História O amor do rei - Dias sombrios

Legolas ainda não acreditava no que estava acontecendo, Ayla estava resolvida a ficar , mais ainda não tinha visto toda a extensão  da maldade dos orcs. Ele não tinha dúvida que queriam recuperar Ayla pelo seu poder de cura, claro que seu dom não seria usado para o bem. Já faziam quatro dias que estava no encalço de um bando desgarrado de orcs, precisava de informações e a única forma seria a captura de pelo menos um daqueles seres repulsivos. Soube através de Elrond que Thranduil tinha ido até Lorien atrás de Ayla e que agora estava vindo ao encontro deles, precisava terminar seu trabalho e voltar o mais rápido possível para dar apoio a Ayla, porque Thranduil viria com tudo para cima de todos.

         Observando o movimento de seus inimigos, Legolas ficou à espreita, quando teve a oportunidade golpeou um dos orcs e o deixou desacordado,mais do que rápido amarrou-o e o colocou em cima de seu cavalo, o levaria até o acampamento e junto com Elrond tentaria obter o máximo de informação possível.

         Marcus tinha levado Ayla até próximo de um acampamento em que os aldeões que tinham sido atacados estavam improvisando um abrigo. Tinha muitas mulheres e crianças pequenas, alguns idosos doentes pelo frio e pela fome, por todo lado só se via sofrimento, com a chuva que não parava de cair tudo estava enlameado e encharcado. A tristeza nos rostos sujos comoveu Ayla de uma forma que ela jamais imaginou sentir . Elrond a proibiu de tocar nas pessoas , pois eram muitos doentes e feridos ele tinha medo que ela se desgaste a um ponto de não poder se recuperar. Elrond tinha dado a ela um par de luvas e couro para que mesmo que tocasse os moribundos não entraria em contato direto com ela formado uma barreira de proteção para ela.

        Foram até uma barraca no centro do assentamento, lá estava o mestre do povoado, que segundo Elrond era um dos homens mais bom e justo que ele já conhecera, estava com vários ferimentos que não cicatrizavam, a missão e Ayla era ajudá-lo. E assim ela o fez, como todas as vezes tocou os ferimentos um de cada vez, seu corpo absorvia e logo se curava, mais infelizmente ela não tinha forças para curar a todos que necessitavam em um dia, então ficou decidido que somente os casos mais graves iriam até ela, para os outros,tentariam curar com os recursos que tinham.

       Ayla olhava para todos com muita tristeza, não conseguia acreditar em tamanha maldade, agora sabia porque estavam atrás dela , queriam seu dom, só não sabia para que, mais logo Legolas traria novidades.

       E foi o que aconteceu, quando Ayla voltava para o acampamento élfico, Legolas chegou com a coisa mais feia e fedorenta que ela já tinha visto, o ser horrendo babava e chutava para todos os lados, falando em uma língua brutal e desconhecida para ela. Logo Elrond e Marcus vieram e levaram o orcs para longe do acampamento para ser interrogado. Não deixará-na ir junto e então ficou impaciente andando de um lado ao outro esperando.

       --Então como vai ser Elrond

       --Vamos amarra-lo na árvore, ele não põe fugir antes de nos contar o que precisamos saber.

       -- Podem me amarrar, cortar ou queimar, não falarei nada a vocês elfos nojentos!

       -- Veremos, Marcus traga a tocha até aqui.

       Elrond sabia do pavor que os orcs tinham do fogo, teria que arrancar informações de uma forma ou outra, não gostava d usar violência com nenhum ser vivo , mais situações desesperadores exigiam medidas extremas.

       -- Me diga orc, que vocês procuram?

       Silêncio total, somente alguns guinchos e resmungos.

       -- Quem os mandou até aqui?

       -- Alguém mais poderoso que você elfo.

       --Quem?

       --Logo vocês vão descobrir!

       -- Me diga o que procuram e eu o liberarei!

       --Não pode me libertar, pois logo não serei mais seu prisioneiro! Mais vou facilitar para você pois logo morrerá, assim que os outros chegarem não sobrará ninguém para contar a história.

       Todos ficaram em silêncio, essa informação era preocupante, se outros estavam vindo provavelmente seriam atacados.

       -- Vocês tem algo que o mestre deseja, uma menina que pode curar todos os males, ainda não a encontramos, matamos muitas no caminho , mais nenhuma era a certa. Agora o mestre disse que ela está com vocês então todos viram para levá-la.

      -- E quem é seu mestre?

      -- Born, o bruxo que ressuscita os mortos, ele veio atrás do sangue dele e vai encontrar aquela que lhe pertence!

      -- Como assim sangue dele? --perguntou Legolas -- Quem é o sangue dele?

      -- Ah jovem príncipe, aquela que cura, a neta dele, aquela que vai ser sacrificada para que o poder de Born seja forte o bastante para ajudar ao grande senhor das sombras retornar!

      --Sauron? Ele quer ressuscitar Sauron? Elrond não põe ser verdade!

      -- Sim , é, e quando Born encontrar a curadora vai absorver seu poder como fez com a mãe dela, e nem homem, elfos ou anão poderá nos impedir, Sauron retornará e a Terra Média será nossa!

     -- Não se depender de nós criatura nojenta. Levem -no , e o deixem na jaula !

     Alguns soldados levaram o orc e o trancaram longe de todos.

     -- Legolas , onde está Ayla? Não podemos perdê-la de vista, agora que sabemos quem ela é.

     -- Estava do outro lado , esperando para saber que descobriríamos. O que vamos fazer Elrond? Meu pai tinha razão, ela não devia estar aqui!

    -- Legolas se o que o orc disse for verdade , eles chegariam a ela, e no meio do caminho teriam muito mais mortes, aqui podemos combatê-los e se tudo der certo eliminaremos todos por aqui. Mais o ponto central e encontrar esse Born, porque se ele não for detido nada do que fizermos aqui vai ter validade, ele continuará até encontrá-la.

    Legolas concordou, iria falar com Ayla o mais rápido possível. Quando saiu a procura dela a viu sentada em uma pedra com o olhar perdido.

     -- Você está bem Ayla? Está sentindo alguma coisa?

     -- Eu ouvi vocês interrogado o orc, isso não tem que continuar, e só a mim que esse bruxo quer, não precisa mais ninguém morrer ou se machucar.

     -- Não e bem assim Ayla, você ouviu toda a conversa, ele quer matar você e usar a fonte de seu poder para trazer Sauron a vida, pode ter certeza que se isso acontecer morrerá muito mais pessoas , ninguém estará a salvo se esse mal retornar!

    -- Mais vocês poderiam detê-lo se eu me entregar, pode ser que eu saia viva , mais o mais importante é que ele seja morto.

    Legolas a abraçou, não deixaria que nenhum mal acontecesse a ela.

    -- Essa e a ideia mais idiota que ouvi, imagine se meu pai estivesse aqui, ele a trancaria em uma jaula como aquele orc só para não perdê-la de vista ou deixar você executar essa ideia absurda.

    -- Ele está aqui!

     -- Quem?

     --Thranduil.

    Legolas a soltou e olhou para traz, avistou os grandes chifres do alce de guerra, e o senhor de Mirkwood, junto com ele pelo menos mais um quinhentos elfos , tantos de Mirkwood quanto e Lorien.

    -- Eu preciso sair daqui Legolas.

    -- Não Ayla, você não pode se esconder, seja corajosa!

    -- Não vou conseguir ficar perto dele e não mudar minha decisão, agora mais doque nunca tenho que manter Thranduil afastado, não posso ceder .

    --Então lhe desejo sorte. Vá antes que ele a veja.

    Ayla deu uma última olhada e quase sentiu o cheiro da floresta que Thranduil carregava em sua pele, ela o amava tanto, aquele poder que ele transmitia a deixava zonza, mais no momento tinha que se afastar dele, sabia que não seria por muito tempo logo se encontrariam , mais não agora.

      Thranduil chegou esquadrinhando todo o local, procurando brechas que pudessem por o acampamento em perigo, muitos elfos e homens montavam guarda em vários pontos . Eldir estava com ele, toda sua guarda pessoal e mais alguns que tinham vindo de Lorien.

      Desmontou e se dirigiu a cabana maior que sabia que era de Elrond pelas cores da lona.

     -- Elrond, onde ela está?

     --Thranduil ,estamos todos bem , que bom que resolveu se juntar nós e tirar um pouco do musgo da floresta dos cabelos.

     -- Ela está segura?

     -- Sim, nada aconteceu com sua noiva. Venha , temos assuntos muito sérios a tratar.

     Elrond pôs Thranduil a par de tudo que tinha descoberto, e esperava que a inteligência militar somada ao medo de perder Ayla o estimula-se a entra no combate.

      -- Quando estive em Lorien, Galadriel me mostrou coisas que me apavoraram. Vi a morte de Ayla Elrond, ela estava coberta de sangue, nos não estávamos lá, ela estava sozinha.

      -- As visões do espelho d'água nem sempre são fatalistas, muitas vezes se confundem com nossos próprios medos.

      -- Sim nossos maiores medos, deixe-me vê-la Elrond.

      -- Isso não depende de mim, ela é a única que pode permitir. Você já se perguntou o porque dela desistir de tudo?

     -- Em todas as horas do dia.

     -- Ela acredita que lhe trará infelicidade, pela sua condição.

     Thranduil balançou a cabeça.

     -- Eu sei de todos os riscos, mais nada posso fazer meu amor sempre foi dela e sempre será, prefiro passar esse pouco tempo com a mulher que verdadeiramente amo do que passar a eternidade do tempo sem ter tido essa felicidade!

     -- Então meu amigo , vá atrás de seu amor, mais por favor Thranduil, seja o mais delicado e paciente possível.

     --Prometo que seriei.

     Thranduil começou a vasculhar o acampamento a procura de Ayla, a encontrou entre alguns soldados humanos que estavam recebendo cuidados médicos. A primeira coisa que notou  foi as luvas que usava, com certeza tinha sido idéia de Elrond para protegê-la . Se aproximou devagar com medo de assusta-la, mais sua presença imponente era difícil de ser ignorada, os soldados param suas conversas e todos ficaram olhando para ele. Estavam se acostumando com os elfos, e Elrond era o oposto de Thranduil, era mais discreto em suas vestimentas , sua tez morena e seus cabelos escuros não o destacavam entre os outros elfos, já Thranduil era muito mais alto, e em sua armadura de combate parecia muito maior ainda, e é claro seu longo cabelo platinado já era um atrativo à parte.

      Ayla olhou para trás, não sabia porque o murmurinho tinha se silenciado. Seu coração começou pular de uma forma que chegava a lhe faltar ar. Ele estava ali e a tinha encontrado, sabia que isso aconteceria , mais espera que pudesse ter mais tempo para se preparar para enfrenta-lo. Só de o olhar sabia que precisaria de todas as suas forças para resistir a qualquer argumento que lê pudesse ter.

       -- Ayla ? Podemos conversar?

       -- Eu estou ocupada, não posso parar o que estou fazendo. -- respondeu baixando olhar.

       --Eu posso esperar.

       E foi assim que ele o fez, Ayla não conseguia se concentrar e procurava executar seu trabalho o mais lentamente possível, tinha esperança que Thranduil desistisse, mais sabia que isso não aconteceria, ele ficaria ali parado como uma estátua quanto tempo fosse necessário. Finalmente se deu por vencida, Thranduil estava começando a incomodar os feridos com seu silêncio, parecia que ia sacar sua espada e por fim degolar a todos que estavam ali. Terminou de esmagar algumas ervas e entregou o unguento a um de seus ajudantes .

       --Qualquer dúvida não hesite em me chamar .

       --Sim minha senhora --disse o jovem que a ajudava, e olhando para Thranduil completou:-- Ou posso chamar lord Elrond!

       Ayla olhou para expressão do rapaz e nada disse, sabia que todos ali estavam com medo do senhor da floresta das trevas.

       -- Venha por aqui-- Ayla o chamou-- Vamos deixá-los descansar.

       Thranduil a seguiu em silêncio, mais quando se afastaram a segurou pela mão. Foi como se a mesma corrente elétrica que ela sentia quando estava curando estivesse passado por ela, tentou respirar fundo mais parecia que todo o ar que existia na terra não eram o suficiente.

      -- Ayla, por favor, só me diga porque?

      Virou-se para ele e segurou toda sua vontade de passar sua mão por aquele rosto tão amado, seguir a curva dos lábios o perfume de sua pele.

      -- Eu já lhe disse Thranduil, não há futuro para nós, foi tudo um sonho,  não podemos ficar juntos, só haverá sofrimento. Não posso fazer isso a você, por mais que eu o ame , não quero que sofra com minha morte.

      --E acha que já não estou sofrendo, Ayla todos vamos morrer um dia, e eu quero estar com você até esse momento!

      -- Mais esse momento pode ser amanhã ou daqui a meia hora, você não entende , não será justo com você ! Thranduil olhe para mim, realmente me enxergue, me diga o que você vê?

      -- Meu mundo -- e se aproximou mais-- vejo os momentos de felicidade que passamos, vejo nossas rusgas, e vejo toda a felicidade que vamos ter juntos, não importa por quanto tempo, só importa que ficaremos juntos. Não tenha medo  meu amor, nada lhe acontecerá, eu não permitirei!-- ao terminar essas palavras a visão de Lorien retornou, ele não permitiria que se concretizasse.

      --Você não pode mudar o destino de ninguém, nem mesmo o meu --disse começando a chorar-- Elrond já lhe contou que sou eu a causa de todo essas mortes, por eu ter este dom maldito. Queria nunca ter sido encontrada por Eldir assim nada disso estaria acontecendo.

      Tocando seu rosto, Thranduil secou suas lágrimas e como ela não ofereceu nenhuma resistência a puxou para seus braços . Com os queixo sob sua cabeça começou a falar baixinho.

      -- Nunca diga isso, você e a razão de muitas coisas, e à razão por eu estar aqui. Nos vamos resolver isso, vamos exterminar todo esse mal, e aí nada mais pode impedir que fiquemos juntos, não importa quanto tempo, seremos felizes no tempo que tivermos!

      Ayla respirou fundo o cheiro que emanava dele, o cheiro da floresta, ah como queria voltar para casa, e ficar para todo sempre aconchegada nele, mais tinha tanto medo, medo de lhe causar dor.

      -- Eu acho melhor voltarmos, tenho muitas pessoas para ajudar.

      Ele não falou nada somente a soltou e a deixou ir.

      Retornando para o acampamento, Thranduil encontrou Legolas, o filho se aproximou e lhe deu um abraço.

      -- Tudo bem ada, vamos dar um jeito de resolver tudo isso, Elrond tem um plano, se tudo der certo exterminamos a cobra no ninho.

      -- E se não der?

      -- Temos que fazer dar, pelo bem de todos!