POV Midoriya
_ Acho que eu nunca dei um autógrafo estando tão constrangido..
_ Tsc.. - me responde querendo demonstrar indiferença mas eu vejo suas bochechas vermelhas.
Acabamos de sair do motel, e como prometemos, tiramos a foto com a moça, mas foi estranho fazer isso num motel, e com algumas marcas espalhadas pelo corpo.. Extremamente constrangedor, porém ela alegou que precisava mostrar pra sua filhinha uma foto conosco, então tiramos.. Estamos voltando, já eram 22, as ruas estavam tranquilas, pelo menos aparentavam, no som do carro toca uma música num volume baixo, e eu estou com a minha mão esquerda sobre a coxa direita de Katsuki, que se mantia atento na direção. Fomos pra casa, o dia tinha sido cheio de emoções, e eu só queria um conforto e comida. Deixo Kacchan preparando o jantar assim que chegamos em casa e vou para o banheiro tomar um banho. Assim que eu termino, ele entra para tomar o banho e eu lavo a louça que ele usou pra fazer o jantar.
Depois que ele volta nos sentamos e comemos o macarrão ao molho branco que ele tinha preparado.
_ Tá muito bom Kacchan..
_ Hm.. Minha mãe me mandou mensagem e disse pra irmos almoçar lá de novo amanhã..
_ Okay amor. A casa tá um silêncio sem os bebês.. - ele apenas acena e desvia o olhar - O que você está pensando?
_ Hm?
_ Você desviou o olhar, tá pensando alguma coisa que te incomoda ou te deixa ansioso..
_ Aish Deku, como você consegue me ler assim inferno? Não é nada..
_ Kacchan..
_ Para criatura, já disse que não é nada..
E na época não era, mas uns dias depois veio a ser..
_ Kacchan, você anda estranho ultimamente..
_ É impressão sua Izuku.. - reviro os olhos cansado dessa situação.. Claro que é impressão minha, principalmente ele me chamando de Izuku assim..
_ Kacchan..
_ O que é inferno? - o abraço por trás.
_ O que está acontecendo? - o sinto suspirar e logo sua respiração ficar comprometida.
_ E-eu - começou a dizer mas logo caiu no choro. O viro de frente pra mim e afago seus cabelos.
_ É tão sério assim? Não precisa fal-
_ Eu pre-preciso falar isso, Deku - responde com o rosto em meu peito, quase não entendo o que ele diz. Ele demora mais um tempo e se recompõe - Tá.. Vamos sentar, a conversa será meio dura..
_ Você está começando a me assustar amor.. - ele me olha triste e a minha insegurança só aumenta.. Sentamos no sofá, um de frente pro outro e ele começa.
_ Eu fiz uma coisa, sem você saber, mas eu sei que deseja tanto quanto eu, então eu fui atrás disso.. Inferno, como dói.. - diz a última frase mais pra si mesmo do que pra mim. - Eu arranjei um advogado, amigo do meu pai, pra abrir um processo de adoção ou me ajudar a procurar uma clínica de fertilização e consequentemente uma mulher que aceitasse gerar um filho nosso - seus olhos enchem de lágrimas e eu, infelizmente, já sinto o que está por vir. - pois bem, ele é incrível e me levou em diversos lugares, achamos uma ótima clínica Izuku, mas não achamos alguém qu-que - suspira - quei-queira - seguro suas mãos e meus olhos agora estão como os dele - ajudar um casal gay a ter um filho.. - as lágrimas escorrem pelos meus olhos, e pelos deles também.. É tão duro, tão cruel.. - Mas eu não desisti amor.
_ Claro que não..
_ Fomos então até alguns lares adotivos..
_ Oh Céus..
_ Izuku, quando me viram, consequentemente já sabiam do nosso relacionamento, sequer me atenderam, me chamaram dos piores nomes possíveis, e eu nem sequer ligaria pra isso, se não fosse pelo fato de nós querermos um filho, e sermos tratados assim por sermos um casal gay.. Eu quero um filho Izuku, eu quero te proporcionar isso..
_ A quanto tempo isso aconteceu?
_ Um mês..
_ Kacchan, por quê? Você não precisava passar por isso sozinho..
_ Eu estava tentando arrumar tudo, já abrimos um processo contra as pessoas que fizeram isso, mas eu queria arrumar isso pra gente.. - nos abraçamos forte, e compartilhamos a dor que era o preconceito e as consequências injustas impostas a nós por isso. - Nós vamos conseguir, não vamos?
_ Vou lutar até meu último suspiro!
--¤--
Os dias passaram, e mesmo que tentassemos disfarçar, a dor estava ali. Nossos amigos sabiam o que passávamos no momento, foi inevitável notar a mudança que tivemos, mesmo que inconscientemente, Katsuki deixou de responder provocações, sequer falava durante o nosso período de trabalho, e ve-lo assim me quebrava mais.. A decepção e o sentimento de incapacidade estão o consumindo, porém Kirishima o tem ajudado muito. Não que eu não o ajudasse, mas eu sei que me ver mal, trazia esses sentimentos para ele quase que incoscientemente.. Tudo estava virado uma bola de neve, mesmo nos apoiando, eu e Katsuki não estávamos os mesmos, não nós tocávamos mais, em nossos almoços o únicos sons ouvidos eram os dos talheres. Nossos filhinhos quadrúpedes andavam depressivos por nós estarmos assim, Kacchan emagreceu pelo menos 5 kg, e eu? Pelo menos 10.. Na empresa, tudo andava calmo, até os crimes pareciam estar dando um tempo por nós, e quando eu pensei que nada nos tiraria daquilo depois de pelo menos 2 meses nas mesmas lamúrias, em pleno sábado as 8 da manhã, o telefone de Katsuki vibra. Estávamos dormindo, ele de um lado e eu encolhido no outro, e a vibração do aparelho no criado mudo nos tira do falso sossego.
_ Sim? - escuto Katsuki atender o telefone, mas não me viro em sua direção. - Oh, sim, estive ai a um tempo, mas nenhuma mulher esteve interessada no... É o que? Oh!! Claro!! Eu e meu noivo estaremos ai!! Muito obrigado! - me viro pra ele intrigado. Katsuki está com o olhar fixo no nada e o celular sendo apertado entre seus dedos. Tiro o celular de sua mão antes que ele o quebre e passo meus dedos sobre seu braço.
_ Kacchan? O qu-
_ Uma mulher, el-ela, ela aceitou - ele vira seu rosto em minha direção e seus olhos estão marejados - quer dizer ela se interessou pelo nosso caso e, e, e nós temos que ir lá, que dizer, sevocêaindaquiser..
_ Kacchan respira.. - digo segurando seu rosto - Por Deus, eu quero tanto!!
_ Eu também Deku!!
_ Céus.. - nos abraçamos - Conseguimos alguém amor!
_ Nós conseguimos príncipe!! - ficamos um tempo abraçados até ele voltar a falar - eu sei que está sendo difícil pra nós, mas nós precisamos resolver isso Izuku. - me desfaço do abraço e sento em suas coxas, sem malícia alguma, e seguro sua mão direita e a outra eu levo em seu rosto encostando nossas testas.
_ Mesmo que não seja dessa vez, não podemos desanimar, foi tudo muito duro terem nos tratado assim, mas se não formos juntos, não conseguiremos..
_ Não conseguiremos - ele confirma - olha só pra nós, você está tão magro amor, eu me sinto tão impotente, tão..
_ Xii, você não é! Você emagreceu também, não podemos deixar isso acontecer mais amor..
_ Não..
_ Nós vamos conseguir..
_ Vamos! Eu te amo tanto, obrigado por não desistir de mim, por respeitar o meu espaço e suportar o meu afastamento..
_ Eu também Kacchan.. Oh, obrigado por não desistir de mim..
_ Jamais..
_ Eu te amo muito, meu amor, muito! - ele me da um beijo, e faz tanto tempo que não temos um contato mínimo, a felicidade de uma possibilidade, e a pequena conversa que tivemos e já nos trouxe de volta um pros braços do outro, me faz derramar lágrimas de felicidade. Ele encerra o beijo, mas deposita beijos nas lágrimas que escorrem pelo meu rosto.
_ Me desculpe por não te dar mais suporte amor..
_ Não, nós precisávamos de um tempo sozinhos, só não podemos deixar essa distância acontecer de novo..
_ Me desculpe, e-eu..
_ Já passou.. Vamos tomar um banho? Faz tempo que não fazemos isso juntos..
_ Tudo o que você quiser príncipe!
_ Acho que eu quero uma lasa-
_ Cala boca, pare de usar meus dons culinários..
--¤--
_ Eu to nervoso Izuku..
_ Eu percebi, você não para de apertar a minha coxa.. - estávamos no carro a caminho da clínica, eu estava dirigindo o carro, e Katsuki estava do meu lado roendo as unhas.
Depos que chegamos na clínica, fomos recebidos pela secretaria e ela nos levou até uma sala. Entramos e conhecemos a mulher que estava disposta a ser a "barriga de aluguel". Na verdade, a doadora do óvulo não seria ela, não sabemos quem será a doadora, e o óvulo já fertilizado será implantado em seu útero, e ela dará a luz ao nosso bebê. Ela aceitou ser a progenitora, disse que se identificou muito com a nossa dificuldade e gostaria de que ninguém mais passasse por isso. Ela e a sua esposa já fizeram isso uma vez, e estavam dispostas a fazer outras, e eu e Kacchan tivemos a honra de sermos presenteados com sua generosidade em nossas vidas.
O processo será demorado, e não sabíamos se deria certo de primeira, Kacchan e eu decidimos que não saberíamos de quem seria o espermatozoide que iria ser implantado, eu e Kacchan faremos a coleta, e quem vier será absurdamente amado.
Estamos em casa já, o dia foi cheio, mas extremamente satisfatório, Katsuki está sentado na cadeira do escritório lendo alguns papéis, eu a puxo e me sento eu seu colo de frente pra si.
_ Seremos papais!
_ Seremos Izuku! - nos abraçamos animados. - Eu te amo com a minha vida, nerd..
_ Eu também, amo tanto que eu não sei o que fazer com todo esse amor..
_ Poderia, sei lá, demonstrando de alguma forma - diz começando a beijar o meu pescoço.
_ Oh sim, mas que forma seria essa? - digo com uma falsa inocência e rebolo em seu colo, e o sinto com uma pré ereção - Já?
_ Muito tempo sem você dá nisso.. - levanto do seu colo com o sorriso travesso.
_ Então quem chegar por último na banheira fica por baixo..
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