CAPÍTULO 03 – CRAB CAKE
Crab Cake ou bolo de caranguejo é uma variedade de bolinho de peixe que é popular nos Estados Unidos. É composto de carne de caranguejo e vários outros ingredientes, como migalhas de pão, maionese, mostarda, ovos e temperos. O bolo é refogado, assado, frito ou grelhado e servido.
Draco precisava sair daquela cozinha, quanto mais tempo ele passava ali, mais vontade ele tinha de arrancar o braço de Anthony Goldstein. Ele então saiu junto com Theo e os dois se aproximaram de uns amigos da época de Hogwarts e se juntaram a conversa, mas era impossível para ele não continuar observando Hermione. Ela agora conduzia o principezinho mestiço para exibi-lo para alguém. Como tirar os olhos da princesinha do mundo bruxo, ele ainda não tinha descoberto, porque ela era simplesmente... Perfeita! Ela não era apenas sexy, ela era o pacote completo. Tinha aqueles olhos grandes e amendoados, o corpo cheio de curvas nos lugares certos, a pele dourada, o enorme cabelo cacheado que um dia ele criticou, mas que agora ele amava e os lábios carnudos e rosados. Linda demais! Sem falar o calor e a luz que pareciam emanar dela. Um pedaço de mau caminho.
Era raro vê-la sem que estivesse por perto do Potter, alguém da família Weasley ou um monte de gente. Ou, como hoje, com um cara qualquer. Uma mulher com a aparência de Hermione Granger estava sempre acompanhada por um cara. Mas Draco sabia que olhar não arranca pedaço. Ele apreciava linhas e curvas, tanto nas construções quanto nas mulheres. E, na opinião dele, Hermione era arquitetonicamente perfeita.
Ele continuou fingindo que estava prestando atenção na conversa, mas não desgrudou os olhos enquanto ela desfilava pela sala rebolando a bunda... e que bunda, diga-se de passagem. O modo como ela parava, cumprimentava as pessoas, esperava, ria ou sorria parecia casual, observou Draco. Ao longo dos anos, porém, ele meio que fez um estudo a seu respeito. Ela tinha um propósito. Curioso, ele se afastou do grupo e se misturou a outras pessoas, a fim de mantê-la em seu campo de visão. Goldstein não parava de tocá-la, ou estava acariciando as costas dela, ou com o braço ao redor dela - filho da puta sortudo. Hermione sorria bastante para ele, fitando-o com aqueles cílios espessos. Mas sua linguagem corporal, bem... ele também tinha estudado a linguagem corporal dela e não havia sinal algum de receptividade. Ouviu quando ela gritou por Kátia Bell e, antes de abraçar uma morena muito bonita, deu aquela risada que fazia seu sangue ferver e seu pau se contorcer achando que estava sendo chamado para brincar.
Hermione achou um jeito de ficar em uma posição que deixasse o cara que estava com ela de frente para a outra mulher. Foi então que entendeu tudo. Ela recuou uns centímetros, e deu uns tapinhas no braço do homem. Estava óbvio que o que ela queria era despachar ele e pensou que a morena pudesse distraí-lo. Quando ela escapou dali, indo em direção à varanda, Draco sorriu. Ela realmente era a bruxa mais inteligente da sua idade.
Draco se despediu de Daphne e Oliver e saiu cedo da festa. Ele tinha uma reunião no café da manhã, às oito horas, em Hogwarts, com Minerva Mcgonagall e Neville Longbotton sobre a reforma das estufas. E em algum momento no meio disso tudo, ou talvez no dia seguinte, precisaria arranjar um tempinho para rascunhar algumas ideias para as mudanças que o Potter tinha solicitado para a casa dele agora que estava noivo de Gina. Não sabia bem como faria isso sem descaracterizar as linhas e a forma da construção. Mas queria pôr as ideias no papel e brincar um pouco com elas antes de mostrar qualquer coisa. Ele caminhou pelo jardim da casa e saiu para a rua, procurando um ponto de aparatação. A chuva que estava inconstante o dia todo reapareceu na forma de uma neve fraquinha. No final do quarteirão Draco pôde observar Hermione revirando uma bolsa que provavelmente tinha um feitiço indetectável de extensão, já que seu braço estava enfiado até acima do cotovelo enquanto ela procurava por algo e ficando cada vez mais frustrada a medida que não encontrava.
- O que houve? – Perguntou Draco se aproximando dela e encostando em um dos seus braços. – Caramba, Granger, você está congelando! – Ele falou observando-a remexer na bolsa.
- Teria vestido uma roupa mais quente se soubesse que ficaria sem varinha no meio da noite, em plena tempestade de neve – Ela resmungou.
- Mal está nevando. – Draco respondeu tirando a jaqueta e oferecendo a ela. Ele se encostou na parede e olhou para ela.
- Obrigada. – Ela agradeceu pegando a jaqueta e se enrolando nela. – Eu não acho minha varinha. – Ela falou desistindo de procurar. – Eu vim com Anthony, então eu nem percebi que estava sem varinha. – Disse Hermione se encostando na parede ao lado dele. – Acho que deixei no meu escritório no restaurante. – Ele falou tentando se lembrar dos seus últimos passos antes de sair do restaurante. Eles se viraram um para o outro. Tudo o que ele conseguia ver eram aqueles olhos intensos e castanhos e, por um instante, até perdeu a fala. – O que foi? – Perguntou Hermione, seu hálito morno atingindo os lábios dele.
- O quê? – Ele perguntou desnorteado. Ele se afastou minimamente da zona de perigo e limpou a garganta. – Eu posso deixá-la em casa. – Ele ofereceu e recebeu um sorriso de Hermione. Pelas barbas de Merlin... aquele sorriso era tão poderoso que ele seria capaz de fazer qualquer coisa para recebê-lo com frequência.
- Obrigada, Draco. Eu ia ter que voltar todo caminho se você não tivesse aparecido, só para pedir alguém que me levasse já que minha lareira tá fechada, o que me impede de usar a rede de flu. – Ela falou agradecida. – Já estava me amaldiçoando por ter vindo a essa festa quando tudo o que queria esta noite era ver um filme e dormir cedo. – Disse a morena.
- Então por que veio? – Ele perguntou curioso.
- Porque sou uma boba. – Respondeu Hermione, dando de ombros. – Daphne foi lá em casa de manhã e você sabe como ela é, acabou me convencendo, bem, eu gosto de festas, então achei que não custava nada. E então Anthony apareceu no restaurante, enfim... Eu vim, mas só para fazer uma horinha mesmo. – Ela explicou.
- Sei. – Ele disse acenando. – E como saíram às coisas com aquela morena da grifinória? – Ele perguntou displicentemente.
- O quê? – Hermione perguntou sem entender.
- A morena que você empurrou para o Goldstein. – Ele explicou.
- Eu? N-não empurrei ninguém. – Hermione falou na defensiva e depois suspirou. – Okay, eu empurrei mesmo, mas só porque achei que iam gostar um do outro. E gostaram. Foi uma boa ação que fez valer a saída de hoje à noite. Se não fosse o ‘caso da varinha desaparecida’. – Ela disse desviando os olhos dele. – É meio embaraçoso, que você tenha percebido. – Ela falou sem graça.
- Por que? – Ele perguntou. – Eu fiquei impressionado. – Ele falou dando seu sorriso característico que funcionava como um evanesco e faziam calcinhas desaparecerem. – Isso, essa calça que está marcando sua bunda perfeita e o molho que você trouxe foram às coisas de que eu mais gostei esta noite. – Ele falou sem nenhum pingo de constrangimento olhando diretamente nos olhos dela com aqueles seus olhos de um tom cinza tão unicamente dele.
- Você estava checando a minha bunda? – Ela perguntou cruzando os braços.
- Você quer que eu minta? – Ele perguntou.
- Não. – Ela respondeu.
- É uma bela de uma bunda. – Ele falou e Hermione riu. Draco devolveu o sorriso, feliz por ela achar a afirmação dele engraçada e aliviado por ela não estar irritada com a sua sinceridade.
- As mulheres tendem a achar esse seu comportamento atraente? – Ela perguntou ainda rindo.
- Você ficaria surpresa com o quanto. – Ele respondeu. – Sou rico e bonito, as mulheres tendem a achar isso atraente. – Ele falou dando de ombros. E a boca de Hermione abriu e ela ficava linda enquanto tentava achar uma resposta a altura, embora ela não tenha contestado a afirmação dele.
- Você é tão egocêntrico, Malfoy. – Ela falou balançando a cabeça.
- Talvez, mas ainda assim, atraente. – Ele falou e ela revirou os olhos ainda que sorrisse.
– Podemos ir? – Ela perguntou e Draco assentiu e se aproximou passando o braço pela cintura minúscula dela e no segundo seguinte eles estavam em frente a sua casa em Godric’s Hollow. Porque uma aparatação durava tão pouco tempo? Ele permaneceu com os braços em volta dela por mais alguns segundos, tempo suficiente para deixar um beijo no rosto dela, se afastar alguns passos e desaparecer novamente.
Hermione permaneceu enraizada ali um pouco mais, no escuro, antes de dar meia-volta e pegar o rumo de casa. Ela se perguntou se não deveria tê-lo convidado para entrar e tomar um café. Provavelmente sim - era o mínimo que poderia ter feito -, mas agora era tarde demais. E sem dúvida tinha sido melhor assim. Não era muito sensato receber alguém àquela hora da noite, e ainda por cima, um cara que fazia seu termômetro de emoções atingir a pontuação máxima. Quando ele olhou para ela de forma tão penetrante ela quase se envergonhou, agarrando-o.
Ela precisava de uma reunião de meninas com Gina, Daphne e Luna... Pensando bem, era melhor não. Determinadas coisas não se devem compartilhar nem com as melhores amigas. Especialmente porque Daphne e Draco ficaram juntos por um tempo anos atrás. E por mais que ela não se importasse que Daphne estivesse casada com um ex seu, ela não sabia qual seria a reação da loira. E além do mais, Draco tinha uma fila de mulheres só aguardando ele estalar seus dedos. Não o censurava, de forma alguma. Ela também paquerava bastante. Gostava de sexo. E às vezes uma coisa levava a outra. E outra, como alguém podia achar o amor da sua vida se não procurasse por ele? Esse era seu lema.
Hermione entrou na cozinha, pegou uma garrafa d’água e subiu para o quarto que ficava no segundo andar. Ela olhou para o relógio que ficava na mesa de cabeceira e o mesmo marcava meia-noite, não muito depois do horário que ela tinha planejado dormir. O que significava que não conseguiria fugir de Gina e da corrida que ela tinha programado para as duas no dia seguinte. Ela deixou a garrafa ao lado do relógio e entrou no closet para se trocar, foi quando percebeu que ainda estava com a jaqueta de Draco. Merda! E tinha um cheiro delicioso. Um misto de couro e de Draco. Aquele não era um cheiro que lhe proporcionaria sonhos tranquilos. Ela tirou a jaqueta e pendurou no último cabide, o mais distante da cama dela. Agora teria que devolver o casaco, mas pensaria nisso no dia seguinte. Com certeza ele tinha mil outros casacos. Não precisaria deste imediatamente. E, se era tão importante, por que não pediu de volta? A culpa era dele. Porque ela ainda estava pensando nisso mesmo?
Trocou sua roupa por uma blusa do time de quadribol de Gina e foi ao banheiro para iniciar seu ritual noturno. Tirar a maquiagem, limpar, tonificar e hidratar a pele, escovar os dentes e o cabelo. Essa rotina diária em seu belo banheiro normalmente faziam com que relaxasse. Prosseguiu com o ritual tirando da cama a pequena montanha de travesseiros, pondo de lado as almofadas bordadas e afofando os travesseiros que usava para dormir. Enfiou-se debaixo do edredom, respirou fundo e... Godric! A essência única de Draco Malfoy estava espalhado pelo seu quarto.
Com um suspiro, virou-se de costas colocando o braço em cima dos olhos. Qual o problema de ter pensamentos sacanas a respeito do ex da sua amiga? Não era nenhum crime. Ela era uma mulher sexualmente ativa e na verdade, até fazia bem ter pensamentos eróticos. Era saudável. E qualquer mulher normal teria pensamentos desse tipo com um homem sexy, lindíssimo, de corpo fantástico e olhos que eram como uma tempestade. O problema seria concretizá-los, isso sim, seria uma loucura. Mas fantasiar ela podia.
Gostaria de saber o que Draco teria feito se ela tivesse virado o rosto no último segundo quando ele se despediu e o tivesse beijado. Provavelmente ele iria retribuir. E teriam passado alguns minutos bem interessantes na porta da casa dela, sob a neve fina. Os corpos dos dois se aqueceriam, seus corações estariam acelerados, os flocos de neve caindo sobre eles e... Para Hermione! Que mania que ela tinha de romantizar tudo. Merlin! Ela sempre passava da luxúria saudável para o romance. Esse era o problema dela.
Com Draco, a última coisa que ela encontraria era o: Felizes Para Sempre. Ela sabia que se tivesse rolado um beijo ele seria sem dúvida eletrizante, mas depois teriam ficado sem jeito um com o outro. Aí seriam obrigados a se desculpar ou tentar fazer algum tipo de piada a respeito do que havia acontecido. As coisas entre eles ficariam estranhas e tensas. O fato era que eles já tinham passado do tempo de se levar pela luxúria. A melhor coisa era deixar essas ideias bem guardadinhas no fundo da sua mente, com uma placa de ‘sem-reservas’ e continuar procurando o amor de verdade. Desses que duram para sempre.
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