Noelle e Heizou andavam pelo longo corredor do segundo andar. A moça ia mais a frente, caminhando e falando informações básicas sobre o lugar, como: Onde era o banheiro, onde era as muitas salas que tinham no lugar, os quartos e seus respectivos donos, os que poderia entrar e os que não poderia nem passar na frente. – e isso apenas no segundo andar, o rapaz ainda não sabia nada sobre o primeiro e as muitas portas que haviam lá.
Heizou tentava acompanhar o passo, desviando de algumas pessoas que abriam as portas ou andavam e corriam pelo corredor, em sua maioria crianças.
— Já estamos chegando! E-Espero que você não tenha ficado confuso com a minha explicação.. – Ela disse, virando em uma esquina de corredores.
— Não, tudo bem! Eu estou entendend- Heizou bateu em algo tão duro o quanto uma parede, o que lhe fez ir para trás com a mão no rosto pelo impacto. “quem colocaria uma parede aqui?!” ele pensou, mas antes de concluir, abriu os olhos e viu que A Parede, era um homem mais alto que si, com longos cabelos brancos, boa parte do corpo exposta e algumas pinturas.— A-Ah! Me desculpa e-eu... – Heizou tentou procurar as palavras ate subir o olhar mais acima da cabeça da tal Parede, “Isso são chifres?” pensou ainda com a boca aberta e sem terminar de falar o que queria apropriadamente.
— Itto vem logo! Não vou chamar de novo! – A expressão do moço que era um pouco vaga mudou para algo mais atento após ouvir isso.
— Já ouvi! – Ele revirou os olhos e sorriu para Heizou. — Depois você me faz um pedido de desculpas mais adequado.
E então ele simplesmente pulou do mezanino para o primeiro andar e saiu da vista do rapaz. Que apenas murmurou algo até perceber que havia se perdido de Noelle. Começou a andar e passar por pessoas sempre pedindo licença e tentando ser gentil enquanto a procurava com os olhos de um lado pelo outro.
Outch!
Um outro rapaz esbarrou em si e quando virou o rosto, pode ver que ele lhe encarava, e deu uma olhada;
Não, ‘qualquer olhada’...
Mas, ‘aquela olhada’.
E realmente deu ‘uma boa olhada’ em si de cima a baixo, o que fez seu corpo gelar com aqueles olhos. Quando eles finalmente voltaram para seu rosto, o outro apenas bufou e riu de canto enquanto terminava de quase atropelar Heizou, que novamente cambaleou mas dessa vez quase caiu se não fosse a parede.
Fez uma expressão de desgosto olhando para a direção que o outro rapaz teria ido e fungou batendo a mão no ombro no qual se esbarraram como se quisesse se limpar daquela personalidade tão arrogante e distinta da sua.
— Hunf... Okay. – murmurou voltando a seu objetivo inicial, quando de repente sentiu ter sua manga timidamente puxada para baixo e viu uma das crianças que estavam correndo por ai. Essa com roupinhas vermelhas.
— ... Você é novo? – Ela disse, o rapaz se abaixou para tentar ficar na mesma altura que ela, e quando ele fez que sim com a cabeça, o rostinho se iluminou com um sorriso alegre. — Eu me chamo Klee! Como é o seu nome?
— Heh, eu me chamo Heizou. – Ele comentou estendendo uma das mãos para ela que retribuiu o gesto. — É muito legal te conhecer Klee!
Ela riu e saiu correndo aos pulinhos pronta para contar a novidade para as outras crianças. Mas por estar muito empolgada e sem perceber, ela espalhava algumas estranhas sementes pelo chão. Que Heizou notou e tentou se aproximar para checar o que era e tentar devolver, mas quando encostou pode se sentir ser puxado para trás com tanta força que foi direto ao chão de um quarto que teve sua porta fechada bem há tempo de uma sequência de grandes explosões, uma seguida da outra.
Ele, no susto foi com o corpo para trás, quando notou Noelle ao seu lado, olhando para a porta que era firmemente segurada por um rapaz de roupas vermelhas estilo mais oriental. Ele se afastou quando teve certeza que o pandemônio havia acabado, bastou abrir a porta para que uma grossa fumaça escura se fizesse presente enquanto entrava sorrateiramente pelo chão do quarto.
— O... O que caralhos foi... A-Aquilo?! – Disse Heizou ainda com o coração disparado pela adrenalina.
— ...Acho que vamos ter que concertar o Teto, as Paredes e trocar o Piso... – Disse o Rapaz de costas e em pé, até virar de lado e cruzar os braços olhando para Noelle erguendo uma sobrancelha. — ...De novo.
— D...De novo? – A moça colocou a ponta dos dedos sob a boca e suspirou pesadamente. — Ah... Tudo bem, eu falo com Lumine e vemos o que podemos fazer.
— Ei, ei! Licença, mas alguém pode, por favor, me explicar o que foi isso do Nada???! – Heizou chamou a atenção dos outros dois lhes fazendo lembrar de sua existência ali, ele que por sua vez já estava em pé.
— A-Ah... Hm... K-Klee as vezes fica... U-um pouquinho empolgada quando conhece pessoas novas... – Noelle disse em um tom tão baixo, totalmente constrangida com aquela situação e mexendo as mãos inquieta.
— Um pouco?? – Heizou disse mais indignado. — Aquilo poderia ter me matado! Mas que merda!
Ele virou De costas para ambos e colocando as mãos nas têmporas, as massageando e repensando se conseguiria arranjar algum lugar, qualquer que fosse pra ir embora dali.
— Não é pra tanto... – A voz do rapaz mais atrás de si se fez presente. — Você se machucaria um pouquinho, mas não iria morrer. – Ele defendeu o comportamento de Klee. — ...Talvez uns 2 meses internado, umas queimaduras de 5° grau e uns ossos quebrados, mas morrer, não morre não.
— O que?!
— HAHahahah! Kazuha! Pare de brincar! – Noelle lhe repreendeu forçando uma risada simpática e apontando com a cabeça para Heizou. — Perdão Heizou... Juro que isso não costuma acontecer com frequência...
— Só todo dia.
— O QUE?!
— aaah!!! Kazuha!! Você não tá ajudando!!! – Ela foi em passos apressados para cima do rapaz que sorriu se desculpando por aquilo, e em seguida ele voltou seus olhos vermelhos para os dourados de Heizou.
Sem escapatória e retribuindo aquele olhar sobre si, o detetive deu-se por vencido.
— Ta... Que seja. – Ele disse por fim, cruzou os braços e dando-se por vencido, quanto via a moça se afastar piscando um pouco, como se não acreditasse no que ouvisse.
— T-Tudo bem por você então?... – Ela comentou. Heizou concordou e ela então, sem perder tempo, abraçou o braço do rapaz a seu lado e lhe levou para mais perto. — Aqui, este é Kazuha, ele vai ser seu colega de quarto!
— Kaedehara Kazuha, pra ser mais exato. – Ele murmurou. — Ao seu dispor. – Ele sorriu curvando-se um pouco, o detetive deu de ombros.
— Heizou. – Ele disse. — Shikanoin Heizou. — Sem muito interesse, já que aquele rapaz a sua frente, lhe dava o mesmo olhar que o outro que esbarrou em si lhe deu. Pelo visto as coisas não seriam muito fáceis.
E esse é apenas o começo....
...Na manhã seguinte, Heizou acordava tranquilamente. Os lençóis que Noelle estava ontem, serviram como cobertores, mas isso não impedia de sentir as costas doendo por estar dormindo no chão, já que... Não havia nem se quer um fino colchão de dentes-de-leão, ou mesmo um de palha.
Ele resmungou alguma coisa, esfregando as mãos no rosto afim de espantar o sono. Tirou os lençóis de cima de si e ergueu-se, enfim sentando e se vendo com o quarto vazio. Olhou ao redor tentando encontrar Kazuha, mas nem um sinal dele.
Então o rapaz deu de ombros, se levantando e começando a dobrar os lençóis para poupar a pobre empregada de ter que se dar ao trabalho de algo que ele próprio poderia fazer. Quando acabou, olhou o quarto com mais atenção, já que ontem ele mal teve tempo disso, com todo aquele auê sobre o teto e o piso estarem destruídos.
O cômodo era simples, mas com muita personalidade. As paredes eram decoradas com pôsteres, mantras e muitas anotações. O que mais chamava a atenção era uma grande pintura de Inazuma, as cores eram muito bem trabalhadas com tons quentes, o que dava a impressão de ser um entardecer.
Ele bocejou coçando um dos olhos enquanto se aproximava mais para admirar a obra, e então parou quando notou mais abaixo uma escrivaninha repleta de objetos curiosos e o que lhe chamou atenção, era um com detalhes dourados e uma parte com a joia totalmente branca. Heizou estreitou os olhos.
— ...Uma visão? – Concluiu, levou um dos braços para pegar o curioso objeto e poder examinar com mais precisão. Mas a porta sendo aberta lhe fez rapidamente suspender o movimento, apertando os lençóis contra o peito e tentando disfarçar, a consciência pesou por estar mexendo em coisas que não eram suas, parecia que havia cometido um crime. — B-Bom dia!
Vacilou na frase, e se deu um tapa mental por estar gaguejando. Era sempre tão difícil fingir que não estava fazendo nada errado? Como os criminosos conseguiam fazer com tanta facilidade?
— Hum? Ah, bom dia. – Kazuha murmurou já bem desperto. — Perdão por entrar sem bater, não estou acostumado a ter hóspedes.
— Sem problemas! – Heizou virou para olhar o companheiro de quarto, que estava... Um pouco estranho, ofegante, o rosto levemente avermelhado e a roupa bagunçada. – Eu quem deveria pedir perdão, se eu soubesse sobre a situação do meu quarto, você teria sido poupado de ter que passar por isso, heh
O detetive riu de canto, mas parou por um momento, então se aproximou de Kazuha, que quando notou recuou um pouco. Heizou estreitou os olhos para um ponto fixo mais abaixo do rosto do outro rapaz.
— ...Tem uma marca no seu pescoço. – Ele disse por fim, a mão do samurai logo foi de encontro com a região e ele se afastou imediatamente, o rosto parecia ter ficado mais avermelhado do que antes e ele não ousava olhar Heizou em seus olhos.
— i-Isso! Eu, hãn – Ele tentava procurar algum motivo daquilo estar ali e despistar a atenção. Heizou riu de canto chamando-lhe a atenção e foi em direção a porta.
— Fica tranquilo, não é como se tivesse muita coisa pra fazer aqui ‘além disso’ – Kazuha ficou pasmo, ele havia notado? Como ele descobriu?
— Como você...
— Eu sou um detetive afinal de contas! – comentou, virando para olhar o rapaz. — Eu sou perspicaz, ligo os pontos rápido e também... – Ele fez uma concha com a mão e colocou ao lado da boca, como quem fosse contar um segredo. — ...Todo mundo reconhece uma marca de chupão.
O detetive virou-se rindo e saindo pela porta, deixando Kazuha em seus pensamentos confusos.
Teria que ser mais cuidadoso.
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