— Hye... Se importa em se transformar em lobo?— dizia Chaewon enquanto ia de um lado para o outro, arrumando o quarto.
— Tudo bem.— se levantou da cama em que estava sentada.— Mas... Por que?!— indagou curiosa.
Chaewon parou em frente a si, com um sorrisinho nervoso no rosto.
— Uma amiga vai vir em casa hoje.— a expressão de Olivia ficara um tanto enciumada.— Precisamos fazer um trabalho... É uma pesquisa pra um projeto na faculdade.— explicou.
— Certo, entendi.— revirou internamente os olhos.
Afinal, estava com tanto ciúmes assim?!
Não ligava pra resposta, apenas se apressou e ficou na forma de um lobo.
— Obrigada, lobinha! Você é incrível.— dissera em um sussurro, sorrindo largo.
Ao ouvir a campainha da casa tocar, correu eufórica até a porta da entrada, com um belo sorriso no rosto.
— Olá, Chaewon.— a garota cumprimentou a Park, fazendo uma breve reverência, com um sorriso largo no rosto.
A menina tinha longos cabelos escuros, usava roupas consideravelmente justas e escuras, o que valorizava seu corpo um tanto magro, e dava destaque a sua pele pálida. Era bem mais alta que Chaewon, mas isso não surpreendia a loira, todos eram mais altos que si, e também carregava um caderno e um estojo em mãos.
— Olá, TaeHee.— sorriu docemente para a garota, lhe dando espaço para entrar em sua enorme casa.
As duas andaram em silêncio pela casa, a Kim estava um tanto tímida e não conseguia dizer nada, já Chaewon, apenas queria terminar logo o trabalho para ter o resto do dia livre.
— Então.... Eu estava pensando e... Depois do trabalho, nós... n-nós...— interrompeu a própria fala, sentindo a timidez dentro de si aumentar.
— Nós...?— arqueou a sobrancelha enquanto entrava no quarto.
— Nós podíamos, sei lá... Sair para fazer alguma coisa ou até mesm-
se interrompeu novamente, mas dessa vez soltou um grito um tanto agudo ao entrar no quarto de Chaewon. A Park tinha que admitir que não estava surpresa com a reação da colega de classe ao ver Hyejoo deitada.
— O QUE ESSA CRIATURA ESTÁ FAZENDO NA SUA CAMA?!— indagou, com seus olhos arregalados.
— Não a chame de criatura.— pediu num tom um tanto gentil. Foi até sua cama e se sentou ao lado de Olivia, acariciando seus pelos macios.— Essa é a Olivia, e... Não precisa se preocupar, ela é completamente dócil.— sorriu.
— Onde você conseguiu esse lobo?— perguntara boquiaberta. Queria poder fazer carícias no animal, mas não estava com coragem nem de se aproximar, então ia permanecer consideravelmente longe.
A lobinha encarava TaeHee de forma um tanto intimidadora. "Não acredito que ela chamou Chaewon pra sair!" pensou a Son.
— Bom, é uma longa história.— levou a mão até a boca, soltando uma risadinha abafada.— Vamos fazer o trabalho?— perguntara curiosa.
— Sim.— sentou-se na beirada da cama, com certa distância de Chaewon e Hyejoo.
— Não precisa ter medo dela.— riu.— Ela não vai fazer nada pra você. Vamos, sente-se mais perto, e vamos acabar logo com esse trabalho.— riu.
— Certo.— tratou de se sentar mais perto, sentindo suas mãos suarem de nervoso e medo.— E... Sobre sair? Você topa?— perguntou, ainda com certa esperança.
Hyejoo, naquele momento, fuzilava a mais alta com o olhar, e TaeHee fazia de tudo para desviar a atenção da lobinha, pois estava ficando nervosa novamente.
— Eu...Uh...— encarou Hyejoo por milésimos de segundos e engoliu em seco. Sabia muito bem o que aquele olhar expressava.— Não vou poder ir, tenho muitas coisas pra fazer hoje...— levou a mão até a nuca, passando suavemente os dedos ali enquanto sorria nervosa para a garota.
— Tudo bem, tudo bem.— sorriu compreensiva.— Podemos sair outro dia, certo?
— Claro, é só me chamar.— ao dizer tais palavras, sentiu a cabeça de Hyejoo em sua coxa. Definitivamente; Olivia estava com muito ciúme.
As duas garotas começaram a focar no trabalho. Passaram literalmente mais de duas horas fazendo anotações.
Hora ou outra, TaeHee lançava alguns olhares e sorrisinhos de canto para Chaewon, a mesma apenas ignorava, e Hyejoo podia jurar que a garota estava tentando flertar com a Park, mas apenas fez o possível para ignorar junto com sua dona.
As duas finalmente deram fim ao trabalho, com sorrisos orgulhosos, haviam realmente se esforçado.
Acabaram por ficar em um silêncio absoluto. Não tinham intimidade suficiente para criar uma conversa produtiva.
Diante de toda aquela situação um tanto constrangedora, TaeHee deu a desculpa de que sua mãe estava lhe ligando e precisava de si em casa. A garota então, se despediu e, finalmente, foi embora.
— Finalmente ela foi embora!— Gritou Olivia, novamente em sua forma humana.— Eu não aguentava mais aquela menina aqui!
— Não se preocupe, ela não vai mais vir aqui por um bom tempo.— riu, fazendo esforço para não secar o corpo nu da garota.— Foi só pra fazer um trabalho em dupla, que era obrigatório.— se sentou na cama, ao lado da mais nova.
— Espero que ela nunca mais apareça aqui. Não gostei do jeito que ela ficava te olhando.— dissera num tom um tanto emburrado.
— Está com ciúmes, Hye?— perguntou, deixando um sorrisinho provocativo dominar seus lábios.
— Não, eu só.... Estou com vontade de jogar um balde na cabeça dela!— respondeu em um tom emburrado.— Eu vou jogar um balde na cabeça dela, e depois vou bater nela com o rodo!
— Um balde?!— gargalhou.— Mas por que um balde?!
— Não sei!— revirou os olhos.— Estou estressada demais pra ficar pensando no que jogar na cabeça daquele animal.
"Meio irônico ver ela chamando TaeHee de animal." pensou, rindo mais ainda.
— Para de rir! Ela queria sair com você, e você disse que um dia sairia com ela!— dissera agora choramingando.
— Ei, se acalma. Eu não vou sair com ela.— cessou a risada aos poucos.
— Então por que disse que sairia com ela?!— indagou levemente irritada.
— Eu só disse aquilo para não parecer grossa.— Sorriu de cantinho.— Se isso vai fazer você se sentir melhor; eu não vou sair com ela.— De repente, uma ideia brilhante tomou conta de sua mente.
"Eu nunca saí com Hyejoo em sua forma humana... Talvez eu possa sair hoje!"
— Ótimo!
— Agora, vá colocar uma roupa.— ordenou.— Vamos sair antes que minha mãe chegue do serviço.— Levantou, correndo em direção ao guarda-roupas.
Pegou uma das roupas que ficavam grandes em seu corpo, já que Olivia era muito maior que si. Se aproximou da híbrida, lhe entregando um blusão, uma calça, e peças íntimas.
— Colocar uma roupa? Sair?!— encarou a loira, com um semblante confuso. Sem entender muito, pegara as vestes e começou a se arrumar.
— Isso. Vamos dar uma volta por aí!— riu.— Nunca saímos de casa juntas, aliás, você só sai se for em forma de lobo.
— M-mas... Se sairmos, não vão desconfiar de nada?— inclinou a cabeça pro lado, confusa com a situação.
— Eles nunca iam imaginar que você é uma híbrida.
— Chae... Você não acha que seria meio estranho eles verem uma menina com orelhas e cauda de lobo?— encarou a garota, ainda confusa.
— Nós podemos dar um jeito nisso!— se aproximou da garota, analisando-a de cima a baixo.— Com licença.— dissera timidamente ao pegar a cauda de Hyejoo. Sabia que o rabo da híbrida era um tanto sensível, e não gostaria de deixa-lá desconfortável.
Com muito esforço, conseguiu esconder perfeitamente a cauda da garota, de uma maneira confortável. Nem a própria Chaewon fazia ideia de como tinha conseguido fazer aquilo.
Correu até seu guarda-roupas novamente, tirando uma touca dalí.
— Vou usar isso pra esconder suas orelhas.— dissera, levando o objeto até a cabeça da Son, a mesma acabou recuando um pouco.
— C-Chaewonnie... Minhas orelhas são sensíveis...— dissera baixinho, um tanto amedrontada.
— Não se preocupe, isso não vai machucar elas, é macio, olha!— esticou a touca em direção a Hyejoo, a mesma apenas dera alguns toques no tecido. — Vem aqui, lobinha.— pediu, segurando gentilmente sua mão. — É só pros outros não desconfiarem de nada, sim?
Antes de colocar a touca até a cabeça de Hyejoo, Chaewon aproximou os lábios da orelha direita da mais nova, e depositou um beijinho ali. Fez o mesmo com a orelha esquerda, e em seguida, fizera um leve carinho ali, arrancando um sorriso satisfeito de Olivia. Por fim, colocou a touca na garota.
— Você está linda.— sussurrou a mais velha, lhe depositando um beijo nos lábios.
Hyejoo sentiu suas bochechas esquentarem, e ouviu até mesmo uma risadinha vinda de sua dona.
— Agora... Vamos, antes que minha mãe chegue em casa e te veja assim!— segurando a mão da mais alta, saiu de sua casa.
Estavam quase na esquina quando se depararam com o carro da mãe de Chaewon.
— Chae?— sua mãe parou o carro, que já estava com a janela aberta. — Quem é essa??— olhou para Hyejoo, com um semblante curioso.
"Droga!" pensou a loira, sentindo Hyejoo tensionar o corpo.
— E agora?!— Hyejoo murmurou aflita.
— Não se preocupe.— respondeu bem baixinho. — Então, mãe... Essa é TaeHee, minha colega de classe!— dissera num tom mais alto, com um sorriso nervoso. — Lembra que eu disse que ela iria vir em casa fazer o trabalho Hoje?!— a mais velha assentiu. — Pois é, nós já terminamos o trabalho e agora estamos indo para o café... Aquele que fica no centro da cidade... Eu ia te ligar avisando, mas você viu a gente primeiro.
— Pois então entrem no carro! Eu levo vocês para o café!— sorriu gentilmente para as duas.
"Merda, merda, merda, merda! Mil vezes merda!" Chaewon sentiu seu corpo começar a soar frio.
As duas mais novas entraram no carro, com o coração a mil.
Quando o carro começou a andar, as três ficaram em silêncio. a Park torcia para que fosse assim até chegarem no café, mas infelizmente, não foi o que aconteceu.
— TaeHee tem um estilo muito semelhante ao seu, Chae.— a mulher falou, olhando as duas pelo retrovisor do carro. — As roupas até parecem as suas.— riu, e as garotas no banco de traz riram nervosamente. — Então, TaeHee... O trabalho foi sobre o que?— sorriu de ladinho, tentando puxar assunto com a garota.
— O-o trabalho... U-uh.. Ele...
— Mãe, não seja desagradável!— praguejou Chaewon. — a Tae é tímida!— escutou a mãe murmurar um "Que fofinha" e após um revirar de olhos, deu continuidade a sua fala. — O trabalho era só uma pesquisa sobre política, não era nada demais.— deu de ombros.
— Entendi...— a mulher falou, com um sorriso no rosto.
Faltavam poucos metros para chegarem na cafeteria, mas como Chaewon imaginava, sua mãe voltou a falar.
— E o que aconteceu com a Olivia?! Ela sempre está do seu lado...— comentou. — Achei estranho ver você sem ela.
— A-ah... Eu deixei ela com... A mãe da TaeHee!— "Puta que pariu, Chaewon!" — A mãe dela disse que ficaria com a Olivia enquanto nós estivéssemos fazendo o trabalho, sabe?
— Quer que eu vá buscar ela pra você? É só a Tae me dizer onde mora, e eu vou.— sorrira o mais gentilmente possível.
— Não! Eu vou buscar ela quando eu estiver indo embora. Obrigada, mãe.— sorriu de ladinho, dando graças a Deus pelo carro ter finalmente parado. — Precisamos ir. Obrigada por ter nos dado carona. Até mais, mamãe.— deu um beijo estalado na bochecha da mais velha.
Abriu a porta do carro e saiu em um pulo, segurando a mão de Hyejoo, e sem dizer alguma coisa ou olhar para trás, entraram correndo no café.
— Sua mãe é bem gentil.— Hyejoo dissera após ase sentar na mesinha indicada por Chaewon.
— Realmente.— riu junto, sentando ao lado da morena. — Mas nós quase "fomos pegas" por causa dessa gentileza.— fizera uma pausa na fala. — Então... Vai querer o que?— sorriu, fitando a Son.
— Você tem dinheiro?!— indagou surpresa, com um semblante confuso.
— Eu sempre estou andando com dinheiro no bolso.— levou a mão até a boca, para soltar uma risadinha abafada. — Pode escolher o que quiser.— esticou o cardápio, que estava na mesa, em sua direção.
— Mas eu não como e não bebo nada dessas coisas... Acho que não vou querer nada.
— Você precisa experimentar coisas novas, Hye!
Dito isso, Chaewon começou a pensar em algo que Olivia provavelmente gostaria. Optou por pedir coisas simples. Pedira um copo de suco natural e um lanche para Hyejoo, e para si, pediu café e uma fatia de bolo de laranja.
Não demorou muito para os pedidos chegarem. De início, Olivia estranhou um pouco a comida, cheirou, fez careta, lambeu, até por fim, morder o lanche, enquanto isso, Chaewon segurava o risa observando a mais nova.
— O que é isso?— apontou para o café que a Park bebia.
— Isso é café, Hye. Quer experimentar?
A mais nova assentiu, e conseguiu sentir um sorriso se formar nos seus lábios quando Chaewon levou a xícara até sua boca.
Inalou o cheiro do líquido, já deduzindo que a bebida poderia ser ótima. Mas quando bebericou um pouco do café, seus olhos se fecharam, sua testa se franziu, e seus lábios começaram se pressionar. Resumindo; havia feito uma careta, que aparentemente era muito engraçada, já que a loira se encontrava gargalhando.
— Como você bebe essa coisa?!— indagou, ainda fazendo careta. — Isso é muito ruim!— torceu o nariz.
— Você fica muito fofa fazendo careta!— deixou a xícara sobre a mesa, e tomou liberdade para apertar as bochechas de Hyejoo.
[...]
— Tem certeza de que isso é bom?— Son perguntou meio desconfiada. — Se for igual a café, eu não quero!
Após saírem da cafeteria, Chaewon decidiu levar Hyejoo para um parque, mas a ideia não deu muito certo. Afinal, Olivia podia estar em forma humana, mas ainda agia como um lobo, ou melhor, um cão!
"Só falta ela me pedir pra jogar um graveto, pra ela buscar" a mais velha pensava.
Logo, acabou por ter a brilhante ideia de comprar algo, que era bem comum, para "acalmar" a híbrida.
— Boba!— riu a loirinha, entrelaçando seus dedos nos de Hye — Isso é algodão doce, não chega nem perto do gosto do café.
Ainda meio desconfiada, aproximou o doce de sua boca, e ao tentar morder, o mesmo derreteu, mas mesmo assim conseguiu sentir o gostinho doce.
Sorriu feito uma criança, com os olhinhos brilhando, estava encantada com o algodão doce. Fez o maior esforço do mundo para comer delicadamente, mas ainda sim, se lambuzou inteira.
Chaewon, rindo abobada com o jeitinho da mais alta, puxou ela para se sentar em um banco.
— Me dá um beijinho?— a morena perguntou, fechando os olhos e fazendo um biquinho.
— Sai pra lá, Hye! Você está toda grudenta!— riu, afastando a garota.
— Não seja cruel comigo, Chaewonnie!— murmurou, soltando um suspiro triste.
A Park, sensível e coração mole como sempre foi, se sentiu arrependida de ter rejeitado o tão amado beijinho de Hyejoo, por mais que não passasse de uma simples brincadeira.
— Vem aqui, Hye.— levou a mão até a bochecha da morena. — Me dá um beijinho de algodão doce.— riu da maneira mais boba possível.
Aproximou seus rostos aos poucos, ignorando todos que estavam a sua volta, e deu um selinho na híbrida. Depois deu mais um pequeno selar nos lábios da mesma, dessa vez, o ósculo fora um tanto mais aprofundado, depois deu mais um, e por fim pediu passagem gentilmente com sua língua, sorrindo a cada segundo que sentia os lábios grudados nos seus se entreabrindo cada vez mais.
Chaewon conseguia sentir o gosto doce em sua boca, e ao mesmo tempo, Hyejoo conseguia sentir o amargo do café impregnar na sua língua. Mas diferente da primeira vez, agora, achava café a melhor coisa do mundo.
A mais nova levou suas mãos até a cintura da Park, afirmando-as alí, o que deu -sem querer- mais intensidade ao beijo.
A loira deixou um suspiro abandonar seus lábios, e sentiu seu lábio inferior sendo mordido. Logo, sorriu minimamente. Os pelos de seu braço se eriçaram ao sentir a sucção que Hyejoo fez no seu lábio, e logo, o beijo foi encerrado com três selinhos rápidos.
Suas testas se grudaram, e os sorrisos apaixonados brotaram em seus lábios. Fecharam os olhos, sentindo o calor dos corpos e a brisa fria batendo contra ambas.
— Acho que vai chover.— Chaewon dissera após ouvirem um trovão. — Vamos indo, Hye?
— Vamos.— abriu os olhos, podendo apreciar a beleza da loirinha em sua frente.
Logo se levantaram e começaram a caminhar rumo a sua casa.
[...]
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