O grito que tentava lhe avisar do perigo, chegara tarde.
Shina investira seu golpe mais poderoso, correndo ao encontro do inimigo, com o punho em forma de garra. Não pôde distinguir o movimento que se seguia. Quando deu por si, o Deus-rio estava diante de seu olhos. As íris cinzentas, penetrantes, pareceram lhe tragar, enquanto sentira a mão masculina próxima de seu abdómen.
- Sua técnica lhe deixa muito exposta. - Disse suavemente - Foi um grande erro. Suma !
Uma pequena rajada, porém forte o suficiente, arremessou o corpo feminino a metros de distância. Um grunhido escapara por de trás da mascara enquanto o frágil corpo caia pesadamente à dez metros de distância.
Sua respiração se tornara ofegante. A dor em seu abdómen era quase que insuportável, como se seus órgãos estivessem a falar.
Com dificuldade virara de costas para o chão, sentindo a luminosidade daquele sol ardente lhe invadir os olhos. Estreitou-os, para logo abri-los com espanto. Um vulto passara com rapidez diante de si, e pousara a alguns passos de onde estava. Fez menção de voltar-se para ver de quem se tratava, mas os músculos não respondiam.
- Como sempre você é muito afoita, Shina. - A voz conhecida de Marin fizera a mulher estendida no chão grunhir. - Você tinha que ter explorado o inimigo antes de utilizar sua técnica principal. Deveria saber como ele reagiria em um ataque de curta distância como o seu. Ele é um Deus e não é de se admirar que sua velocidade seja muito acima da nossa. Teremos que lutar juntas se quisermos derrotá-lo.
- Não me venha querer ensinar a lutar, Marin. - Levantando-se com brusquidão, sentindo ainda o efeito do poder do ataque que recebeu, dando um pequeno gemido.
Viu que Marin se entre-punha ao inimigo, estreitando os olhos.
- Não vamos discutir sobre isso agora. - Marin disse olhando por cima do ombro. - Temos um problema maior para lidar. - Pronunciou voltando-se ao inimigo que permanecia passivo.
- Eu posso lutar…
- Hmmmm - O Deus-rio cruzou seus braços, parecendo incomodado com a pequena discussão - Não se incomodem comigo - Disse sério.
- Maldito! Está nos subestimando. - Grita Shina em tom de fúria, fazendo menção de avançar.
- Não se deixe levar pelo momento. - Marin a impedira com um gesticular curto. - Ele está tentando nos desestabilizar emocionalmente. - Olhou de soslaio para a companheira, que se colocara ao lado da ruiva. - Vamos ver se ele é tão rápido mesmo.
Shina sorriu por de trás da mascara.
Ambas começam a circundar o Deus-rio, correndo a toda a velocidade, ficando em sentidos opostos para que tivessem a chances de atacá-lo de ambos os lados. Marin é a primeira a avançar no momento que está nas costas de Sangário. Este dá um pequeno sorriso.
A grega dá um salto frontal no intuito de aplicar um soco na altura da nuca do inimigo.
"Muito lenta" - Pensou o Deus, que, rápido, vira no próprio eixo para se defender. Mas surpreende-se, pela interrupção brusca do golpe inimigo.
Marin parara à um metro e meio do inimigo, mantendo uma distância para estudar o alcance de seu braço.
"Esperta." - Sangário sorriu em meio ao pensamento. Mas logo teve sua atenção voltada para o movimento atrás de si.
Shina, que se encontrava nas costas do Deus, rapidamente abre sua adestra em forma de garra.
- THUNDER CLAW !
Um raio surge em sua mão e a mesma investe novamente em cima do Deus.
- Já conheço essa sua técnica. - Sangário virou-se rapidamente para interceptá-la, porém Shina interrompera sua própria técnica no meio do caminho, na mesma hora que Marin havia parado, deixando Sangário atónito. - Mas por quê isso? - Estranhara.
- EAGLE TOE FLASH ! - A Amazona de Águia dá um salto, concentrando seu cosmo na ponta de seu pé, disferindo um potente chute na nuca de Sangário. O golpe descobrira a cabeça, mostrando uma vasta e longa cabeleira cinzenta, e, faz com que o Deus perdesse o equilíbrio, tropeçando para a frente.
- Agora vai ver, maldito. - Shina disse triunfante ascendendo seu cosmo - THUNDER CLAW !
Sangário, finalmente, provava da fúria da Amazona de Cobra, sentindo uma forte pancada no lado direito do rosto, que o fez ser arremessado para o lado. O enorme muro, que abrigara a Amazona no principio daquele encontro, desmoronava-se, ante o rastro de fumaça de entulhos que o corpo do Deus-rio deixava.
A casa, do outro lado do muro, mostrava-se em ruínas.
Com um gemido, Shina caíra de joelho no chão. Estava exausta, mas satisfeita.
Acabara com aquela luta com menos efeitos colaterais do que imaginara. Com um sorriso no rosto, Marin se aproxima e estende sua mão para que a Amazona de Cobra pudesse se levantar.
- Bom trabalho!
- Você também, Marin. - Pega a mão de sua companheira e se levanta.
Ambas olham na direcção dos escombros, onde o pó espesso ainda atrapalhava a visibilidade, na expectativa de ver o inimigo derrotado.
- Essa doeu. - Um arrepio surge na nuca de ambas enquanto uma voz grossa surge a poucos centímetros por de trás.
A distância era tão pouca, que era possível ouvir-se a respiração do Deus. Mãos grandes tocaram suas costas e presto, uma luz surge seguido de uma dor excruciante que acomete as amazonas. O corpo de Marin fora lançado com brutalidade contra os escombros do muro destruído, sendo arrastado no chão de escombros da casa derrubada pelo corpo do Deus-rio. Shina sentira seu corpo, como se seus ossos estivessem sendo esmigalhados, mas ao ser impulsionada, teve seu movimento detido pelo Deus, que lhe segurou pelo pulso direito, trazendo-a de volta. Erguera o corpo feminino com facilidade, de forma que o rosto da moça mascarada lhe fitasse nos olhos.
Sangário estava sério, mas não irritado. Deixava claro o quanto aquela situação lhe desagradava. Num movimento rápido e leve arrancara com delicadeza a mascara da amazona, que mesmo com dor, surpreendera-se.
O Deus-rio sorriu. Ela era uma humana bonita. E por tal questionava o uso daquela mascara horrenda.
- Mulher, eu não quero machucar você e sua amiga - Disse calmamente - Vá embora - E com a facilidade de quem atira um papel, atacara o corpo de Shina.
A moça gemera, a espera de encontrar o chão, mas sentira-se ser agarrada de mal jeito. Seus olhos turvos, tentaram ver de quem se tratava, mas apenas conseguira identificar o brilho intenso de uma armadura dourada.
Portas do Olimpo
As portas ornamentadas que pareciam se estender ao infinito abriram-se com dificuldade, para dar passagem a graciosa figura do Mensageiro dos Deuses. Mais uma vez era incumbido de uma importante missão. Ir ao Hades, certificar-se que tudo corria como o planeado, mas deteve-se surpreso, perante duas figuras encobertas por longas capas negras, que lhe tapavam a passagem.
O quê fazem aqui? - Estreitou os olhos.
Mensageiro - O que se encontrava a direita dera um passo em frente - A Justiça fora entregue aos Titãs. Logo a guerra começará…
Como…?
Avise Zeus! - O segundo iniciou. - Hades vos traiu.
Hospital de Athenas
Mais uma vez os olhos verdes abriam-se a luz branca intensa. O tubo em sua boca voltava a incomodar, fazendo se revolver um pouco nas cobertas, despertando a atenção do homem sentado numa poltrona mais ao canto, a direita da cama.
Mu sentira a movimentação ao seu lado, vendo a figura já conhecida de Shion se aproximar. Estava sério, preocupado, e já não conseguia esconder.
- Mu! - Chamou, quando estava próximo o suficiente. Inconscientemente levou a mão a testa do rapaz, pousando-a ali de forma cuidadosa - Vai ficar...como se sente? Tem alguma dor? - Indagou vendo o rapaz piscar lentamente. - Vou buscar a enfermeira - Disse se afastando, mas foi segurado firmemente pela mão de Aries, fazendo voltar-se com estranheza.
- M-mestre! - Shion ouvira muito baixo por cosmo. Mu continuou fitando o outro com aflição e respiração ofegante. Era muito nítido o esforço que estava fazendo - Amniso era ajudado por alguém…- dissera com dificuldade, aumentando a aflição do Grande Mestre.
- O quê…?
- Iapetus… - Dissera, surpreendendo o outro.
Shion pareceu pensativo. Após longos segundos fitara o rapaz sobre a cama, pousando a mão na testa do discípulo e acenando positivamente.
- Descanse! - Apenas disse isso, vendo Mu fechar os olhos.
Engolira a seco.
"Maldição!".
Olimpo
Era impossível calcular a estranheza de se encontrar em constante comparecência naquele local. Desde tempos mitológicos, sua preferência em não mostrar sua figura no Olimpo era mais do que uma opção.
Hades, o Imperador do Submundo, de porte imponente e em sua figura natural, entrara pela porta do grande salão, onde sentado jazia Zeus, Acumulador de Nuvens.
Ao lado deste, e para estranheza daquele que caminhava para o centro do salão, estava, apenas o Mensageiro dos Deuses - Hermes, de semblante carregado.
- Escutai o que digo Zeus Possante - Hades começara, pois algo em seu peito lhe alertava que o Grande Deus já estava ciente de sua traição - Astrea fora levada…
- Levada!? - Os olhos cinzentos estreitaram-se, mas o Zeus não se movera no trono - Tem a certeza que é esta a palavra que quereis proferir? - Dissera com uma calma assustadora, que fizera o outro Deus estancar.
- Sabeis muito bem que não uso palavras escusas para maquiar o malfeito. - Disse com voz inicialmente tremula - Podeis me acusar de negligente…
Não é isso que ouvimos - Hermes descera os degraus que antecedia o trono, colocando-se diante do Deus do Submundo.
- O quê ouviu, Mensageiro? - Não se intimidara.
- Traição! - Quase cuspira a palavra, fazendo o mais velho estreitar os olhos.
Um sorriso aparecera fino e raivoso nos lábios de Hades, que mirara o irmão. Naquele momento compreendeu que chegara tarde. A palavra traição, também se infiltrara entre os seus.
- Como podes ter certeza que eu vos traí? - Ignorando Hermes e olhando para seu imponente irmão sentado ao trono. - Acreditarás em qualquer um que quer ver a ruína dos Deuses, ao invés de acreditar em um dos seus?
- Os que proferiram sobre vossa traição com certeza não deseja a ruína dos Deuses, Filho Amaldiçoado. - Diz Hermes, ainda com os nervos à flor da pele, esquecendo de sua posição, perante aquele a quem falava. - Se eles vos traiu, com certeza deve ser por um motivo muito forte.
Na mente de Hades passam a imagem de poucas pessoas que poderiam traí-lo. Para Hermes ter tanta certeza de sua traição, os que revelaram, no mínimo tem que ter uma posição de destaque e confiança dentro de seu reino. Não seria muito difícil descobrir, já que eram somente oito pessoas na qual teriam essa posição.
Mesmo assim, Mensageiro, não teria como você ter certeza disso. - Estreitando os olhos escuros, olhando bem fundo nos claros de Hermes.
- Por ora, você não sairá desse templo! - Indagou Hermes.
As pesadas portas voltaram a se abrir, e entre a forte luminosidade que invadira o local, a figura feminina encoberta por um véu, entrara, causando espanto em Hades.
Continua...
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