasse.
-Mãe, eu tenho que desligar, a senhora se safou dessa vez, mas depois eu vou querer saber essa novidade aí! – digo e ela afirma dizendo que também vai querer saber o nome do garoto que estava me chamando.
-Pode falar agora. – digo guardando o celular no meu bolso de trás. Ele sorri sem graça.
-Era a sua mãe? – pergunta e afirmo.
-Sim, fazia um tempo que ela não me ligava, já estava ficando preocupada. –digo e ele afirma, espero que ele diga o que quer, mas ele fica apenas me encarando com um sorrisinho no rosto. –O que você ia me dizer?
-Bom, provavelmente alguma coisa importante, mas esqueci depois que fiquei te olhando. –responde sem graça e sei que fico vermelha. –Deixa eu me esforçar aqui, espera... ah sim! Vim ver se você estava bem. –não entendo sua preocupação.
-Como assim? –pergunto e ele coça a nuca.
-Eu não sei, você parecia estranha. –diz e assinto.
-Ah sim, eu estou bem, foi só... a preocupação. –digo baixo e ele se aproxima de mim. Observo seus traços, o nariz afilado, seu rosto possui uma porção de pintinhas lindas, seus olhos são castanhos quase verdes, é impossível não notar a beleza dele.
-Você está bem com tudo isso? – sei que ele pergunta sobre a Silena, mas minha mente vaga para o Percy, sinto tanta raiva dele agora que seria capaz de acabar com aquele rostinho bonito. Olho para Peter, eu poderia ter me apaixonado por ele, poderia querer beijar ele, na verdade eu poderia beijá-lo agora, isso quem sabe me deixaria livre daquele encosto. Aproximo meu rosto dele, vejo sua expressão surpresa, mas ele não recua, ergo minha mão e encosto na lateral do seu rosto, me aproximo mais e ele fecha os olhos, sinto a respiração dele bater em meu rosto e antes de fechar os olhos, percebo o quão errado isso é.
-Nesse momento eu queria muito que você não fosse tão perfeito e legal comigo. – digo me afastando e ele abre os olhos.
-Esse foi o fora mais educado e gentil que eu já tomei. –responde com um sorriso de canto, queria poder rir dessas brincadeira, mas estou muito constrangida com a minha quase atitude infantil, eu não podia nem ter pensado em fazer isso. –Ei, não precisas ficar assim, tudo bem, essas coisas acontecem. –disse se aproximando de mim para me abraçar e não aguentei, senti lágrimas quentes no meu rosto enquanto sentia ele me abraçar.
-Eu queria tanto poder fazer isso. –digo baixo e ele assente. –Me desculpa, eu não devia ter... –me calei, eu não cheguei a fazer nada, mas só ter a vontade e a iniciativa de fazer, me deixa triste. –Eu não quero usar ninguém, eu não sou assim. – digo e sinto as mãos dele no meu cabelo.
-Você não fez nada, Annabeth. Não se preocupa, não era para ser. – diz baixinho e sinto mais lágrimas descerem.
-Você tem tudo que eu procuro em um cara, mas antes de você conseguir passar por essa maldita barreira que eu fiz em volta de mim, um filho da mãe só pulou o muro e eu odeio ele por isso! –retruco com raiva, eu não queria gostar do Percy, ele só me machuca e mesmo assim eu não consigo me desligar dele.
-Ei, ele parece ser um cara legal. –diz e o encaro surpresa. Ele meneia com a cabeça. –Não comigo, verdade. Aquele encontrão no dia do jogo resultou em uma dor no ombro-fez uma careta- mas eu observo vocês e ele parece se importar com as pessoas, não só com os amigos, não sei, não sou próximo dele. –completa e me viro para me apoiar na varanda, o sol não está tão no alto, o que significa que já passaram horas e nada da Silena. –Mas eu sei que ele é um sortudo, bom, olha a garota que ele conquistou. – diz ao meu lado e sorrio novamente sem graça.
-Como você pode ser tão legal? – pergunto e ele parece pensar.
-Bom, ser criado com uma mãe dizendo para você aos seis anos “seja legal com as garotas ou então você vai me fazer chorar e a todas as outras mulheres do mundo” ajuda um pouco. –responde rindo e olho espantada para ele. –Pois é, quatro casamentos que não deram muito certo para ela.
-Eu nem sei o que dizer. –digo e ele acena em sinal de divertimento.
-O lado bom é que você tem mais um amigo agora. –diz e assinto. –E pelo poder em mim concedido por você mesma, eu dou um conselho: se resolve logo com ele. –balanço a cabeça concordando. –Ou eu vou ser obrigado a dar em cima de você, de novo. –rio de sua brincadeira.
-estou procurando a coragem. –respondo e ele parece se divertir.
-Annabeth Chase com medo? – pergunta e mostro uma expressão de falsa culpa.
-Ann... acho que você já tem companhia, não é? –me viro dando de cara com Percy, ele parece estar bem chateado e não entendo o motivo, quem beijou outra pessoa não fui eu.
-Na verdade eu estou sim. –respondo sem encarar Peter e Percy ri com escárnio.
-Na verdade mesmo, você acabou de ficar livre para conversar. –ele responde e depois de um beijo na minha bochecha, sai e atrás do Percy, me deseja sorte.
-Uhhh, parece que alguém acabou de levar um fora. –zomba e reviro os olhos.
-Você vai levar um agora se não falar logo o porquê de estar aqui. –respondo seca e ele fica mais sério.
-Na verdade eu esqueci, era algo importante, mas agora não tem tanta importância. –dá de ombros e reviro os olhos novamente.
-E o “temos que conversar” de mais cedo? –pergunto e vejo que ele fica nervoso, seu corpo parece ficar mais tenso e ele arruma a camisa.
-O que você quer de mim, Annabeth? – pergunta finalmente liberando a raiva que eu sabia que ele está sentindo, seu rosto fica mais vermelho.
-Sinceridade. É pedir demais de você? – pergunto cruzando os braços, que idiota! Não sei mais se xingo ele ou a mim.
-Eu fui sincero com você e o que você fez? Nada! Mudou de assunto. –dessa vez ele tem razão, evito olhar diretamente nos olhos dele, o que parece ser difícil.
-Tem razão. –digo e ele se espanta.
-O quê?- pergunta e eu repito. –Então seja sincera agora, Annabeth. O que você sente por mim?- pergunta e engulo em seco, tento falar, mas palavras parecem presas na minha garganta. –Diz e eu te perdoo por tudo isso dos últimos tempos. –minha boca que estava entreaberta para tentar dizer algo, se fecha e eu sinto minhas sobrancelhas quase se encostarem.
-Perdão?- digo e ele esboça a mesma reação que eu. –Eu preciso lembrar você que foi você que beijou duas garotas, pelo que eu saiba, nesses últimos dias? –digo e ele bufa.
-Sim, e você ficou de conversinha com aquele mauricinho lá, sem contar com o Valdez, estamos empatados. –rebate e penso “empatados uma ova!”.
-Empatados? Eu vou já empatar isso! –aviso e quando vou sair, ele me segura.
-Tá louca? Vai onde? – pergunta nervoso.
-Empatar as coisas seu cretino! Sabe? Eu tenho que te agradecer muito! Porque se não fosse por você falar tanta bosta agora, eu ia fazer a maior burrada da minha vida! – digo quase gritando e ele sorri, mesmo que a situação não tenha graça.
-Pelo amor de Deus! Você é louca mesmo! – responde e me solto dele com força.
-Eu devo estar louca mesmo, com alguma síndrome, porque no meu estado normal eu nunca teria me apaixonado por você! No meu estado normal eu não sentiria esse sentimento idiota e impulsivo por você, porque eu sei que vou acabar me dando mal. Quer saber? Vá para o inferno, Perseu Jackson. – saio correndo o mais rápido possível para dentro, não consigo ficar olhando para ele me encarnado sem dizer anda, as pessoas me encaram quando eu entro, mas pelo menos aqui eu não fico me sentindo constrangida pela MERDA que eu acabei de fazer.
P.O.V. TRISTAN MCLEAN
DOIS DIAS ANTES
-Isso não vai ficar assim, Richard! Eu vou mata-lo e vingar minha família! –grito com toda minha força ao homem na minha frente que me encara cínico, até que ouvimos um “ok” e a cena é cortada, dou um sorriso para Kevin e sigo para meu camarim, o lugar da gravação dessa continuação do filme é enorme, cheio de alegorias e máquinas para efeitos especiais, me sinto perdido às vezes, chego no meu camarim e escuto Jane discutindo no celular.
-O Srº Tristan não pode falar agora, não, nem amanhã! Não importa, problemas de adolescentes podem ser resolvidos aí mesmo! –responde grossa e fecho a porta para indicar minha presença, ela se vira assustada e ergo a sobrancelha para ela, nunca dei a liberdade de Jane falar assim em meu nome, nem ao menos de falar em meu nome. Seu cabelo preso estava em um rabo de cavalo firme e a franja de cor escura que caía sob os olhos verdes, que agora me encaravam assustados. –Srº Tristan! Eu estou dando um jeito nisso e...- a interrompo, sendo mal educado, mas sinceramente, se o assunto é sobre minhas filhas, eu odeio não saber.
-Eu resolvo esse assunto. Muito obrigada, Jane. –digo e estendo a mão para receber meu celular, ela reluta, mas continuo com a mão estendida. –Isso não foi uma sugestão. –aviso e ela entrega. –Alô, aqui é Tristan Mclean, pode falar. –digo e ouço a voz de um home do outro lado da linha.
-Alô, quem fala é o professor de história das suas filhas, me chamo Quíron, lamento o infortúnio, mas é sobre sua filha. –avisa e fico mais atento.
-Qual delas? – pergunto sentindo meu corpo ficar mais tenso.
-Silena. –reponde e engulo em seco. –Não se preocupe, ela está bem, mas a mãe dela tem ligado para cá nos últimos tempos e ela disse que vem aqui daqui dois dias para buscar a menina e ir embora, não sabemos se ela tinha a sua permissão, então eu preferi avisar o senhor, porque não pretendo deixar que ela leve a senhorita Beauregard, mas se ela realmente for a mãe, não teremos muito o que fazer. –avisa e sinto um baque no estômago, o que Afrodite está querendo com a minha filha? Ela não vai tirar a Silena de mim, ela é minha filha, eu amei aquela garota desde o primeiro segundo que a vi, ela não vai tirar minha filha de mim!
-Não se preocupe, não foi e nunca será- encarei seriamente Jane- um infortúnio assuntos ligados a minhas filhas, eu que agradeço imensamente o senhor, qualquer novidade o senhor pode me avisar, por favor. – digo e ele concorda do outro lado da ligação. –Quantas vezes o senhor tentou entrar em contato comigo nos últimos dias? –pergunto e ele suspira.
-Bom, eu tentei primeiro pelo número da sua assistente, mas não consegui resultados, então tentei pelo seu número pessoal, desculpe, não tive escolha. –ouço mais alguns detalhes que me deixam apavorado e nego o tranquilizando enquanto encaro a mulher a minha frente.
-Não se preocupe, pode ligar para o meu número pessoal a partir de agora, tenha um bom dia. –digo e após sua resposta, desligo a chamada. –Ele ligou antes para você e você não me avisou sobre minhas filhas? –pergunto e ela tenta se explicar em vão.
-Tristan, desculpe, achei que era bobagem de adolescentes. –diz enquanto mexe nos óculos.
-Isso você não tinha como saber, já que desligava o celular quando reconheceu o número do professor delas. –respondo e ela sorri sem jeito.
-Tristan, eu trabalho há anos para você e...- a interrompo.
-E nesses anos você deixou escapar que minha filha estava saindo com bandido, sugeriu fortemente que eu a colocasse naquela escola interna horrível, sugeriu que eu deixasse ela e a Silena separadas por um tempo e eu idiota, deixei me levar, não percebendo a sucessão de erros. –digo e ela me olha revoltada.
-Eu garanti que você trabalhasse em paz! Eu encobri a bosta que ela fez e ainda dei um jeito daquele bandidinho ficar longe dela, sabia que ele saiu da cadeia há pouco tempo e estava querendo ir atrás dela? Eu ofereci um curso para ele na Europa, ele nunca mais vai importunar sua filha! – rebate e assinto assustado e aliviado ao mesmo tempo, o que é bem estranho.
-Por isso eu agradeço você, muito. –respondo e ela parece mais aliviada. –Mas eu nunca vou perdoar você por quase me ter feito perder minha filha, se não fosse por pura sorte, eu não saberia disso e ficaria sem minha filha, minha confiança você não tem mais e sem isso eu não consigo trabalhar com você. –aviso e ela mexe novamente nos óculos, só que dessa vez ela esbanja raiva. –Eu vou dar uma ótima remuneração a você pelos seus anos e uma carta de recomendação impecável, não se preocupe. –vejo sua fúria aumentar, até que ela começa a jogar as coisas do meu camarim no chão e me xingar, ela quebra o espelho e no fim, com os cabelos desgrenhados e totalmente vermelha me encara antes de sair da sala como um furacão gritando sandices como “ anos da minha vida no lixo” ou “imbecil, idiota de merda”. Pego meu celular e ligo para o Drº Steven.
-Steven? –ouço a voz metódica do meu advogado do outro lado da linha e respiro aliviado. –Preciso de duas coisas, a primeira é que você organize uma demissão com todos os direitos trabalhistas.
-E o outro? –pergunta e já ouço as teclas do seu computador trabalhando.
-Preciso que você venha para os Estados Unidos, para se encontrar comigo até amanhã. –digo e ele confirma, desligo o celular e sento no sofá depois de tirar alguns objetos quebrados, rezando para que o poder que Afrodite exercia em mim, não exista mais.
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