Após acordar, Al Haitham se lembrou do que fez e se sentiu extremamente envergonhado. Se masturbar pensando no seu melhor amigo é uma situação que ele nunca pensou que iria acontecer. Porém, ele tentou não se perturbar muito com isso para prosseguir com o resto do dia normalmente.
Ao se arrumar com a mesma roupa padrão de sempre, uma calça de alfaiataria preta justa juntamente com sua camisa social branca um pouco mais larga com manga curta e alguns botões abertos, foi para a cozinha para preparar seu café da manhã. Al Haitham percebeu que algo estava estranho quando não viu Kaveh na cozinha, já que geralmente ele sempre acordava antes pois sua aula começava mais cedo. Como ele sabia que o loiro acordaria atrasado, decidiu preparar o café da manhã dele junto do seu.
Os minutos se passaram e de repente Al Haitham ouve um baque e um Kaveh resmungando desesperado sobre como iria chegar atrasado, confirmando o que Al Haitham pensou.
“Aqui. Eu fiz seu café da manhã.” Nessa hora, Kaveh se sentiu extremamente aliviado e feliz por Al Haitham ter feito isso por ele. “Eu sabia que você iria se atrasar, então preparei o seu junto do meu.”
“MUITO OBRIGADO!! Agora já vou para a faculdade antes que eu me atrase mais.” Kaveh pegou seu misto e colocou o café em um copo de plástico. Ele estava prestes a fechar a porta, mas antes de realmente ir embora alertou Al Haitham sobre um assunto: “Aliás, talvez eu chegue tarde hoje. Tenho um encontro com aquele homem a qual comentei com você!"
“Ah é? Boa sorte então, até mais tarde.” Al Haitham tentou não deixar ser incomodado por tal encontro, focando em estar feliz pelo seu amigo, afinal sabia como a vida amorosa de Kaveh era conturbada e que ele merecia alguém legal.
Como ainda faltava duas hora para a aula de Al Haitham começar, ele decidiu se deitar no sofá para ler um livro, mas seu sossego não durou muito pois logo viu em celular uma notificação de chamava de voz, indicando ser do Tighnari. Irritado, ele atende, mas antes mesmo de conseguir dizer qualquer coisa, ele escuta um grito estridente no seu ouvido.
“AL HAITHAM! Sou eu, Kaveh! Eu esqueci meu celular no meu quarto no meio da pressa e então pedi para Tighnari emprestar seu celular para eu ligar para você. Você pode trazer e me entregar quando chegar à faculdade, por favor? Sem ele, não poderei ir àquele encontro!” Kaveh estava desesperado. Al Haitham até se sentiu mal por ter ficado de mau humor quando Kaveh comentou sobre o encontro, mas o loiro aparenta realmente gostar do outro homem para estar tão desesperado assim.
“Tudo bem, tudo bem. Eu levo. Agora devolva o celular ao Tighnari. Encontro você no almoço.”
“Sério? Você é de mais, Al Haitham! Te amo muito!” Ao escutar isso, ele desligou a ligação imediatamente, sentindo seu coração falhar em algumas batidas. Era normal o loiro dizer coisas afetuosas para Al Haitham quando o mesmo fazia coisas legais, mas dessa vez foi diferente, talvez por tudo que esteja acontecendo em sua mente nas últimas semanas.
Al Haitham colocou esse pensamento de lado e decidiu focar em encontrar o celular no quarto de Kaveh, a qual era uma bagunça. Era um cômodo tão desorganizado, com papéis de projetos e todo tipo de coisa espalhados para todo lado que ele sempre evitava em colocar os pés lá.
Al Haitham é uma pessoa que respeita o espaço pessoal e a privacidade dos outros, nunca mexendo nos seus itens pessoais, mas neste caso, era impossível não mexer pois o celular não estava nos lugares mais óbvios, como em cima da cama ou em cima da escrivaninha. Ele tentou ao máximo não mexer nas coisas de Kaveh, mas acabou sem querer vendo que em uma das gavetas do criado mudo havia camisinhas, lubrificantes e um vibrador, o que deixou Al Haitham meio perturbado e então fechou a gaveta com força na mesma hora. Ele preferiu tentar esquecer que viu isso no momento que começou a imaginar Kaveh usando o vibrador em diversas posições diferentes.
Após dar uma boa averiguada (e sem querer ver todo tipo de item pessoal do loiro), encontrou o celular em cima da bancada do banheiro do quarto, o que deixou Al Haitham irritado pois era um lugar óbvio e teria evitado de ver muitas coisas desagradáveis para sua mente já suja caso tivesse decidido ir procurar no banheiro primeiro.
Como tinha perdido a energia para ler, Al Haitham decidiu que seguiria seu caminho para a faculdade. No trajeto de 20 minutos a pé, ele não conseguia parar de pensar no “eu te amo” de Kaveh e também não conseguia tirar da cabeça o vibrador do loiro, tentando evitar criar imagens desagradáveis de Kaveh usando aquele vibrador para não ter uma ereção no meio da rua.
Ele também não conseguia parar de pensar na questão de sua sexualidade. Ele queria comentar e desabafar sobre isso com alguém, mas com quem? Al Haitham não era uma pessoa de muitas amizades e se mantinha fechado com as que tinha, nunca falando muito sobre ele mesmo. Tighnari? Al Haitham não era tão próximo assim dele para contar uma coisa tão pessoal. Kaveh? Para Al Haitham, estava fora de questão, pelo menos por agora. Cyno? Al Haitham o considerava um bom amigo, mas ainda sentia que havia uma barreira entre eles nesse quesito. Al Haitham se sentia preso e solitário, notou agora que não havia ninguém com quem comentar sobre sua situação.
Ele estava tão distraído que chegou a faculdade sem nem notar. Também não notou quando Cyno o cumprimentou na entrada e começou a segui-lo.
“Ei. Ei. Al Haitham!!!!” Cyno exclamou, confuso vendo a situação tão anormal de Al Haitham. “Qual foi, cara? Aconteceu alguma coisa, você não é de ser tão avoado.”
Al Haitham o encarou. Pensou se seria uma boa ideia contar tudo o que estava acontecendo internamente para Cyno. A chance se se sentir mais leve estava ali, Cyno com certeza o escutaria. Ele era uma pessoa séria em relação à isso e não zombaria de Al Haitham. Ele estava tão desesperado para se sentir leve e desabafar que pensou em contar tudo ali mesmo, e decidiu que assim iria fazer, mesmo sentindo que ainda existia uma “barreira” entre a amizade e intimidade dos dois.
“Na verdade, não estou bem, podemos conversar?” Ao dizer essas palavras, Cyno ficou surpreso. Ele nunca esperaria ouvir tais coisas de Al Haitham, que sempre passou um ar sério e que nada o afetava.
“Claro, sem problemas.” Cyno realmente estava preocupada com seu amigo pois nunca o viu em tal situação. Para ele, Al Haitham era uma pessoa totalmente inabalável e não mostraria suas feridas assim.
Após encontrarem um lugar vazio e tranquilo para se sentarem, Al Haitham ficou quieto por alguns minutos pensando em como iria dizer o que está acontecendo. Ele nunca desabafou com ninguém então não tem ideia de como fazer isso. Por onde ele começa? Pela parte do nude? Pela parte de que ele se masturbou pensando em seu melhor amigo? Ele não tem ideia.
“Então, o que você faria se tivesse se masturbado pro nude do seu melhor amigo mesmo pensando que é hétero?” Al Haitham falou isso tão rápido que deixou Cyno sem reação. Eram muitas palavras surpreendentes para serem processadas em tão pouco tempo.
“O que?”Cyno exclamou completamente confuso. Al Haitham já estava começando a pensar que ter falado sobre isso foi um erro. Ele não saberia lidar com as reações negativas enquanto ele estava se expondo pela primeira vez. “Calma, calma. Explique isso direito.”
Al Haitham levou um tempo para explicar a situação em que se encontrava. “…E após ter me masturbado para a foto eu não sei, me deixou muito mais confuso do que eu já estava. Afinal, sempre me considerei hétero, porque isso agora? Porque eu imaginei o Kaveh usanso seu vibrador? Porque eu fico incomodado quando Kaveh comenta sobre seu novo namorado? Eu realmente… não entendo.” Al Haitham colocou para fora tudo o que estava incomodando. Ele se surpreendeu ao ver que realmente se sentiu mais leve ao colocar tudo para fora e conversar sobre isso com alguém.
Cyno olhou para Al Haitham com uma expressão neutra, pensando no que ele iria falar. “Al Haitham… escuta, eu não sou a melhor pessoa para falar com delicadeza, então vou ser direto: neste ponto, você com certeza já percebeu que gosta de homens. Já sobre os seus sentimentos por Kaveh, o ciúmes e a atração sexual podem ser consequência de um sentimento maior, mas isso você tem que perceber por si mesmo pois não tenho o direito de ditar o que você sente. Talvez seja um processo demorado, e eu entendo a angústia.”
Al Haitham não se surpreendeu com as palavras duras pois era o jeito de Cyno e sinceramente, preferiu assim. O que ele menos queria no momento eram palavras de compaixão e empatia com seus problemas internos. Ele precisava da perspectiva de outra pessoa, independente se fossem palavras duras ou não. E de qualquer forma, a amizade dos dois sempre foi assim, ele sabia que Cyno estava preocupado e que queria ajudar, mesmo que fosse do seu próprio jeito.
“Mas nossa, Kaveh mandando um nude acidentalmente para você? Que situação HAHAHA.” Al Haitham se sentiu menos tenso com a risada de Cyno e o agradeceu por isso. Neste momento, ele percebeu que aquela barreira que sentia sobre a amizade de ambos havia se quebrado.
“Pois é. Ele é namoradeiro e sai com vários homens, então sabia que ele mandava esse tipo de conteúdo. Mas maldita hora que ele foi mandar isso para mim.” Al Haitham falou isso com um tom de brincadeira na voz, se sentindo mais leve e com menos coisas na cabeça.
“Bom, de qualquer forma, talvez dar uma pesquisada sobre o assunto o deixaria mais tranquilo. Não que eu entenda muito, mas se eu estivesse no seu lugar é o tipo de coisa que eu faria”
Os dois conversaram até o começo de suas aulas e foram se encontrar novamente na hora do almoço, que se juntaram com Kaveh e Tighnari. Al Haitham conseguiu finalmente devolver o celular ao loiro, que pulou de alegria e o abraçou como agradecimento ao ver o aparelho.
O restante do dia foi muito mais tranquilo. Al Haitham prometeu a si mesmo que atualizaria Cyno sobre sua situação e também queria contar mais sobre si mesmo com ele. Ele sentia que sua amizade com Cyno havia subido alguns níveis, e está feliz em ter alguém novo para contar que não fosse Kaveh. Com isso, as horas passaram, o dia letivo acabou e Al Haitham voltou sozinho para sua casa. No caminho, sua mente estava mais limpa e menos preocupada, a conversa com Cyno realmente o ajudou.
Por estar menos preocupado, ele começou a reparar nas coisas em sua volta e percebeu que havia um sex shop ao seu lado. Isso o lembrou do que viu no quarto de Kaveh mais cedo. Não resistiu à tentação e entrou na loja.
Ele não sabia o que estava fazendo ali. Ele não sabia o que queria comprar e não sabia o que responder às perguntas da atendente, só sabe que saiu de lá com um aparelho que sugava ao colocar o pau dentro. Ele foi embora da loja envergonhado mas não arrependido, pensando que aquela era a compra mais compulsiva que já havia feito mas ansioso para usar seu novo brinquedo.
Ao chegar em casa, Al Haitham seguiu o conselho de Cyno e abriu o Google para se aprofundar na homossexualidade. Ele pesquisou em seu notebook “Como saber se sou gay” e encontrou vários tipos de artigos, desde científicos à relatos pessoais de como homens se descobriram e se aceitaram.
Al Haitham ficou imerso nesse conteúdo por mais ou menos duas horas, tentando relacionar esse conteúdo a sua realidade a fim de se identificar, mas levou um susto ao escutar um baque vindo da porta principal e um choro forte, percebendo que vinha de Kaveh. Neste momento, ele fechou seu notebook e saiu correndo de seu quarto para a sala, querendo entender o que aconteceu.
"O que houve?? Porque está chorando?" Al Haitham perguntou preocupado. Kaveh geralmente não chorava, e à essa hora ele ainda deveria estar no encontro que marcou. Kaveh não era de voltar cedo quando saia para encontros.
"E-Ele me enganou! Havia uma mulher conhecida dele lá e ele estava me usando para causar ciúmes nela. N-No meio do encontro, o cara me largou para ir conversar com a mulher." Kaveh explicava enquanto se desabava em lágrimas. Al Haitham sabia do histórico de relacionamentos amorosos do loiro e sabia que ele nunca passou por nada assim e, sinceramente, a vontade de Al Haitham nesse momento era de encontrar o tal cara e dar uma surra nele por ter se aproveitado de Kaveh e tê-lo feito chorar.
Al Haitham se sensibilizou com a dor do amigo. Ele nunca foi bom com palavras, então fez o possível para mostrar ao loiro que estava lá para apoiá-lo. Al Haitham passou o resto do dia lendo com Kaveh deitado em sua coxa chorando enquanto fazia cafuné em sua cabeça, se esquecendo de quaisquer problemas, apenas se preocupando em estar lá e demonstrar ao amigos que se importava com ele.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.