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História Nossa Trilha Sonora - Tapas - História escrita por nicolydndr - Spirit Fanfics e Histórias
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História Nossa Trilha Sonora - Tapas


Escrita por: nicolydndr

Notas do Autor


Me deram uma folguinha porque amanhã (11/04) é meu aniversário, aí eu vim aqui, alimentar vocês.
Eu quero dedo no cu e gritaria nesses comentários.

Música: O TIRO - Scatolove

Capítulo 40 - Tapas


O tiro te acertou e você nem deu conta

A espada atravessou e você sentiu nada

Teu amor foi embora e você nem pergunta

Que os dias amanhecem e você nem levanta


    Lica P.O.V.

    Eu saí do quarto, saí do apartamento, saí do prédio, caí na rua, entrei no táxi e saí do táxi. Fiz todas essas coisas em um espaço de tempo de uma respiração. Fiz todas as essas coisas em uma batida de coração. E olha que meu coração estava batendo muito, mas muito forte.

    Eu não pensei em nada por sequer um segundo daquelas ações, eu nem sequer me lembro do caminho. Tudo o que me lembro era do meu telefone tocando, todos os toques possíveis - Tina, Ellen, Samantha, Benê… Me lembro de ter ignorado todas as ligações e socado meu telefone no fundo da minha mochila, o mais fundo que eu conseguia em meio ao emaranhado de papéis.

    A primeira vez que eu respirei depois de tudo isso, a primeira vez que eu consegui parar e pensar, foi quando eu encarei a porta do apartamento do meu pai. Em um passe de mágica, eu já estava lá. E eu percebi que eu não tinha um plano além disso.

    A sentença “contar tudo para ele” era uma das mais vazias que eu já havia proferido em qualquer momento da minha vida. Eu ia contar tudo pra ele e o que iria acontecer em seguida? Quais eram as chances de eu conseguir prever a reação do meu pai? Como é que eu iria conseguir explicar tudo aquilo?

    E a minha falta de certeza sobre o presente me encheu de certezas do passado. Fez eu me lembrar exatamente como foi da última vez que eu estive ali em um estado daqueles, eu conseguia me lembrar exatamente como aquilo terminou da última vez e eu não queria terminar naquela situação novamente.

    Eu respirei fundo e ergui a mão para tocar a campainha do apartamento, mas havia algo invisivel me puxando para longe daquela porta. Me impedindo de executar o movimento. Talvez fosse a minha consciência me impedindo de me colocar em uma situação ruim de novo.

Mas eu não tinha opções, tinha?

Eu não poderia simplesmente deixar pra lá, esquecer que ela havia desviado dinheiro e mais dinheiro da fundação do meu avô, da educação e de onde mais fosse possível.

    Meu cérebro se sentia um projetor, passando em cada canto da minha visão um trecho diferente daqueles documentos e ele agia como se soubesse exatamente as partes que teriam destaque no jornal quando eu conseguisse expor aquilo tudo.

Considerando que eu conseguiria fazer isso.

E eu iria, né?

    Porque eu tinha uma motivação. Eu tinha várias motivações na verdade... Como isso poderia estar sendo tão difícil? Eu não deveria nem exitar. Eu tinha motivos suficientes para garantir que eu estava fazendo uma coisa boa, que aquele era o certo. É assim que funciona não é?

    Eu não deveria estar sendo atormentada pelo meu passado, afinal. Tudo era diferente da última vez em que eu estive ali, da última vez em que eu tentei enfrentar o meu pai e me dei mal. Da última vez eu não tinha motivos, eu só estava com raiva, eu só estava decepcionada comigo mesma e tentando machucar alguém.

A última coisa que eu queria era machucar alguém dessa vez.

    Meu telefone tocou novamente, puxando a minha mente de dentro de si mesma e me colocando na realidade novamente. Eu puxei o telefone da minha mochila piscando perplexa, como se houvesse acabado de cair naquele corredor e tivesse passado vinte minutos fora - e talvez eu realmente tivesse.

    “MB”.

    Eu atendi.

    Eu não atendi o telefone quanto era a Tina porque ela estava sendo extremamente dura comigo recentemente e eu não imaginava que ela fosse entender. Não entendi o telefone quando era a Keyla porque sabia que ela iria tentar me fazer dar um passo para trás e não atendi o telefone quando era a Ellen porque sabia que ela iria dizer apenas uma frase que iria fazer com que eu re-pensasse tudo. E eu não podia nem pensar nada, quem dirá repensar.

    Também não atendi o telefone quando era a Samantha. Eu não queria conversar com a Samantha, não queria lhe dar a oportunidade de falar sobre o que havia acontecido na festa. O que havia acontecido ou que não havia acontecido. Queria fingir que eu nunca ouvi nem sequer o começo daquela história. Naquele momento eu precisava que ela me apoiasse apenas, mas sabia  como era egoísta pedir isso pra ela naquele momento.

Mas o MB eu podia atender. Ou assim eu fiz a minha cabeça porque eu precisava falar com alguém e ele era a única pessoa restante.

-MB.

-Lica. - Ele respondeu.

Havia silêncio ao fundo da ligação, puro e completo silêncio. Eu sabia que ele não estava com as meninas, conseguia sentir isso no seu tom de voz quase sussurrado.

Ele esperava que eu dissesse alguma coisa, mas eu percebi que também não sabia o que era que eu precisava conversar com alguém. Eu não fazia ideia do que dizer.

-O que tá rolando, Lica? - Ele perguntou após perceber que eu não diria nada.

Eu congelei, confusa. A confusão era tão grande que eu não era capaz de explicar. Eu não sabia o que estava acontecendo mais.

-Lica. - Ele chamou novamente.

-Não…

-Não me diz que não é nada demais, Lica. - Ele disse com um tom levemente mais alto. MB não era de ficar nervoso, não era de se exaltar com os amigos, mas até eu já estava cansada de dizer que não era nada demais. - Eu te vi no Galpão, Lica. Eu não faço idéia do que tinha naquele computador, as mina não falaram nada, mas… Lica… Eu já te vi daquele jeito antes, só uma vez.

Eu prendi a minha própria respiração. A cabeça dele tava seguindo a mesma linha de raciocínio que a minha, provavelmente porque ele também tava lá quando tudo deu errado.

-Por que você não quer me contar? - Ele perguntou. - Tem algo a ver comigo? Com a gente?

-Não. - Eu disse rapidamente. Eu não queria mais ninguém que não precisava se sentindo culpado naquele momento. - É só que… É a Malu…

-Tem a ver com o meio pai? - Ele perguntou rapidamente.

-O que? Por que?

Aquela pergunta foi pra ganhar tempo, eu sabia de onde saia a possibilidade de onde pai dele entrar na história. Eu só não tinha chegado nela ainda.

Agora tinha mais uma pessoa pra estar envolvida na situação. Com certeza o pai do MB era um dos contatos do telefone e quem sabe se não era ele o pai de verdade. O que isso iria fazer com a história? O que isso ia fazer com o MB.

-Ah, Lica… É a Malu e o meu pai… Meio que todo mundo já sabe… - Ele ficou em silêncio e eu recusei a deixa pra falar. - Então… Tem a ver com meu pai.

-Provavelmente sim. - Eu respondi sem rodeios. - Eu não posso te contar…

-Eu sei que não. Se pudesse, já teria. Não teria? - Eu suspirei em resposta. - Lica, só faz o que tiver que fazer.

-Você não sabe o que isso significa. - Eu disse.

-E nem você, Lica. - Ele retrucar, mas não de uma maneira rude e definitivamente não com uma mentira. - Mas eu confio em você. - Ele saiu do tom de sussurro. - Você me segurou quando eu quase pulei, eu te seguro se você cair.

Ele desligou a ligação e eu encarei a porta branca com outros olhos agora.

Dei dois toques na porta que só seriam ouvidos se alguém também estivesse esperando para sair do outro lado da porta. Tensionei os músculos do meu braços, respirei fundo e realmente dei um toque firme na porta. Firmemente agressivo.

    A porta se abriu quase que imediatamente e do outro lado o mal me encarou com um sorriso.

Malu sorriu pra mim de um jeito calmo e solícito como se eu fosse a visita que ela estivesse esperando desde o segundo em que acordou naquele dia.

E aquilo foi devastador.

    Ver ela com toda a paz de espírito que tinha naquele momento, mexeu comigo. O seu apartamento em toda a sua decoração branca e moderna, todos os móveis no lugar, todas as partículas de ar pareciam estar em seu devido lugar e em contraste com isso tudo estava eu, eu e minha mente perturbada com tudo que realmente estava acontecendo.

    Eu nunca tive nada a ver com aquele apartamento mesmo. Não dormia mais que uma noite seguida lá em ocasião nenhuma e quando isso acontecia, era notavelmente porque eu era obrigada. Aquele apartamento não era onde eu havia crescido, onde eu havia passado meus dias felizes. Era, na verdade, onde eu havia passado meus momentos de raiva e onde eu havia escutado as piores coisas possíveis serem jogadas na minha cara - grandes possibilidades de essa tradição se repetir naquele dia.

    Aquele apartamento era onde meu pai era pai da Clara, onde ele havia criado uma família, um reino próspero e feliz. Onde ele havia conseguido ser enganado de todas as maneiras possíveis e ainda assim ser feliz. Talvez o uso de “ainda assim” não seja correto, pode ser que esse seja o único jeito de ser feliz, fingindo tudo. Fingindo que não viu nada, evitando o que doeria muito e que já doía demais. Talvez eu e meu pai tivéssemos um plano de ação em comum.

    -A que devo a honra? - Malu perguntou com um tom irritante, enquanto fazia sinal para que eu entrasse.

    Eu passei pela porta e parei no meio da sala de jantar, fazendo questão de passar o meu all star sujo de lama o mais forte que eu conseguia no seu tapete. Além de me incomodar, a imagem da Malu me dava forças porque me lembrava de toda a raiva que eu sentia por aquela mulher e como eu queria simplesmente sumir com ela.

    -Eu quero falar com meu pai.

    -Só estamos eu e você aqui, Heloísa. - Ela disse cruzando os braços sobre a sua barriga.

    Eu encarei aquela barriga e quase tive ânsia de vômito ao me deparar com o assunto. Eu não saberia nem como explicar aquela parte da história para o meu, eu mal conseguia explicar aquela parte da história para mim mesma.

    -Então, eu vou esperar. - Eu disse me jogando no sofá. - Espero que a Clara chegue logo também.

    Ela me encarou com a mandíbula trancada e semicerrou os olhos, se sentando na poltrona do outro lado. Ela cruzou as pernas e permaneceu assim durante longos minutos. Eu tirei minha mochila e a joguei ao lado da minha perna no tapete e me sentei o mais confortável possível no sofá porque sabia que não iria sair dali rapidamente.

    Queria urgentemente que ela dissesse alguma coisa. Não só porque seu olhar sobre mim estava me incomodando muito, mas principalmente porque o silêncio do lado de fora, significava um turbilhão de coisas dentro da minha cabeça e eu não queria isso. Não queria mesmo começar a pensar sobre todas as outras coisas agora.

    Eu estava evitando pensar no que a Tina teria me dito se houvesse atendido a ligação. E menos ainda no que Ellen e Keyla teriam me dito. Tina ainda teria uma mínima chance de estar do meu lado, de me apoiar a contar tudo e expôr tudo, mas já Keyla e Ellen seria um pouco mais racionais e Keyla com certeza mais cuidadosa. Mas para elas era fácil, elas não tinham nada a ver com o assunto.

    -Os pais da sua namorada receberam o email?

    A voz da Malu ecoou para além dos meus pensamentos e eu levantei a cabeça de modo repentino a encarando. Ela tinha um sorriso no rosto, com as mãos apoiadas por cima do seu joelho. Um sorriso vitorioso, um maldito sorriso vitorioso.

    Malu era muito boa em persuadir. Ela era boa em convencer as pessoas a fazerem o que ela queria que fosse feito, tendo um bebê em jogo, ou não. Mas ela também era muito boa em jogar as pessoas em situações que elas não queriam estar mesmo, em destruir o psicológico delas. E eu já não estava nos meus melhores dias.

    -Você nem está na direção da escola… O que você…

    Eu disse tentando desviar o foco da conversa de mim e da Samantha. Samantha estava no topo da lista de ligações que eu não queria ter atendido e que realmente não atendi. A possibilidade de ela sequer tentar explicar a sua história da festa, me dava calafrios. Eu não sabia de nada e preferia não continuar sabendo por agora. Eu tinha que lidar com um assunto de cada vez, ou se não, tudo iria ruir de uma vez só.

    -Ah, por favor, Lica… - Ela disse com uma risada. - Seu pai só me tirou de lá em termos formais. Eu ainda tenho controle de tudo…

    -O jeito perfeito de destruir o Grupo. - Eu disse tentando não deixar transparecer que eu ainda não sabia daquelas informações. Isso colocava um pequeno ponto de interrogação em toda a minha afirmação de que ela queria sumir com o Grupo. Ela ainda estava trabalhando lá e lucrando lá, porque ela iria querer destruí-lo. E como ela iria fazer isso de modo sorrateiro de tão perto? - Destruindo ele por dentro.

    -E quem te disse que eu quero destruir o Grupo, Heloísa? É onde a Clara vai ter a maior parte da sua fortuna um dia…

    -Não coloca a Clara nisso... - Eu disse rindo. Estava me controlando para não gritar “Então porque roubar dos cofres da escola?”. A vontade era grande, mas eu sabia que fazer isso enquanto estávamos só nós duas ali, lhe dava uma vantagem para quando eu fosse expôr tudo para o meu pai. - É isso que você diz a si mesma para conseguir dormir de noite?

    -Não. Eu não preciso mentir pra mim mesma, nem dizer a verdade. - Ela disse se inclinando na minha direção. - Eu durmo muito bem. Obrigado pela preocupação… Mas e você, Heloísa? O que você diz pra si mesma?

    -Eu não sei do que você tá falando.

    -Não? - Ela riu. - Eu sei o que você tá fazendo aqui. Eu não sei bem o que você acha que vai contar para o seu pai, mas eu sei que vai ser mais um dos seus shows excêntricos que sempre parecem acontecer quando ele tá bem. Coincidência, não? Coincidência que você estivesse com tanta raiva justo no dia em que ele anunciou que iria ser pai… Por que você faz essas coisas, Lica? O que você ganha causando tanto desastre?

    O seu tom de voz chegava a fazer a minha pele queimar. Eu sentia uma queimação no estômago, uma dor de cabeça horrível. Tudo simplesmente saía de órbita quando ela abria a boca. ouvir aquela pergunta da Malu também era encantador porque eu me fazia a mesma pergunta quanto a ela o tempo todo.

    E aquelas palavras não fazia sentido, e eu sabia disso naquele exato momento, mas mesmo assim eu não conseguia deixar de me sentir afetada. Elas embaçaram a minha visão e certeza das coisas. A minha certeza do que estava acontecendo ali.

    -Perdeu a voz?

    -As vezes eu acho que você saiu de um filme, Malu… - Eu disse com um ar de riso irônico e irritado. - Não tem cabimento uma pessoa ser tão sem escrúpulos assim…

    -Ah, sim, claro. Eu sou a vilã aqui. E você, consequentemente, a heroína. - Ela riu fortemente. - Mas, então, me conta, qual é a sua nobre causa? Por quem você está lutando? E se eu não posso dizer que faço o que faço pela Clara, você também não pode dizer que só quer o bem para o seu pai. Eu e você sabemos que isso é mentira.

    Havia um embate sério entre nossos olhos naquele momento e eu era incapaz de desviar, mas também não conseguia me mexer de qualquer outra maneira.

    -Eu vim aqui pelo meu avô. Em nome de toda a admiração que eu tive por ele e que ele tinha pela educação, eu não posso deixar você simplesmente desmantelar o que ele construiu. Você nem é parte da família!

    -Você tá me culpando por tentar tornar tudo que ele fez ainda maior? Por tentar tornar o grupo muito mais que um prédio? Mais que a melhor escola de uma Vila?

    -Você coloca dinheiro acima da educação…

    -Ah, francamente! - Ela se pôs de pé com enfadamento. - Você realmente acha que eu sou a primeira a fazer isso? Você já viu o tamanho da casa da sua avó, Heloísa? - Ela andou de um lado para o outro da sala, abandonando a pose e começando a se exaltar. - Você acha mesmo que o seu avô ficou rico o suficiente para pagar os seus estudos, que você constantemente joga fora, e para construir aquela casa inteiro e reconstruir todo ano com educação? Você acha que ele fez isso tudo sem pisar fora da linha? Ninguém fica rico de forma legal com educação nesse país, Heloísa!

    Eu me coloquei de pé, lhe encarando de maneira congelada enquanto ela andava ao redor do sofá. Era audacioso demais da parte dela falar do meu avô, falar da integridade da minha família. Eram os valores nos quais eu fui criada, era tudo em que eu acreditava, ela não podia simplesmente sair gritando por aí que meu avô era um criminoso ou em qualquer instância parecido com ela.

    -Seu erro é achar que o seu pai é a única fruta podre da sua família. - Ela disse parando ao lado do aparador e cruzando os braços. - Ou você até sabe disso lá no fundo né… - Ela deu de ombros, sorrindo. - Sabe que você também é. E isso também é um problema. Imagina só, Lica… - Meu apelido saindo da sua boca, me causou calafrios. - Tudo que seu avô queria, era ter muito dinheiro e ver um colégio Grupo em cada esquina, bom, ou não, mas lucrativo com certeza… E eu, eu, Lica, estou colaborando para que isso seja verdade. Imagina só, você só causando desgosto mais uma vez pra sua família e eu dando orgulho para o seu avô.

    Minha boca abriu em um grito urgente contra a sua pessoa, enquanto minha mão se fechava em um punho cerrado e eu quase conseguia sentir minhas unhas entrarem pelas palmas das mãos. Mas, então, a porta se abriu com o meu pai passando rapidamente pelo corredor se prostrando entre nós.

    Agora não dava mais para voltar atrás.

    -Que gritaria é essa dentro desse apartamento?

    Ele olhava entre nós duas com um olhar alarmado. Lendo as duas de modo rápido e tentando entender se eu havia, ou não, feito algo contra ela. Porque o contrário era impossível, certo?

    -Lica, o que tá acontecendo?

    Eu ouvi a voz de Clara e finalmente consegui me mexer. Ela tinha um olhar confuso e igualmente alarmado, mas por algum motivo, ela estava mais focada em mim do que meu pai.

    -Anda logo, Lica. - Meu pai disse de maneira firme. - Se explique.

    Eu peguei a minha mochila no chão e joguei em sua direção. Ele agarrou a mochila e abriu-a com um olhar confuso.

    -Sinta-se à vontade com esses papéis.

    -O que é isso, Lica?

    -Provas. - Eu disse simplesmente, ganhando confiança. - Contra aquela ali. Provas de que ela vem te roubando, roubando o colégio e tramando coisas pelas suas costas.

    -O quê? - Ele perguntou deixando a mochila cair e passando a mão nos papéis que havia conseguido segurar.

-Você vai acreditar nessa menina Edgar?

-Você não precisa acreditar em mim. Tá tudo escrito.

-Olha esse monte de papel, Edgar. - Malu disse se aproximando da mochila e pegando algumas folhas. - Esses adolescentes fazem cada coisa na Internet...

-E alguns adultos também… - Eu disse lhe fitando com atenção. - Vamos lá, pai. Você tem muito o que ler, e eu não saio daqui com ela presa.

-Heloísa…

-Pai. - Eu o interrompi fazendo contato visual firme com ele. - O que você tem a perder? Você já não confia em mim mesmo, se eu estiver errada, vai continuar não confiando depois.

Meu pai passou um longo tempo, variando seu olhar entre mim e Malu. Meus olhos fixos nele foram capazes de analisar com perspicácia o momento em que ele deixou de ser tão relutante a idéia.

Eu sabia que ele preferia que não tivesse nada naqueles papéis e que eu fosse apenas o papel da Filha Má voltando a tona do que saber que a Malu estava fazendo algo contra ele. Eu conseguia lidar com isso, conseguia lidar com a falta de fé completa que ele tinha em mim, não podia culpá-lo. Mas não conseguia lidar com o que aconteceria com todas acontecia esperanças dele.

Principalmente quando percebi que era o que havia acontecido com acontecido minhas também. Assim que descobri tudo e que confirmei tudo, eu simplesmente não podia mais acreditar que um dia tudo iria ficar melhor. Eu tinha esperanças naquele bebê e naquela relação de alguma maneira, ela havia destruído isso em mim. Até mesmo em mim.

Imagina o que ela faria com o meu pai.

Ele abriu o seu paletó e tirou o óculos de dentro do bolso. Malu o encarou firmemente como se duvidasse dos seus movimentos com todo o seu corpo e eu quase duvidava também. Dava mais chance pra hipótese de ele estar colocando os óculos para me enxergar melhor enquanto me xingava do que para ler os papéis.

Mas ele os leria.



Foram quarenta minutos no total. Quarenta minutos de silêncio puro naquele apartamento frio e não foi somente a decoração e as paredes que ficaram brancas. Eu estava branca, estava pálida e quase tremendo.

Clara tentou trocar uma palavra comigo, eu sabia que ela queria urgentemente saber o que estava acontecendo, mas eu sentia que era uma crime falar qualquer coisa durante aqueles minutos. Malu passou todo o tempo sentada sem falar nada também. Tinha uma expressão confiante, mas era incapaz de fazer contato visual comigo. Talvez ela sentisse que o castelo dela estava caindo. Tinha que ser muito psicopata pra não perceber isso.


-De onde saíram todas essas informações, Heloísa? - Meu pai finalmente disse ficando de pé.

Eu fiquei de pé, olhando fixamente pra ele. Não estava mais tremendo porque seu tom de voz me passava uma certa segurança de que o plano estava funcionando. De que ele estava enxergando e crendo.

    -Do telefone dela. - Eu disse. - Eu achei o telefone que ela perdeu, no quarto de hospital do MB. Também não sei o que ela estava fazendo lá...  Não precisei ir muito longe dentro dele para descobrir muita coisa que eu acho que ela não iria te contar sozinha…

-Ah, essa menina, Edgar… Sinceramente…

-Malu, por favor. - Ele disse de maneira ríspida e meus olhos quase brilharam frente a reação dele.

-Edgar? Você não está acreditando nesse monte de mentiras dessa menina não é?

-Eu não sei, Maria Luiza. Eu tenho motivos pra isso? - Ele perguntou se virando na direção dela com um tom de voz pesado. - Isso explicaria muitas das coisas estranhas que andam acontecendo recentemente.

-Que coisas estranhas? O nome do Grupo até na televisão?

-Nem sempre as pessoas estão falando de dinheiro, Malu. - Ele disse jogando os papéis em cima do sofá e passando os olhos de modo inquieto pela sala. - Mas já que tocou no assunto, sim, isso principalmente. Esse nunca foi o nosso objetivo.

-Porque você não tem objetivos, Edgar. - Ela disse e se consertou logo em seguida. Ela não estava caminhando para a discussão certa. - O que eu quero dizer é que… Assim como o seu pai, eu estou tentando colocar as coisas no lugar e erguer o nome do Grupo.

-Meu avô não roubou ninguém pra fazer isso. - Eu disse por cima do ombro do meu pai.

-Mas também não esperou o dinheiro cair do céu. - Ela retrucar com o mesmo tom presunçoso que havia usado há minutos atrás. Ela havia notado como isso me afetava. - Seu avô não chegou onde chegou sendo um anjo, Heloísa.

    -Mas ele fez isso sem mais que apertar a mão de alguém.

    Seu sorriso congelou e ela virou a cabeça em minha direção como se fosse a Emily Rose. Seus movimentos de repente se tornaram mecânicos como se eu tivesse atrapalhado todo o seu roteiro e estourado as suas expectativas, era particularmente algo que eu estava tentando muito fazer naquele dia.

    Mas ela também.

    Eu não vi quando sua mão se levantou no ar e ela deu um passo à frente, mas senti o fluxo de sangue que se concentrou na lateral do meu rosto quando a sua pele quente acertou a minha bochecha. Eu também ouvi o som, o primeiro de uma das bombas que iriam estourar durante aquela conversa.

    Eu me curvei para o lado devido às leis da física, mas não consegui me erguer por alguns segundos porque havia mais do que contato físico naquele tapa. Não tinha nada a ver com o fato de ser a Malu me batendo, não é como se eu tivesse sonhado - literalmente sonhado - em acertar um tapa na cara dela tantas outras vezes. O problema em questão era que ninguém havia feito nada.

    O problema era que meu pai não havia feito nada.

    Quando os segundos de desistência e impulsão acabaram, eu me ergui novamente, com a mão sobre a área dolorida do meu rosto. Um soco doeria menos do que um tapa, essa é a regra sempre. Um soco te tira físico, um tapa te tira dignidade. E fica a frente da pessoa que lhe feriu ambos os jeitos e ter que ver seu pai protegendo a ela e não a você, isso sim, isso realmente te tira tudo.

    -Você não vai fazer nada? - Eu perguntei com a voz afetada.

    -Você passou dos limites…

    Eu sempre admirei a plenitude e estabilidade emocional da Samantha, mas ela não era a maior do mundo, afinal, era a do meu pai. Era incrível como não importava o inferno que estivesse acontecendo, ele sempre teria o mesmo tom de voz nervoso e indiferente ao mesmo tempo para falar comigo. Era como se ele estivesse sempre com preguiça de ter que lidar comigo, de ter que ter a mesma conversa comigo sempre, mas isso não fazia sentido porque ele usava esse tom de voz comigo desde que eu havia sequer nascido.

    -Eu passei dos limites? - Eu disse sem conseguir controlar meu tom de voz. Minha mão se agitou em um gesto desesperado, deixando a área vermelha no meu rosto desprotegida e o vento bateu de maneira violenta contra a área. - Olha pra minha cara! Ela acabou de enfiar a mão na minha cara! Eu vim aqui te contar que esse filho não é seu, que ela tá te roubando e eu passei dos limites?

    -Eu sei o que você está fazendo aqui, Heloísa. Eu escutei tudo o que você disse, mas você não pode aparecer na minha casa e fingir que você tem toda a verdade nas mãos…

-Porque você tá virando isso contra mim? Ela mentiu pra você!

-Que conveniente falar de mentiras, não é? - Malu deu um passo além do braço estendido de Edgar e eu dei um passo a frente ao invés de um passo atrás. Eu já imaginava o que viria em seguida, a adrenalina estava fazendo com que meu cérebro funcionasse a mil. Antes mesmo que ela sequer abrisse a boca, eu simplesmente joguei a minha mão em desistência enquanto dava meia volta. - Ou você acha que a gente nunca ia descobrir que você foi reprovada…

-Mas que grande pecado eu cometi, não é mesmo?  - Eu disse audivelmente me virando para eles novamente. Os dois juntos pareciam uma dupla de super heróis, o modo como ela se escondia atrás dele, o modo como ele protegia ela. Protegia ela de mim. Porque é claro que eu era a vilã do conto de fadas empreendedor dos dois. -  Eu falhei! Olha só que pecado!

-Você sabe bem que o problema não é esse. - Meu disse colocando as mãos na cintura e me encarando com um olhar severo. - O problema é você não ter contado pra gente. A Marta também não sabe disso, não é?

-É claro que sabe! - Eu disse com uma risada alta. - Ela é minha mãe!

“Ela é minha mãe” quer dizer que Marta me pariu, que Marta me criou, cuidou de mim, me aconselhou e apareceu para me dar parabéns honestos, que duraram mais de dois minutos e que Marta não marcou presença apenas para chutar meu corpo no chão toda vez que eu passava por algum momento difícil. “Ela é minha mãe” quer dizer: “Ela é minha mãe e você não é meu pai, por isso você não sabe de nada!”.

Ele deu um passo pra frente, com as mãos se movendo de um jeito lento, mas agressivo. Ele parou, ficando a menos de cinco centímetros de distância de mim. Eu entendi o que iria acontecer antes mesmo que ele parasse e por isso a cena mais destruidora possível aconteceu no segundo seguinte.

Ele estava parado à minha frente, com a mão a meio caminho de avançar em mim e eu estava a sua frente, com os braços erguidos em busca de me defender do tapa que nunca veio fisicamente, mas emocionalmente nunca havia saído de mim.

Que alguém tirasse uma foto desse momento. Era um quadro pronto. Uma obra de arte. Era o que se via antes de Saturno Devorando Seu Filho, de Francisco de Goya. Era uma obra de arte que nós dois havíamos pintado juntos, com cada grito que demos um com o outro ao longo dos anos, com cada provocação silenciosa, com cada vexame que fizemos um e outro passar.

Nós éramos excelentes pintores de desastres.

Eu não me mexi e ele não se mexeu. Eu não estava encarando seus olhos, eu estava encarando um ponto qualquer além da sua cabeça, me concentrando somente em não chorar. E até naquele exato momento a minha preocupação era não demonstrar medo.

Eu senti meu braço ser puxado e vi a figura do meu pai se afastar a medida que Clara me puxava para longe. Ela me puxou sem me virar, suas mãos no meu braço de forma brusca enquanto ela mirava a porta ao fim do corredor de entrada, se preocupando somente em me colocar longe dele.

Eu deixei que ela me puxasse e joguei a mochila que estava nos meus ombros no chão, deixando ela cair ao lado do sofá enquanto finalmente focava a imagem do meu pai. Consegui olhar pra ele antes de passar da porta e mesmo que meu olhar estivesse despreparado demais para conseguir significar alguma coisa, ele disse alguma coisa. E esperava que ele soubesse o quanto eu estava triste naquele momento.

Clara fechou a porta atrás de si e eu imaginei que ela fosse desmoronar comigo, era o que eu desejava pelo menos porque eu realmente precisava começar a chorar. Mas ela não fez isso, ela só bateu a porta com a maior força que conseguia e em seguida me puxou, agora pelo pulso, para o elevador. Eu percebi nos seus movimentos e nos seus passos apressados e forte no chão que ela não estava prestes a começar a chorar.

Ela estava, no mínimo, prestes a começar a gritar.

Quando a porta do elevador abriu, ela me puxou para dentro e assim que saímos do andar com a porta já fechada, ela apertou o botão de emergência e se virou pra mim. Ela parecia ter ganhado vinte anos nos últimos segundos, eu conseguia ver como as veias no seu rosto se ressaltavam  e eu sabia o que aquilo queria dizer porque também acontecia mesma coisa comigo quando eu estava com raiva.

-Você não tá com raiva de mim, né?

-Ah, agora a madame vai se fazer de desentendida! - Ela disse apertando ainda mais os braços já cruzados sobre o seu torso. Havia humor naquela frase, mas não havia nenhum em sua voz. Havia apenas raiva e escárnio quando ela se dirigia a mim e suas sobrancelhas estavam tão erguidas que eu imaginei que elas fossem sair do seu rosto. - Eu não acredito que você fez isso, Lica.

-Eu não fiz nada…

-Você não me contou! - Ela disse estupefata. - Simplesmente, não me contou! Eu estava lá com você, fui eu que te lembrei daquele maldito telefone… Quer dizer, suponho que você não tenha mentido sobre esquecer a existência dele. - Eu abri a boca para falar alguma coisa, mas ela me deu um empurrão colocando as mãos no meu ombro e eu fiquei sem voz de susto. - Você sabe que isso muda tudo, né? Você sabe que as coisas não afetam apenas a sua vida, né?

Ela jogou as mãos para o ar e eu temi que seus punhos fossem acertar o espelho do elevador. Ela se encostou à parede do elevador e eu percebi como seu rosto estava vermelho, como todo seu corpo parecia a ponto de explodir.

Eu já tinha perdido toda a fé nessa parte da minha família aquela altura. Antes de descobrir aquelas coisas eu já tinha perdido toda a fé na Malu e praticamente toda a crença de que um dia iria conseguir chamar Edgar de pai por mais que convenções sociais. Mas ela não, ela tinha um pai e principalmente uma mãe antes de todo aquele circo começar. Antes de eu aparecer com uma bomba de papéis embrulhada na minha mochila, tudo estava correndo muito bem na vida da Clara.

-Clara eu sei que ela é sua mãe, mas… Eu não tinha o que fazer… Ela…

-Não tem nada a ver com ela, Lica! - Ela disse erguendo olhar do chão e me encarando com um olhar que beirava a confusão. Ela riu com escárnio cruzando os braços novamente. - Eu sempre duvidei que a minha mãe tivesse fazendo algo errado, ela nunca fez muita questão de esconder isso dentro de casa, mas eu não tinha como saber o que era. Aí você teve tudo nas suas mãos tão rapidamente - Ela riu novamente - parece que era o destino colocar o poder de destruição na suas mãos de novo, né?

Clara nunca pareceu tão firme, nunca pareceu tão confiante quanto ela parecia no momento e eu percebi o que havia feito de errado pela décima vez naquele dia. Ela estava firme em suas palavras, me atacando e atirando sem nenhum pudor porque ela finalmente estava colocando pra fora, porque agora ela conseguiria colocar tudo na mesa e eu sempre tive a chance de fazer aquilo, mas nunca fiz porque eu não era uma pessoa tão boa quanto pensava.

Eu havia pensado em esconder as coisas porque Clara era minha irmã e eu não queria perdê-la, mas poderia ter usado a mesma motivação para não esconder nada dela. Eu deveria ter contado tudo pra Clara porque ela era minha irmã e eu não queria perdê-la.

Mas era um pouco tarde pra isso.

A porta se abriu e eu ainda estava encarando a lágrima que havia caído do meu rosto, no chão do elevador. Ela segurou a porta do elevador com a mão quando ouvimos um clique e ela tencionou fechar, eu ergui a cabeça por instinto e ela simplesmente balançou a cabeça enquanto me olhava em direção a porta.

Eu me joguei para fora do elevador e quando me virei para encará-la a porta já havia fechado. Me virei, então, para o hall do prédio onde do outro lado o porteiro me encarava. Ignorei o seu olhar interessado e cuidadoso para o meu choro e encarei os vidros que cercavam o prédio.

Como em todo dia ruim, estava chovendo.

Eu dei uns passos à frente, mas parei logo depois da escada porque percebi que não sabia para onde aqueles passos estavam me levando. Eu não fazia ideia de para onde eu estava indo e tinha pouca crença de que iria descobrir.

Fiquei parada observando a chuva e me lembrando de Samantha mesmo que não quisesse. Era a primeira coisa que eu lembrava quando a chuva começava, quando a chuva se intensificava e quando a chuva terminava também.

Quando a chuva começava, eu me lembrava do seu discurso apaixonado sobre chuvas e a força da natureza e naquele dia fiquei ainda mais triste com a parte que nos lembrava que nunca seríamos mais forte que a natureza. Eu não era mais forte que ninguém naquele momento.

Quando a chuva se intensificava, eu me lembrava do dia que passamos na cobertura do hospital, onde ninguém deveria ser capaz de nos encontrar e nos perturbar. Nos convencemos disso naquele dia e ficamos horas felizes ali, com fotos que eu nunca me esqueceria e cantos que eu nunca me lembraria, mas logo a chuva chegou e fez questão de nos lembrar que a vida era uma tempestade.

E quando a chuva ia embora eu me lembrava do sol, dos dias ensolarados - ou que minha mente havia coberto com filtros felizes - que passamos juntas.

Me lembrava de como Samantha era um sol e como eu provavelmente iria me queimar se voasse muito perto. Mas talvez eu fosse o Sol e ela fosse se queimar voando muito perto de mim. Talvez ser o sol não fosse um elogio.

Nada que pudesse ser associado a mim seria.

Porque ali estava eu, parada em frente a uma parede de vidro, encarando a chuva aumentar gradualmente enquanto via parcialmente a rua e parcialmente o meu reflexo no espelho. Estava me lembrando de tudo que eu havia feito até, então, de todos os xingamentos que haviam sido jogados na minha direção. Estava percebendo que Malu definitivamente não era a vilã da história, eu era. Vilões acabavam assim, com uma adaga de veneno enfiada no peito em frente a um cenário maravilhoso ou chorando em frente a um prédio se arrependendo de ter feito merda.

Mas não tinha como Malu ser a heroína.

Com certeza, nós duas éramos vilãs. Nós duas tínhamos crença de que o que estávamos fazendo era certo ou ao menos convicção de que estávamos fazendo aquilo pelos motivos certos. Nós duas machucamos pessoas no caminho e escondemos coisas no caminho para fazer aquilo dar certo. Nós duas machucamos Clara. Com certeza, nós duas éramos vilãs. E quem sabe não éramos exatamente a mesma coisa.

“Porque o próximo nada mais é que um espelho do teu ser.”

Ou porque nem todo mundo pode tá certo ao mesmo tempo, mas todo mundo pode tá errado ao mesmo tempo

Eu abri a porta de vidro do prédio e apesar de o porteiro dizer alguma coisa, eu fiz o que sempre fiz de melhor - não o ouvi. Dei um passo pra fora do prédio, abraçando a chuva porque ela não iria a lugar algum. A chuva iria ficar ali se eu ficasse ali ou não.  Ela era independente.

Existe uma linha tênue entre ser independência e estar sozinho. Eu havia cruzado a linha, de novo.


As cores foram embora e você nem se pintou

O açúcar foi embora e levou todo o sabor

Tristeza pôs um véu em você e te cegou

Agora todos foram embora só você se ficou


Notas Finais


Eu sumi porque tô viajando, a competição e tal, e deu mó rolê pra escrever isso pelo telefone, então, deve ter alguma treta aí no meio, mas prometo revisar tudinho quando der.

Dei uma empolgada leve nas seis mil palavras, mas é que eu empolgo com treta.

Até logo.
Quero presentes.


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