eu devia ter acordado mais cedo, também podia ter ido dormir mais cedo, mas não. Ótimo, agora tinha que correr.
Já tinha checado em duas das cinco salas de oitavo ano que tinha na escola. Beleza, já que é um bando de pirralhos, eles não podem ter suas salas uma ao lado da outra? Tenho mesmo que atravessar a escola toda? Sim.
Ao menos todas as salas da escola tem uma parte de vidro – mesmo que na parte de cima da porta – então não preciso bater e esperar o professor aparecer pra me certificar que era ele, só preciso dar uns três ou quatro pulos e consigo ter uma visão geral da sala. Não, não era ele.
Próxima parada, já estava mais do que cansada mas vamos lá. Dei meus pulinhos mas não consegui ver ele. Como eu não conseguia achar um homem daquele tamanho no meio desses , dessas... disso – vulgo pré adolescentes espinhentos.
Então uma idéia brilhante me ocorreu, empilhei meus livros e subi neles, estavam todos em grupinhos conversando baixo. Mas não via o maldito professor.
- Sala certa! – falei pra mim mesma.
Nesse momento alguém abriu a porta da sala, fazendo eu pular pra dentro da sala pra não perder o equilíbrio e cair em cima dos livros.
- Achei você! – falei em tom acusatório.
- isso... é ... bom? – Tom parecia meio assustado, ou eu estava com cara de pscicopata ou a voz que eu usei estava um oitavo a mais do que eu pensei.
- As, sim. – me lembrei e fucei no meio dos livros. Puxando meu trabalho. – tenho... tinha que ter te entregado isso ontem, mas esqueci. – entreguei os 150 de física que tive que fazer devido ao meu fracasso do ano passado.
- ah, entra. – ele fez um aceno com a cabeça e entrei na sala, ele fechou a porta. Só então percebi que os alunos me encaravam, alguns com inveja e um ou outro com paixão, pisquei pra esses dois garotos, eles sonhariam com isso uma semana.
O segui até a mesa, tinha uma cadeira vazia ao lado da dele, me sentei antes dele mandar – ou não – estava cansada de ter que atravessar o colégio todo na pressa. Ele pareceu não se importar.
- quem era o seu professor? Digo antes de mim é claro.
- ah o velho barrigudo... ah quer dizer o senhor Smith. – me recompus.
Ele deu uma risada disfarçada com uma tosse.
- ook e hum... qual o motivo de você ter reprovado na matéria?
- não consigo aprender esse tipo de matéria sem uma boa explicação e um professor que não me mande pra diretoria toda aula seria útil as vezes.
- entendi e você fez esses exercícios todos? – essa mania dos ingleses de querer ter a atenção nos olhos deles quando conversam... me mata.
- você quer dizer todos todos todos ou todos? - falei calmamente pensado em uma resposta.
- humm todos todos todos... – ele estava claramente pensando na diferença entre todos todos todos e todos.
- sim, quer dizer boa parte... a maioria? Ta bom, eu fiz 15 primeiros. – eu desviei o olhar do dele.
- você aprendeu?
- não, copiei do caderno esses quinze o resto eu paguei pra um amigo copiar de um site, tinha todas as respostas. – fui mais sincera do que se deve ser com seus professores. Mas não me importei, A: já não era o primeiro dia de aula.B: sinceramente não achava que ele me mandaria pra diretoria, e não o fez.
- muito bem. – ele se levantou. – você quer guardar? – ele me mostrou a papelada.
- não mesmo.
- bom. – ele começou a caminhar e parou na lixeira de costas pra mim ainda. meu deus, qual o problema do universo - esta sendo bom demais pra acreditar – olha o traseiro daquele homem. Me contive em levantar de onde estava e ir até lá pra conferir o produto.
Toda a fantasia se desfez quando ouvi um papel rasgando e minhas folhas caindo em pilhas dentro do lixo.
- Hey! Isso custou caro! E preciso dessa nota aí! – reclamei e fui até a lixeira.
- ehehehe, mas você não fez, não tudo. – ele me entregou as folhas com os 15 que fiz.
- vai lá, vai se sentir aliviada, você se esforçou. Bom, mais ou menos. Mas foi sincera. – eu não tava acreditando que ele tava mandando eu rasgar meu próprio trabalho.
- e a nota? – ainda estava desconfiada.
Ele acenou com as mãos para que eu fizesse o que ele havia dito.
- eu ainda devo ta dormindo, alguma daquelas experiências que você ta meio acordado. É isso?
- ehehehehehe, nada disso.
Ponderei alguns segundos e com cautela fiz picadinho de uma folha, a sensação era boa, destrui tudo que restava, estava com um sorriso estampado no rosto. Percebi que Tom achava engraçada a situação também, já o resto da sala achava que tínhamos enlouquecido, juro que partilhei do desconforto presente entre os alunos.
- você quer aprender isso de verdade? Não decorar, aprender. – ele falava como um irmão mais velho se preocupando comigo.
- sim. – foi tudo que respondi, o momento não exigia brincadeiras e eu realmente queria aprender a matéria.
- vou te dar um voto de confiança, me diz, quanto acha que conseguiria tirar em uma prova?
- 8 com sorte 9.
- muito bem então, vou te dar um voto de confiança- nisso já tínhamos voltado para a mesa, ele abriu um caderno e meu nome estava lá com nota faltando. Ele foi e escreveu um 8,5 como nota final. De acordo com isso eu não estava mais com uma matéria atrasada, mas só na teoria. - depois que suas aulas terminarem me espere no teatro, suas aulas de monitoria começam hoje, não se atrase.
- cla... claro, obrigada.
Acenei pra ele e sai da sala, meio segundo depois alguém segurou meu braço, preparei um soco mas no ultimo milésimo de segundo percebi que era a Sra Campbell.
- o que faz fora de sala senhorita Tanner?
- eu eu vim entregar o trabalho pro Tom, huh Sr. Hiddleston, algum problema?
Ela tinha um olhar desconfiado que me assustava.
- pergunta pra ele se esta duvidando.
- rápido! Pra sua sala, não quero te ver de novo, hoje.
Levantei uma sobrancelha em reação a suas palavras e me virei.
- sim senhora! – bati continência e sai numa imitação mal feita de um soldado marchando.
A aula foi como deveria ser, professores falando, alunos fingindo ouvir. Heath com suas investidas e finalmente a aula acabou. Corri pra cantina fim de pegar algo pra comer, se não corresse me atrasaria.
- você vive desse tipo de comida? – Tom me perguntou quando entrei no salão de teatro, ele estava na mesa em cima do palco. Me sentei ao lado dele, ambos tínhamos a visão de todo o local de onde estávamos.
- ah, basicamente. Mas é extremamente saudável... ou quase. – levantei o pacote de bolachas recheadas pra ele.
- não, obrigada senhorita. Vamos começar ou tenho que esperar? – não importa se ele estava bravo ou desaprovando algo, ele tinha um sorriso tranqüilizador pra tudo.
- vamos, tem certeza que não quer? Algo me leva a crer que vamos demorar e você também não almoçou. – ofereci novamente a bolacha.
- bom, você atiçou meu estomago, então.. – ele pegou uma bolacha e comeu.
- meu deus, to influenciando até meu professor. Minha idade e pensamentos liberais vão dominar o mundo!
- ehehehehehe. Nah acho que eu com minha sabedoria e idade estou dominando o seu cérebro, to fazendo você estudar mesmo com a nota já entregue na diretoria. – ele fez cara de quem ganhou a discussão.
- sim, droga. To me tornando velha. – balancei a cabeça em reprovação a mim mesma, uma falsa tristeza.
- ehehe. Velha? Não vou discutir idade com uma mulher, você vai virar o jogo e ainda me culpar.
- você ta vendo a bolacha. Não vou ficar oferecendo não. Pega ai. – falei colocando outro pacote na mesa.
- você não para de comer não?
- um: você não conhece meu estomago. Ele tem vida própria. E dois: ta me chamando de gorda? – falei com uma feição seria, o que o apavorou por alguns segundos até perceber que eu estava brincando.
Rimos mais um pouco e paramos de jogar conversa fora, fomos ao que interessa. Estudos. Ele revisou comigo parte da matéria e depois partimos pra exercícios, fizemos vários, ate eu finalmente conseguir fazer sozinha. Sempre me perguntando de duvidas e se queria outra explicação. Ele é um professor de verdade, realmente quer ensinar. Estao raros hoje em dia.
Ficamos lá por mais ou menos três horas. Nunca pensei que diria isso, mas passar um longo período de tempo junto de um professor é interessante. Cada vez que o Tom me contava uma historia eu me encantava mais com ele. Suas pequenas altas aventuras na universidade, coisas que eu não imaginava ele fazendo. Ele daria um ótimo irmão pra mim. Sempre quis um, esse deveria ser um dos melhores.
Saímos de lá e tinha um grupo de garotas sentadas no corredor , nos encararam por uns segundos mas logo voltaram ao que estavam fazendo – fofocando sobre a vida alheia, já que suas vidas eram uma merda. Ele me acompanhou até uma parte do caminho, depois nos separamos, ele insistiu em levar os li vros pra mim na biblioteca já que era seu caminho e eu teria que dar uma bela de uma volta, aceitei na mesma hora. Ele me deu um beijo de despedida no rosto e saiu.
Estava repassando um pedaço da matéria enquanto caminhava e duas garotas me pararam. Eram umas das fofoqueiras.
- onde você estava? - as duas perguntaram juntas, era perturbador isso. Se fossem homens seria sexy mas isso era assustador.
- então quer dizer que agora você ta pegando o professor? – a maior delas disse, vou me lembrar o nome dela...
- o que? Do que você... – a outra garota me cortou. Essa eu lembrava o nome Rose qualquer coisa.
- a gente viu vocês saindo juntos do anfiteatro e não teve apresentação alguma hoje.
- para, jamais. A gente é... – parei e pensei. – quem você pensa que é pra querer tantas respostas? – me irritei com as duas. Samantha Vertullo, consegui lembrar o maldito nome.
- sou Saman...- agora eu a cortei.
- foda-se, não me importa. Não me encham a pouca paciência que tenho. – empurrei as duas da minha frente usando os ombros. Ouvi gemidos de dor abafados saindo das duas mas não olhei pra trás.
- hey Al, a gente pode te chamar assim?
- só queremos saber...
- não se atreva a me chamar assim nunca mais, a não ser que queira seus cabelos loiros e bem penteados arrancados por essas mãos aqui. – ergui minhas mãos. Como elas se atrevem a tal coisa?!
- ele beija bem? – as duas perguntaram ao mesmo tempo.
- vocês tão loucas?????? Só pode! De onde tiraram tal coisa? - elas já me irritaram demais.
- tudo bem não contamos pra ninguém. – Rose quase chorou.
- vocês precisam de um medico. Bateram a cabeça em algum lugar...
- vem Rose, ela não vai compartilhar isso com a gente. Mas ainda vamos descobrir, de uma forma ou outra.
Elas saíram de cena rebolando como se estivessem numa passarela.
- era o que me faltava. – reclamei comigo mesma e sai do corredor antes que outra viesse me encher o saco.
Eu já estava indo pro meu quarto quando me deparei com uma cena: Nelly de braços cruzados parada no meio do corredor. Se ela tivesse com um olhar mais mortal ( se é que era possível) eu teria corrido, juro.
- Hey, perdida ai garota? – falei ao passar por ela, não me importei em parar pq ela aparentemente me esperava então, que andasse atrás de mim.
- aonde você vai?- ela falou ainda de braços cruzados.
Desconfiei qual o tópico do assunto depois da minha conversa com aas vacas falantes.
- onde eu vou, onde estive. Todos estao me perguntando esse tópico hoje, vão fazer algum livro em minha homenagem? – fui sarcástica no Maximo possível, minha melhor defesa e ataque.
- escuta aqui garota... – ela começou a falar com uma voz um tanto enciumada.
- não, não escuto, não tenho nada pra falar também, tchau. – me virei e continuei andando.
Ela me puxou pelo ombro.
- não deve me tocar. – alertei ela.
Mas não serviu de nada ela me empurrou, ai estourei, pobre garota vai sofrer se eu quiser acabar com ela, ganhar 12 campeonatos de caratê servem pra algo.
- avisei pra não me tocar. O que você quer? – afrouxei meu braço que apertava sua garganta, ela estava de joelhos no chão.
- o Ledger já não é o suficiente pra você? Agora tem que ir pra cima do Tom também?- ela estava nervosa, lagrimas começaram a correr por seus olhos.
- ah não, as vaquinhas te falaram o que?
- que você estava pegando ele na sala de teatros.
Soltei ela.
- não se atreva a me encostar de novo. Olha vou te dizer o mesmo que disse a elas: não estou pegando meu professor que se ofereceu pra me ajudar e você resolve as coisas com seu namorado antes de vir dizer que estou dando em cima dele. Não sei por que ele não te contou que esta me ajudando com física então resolva com ele, só quero deixar claro que não pego homem de outra mulher.
Levantei as mãos com um gesto perguntando se ela tinha entendido. Ela balançou a cabeça positivamente e de longe vi que o resto do bando estava chegando. Não esperei pra ver o resultado.
Subi os 6 lances de escadas - que pareciam não ter mais um fim - do prédio, terceiro andar, primeira porta, numero 51. Sim, sempre fazíamos piada que ir ao meu quarto “é uma boa idéia”, meu primo é um retardado por dizer isso.
- Lar, doce lar. – falei em voz alta para a parede e os móveis, estava tudo do jeitinho que eu tinha deixado, a TV pequena com o vídeo game e o DVD, seus fios e extensões espalhados por todo o quarto, uma toalha embolorada em cima da cama, meus CDs todos desarrumados na estante. A única coisa que tinha mudado era que alguns pôsteres que consegui colocar com muita dificuldade no teto, já tinham perdido a cola e caído no chão. Era totalmente reconfortante estar ali, meu lugarzinho onde parente nenhum, nem mesmo a diretoria da escola mexia. Éramos obrigados a manter a ordem de nossos próprios “apartamentos.’’
O mini banheiro e a mini cozinha estavam do mesmo jeito, nada de surpresas.
Joguei minha mochila no chão, vesti um short curto demais até para os meus padrões e deitei na cama, relembrando os acontecimentos do meu dia. Apaguei, não sei quanto tempo fiquei ali pensando nas coisas e nem quanto tempo passei ali, mas acordei com a sensação de estar sendo observada. Me sentei na cama rapidamente e varri o quarto com um olhar de preocupação. Meu corpo relaxou totalmente quando vi que quem estava sentado ao lado da janela era meu primo, estava sentado com pose de médico, com um caderno na Mao e escrevendo, não me olhou mas disse com sua voz sedosa que sempre usava comigo:
- você não foi ver aquele cavalo gordo, me preocupei e vim te ver bela adormecida.
- eu fui sim, na hora do intervalo. – então bati a Mao na testa, havia combinado de me encontrar com ele nas cocheiras após a aula, o negocio todo do teatro me tirou a concentração.
- hum, magoei, me esqueceu. – ele fez um bico. E caminhou na minha direção, jogando o caderno onde estava sentado.
- desculpa, perdi totalmente a noção do tempo, hoje. – ele se sentou do meu lado e deitei com a cabeça em seu colo.
Ele acariciava meus cabelos, mais um pouco e eu voltaria a dormir.
- então, priminha, que historia é essa de você sonhar com o Ledger? – nesse momento levantei com uma velocidade que me deixou até tonta. Do que ele tava falando? Que historia é essa pergunto eu.
- do que você ta falando?
- aiaia prima, você é única, não sei, você chamou ele umas duas vezes e vou te dizer suas palavras eram muito doces pro seu normal. – essas ultimas palavras ele disse em voz baixa bem próximo ao meu ouvido.
Empurrei ele pra longe de mim.
- vai com calma ai horsey. Serio isso? – não podia acreditar que tinha sonhado com aquele sujeito.
- juro pelos meus pecados que como você sabe não são poucos. – ele se jogou por cima de mim segurando meus braços e me beijou. Um beijo calmo como sempre mas com essa paixão que sempre existiu entre nós. Após um tempo, quando precisamos respirar nos afastamos.
- sabe, a gente precisa parar com isso uma hora você vai se apaixonar por mim.
- haha, é por isso que te amo senhorita Tanner. – ele se jogou ao meu lado na cama. – não, a gente nunca vai se amar assim priminha, você sabe que não, nem se quiséssemos.
Nisso eu concordava, não importa quantos beijos e amassos nós dois déssemos, nunca haveria paixão de um casal de verdade entre nós apenas uma atração facilmente saciável, nunca formaríamos um casal, iguais demais. Isso era só uma diversão nossa, ninguém poderia entender mas ainda assim nos sentíamos bem com isso.
Sorri pra ele.
Achei que não me amava mais, não ouvia isso a um tempo senhor Tanner. – encarávamos o teto agora.
- Alice. – ele sentou com as pernas cruzadas e me encarou. – me promete.
Não fazia idéia do que ele tava falando, de verdade.
- o que dessa vez? Que não vou fumar sem ter você por perto, ou então que não posso dizer á sua irmã que você beija bem? – ele riu com a ultima, sempre excluímos sua Irma de nossos planos e ela morria de ciúmes por isso.
- não, que você não vai fazer o mesmo com ele. – seu tom era serio agora, Zac não estava mais brincando. E se referia a Heath agora.
Bufei por ele estar me contrariando.
- certo senhor super protetor, desde quando está do lado dos fracos e oprimidos? Sempre achei que não gostava de prestar serviços cívicos.
- serio, não faz isso com o cara, ele é legal, sei que gosta de você e não é de hoje e você o mesmo. – sua voz era preocupada, ele sempre se preocupava com seus amigos.
- não vou te prometer nada. – falei irritada.
- qual é?, por que sempre faz isso? Me diz quantos foram? 5, 6?
- para com isso. – me levantei e fui escolher a roupa pra tomar um banho, já devia ta quase na hora de ir assistir o filme de terror no quarto da Taylor.
- o que você tanto tenta provar? Que tem poder? Você sabe que tem! Todas as mulheres teem isso, mas usa esse seu lado sedutor pra arrebentar , literalmente, os corações. E sei que ao menos metade deles você realmente gostou.
- gostei mas não amei. Serio, para com isso.
- Ah cara, não faz isso, juro que não entendo por que afasta os caras que você gosta, eles chegam tão perto de te fazer feliz e você empurra todos pra longe.
- todos não, não te mantenho longe de mim. – estava de cara fechada pra ele.
Zac ficou de PE e veio ate mim, que estava fuçando no guardaroupas.
- olha pra mim. – relutantemente olhei. – promete que não vai brincar com os sentimentos dele, ele é gente boa, vou concordar que metade dos seus ex mereceram muito mais que um coração partido, se é que eles tinham coração. Mas ele é diferente. Já passou por muito não merece se preocupar com isso.
- o que aconteceu?- perguntei com pena , sabia que uma historia triste viria a seguir, zac raramente tinha essa expressão no rosto.
- os pais dele morreram em um acidente de carro ano passado, lembra quando ele tava agindo como um idiota, você até deu um chute nele nessa época.
Claro que me lembrava, afinal, todo mundo tava me lembrando desse episódio.
- prometo.- as palavras tiveram um efeito bem reconfortante pra ele que suavizou a expressão carrancuda que tinha segundos atrás.
- e...
- e o que, menino? – cortei ele.
- e você não vai agir como uma idiota e irresponsável se gostar dele.
- não sei se gosto dele, ainda. – realmente não podia dizer, eu sempre tive atração por ele, alias acho que poucas garotas não se sentiam assim com ele por perto, aquele estilo badboy com aquele carisma de criança dele encantavam a todos. – mas quando souber, vou deixar claro meus sentimentos e não obscurece-los como sempre fiz. Satisfeito?- ele estava quase rindo.
- muito, é bom saber que você ta virando gente, as vezes penso que você é um robô! – ele tentou escapar de mim mas peguei ele pela manga da blusa de frio e o puxei pra mim dando socos que mais machucavam meus dedos do que seu braço musculoso.
Agora ele estava com seu tom normal o que me deixou feliz, acabamos de ter uma sessão quase choro, sentimentos revelados, promessas sobre o futuro incerto feitas, e agora o sentimento de arrependimento, detesto fazer promessas é como se eu estivesse enganando a pessoa e a mim mesma. Mas dessa vez eu pretendia cumprir ele estava certo eu não podia continuar me fechando tanto assim.
- você é um idiota, bastardo, infeliz que não agüenta cuidar da própria vida mas vem interferir na minha.
- eu sei e to bem com isso, já que você não consegue se cuidar.
- hey! Fora daqui rapaz, agora. – ordenei falsamente sua saída.
- já vou mesmo, o garoto prodígio deve estar a meio caminho com a pipoca em mãos pra te levar na sessão cinema terror.
- hum? – interroguei.
- seu garoto me chamou pra ir assistir filme com vocês , ele deve ta chegando já, se eu fosse você ia tomar banho. Eu arrumei salgadinho, sei que você esqueceu. – ele foi ate a mochila e tirou um pacote de doritos de lá. Ele era meu salva vidas.
- serio, a gente podia casar. – falei enquanto corria pro banheiro.
- podia, nossa família só deserdaria e nos baniria, nada que não estamos acostumados.
- hey o que faz aqui? – perguntei inocentemente quando sai do quarto e vi Heath e Zac sentados na escrivaninha fazendo uns rabiscos sob um papel. Imediatamente sai catando as bagunças do meu quarto, um sutiã num canto , um short no outro, os tênis esparramados...
- não sei se a Tay te falou qual o quarto dela, então corri aqui pra te chamar. – podia ter me mandado mensagem, discuti mentalmente.
-ook, é rapidao, to quase pronta.
Menos de dois minutos e jah estava com meu all star surrado, shorts e uma regata velha que estava encostada a um tempão e minha boa e velha jaqueta não reteria muito calor mas não passaria frio.
- partiu? – perguntei olhando os dois.
- sim sim, os dois se levantaram e fomos pra fora do apartamento.
- vão pela sombra, crianças. – meu primo se distanciou de nós.
- não vai vir? – Heath perguntou enquanto tirava as mãos do bolso e cruzava os braços.
- nah, sou uma vergonha a minha família, no quesito coragem. Então eu prefiro ir pra casa.
- Voce tem medo? – Heath me perguntou com uma expressão inquisidora.
- o que? Quem envergonha a família é ele não sou eu. – falei com confiança.
Quando tive a certeza que meu primo não nos tinha mais na vista resolvi fazer um confronto e por tudo isso a limpo.
- o que esta fazendo? – perguntei empurrando ele contra a parede, fiquei em cima de um degrau pra poder olha-lo nos olhos na mesma altura. Enquanto o segurava apoiando em seu peito.
- tentando entender o que você esta fazendo? – ele perguntou desconfiado.
- por que ta me seguindo?
- não to te seguindo.
- ah ta, por que esta refazendo meus passos? – reformulei a pergunta.
- você ta bem? – ele se fingia de inocente.
Comecei a ficar brava. E ele percebeu minha mudança de humor.
- para de fingir de inocente. – ele colocou as mãos em meus braços mas não fez força para me tirar do lugar, apenas endireitou seu corpo.
- ah sei lá. Há quanto tempo nos conhecemos?- seus olhos pareciam brilhar com a pouca iluminação de onde estávamos.
- desde a oitava temos ao menos metade das aulas juntos. – tirei a força que estava nas mãos e ia retirar minhas mãos do corpo dele, mas ele me segurou. Me manteve exatamente onde eu estava.
- e sempre fomos amigos.
- sim...? – eu queria mais respostas.
- e me perguntei por que.
- por que somos amigos? – que garoto confuso.
- por que somos Só amigos. – puxei meus braços, só podia ser brincadeira, ele parecia mesmo gostar de mim. E eu queria só brincar com ele, enquanto tomava banho planejei isso, mas pensei que sua resposta seria diferente, que a gente podia ficar sem ter algo serio e terminar sem ninguém magoado.
- CD riscado pra mim.
- ah qual é?!
- Por que agora?
- o que?
- por que decidiu que só a amizade não basta, agora?
- não foi agora, mas você parece não perceber. Então to tentando algo mais... agressivo. – ele cruzou os braços e me encarou. Não entendi sua expressão, talvez por que o local mal iluminado não ajudasse, talvez por que prendi meus olhos nos dele. Aquele olhar Tinha uma força que me manteve fixa ali por alguns segundos. Algo que eu não tinha sentido até então. Me deixou perdida.
- da pra acelerar o processo ai? – Depp perguntou.
- é a gente quer ver a ação!-Christie gritou pra gente
- sabe, agora seria muito interessante um pornlive. – jared enfiou uma Mao cheia de pipoca na boca.
Todos nos encaravam do alto da escada.
- a gente vai ter nota máxima na sua matéria? – Heath estampou um sorriso malicioso na minha direção.
- depende do desempenho, mostre-nos algo novo.
- virou bagunça isso? Deixa eles continuarem! – Taylor interferiu.
- andando. – resmunguei pra ele enquanto dei um tapa bem leve na lateral de sua cabeça.
Ele riu e andou ao meu lado balançando a cabeça como se não acreditasse no que tinha acabado de acontecer. Eu não acreditava. Minha vida se transformando em uma novela.
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