Camila P.O.V
A perda de alguém importante para nós é algo quase inaceitável. Dói, tortura. Pior ainda é quando a culpa é sua, quando por um momento de estupidez, de um erro inconsciente você perde quem você mais precisa, mesmo que se arrependa depois. Pode ser tarde demais.
Por isso devemos sempre engolir nosso orgulho idiota e buscar sempre reparar o erro. Mesmo que as vezes pareça irreparável, você tem que tentar. Pois se não tiver mais concerto, as consequências podem ser menos cruéis se você tentou. Errar é humano e insistir no erro é burrice. Nisto eu concordo. Mas se redimir e aprender com seus erros é divino. Assumi-los é um bom começo para tentar.
Nunca saberemos quanto tempo ainda temos ou a outra pessoa tem. A magoa e orgulho podem nos fazer perder o tempo curto e precioso que temos então, não é vergonha nenhuma pedir desculpa, pedir perdão. Vergonha é ser covarde a ponto de ser tarde para isso.
Eu errei, perdi Lauren por um momento de fraqueza. Mas irei me redimir. Nem que passe a vida tentando. Afinal, depois do que eu a fiz, isso é o mínimo que posso fazer.
- Senhores Jauregui. Sou o doutor Caleb Thompson e fui o cirurgião responsável pela filha de vocês, e vou tentar simplificar os procedimentos efetuados na cirurgia. A senhorita Lauren sofreu um forte impacto com a colisão, ocasionando um leve traumatismo craniano. Mas não saberemos dizer se deixara sequelas ate que ela acorde, mas não creio que isso ocorra. O quadro mais grave foi a lesão na coluna. Existe uma luxação em uma de suas vértebras e isso nos preocupa muito. Ela sofreu uma hemorragia interna grave com três costelas quebradas e nos quase não conseguimos conte-la. Teve também uma outra luxação em seu pulso esquerdo. Sua perna esquerda sofreu alguns cortes profundos que somando a hemorragia interna a levou a perder muito sangue. A cirurgia foi bem sucedida, mas nosso estoque de sangue está com falta do tipo sanguíneo de sua filha, e nos precisamos urgentemente de uma doação. - Todos se olharam com expressões assustadas e eu sabia o motivo. - Algum de vocês é compatível com o sangue dela?
Todos negaram com a cabeça em silêncio, então eu levantei minha mão timidamente. - Eu sou compatível com ela e posso doar.- Todos os olhares caíram sobre mim, me fazendo corar. Em cada olhar um sentimento diferente. No dos pais de Lauren uma esperança. No de Normani um misto de pena com alegria. E no de Dinah, no dela eu poderia enxergar minha alma sendo acoada. Ela tinha ainda fúria me queimando, mas também um tipo de agradecimento por eu estar ali, ou algo assim. Era difícil desvendar aquele olhar.
- Você tem certeza? - O médico questionou. Apenas assenti. - Então me acompanhe para que possamos fazer os procedimentos. Não temos tempo a perder.
Antes que eu chegasse ao médico sinto Clara me abraçando e chorando.
- Não sei o que aconteceu entre vocês ou a dimensão da culpa que você diz ter nesse acidente. Mas muito obrigada, Mila. Obrigada por fazer isso por ela.
- Eu faria qualquer coisa para vê-la bem de novo dona Clara. Mesmo se não tivesse sido minha culpa. Mas é então, é o mínimo que posso fazer nesse momento.
Ela deixou um beijo em minha testa e Mike apertou meu ombro acenando para mim com a cabeça. Passei por Norman que sorriu timidamente para mim e finalmente por Dinah que apenas me olhou por um instante e eu segui em frente.
- Ela ainda corre risco de vida? - Perguntei ao medico depois de todo o procedimento e exames de sangue.
- Como disse ela sofreu lesões graves e perdeu muito sangue. Mas creio que depois da transfusão ela não terá mais esse risco.
- E quanto a sequelas? - Um aperto no meu peito me fez levar a mão ao mesmo. O médico acompanhou meus movimentos e me olhou.
- Só poderemos afirmar se haverá sequelas depois que ela acordar. O que não vai demorar muito com o seu sangue. - Apontou para a bolsa de sangue em suas mãos.
- Será que eu posso vê-la? Mesmo que de longe eu só...só preciso olhar para ela.
- Você é parente dela?
- Na...não. Ela é...era...é minha melhor amiga. - Praguejei por ter gaguejado e ele me olhou desconfiado.
- Você disse lá fora que a culpa do acidente era sua, não foi?
Suspiros fortemente abaixando minha cabeça e sentindo meus olhos arderem novamente.
- Nós discutimos e seu a magoei intensamente e ela saiu desnorteada e chorando com o carro. E agora esta aqui.
Depois de alguns instantes me observando em silêncio, O medico fala.
-Olha eu não sei o motivo da discussão ou da magoa causada. Mas não se culpe tanto. Acidentes acontecem, infelizmente. Mas você terá a chance de se desculpar com ela. E acredite...ela vai precisar de você ao seu lado mesmo quando ela disser que não. E eu não posso liberar sua visita na UTI. Mas vou deixar você a ver rapidamente pelo vidro, pode ser?
Assenti e o segui. O corredor parecia infinito enquanto meu coração ousava de ansiedade por poder ao menos olhar ela de longe. Segui em silêncio ate a parede de vidro onde o medico mandou eu ficar enquanto ele entrava.
Ela estava ali. Uma forte lufada de ar sai de minha boca ao ver Lauren deitada naquela cama. Seu corpo praticamente todo enfaixado, assim como sua cabeça. Várias máquinas e tidos ligados a ela. De longe era possível ver seu rosto machucado.
Espalmei minhas mãos no vidro juntando minha testa no mesmo.
- Me perdoa, Lolo. Por favor me perdoa....me perdoa. - Sussurros contra o vidro rezando para que ela pudesse me ouvir ou sentir.
Eu queria estar no seu lugar, eu merecia estar. Queria segurar sua mão ate que ela estivesse bem novamente. Que estivesse feliz. Com aquele sorriso que iluminava os meus dias. Sua gargalhadas das minhas piadas idiotas, onde somente ela ria. Da sua voz cantando para mim. Eu quero seus abraços aconchegantes de volta. Correr na praia e ver ela experimentando comidas esquisitas novamente. Nossas conversas e noites das garotas.
-Sinto sua falta,Lo.
Assim que me preparava para sair dali vi uma movimentação apressada no quarto de Lauren.
-Ela esta tendo uma parada cardíaca. Tragam o desfibrilador. - o Medico gritava fazendo a massagem no peito dela. Eu comecei a chorar desesperada.
- Lauren!... Não...não...por favor, Lo. Não me deixa.
- Tirem-na daqui agora. - Ele voltou a gritar olhando para mim e tentando a reanimar..- 250...afasta. Mais uma vez...afasta. - Duas enfermeiras tentaram me tirar dali mais eu não queria ir. Elas me pegaram pelo braço pedindo para eu esperar na sala de espera. Tentei me soltar pedindo pra ficar com ela enquanto chorava muito. Mas ela continuaram a me poucas. E ante de me afastar totalmente ainda consegui ouvir o médico falar.
- Mila! Oh, Deus. O que aconteceu? Não me diga que...- Clara correu ao meu encontro assim que me viu chegando e foi seguida pelas outras pessoas também. E pude ver que Ally também se encontrava ali agora.
Imagino que minha situação não deve ser das melhores pois eles estavam espantados olhando para mim. Eu estava quase em choque pelo que presenciei ali e principalmente pela ultima fala do medico.
- Camila, fala o que esta acontecendo? - Dinah pela primeira vez em horas se dirigiu a mim.
- Ela...a Lo. Ela teve uma parada cardíaca. - Disse olhando para o nada ainda vendo as imagens agonizantes em minha mente.
-Deus, minha filha...não...por favor. - Olhei para Clara.
- E-eu acho que...ela...ela acordou.
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