# Dia do Teste #
Miguel volte aqui, agora – gritava uma mulher correndo atrás de um homem alto.
Eu conseguia enxergar isso porque eles acabaram de sair da sala de teste que em alguns instantes eu iria entrar, não sei o que aconteceu lá dentro, só sei que eu fiquei mais nervosa.
Desculpem não me apresentei ainda, Me chamo Anne Caroline, tenho 19 anos, sou estudante de Fisioterapia e nesse exato momento estou esperando me chamarem para fazer o teste no melhor Conservatório da minha cidade, estou nervosa? Sim muito, mas estou tentando não transparecer para os meus amigos que me acompanharam. Tenho quatro amigos: David, Julio, Luana e Melissa, o teste que vou fazer é para Piano Erudito, eu amo piano, amo tocar, amo musica, amo cantar erudito, ou seja, tudo nessa área me envolve de uma maneira que não sei explicar.
Anne Caroline – Chamou uma senhora na porta da sala do teste.
Aqui – Falei com minha mão levantada.
Venha Querida, pode entrar, agora é sua vez. – Ela falou. Levantei-me olhei para os meus amigos que me desejavam sorte, me virei carregando meu caderno de partituras com as musicas que eu iria executar lá dentro e entre. Seja o que Deus quiser.
Após longos 40 minutos de espera, sai da sala e começou o questionário.
Iae Anne, como foi? – Falou David
Você Passou? – Perguntou Mel
Amiga, tinha muita gente lá dentro? – perguntou Lua
Minha gente deixa ela respirar , vem Anne vamos comer para você recuperar a cor, aproveita e conta agente como foi lá dentro – Falou Julio pegando na minha mão e me puxando para fora do Conservatório , Tinha um Shopping perto e partimos para lá .
Já na Praça de Alimentação do Shopping , Mel e David foram comprar nossos lanches na Mc e eu ainda estava processando o teste. Pensando sozinha de como eu toquei no piano e tentando lembrar se a minha postura estava correta, isso foi me dando dor de cabeça, então resolvi deixar para lá e me concentrar nos meus amigos que estão na minha frente mexendo no celular. Puxei os celulares dos dois.
Eiii, devolve Carol, Agora – Falou Lua já irritada.
Anne devolve o celular de Luana, pode ficar com o meu – Julio Falou.
Mas vocês não me dão atenção, queria conversar poxa. – Falei devolvendo o celular de Lua.
Conversa com o Julio, to ocupada resolvendo uma coisa para minha mãe – Lua Falou , voltando a mexer no celular. Olhei para Julio fazendo bico e ele rio.
Pronto, minha atenção é toda sua, diga lá minha rainha, o que deseja desse pobre servo? – Falou Julio Brincando
Desejo comer – Falei rindo para Julio.
Seu desejo é uma ordem – Ele disse olhando para trás de mim, acompanhei seu olhar e vi David e Mel andando em nossa direção com duas bandejas de lanche. Assim que eles chegaram, sentaram e começamos a comer e eu contei como foi o teste. Depois fomos para casa que por incrível que parece é tudo na mesma rua. Quando cheguei na minha casa, minha mãe veio me perguntar como foi o teste , contei tudo que aconteceu a ela e depois fui para o meu quarto , porém uma coisa que não saia da minha cabeça , era aquele homem que carregava um violoncelo nos braços , eu tentava reproduzir na minha cabeça a expressão facial dele , mas não conseguia . Balancei minha cabeça na intenção de tirar esses pensamentos e me preparar para o banho e dormir, amanhã seria outro dia, e eu ainda tinha ensaio do coral que faço parte.
# No dia Seguinte #
Já estava pronta esperando David e Julio que eram os únicos que faziam parte do coral comigo para ir ao ensaio. Ouvi o som da buzina do carro de David e sai de casa me despedindo da minha mãe, caminhei na direção do carro e entrei no banco de trás.
Oi amores da minha vida, que nunca me abandonam, Bom diiia – Falei assim que entrei, eles riram e Julio virou para mim e soltou a bomba.
Ficou sabendo que a Orquestra do teu Conservatório vai tocar hoje com o nosso Coral? – Eu não sabia dessa informação, arregalei os olhos e balancei a cabeça como sinal de negativo.
Eu sabiiiia, eu falei para você que ela não olha o celular de madrugada e ainda silencia. – Falou Julio para David.
Se prepara porque o maestro já mandou a escala e você minha querida estar no piano – disse David e Julio Confirmou com a cabeça batendo palmas animado.
Como é ? – eu perguntei. – Para o Carro David, agora, eu não vou para o ensaio. – pedi já ficando ofegante e nervosa, era sempre assim quando eu tocava para muita gente eu travava, passava mal mesmo.
Tarde Demais Pianista – Falou David Olhando para frente, acompanhei seu olhar e me deparei com a frente da escola aonde ensaiamos e dois ônibus com vários musicistas da orquestra descendo deles alguns que tinham instrumentos pequenos já descia com eles em mãos os que tocavam instrumentos grandes faziam fila para pegar no bagageiro do ônibus. Eu realmente não estava me sentindo bem.
Olha quem vem ali – Falou Julio Apontando para nosso Maestro Joel Penini, maestro Joel se aproximou do carro e quando me viu, abriu minha porta.
Vamos ande, hoje você estar no Piano Finalmente eu conseguir trazer a Orquestra do Conservatório Sol Maior para participar de um dos nossos ensaios, se tudo der certo hoje, eles vão ficar tocando com a gente, descem desse carro logo e entrem. – Falou nosso Maestro me puxando pela mãe e carregando minha Bolsa.
Se posicione lá no piano e organize suas partituras na estante dele, daqui a pouco me encontro com você. – o maestro falou apontando para o piano e me empurrando de leve na direção dele.
Andei em direção ao piano fiz tudo que o maestro mandou, estava tudo organizado, me virei para pegar minha garrafinha de água que estava no pé do meu banco, começo a escutar um som muito bonito e macio atrás de mim, quando me viro, tomo um susto. Era ele o homem do violoncelo que não saia da minha cabeça, eu paralisei olhando ele tocar, ele tinha muita habilidade no instrumento dele. Era como se eu estivesse enfeitiçada por ele, não, por ele não, pelo som que saia do seu violoncelo, ele estava tão concentrado, eu conseguia enxergar seus cílios ele não tinha estante a sua frente com as partituras que tocaria , parecei que estava tudo na cabeça dele. Eu ainda encarava o, quando ele levantou a cabeça e os seus olhos me encontraram, ele continuava a tocar e seus olhos me olhavam com uma intensidade, eu queria desvia, mas não conseguia, foi quando o maestro chegou.
Anne? - falou tocando em meu ombro, dei um pequeno pulo de susto e olhei para ele. – Esta pronta? A orquestra já estar toda posicionada. – Apenas afirmei com a cabeça, ele me olhou sorrio e saiu de perto de mim falando com algum corista que passava na hora. Eu ainda conseguia sentir seu olhar em minhas costas, eu vi seu olhar era de pura rebeldia, era numa intensidade, ele não demonstrava expressões faciais, apenas me encara e seu olhar, o modo como tocava e o som que saia do seu instrumento era que falava comigo, respirei fundo de novo umas 5 vezes, mas meu coração estava acelerada demais.
Bom dia a todos é com grande orgulho que recebo a Orquestra do Conservatório Sol Maior em nosso ensaio. – Maestro Joel falou e logo após falar bate palmas e todos os coristas bateram também. – Quero também expressar minha imensa alegria ao receber o Maestro da Orquestra, Luiz Matteo. – Continuou aplaudindo também.
Bom, Iniciaremos o ensaio com Hallelujah - Handel. – Maestro Joel Falou.
Eu tocava tensa porque eu ainda conseguia sentir ele me olhando, pode ate ser que ele não estivesse olhando, mas eu tinha essa impressão. Depois de longas três horas de ensaio o Maestro liberou um intervalo de 30 minutos para beber água ir ao banheiro, enfim. Virei-me procurando o violoncelista e não encontrei, olhei o salão inteiro e nada.
Procurando Alguém? – Uma voz rouca falar perto do meu ouvido, me arrepia na mesma hora e viro com tudo para aonde a voz estava e encontro ele, aqueles olhos incríveis que fala comigo, não consigo falar então apenas aceno com a cabeça de uma forma negativa. O que eu faço?
O que eu falo? Não consigo nem me mover, ele ainda me encara e então se empurra um pouco para o lado e senta no piano comigo e começa tocar, eu reconheço é a mesma musica que ele estava tocando no inicio do ensaio. Minhas mãos estavam suadas e eu estava nervosa, então decido levantar, mas ele me puxa para sentar de novo perto dele e ainda tocando me olha.
Tem algum compromisso hoje à noite? – Ele pergunta ainda segurando minha mão. Eu não conseguia raciocinar porque tudo que eu conseguia pensar era em como suas mãos eram macias e quentes, me sentia confortável e segura perto dele, eu não contava com esses novos sentimentos e isso me desestruturou mais ainda. Então apenas acenei negativo de novo. Ele viu meu celular em cima do piano e pegou destravando (lembrar de colocar uma senha) e anotando um numero e ligando , sinto o banco vibrar e ele desliga a chamada, ainda encarava ele.
Me encontra no Teatro Luz&Ação as 8:30, não se atrase. – ele falou saindo do meu banco e sentando novamente com seu Violoncelo e começou a tocar a mesma canção, eu queria saber que melodia era aquela, queria pergunta, mas coragem não tinha e ainda tinha um encontro para ir. Espera ai. Eu tenho um encontro. UM ENCONTRO. Meu Deus. Porque eu não conseguir dizer não quero, não vou, você não manda em mim, como isso é frustrante. E então a melodia começa a tocar novamente (nem tinha prestado atenção que ela havia parado de ser tocada) automaticamente relaxo no meu banco e me sinto segura e aquecida. O que é isso? O que estar acontecendo comigo? Porque me sinto assim perto dele? Porque fico assim perto dele?
E assim eu segui o ensaio com essas duvidas enchendo minha cabeça e com um encontro marcado com o violoncelista que fala com comigo com seu olhar e que tomou minha atenção.
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