POV Izuku Bakugou
Era véspera de natal, mas ela estava mais fria do que o comum, a temperatura estava mais baixa que a média, e minha casa também estava fria. Somente eu e meu marido morávamos aqui agora, nossos filhos já eram adultos, Ayumi já estava casada, seguiu nossa carreira e era ótima em resgates, já Katsuo escolheu a carreira acadêmica e estudava fora, e já faziam três anos que o caçula tinha saído de casa, mas esse ano, diferente dos anos anteriores, nenhum dos dois conseguiria estar em casa para passar a data festiva. Kota também costumava passar a data aqui sempre que podia, mas esse ano também avisou que não conseguiria estar presente, ele também já tinha sua família formada.
Eu estava sentado na sala olhando um álbum de fotos me sentindo nostálgico enquanto meu marido se encontrava dormindo ainda.
A primeira foto que eu vi foi de quando Ayumi chegou em casa, meus sogros e minha mãe estavam aqui para recebê-la, foi um dia muito especial. Os pais de Katsuki tinham partido dessa vida juntos, eles morreram com dias de diferença, sendo meu sogro primeiro e depois a mulher, que disse que não suportaria ficar aqui sem seu “doce”, como ela o chamava. Já minha mãe morreu alguns anos depois, morou com a gente em seus últimos anos de vida, o que fez com que a sua partida fosse impactante demais na rotina da casa, as crianças ainda estavam em casa quando os avós morreram.
A segunda foto era de Ayumi e Akio juntos no primeiro dia da escolinha, sempre tão grudados e hoje estão casados, e mesmo depois de tantos anos meu marido ainda cisma com os dois, juro que quase faz eles dormirem em quartos separados quando estão aqui.
Sorrio com as lembranças.
A próxima foto era de quando Katsuo tomou seu primeiro banho de piscina, esse álbum era separado para “primeiras vezes”, o bebê com dois dentinhos na frente sorria no colo do pai, suas mãozinhas pequenas agarradas nos fios loiros e meu marido olhava de forma tão admirada pro bebê sorridente.
Sinto uma lágrima escorrer pela minha bochecha e eu sorrio melancólico.
Eu sou muito feliz sim, mas sinto falta de tempos que foram e não voltam mais, sinto falta da minha mãe e dos meus sogros na minha casa, dos meus filhos e seus amiguinhos deixando a casa cheia, dos meus bichinhos que tinham a vida mais curta e se foram a muito tempo e nunca mais tivemos coragem de pegarmos mais.
Soluço sentindo mais lágrimas escorrerem pelos meus olhos e sinto em seguida um par de mãos grandes secando meu rosto.
Olho pra cima vendo meu par de olhos favoritos no mundo.
_ Chorando logo cedo, meu velho? – Sorrio com o modo que Katsuki tinha começado a me chamar depois que fizemos 60 anos.
_ Estou vendo o álbum de fotos e senti saudades. – Ele sorri sem mostrar os dentes, se senta ao meu lado tirando o objeto do meu colo.
_ Por que escolhe ver essas coisas em uma véspera de natal, meu bem? Todo ano faz isso..
_ Acho que é a data que a casa ficava mais cheia e me deixa com saudades de todos. – Ele me abraça e eu me conforto no peito firme.
Nós dois tínhamos 61 anos agora, aposentados, obviamente, mas ainda na ativa na parte interna da empresa, porém bem menos constante, tanto nós quanto Shoto. Eu e meu marido erámos muito saudáveis, viajávamos muito, nenhum de nós tinha algum problema sério de saúde e usávamos das nossas rotinas viajando e cuidando um do outro.
_ Oh meu bem, eu também estou triste que essa vez a casa estará mais vazia. – Eu me encolho mais contra seu peitoral que ainda era forte, obrigado. – Mas vamos aproveitar pra ficarmos juntinhos, hm? Aquele restaurante que gostamos muito estará aberto, podemos jantar lá e voltarmos pra abrirmos os presentes, o que acha?
_ Tudo bem.
Não era o que eu desejava, eu queria que meus filhos estivessem aqui, mas eu preciso entender que as coisas são diferentes agora, e que um ano não isenta os anteriores e nem que será necessariamente assim os próximos, ambos não conseguiriam vir por compromissos e fazia parte da vida adulta, meus filhos são adultos agora, eu preciso deixá-los crescer.
Ficamos abraçados mais um tempo e resolvemos tomar um café fora, então nos trocamos, comemos na nossa padaria favorita e voltamos pra casa quentinha depois e passamos o dia deitados no sofá grande abraçados enquanto assistíamos alguns filmes repetidos.
_ O que faz tanto nesse celular, meu bem? – Pergunto, já que nos últimos minutos a atenção do loiro estava na tela pequena do celular dele e não na televisão.
_ Hm? Nada não. – Responde, mas ainda sem sair do celular.
Um pouco incomodado com isso resolvo me levantar e fazer um chá quente. Não era muito comum essas coisas me incomodarem, mas eu necessitava da atenção do meu marido hoje, e senti-lo um porco distante mesmo que por alguns minutos eu me sinto mal.
_ Aonde vai? – Pergunta quando eu me levanto.
_ Fazer um chá. – Respondo seguindo pra cozinha.
Pego a chaleira e coloco água já colocando pra esquentar e indo até a dispensa para pegar o matte que eu gostava, e quando eu volto vejo o loiro escorado na ilha, eu ignoro e sigo pra chaleira. Eu passo pelo loiro pra pegar a minha caneca favorita, mas antes que eu siga caminho ele me segura pela mão e me puxa de frente pra ele.
_ Eu estava fazendo nossa reserva, amor. – Diz e deixa um beijo no meu pescoço. – Que coisa feia ficando bravo com o seu velhinho.
Reviro os olhos, mas subo minhas mãos para o pescoço.
_ Eu estou sensível hoje, ok? – Ele sorri e me dá um selinho.
Depois disso nós dois desfrutamos do chá juntos e, como já era de tarde, assamos uns salgados somente pra aguentarmos a fome até o horário do jantar no restaurante, então comemos enquanto tomávamos nosso chá, que era só pra mim, e depois deitamos para descansarmos até o horário de sairmos pra jantar.
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Já estávamos jantando, o lugar estava mais vazio do que eu esperava, mas a suma maioria das pessoas que estavam ali eram casais. O cardápio estava mais restrito com combinações padrões da época festiva, e estava tudo muito bom, nós jantamos, mas Katsuki não quis comer a sobremesa, alegou que estava cansado e acabou que eu preferi não prolongar mais, então depois da janta resolvemos voltar pra casa.
Assim que Katsuki estaciona o carro eu acho estranho sua atitude de demorar alguns segundos no celular antes de descer, o loiro costumava a sair do carro direto e ver qualquer coisa no celular já em casa, mas espero que ele termine o que fazia lá e depois, como de costume, ele abre a porta pra mim, e assim que entramos em casa eu entendo o comportamento estranho do meu marido.
_ Feliz natal!
_ Meus filhos.
Eles estavam aqui
Sinto meus filhos me abraçando e meu marido também, mas eu chorava de felicidade.
_ Meu Deus eu não acredito que vocês estão aqui! – Eu olho pro rosto dos meus filhos um de cada vez. – Vocês cresceram, vocês são dois adultos.
Eu demorei um tempo pra parar de chorar, sinceramente, até cumprimentar meu genro e minha nora, porque sim, meu caçula também estava comprometido agora. O Todoroki estava por aqui, mas disse que assim que abrissem os presentes iria dormir nos pais, afinal eles também estavam com saudades do casal. Katsuki reclamou alguns minutos dizendo que não queria que a nossa primogênita fosse, mas ela garantiu que voltaria para o almoço no dia seguinte.
Sou apresentada a minha mais nova nora e nos juntamos na sala de estar para conversarmos.
_ Agora entendi porque seu pai insistiu para que colocássemos os presentes de vocês na árvore e passou o dia todo no celular. – Reclamo olhando feio pro meu esposo que estava no meu colo, e ele dá de ombros.
_ Vamos aos presentes então? – Ayumi pergunta e resolvemos trocar os presentes.
Para meu marido eu resolvi dar um colar com um pingente delicado, ele gostou muito, e para os meus filhos dei uma pulseira com as iniciais de cada. Meu marido me deu um anel de solitário, eu gostei muito, ele tinha escolhido a pedra safira amarela.
_ Minha vez! Esse presente é meu e do Akio pra vocês!
Eu e meu marido nos olhamos e nos levantamos pra pegar a caixa que a loira nos estendia, o casal sorria muito e nós estávamos confusos. Fomos abrindo a caixa e dentro dela tinha outra, foi assim até que ficasse pequena demais e dentro tivesse algo que nos surpreendeu demais.
Era um teste de gravidez.
_ É sério? – Eu pergunto e minha filha assente feliz.
_ Eu não acredito!
Era um natal que eu esperava passar com a casa vazia, não só foi o oposto como no próximo natal teríamos mais um, ou uma, Bakugou, e Todoroki pra infelicidade do meu velhinho ranzinza, conosco.
_ Se você está grávida é sinal de que você profanou minha filha. – Ouço meu marido dizer e me viro e ele está com Akio pelo colarinho. – Eu vou te matar projetinho de Shoto.
E lá vamos nós.
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