Esfregou os olhos, achando que ainda estava em seus sonhos. Chegou até a pensar na possibilidade de uma miragem, mas na verdade era T3ddy ali em pessoa, parado na sua porta e com aquele sorriso perfeito na cara. Seu rosto estava ruborizado e só então, a garota se deu conta de como estava vestida. Uma blusa grande e folgada ia até metade de suas coxas, mas não havia nada por baixo.
— Vim saber como você está. — disse ele, quebrando o silêncio. Coçou a cabeça, claramente sem graça por aquela situação.
Se fosse em outros tempos, já teria jogado a moça em sua cama e só saído de lá depois de suas pernas bambearem, mas no momento ela não passava de uma ex ficante pela qual ainda guardava uma certa estima.
— Eu estou bem... fico feliz que tenha vindo até aqui. — sorriu se apoiando no batente da porta, cruzando os braços. Parecia que o destino tinha sorrido para ela, pois ao seu ver, a presença de Lucas, àquela hora da manhã, significava que ele se importava e ainda gostava dela.
Olhou para o rapaz dos pés a cabeça, se controlando para não pular em seu colo e beijar a sua boca de forma agressiva, como ele gostava. Pensou que naquela situação em que se encontrava, com apenas uma blusa cobrindo o seu corpo, não ia demorar para rolar um vale a pena ver de novo, visto que bastava apenas ela levantar os braços e tirar aquela peça de roupa para fazer o rapaz se derreter em seu corpo bronzeado sem poder resistir.
Maju convidou Lucas para entrar, ele pediu licença e ela fechou a porta. Lucas se acanhou, mas imaginava aquilo como uma conversa entre amigos, afinal o que poderia acontecer com os dois juntos naquele quarto sozinhos, sendo que, Maju estava apenas trajada por uma blusa que cobria suas partes íntimas? Se dependesse dele não teria nenhum risco, sua intenção era ser solidário, apenas isso, estava com pena da garota e quis dar apoio a ela. Só não sabia se a garota avaliava a sua visita com a mesma intenção.
— A Priscila disse que seu pai tinha voltado. Fiquei preocupado...
— Por isso veio aqui saber se estou bem? — sorriu pela preocupação do outro. Poderia se aproveitar daquela situação, já que estava fragilizada pela condição em que o casamento dos seus pais se encontrava. Serviria de bom consolo ter um ombro amigo onde pudesse chorar suas pitangas. — As coisas estão tão difíceis, eu não sei como estou digerindo tudo isso, sabe? — disse séria, com uma feição entristecida e lágrimas nos olhos. Lucas estava convencido de como as coisas estavam difíceis para a morena.
— Sabe que pode contar comigo, não sabe? — disse, com um leve curvar nos lábios compreensivo.
Lucas pôs a mão sobre o joelho da morena demonstrando apoio, ela sorriu de volta para ele, colocou sua mão por cima da dele e conduziu ate seu rosto, fazendo com que seus dedos secassem as lágrimas que escorriam. Maria Júlia fechou os olhos com aquela carícia nada espontânea. Lucas ficou constrangido e afastou a mão, pigarreando logo em seguida.
— Bem, acho melhor eu ir pra casa. — já ia se levantar quando Maju o impediu, segurando em sua camisa.
— Não vai, por favor. Eu me sinto tão perdida... Meu pai viajou atrás da minha mãe e fiquei responsável por cuidar dos meus irmãos... Ah Lucas, está tudo tão complicado... — a voz saiu chorosa. Se lançou nos braços do rapaz, lhe abraçando pelo pescoço. T3ddy mal teve tempo de reagir e apenas abraçou a moça de volta. — Pelo menos eu tenho você. — sussurrou, rente ao ouvido do moreno.
Maju não estava mentindo, apenas omitiu a verdade, não diria que seu pai tinha planos de ser uma pessoa melhor e que estava arrependido, pelo contrário, o moreno não precisava saber desse detalhe. Por isso, ela achou que ele poderia perfeitamente continuar acreditando que ela era só mais uma vítima em meio aquele caos.
— Sempre vai ter… sou seu amigo acima de tudo, não se esqueça. — reforçou compreensivo.
— Não, T3ddy. Preciso que me console de outra maneira. — falou com uma voz sedutora, se ajeitando por cima dele. Enlaçou suas pernas em seu quadril, começando a rebolar no colo do rapaz.
Merda.
– Do q-que esta falando? – vacilou na voz sem querer, começando a ficar tenso. Sentiu a mão de Maju espalmar por dentro de sua blusa, arranhando de leve seu abdômen.
Querendo ou não, a moça sabia como provocá-lo e dar a ele o que ele gostava. Ela sabia fazer tudo do jeito que ele gostava, talvez por isso tenha ficado tanto tempo com ela. Diferente das outras, que não passaram de ficadas rápidas, a morena foi quem mais conseguiu lhe tirar dos trilhos.
— Maju, pare com isso agora mesmo. — pediu, segurando os braços dela.
— Você não quer que eu pare, meu anjo. — sorriu vitoriosa. Maju notou que a sua provocação estava começando a fazer efeito na calça do rapaz.
T3ddy quis se matar por aquilo, estava praticamente traindo o namorado. Se desesperou com esse pensamento e num movimento bruto empurrou a garota para o lado, se levantou e esfregou as mãos sobre o rosto, ficando de costas pra moça.
— Olha, eu vou pra casa agora... — se arrependeu naquele instante de ter virado. A blusa que a garota usava, já estava no chão e seu corpo estava inteiramente nu.
— Não sabe o quanto eu senti a sua falta. — falou, de maneira sedutora, se aproximando do moreno, que recuou até suas costas baterem na porta.
T3ddy estava encurralado.
— Caralho... — suspirou, nervoso e totalmente arrependido de ter ido até lá.
Pelo visto, não tinha para onde correr...
***
Embora tentasse, não conseguia prestar a devida atenção no que seus amigos falavam. Assim, decidiu passar o intervalo na biblioteca. Pegou um livro qualquer, sem ao menos ler o titulo, só gravou o nome do autor Nelson Rodrigues.
Estava perdido em seus pensamentos, fazia um balanço de tudo o que havia acontecido nos últimos meses e se sentia maltratado só de lembrar. Em pensar que não era mais aquele menino feliz de meses atrás e temia que ele nunca mais voltasse. No entanto, tentava ilustrar como seria o seu futuro casado e com filhos. Duvidou se seria capaz de conseguir seguir em frente, mesmo com as sombras do passado lhe atormentando.
T3ddy ainda ia querer estar com ele sabendo o quão problemático ele continuaria sendo? Esperava que sim, afinal Lucas declarava que estaria sempre ao seu lado, o tempo todo.
Se por acaso não conseguisse, Luba sabia que nem ele mesmo se aguentaria em tais circunstâncias.
Queria poder contar tudo que estava sentindo para o namorado.
Queria que suas inseguranças não atrapalhassem tanto a sua vida.
Queria voltar a ser normal, sem aquela sensação de se estar apenas vivendo por viver.
Luba desejava não ter mais aqueles pesadelos, não ter que depender de medicamentos para controlar suas emoções e para lhe fazer dormir. Desejava não viver na sombra de uma violência bruta.
Por fim, optou por prestar atenção no livro, porém, antes que abrisse a primeira página, seu celular vibrou.
Urso: estou com saudades. (emoji chorando, emoji de coração partido)
Luba: eu também, amor. Esqueci de te avisar, não precisa me buscar, Carminha vai me levar... (emoji de carinha piscando, emoji de coração azul)
Urso: pode vir pra minha casa mais tarde? Precisamos conversar. (emoji pensativo)
Luba se preocupou um tanto, geralmente aquela frase costumava não indicar boas coisas. Imaginou os vários significados que ela poderia ter.
Luba: o que aconteceu? (emoji sombrancelha arqueada, emoji pensativo)
Urso: você vai saber logo... fique bem, amor. (emoji de punho fechado, dois emojis de coração vermelho)
E seria tolice dizer que Luba poderia tentar voltar a se concentrar nas aulas depois daquele recado, que não parecia nada bom.
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