Lee manteve-se quieto por algum tempo, tentando entender a situação que lhe era imposta.
- O que está dizendo?
- Eu não posso confiar em ninguém, Lee Chang-Yi, me desculpe!
- Você não pode confiar em mim? - perguntou indignado, a voz subindo três oitavos - Em mim, Alieksándrovich? - frisou a indagação.
- Eu sinto muito. - pediu - Não posso deixar com que meu exército seja prejudicado por v…
- Por um camponês? Por um caipira de Zì Yóu que foi tolo o bastante para salvar um soldado russo? - alterado, começou a andar de um lado para o outro, as mãos se chacoalhando em descrença conforme encarava o estrangeiro com desdém - Me responda, Dimitri! Ou tenho que voltar a te chamar de Senhor?
Alieksándrovich nunca o tinha visto daquela forma, embora tivessem convivido durante duas longas semanas. Lee sempre parecera paciente e totalmente compreensível a respeito de todas as situações pela qual passava, até mesmo quando se tratava de seu passado mantinha-se calmo, calculando cada canto de seu pensamento e falando como se pisasse em cascas de ovos, mas agora sua postura era totalmente outra, de peito aberto e olhar voraz, parecia querer atacar a tudo e a todos. Dimitri não podia negar que o compreendia. Chang-Yi arriscou sua vida e sua própria dignidade para mantê-lo naquela aldeia para então ser apunhalado pelo homem que salvou dizendo-lhe não ser confiável.
- Eu não quero que se magoe. - voltou Dimitri a dizer assim que o chinês continuou a esperar sua resposta - Mas esse é o meu trabalho, não disse que não posso confiar em você, eu mais que tudo, sei que posso. - aproximou-se, pegando as mãos rudes que o rechaçaram no mesmo instante.
- Não retribuirei o que está fazendo comigo lhe dizendo tudo o que fiz por você. Seria egoísta! - recuou - Mas… Parecer ter vergonha de mim junto a seus compatriotas…?
O General ficou com a boca seca, os pensamentos sem saber como seguir. Lee sentia-se humilhado e só pelo olhar pesaroso conseguia identificar, no entanto, que também sentia fúria e remorso, talvez até um fundo de arrependimento por ter ido para a praia naquele dia.
O russo tentou uma nova investida, pegando-o pelos ombros e olhando-o fundo nos olhos, fazendo com que o camponês parecesse pequeno mediante aquela ação.
- Eu não quero que me interprete mal. - relutou entre os dentes - Quero que entenda! Você não é meu inimigo, mas ninguém acreditaria nisso… Digo… Droga Chang-Yi! Me dê uma chance de me explicar!
Lee não entendia porque em meia a sua fúria Dimitri parecia tão atormentado, muito menos apreensivo com suas ações, assim como não compreendia o motivo do porque seu ar tornava-se entrecortado conforme sentia os dedos duros pressionando seus ombros e os polegares sua clavícula.
A pressão atmosférica parecia descer conforme continuavam a se encarar. Chang-Yi voltou a sentir a vontade aterradora de beijá-lo, mas sabia mais do que ninguém que seu orgulho fora ferido e não voltaria atrás.
Empurrando o General, Lee andou em direção a porta.
- Vá para o inferno você e todo o seu exército! - preguejou.
Dimitri apertou a ponte entre os olhos e suspirou, sabendo que havia falado mais uma vez sem medir as consequências.
Tentando se redimir, o russo foi atrás do chinês, segurando-o pela mão pela segunda vez desde o dia em que lhe pediu desculpas. Os olhos do General pediam mais do que perdão pelo que havia dito, pedia para que Lee ficasse e algo mais que ele mesmo não podia decifrar.
Lee o olhou espantado e ainda assim incrédulo, mesmo com o coração em disparada. A porta continuava trancada e isso o deixava preocupado com a própria segurança. Quem acreditaria num camponês? Não era isso o que Alieksándrovich se referia ao tratá-lo daquela forma?
- Me desculpe. - tentou pedir-lhe uma última vez, o ar quente encurralando-os - Eu nem sempre consigo me expressar corretamente…
Chang-Yi tentou manter a postura indiferente mediante a pequena distância em que estavam, mas não conseguia parar de desviar seu olhar para a boca e o pomo-de-adão que tremiam a sua frente.
- Você é um mentiroso, Dimitri… Isso que é… - mal notava como sua voz descia num murmúrio profundo, quase inaudível.
O General tentava olhá-lo de cima, mesmo ambos tendo quase a mesma altura. Seu corpo pedia uma aproximação e ele aceitou porque era o que queria desde o momento em que o viu. Então o estrangeiro pendurou seu chapéu de palha no prego preso a porta de entrada, tapando o olho mágico que insistia em espreitá-los, mas ainda com sua mão a segurar a do chinês, macia e quente. Os olhares se encontraram, os lábios vacilando na vontade que consumia Dimitri a tempos e só agora se dera conta que o que sentia era real e mais intenso do que qualquer outro homem com quem dormira e Lee podia sentir isso se aflorar nele também, por isso não o impediu.
Agarrando-o pela nuca, o General puxou Chang-Yi para um beijo que queimava sua boca em ardor, pressionando-o contra a porta, o um barulho estrondoso que só os dois ouviram. O camponês mais do que tudo retribuiu o beijo, ambas as línguas explorando os espaços guardados uma na outra numa batalha territorial que ambos desejavam ganhar. A intensidade aumentava, suas mãos agarrando os cabelos longos enquanto as do Lee apertavam suas costas largas.
O chinês o encarou enquanto tentava recuperar o fôlego, notando como, arfante, Dimitri retribuía o olhar. O calor que sentiam se encontravam com apenas um toque, mas agora que finalmente estavam próximos, era como se o inferno estivesse naquele quarto, e por mais crédulos que fossem, não se importavam com isso.
Sorrindo, o russo o puxou para mais perto num tranco bruto que o fez pressionar sua boca contra o pescoço pálido e ainda ferido, lambendo com ternura os arranhões avermelhados causados por Huang Zhi, pensando que desta forma talvez o curasse de todo o mal que aquele homem lhe havia feito. O chinês por sua vez segurou os ombros de seu parceiro, apertando a clavícula marcada, fechando os olhos de prazer conforme o russo se abaixava, abrindo a camiseta que deixava seu tórax nu e pálido, levando os lábios para os mamilos, lambendo e sugando-os com vontade, mordendo a pele aveludada com leveza, os dedos desenhando os ossos da costela. A cada arrepio em seu corpo, Lee podia tremer, a corrente elétrica de prazer puxando-o contra o General, que descia para o umbigo e tão logo para a cintura delineada de seu parceiro.
O nativo tentou pará-lo ali, segurando-o pelo queixo para continuar a beijá-lo, mas o estrangeiro desamarrou sua calça de algodão já de joelhos e a puxou para baixo, vendo como o membro excitado já o esperava. Levou sua destra até a intimidade do Lee e segurando-o com a mão ávida, começou a massagear o volume numa pressão firme e constante, olhando com malícia para cima, percebendo como seu companheiro fechava os olhos em aprovação, a boca entreaberta tentando morder o lábio inferior.
Subindo enquanto o massageava, voltou a beijar o chinês, marcando o pescoço de vermelho conforme o mordiscava. Estavam tão próximos que sentia o hálito quente do menor bater contra sua pele. A sensação de prazer tomou-o quase que imediatamente ao ver a expressão calorosa remetida pelo camponês.
- Olhe para mim. - pediu o russo sussurrando rente a sua orelha. O sotaque num tom sensual que Lee nunca tinha ouvido antes. - Quero que olhe para mim!
O chinês manteve seus olhos fixos no General, que agachando-se mais uma vez, cuidadosamente acomodou o pênis na boca, a língua passando por todo o membro como se estivesse prestes a devorá-lo, lambendo desde a base até a glande. Lee agarrava-o pelos cabelos, fazendo-o engoli-lo, as veias latejando, gemendo alto, tendo que morder o próprio pulso para que os quartos vizinhos não o ouvissem gritar pelo fogo que sentia.
Dimitri aumentava a velocidade cada vez que sentia o membro tocar o fundo de sua garganta, mantendo-o ali até sentir falta de ar, continuando a masturbação ao mesmo tempo. Abaixando a cabeça, chupava os testículos inchados, soltando-os quando todo o oxigênio se esvaía de seus pulmões.
- Isso, Dimitri… Continue...
Ouvir seu parceiro gemer e pedir por mais, explicando o quanto estava fazendo corretamente o incentivava a continuar com mais determinação. A velocidade aumentava conforme sua boca era completada pelo membro, mesmo que insistisse em lamber a ponta com mais furor.
No entanto, antes que terminasse, Lee o ergueu, beijando-o e desabotoando o uniforme justo, tão eufórico que estourou alguns botões no processo. Ainda com os lábios colados nos de seu parceiro, levou-o até a cama e o jogou no colchão, puxando o cinto e tirando a calça, os sapatos, as meias e o casaco de Dimitri, deixando-os despencar no chão.
- Eu quero foder você agora... - rononou o chinês.
Um arrepio subiu pela espinha e acomodou-se na nuca do russo quando Lee sentou-se sobre ele, pressionando as duas pernas em cada lado da cintura rígida.
- Tsc, tão apressado! Mas antes... Quero te ouvir implorar.
- O que fez comigo, senhor? - foi a vez do chinês provocar, sussurrando no ouvido do estrangeiro.
A visão que Dimitri tinha de Chang-Yi vinda de baixo para cima era como se o mesmo brilhasse com seus cabelos negros incandescentes numa auréola dourada causada pela lâmpada atrás de sua cabeça. As mãos agarraram a cintura macia prostrada sob ele, ajudando-o a conduzir o rebolado lento que se iniciava, seu membro pulsando ao sentir as nádegas de Lee ao roçá-lo.
- Não pare… - implorou - Só faça.
Os cabelos ébano caíam em cascata frente ao peito, deixando a testa livre e franzida. Lee o olhava curioso, procurando saber o que seu parceiro pensava, mas sem perguntar, não queria saber de muita coisa naquele momento, nem da briga, nem das suas indagações, só queria poder senti-lo de tal forma que nunca mais se esquecesse daquele dia.
O chinês apoiou as palmas sob o abdômen definido de Alieksándrovich e lentamente arrastou-as para o peito alto em respirações curtas e apressadas. Conforme o quadril ia para trás, Dimitri podia sentir ambas as ereções se tocando, vibrando em disparada pelo desejo mútuo que latejava entre os dois órgãos.
Aos poucos Lee se esfregava acima do estrangeiro, uma onda inebriante tomando conta de cada centímetro seu ao sentir-se sendo tocado entre as nádegas e voltando, como uma tortura boa que se alastrava por todos os lados.
Dimitri mordeu o lábio inferior assim que seus pulsos foram atados pelas mãos inquietas de Chang-Yi, que aproveitou a impotência de seu companheiro para beijar-lhe a jugular entre mordidas e lambidas, subindo pelo queixo até chegar entre a ruptura dos lábios trêmulos, pedintes. Os olhares se encontraram mais uma vez.
- Você é tão gostoso, General. - murmurou antes de tomar-lhe a boca numa vontade quase que animalesca de fundir-se a ele de tanto que o queria naquele momento - E agora... Você é só meu...
- Só seu… - sussurrou o russo, erguendo o rosto para continuar a beijá-lo, mas fora impedido pela distância que Chang-Yi quis impor, dando um sorriso de escárnio.
Pensava como era delicioso ver um General que vivia a receber e dar ordens, tendo que ter seus desejos tomados pela metade e se sentiu mais eriçado por essa sensação de poder que tinha sobre Dimitri.
Esfregou-se mais uma vez acima de Alieksándrovich, jogando a cabeça para trás, os olhos fechados pelo pecado atormentador que o invadia. O General erguia a pélvis em retribuição, cada convulsão interna berrando para que fosse preenchido.
Agachando-se ao soltar os pulsos já vermelhos pela pressão, Lee beijou lentamente a cintura fina e a apertou, logo em seguida agarrando o pênis do estrangeiro com firmeza, passando a língua por ele, ouvindo o gemido rasgante que saía entre os dentes do estrangeiro.
O russo abriu mais as pernas ao virar-se de quatro, segurando a própria genitália, esperando qualquer ordem que rapidamente acataria, pois fora treinado para isso.
- Queria que eu implorasse, não é mesmo? Mas agora quero que me peça... - ordenou Chang-Yi para um Dimitri que não conseguia raciocinar.
Lee apertou a bunda dura e redonda do General, beijando-a e mordendo com tanto furor que os dentes deixavam marcas na pele.
A ereção passava lentamente por entre as nádegas, atiçando-o cada vez mais. O quadril erguendo-se numa súplica, as costas se arqueando para dar espaço para que a tortura continuasse.
- Me peça! - ordenou.
Naquele momento, não haviam barreiras entre eles. E Dimitri, engolindo seu orgulho, proferiu:
- Eu quero que você me foda! - pediu Alieksándrovich sem titubear - Quero que me foda o mais forte que puder!
Arranhando as coxas grossas de Dimitri, aceitou o pedido feito e segurou o próprio membro, colocando-o dentro do orifício, encaixando-o e indo o mais devagar possível para não machucá-lo. Quando o sentiu dentro por inteiro, quente e apertado como imaginara, ficou mais excitado, afundando toda sua ereção contra as nádegas do seu parceiro, puxando o queixo do estrangeiro para que o beijasse, sentindo o gemido de ambos transpassar os lábios úmidos.
Alieksándrovich arranhou a cabeceira da cama e a segurou firme, os murmúrios de agonia sendo calados ao morder o próprio braço de prazer, elevando cada vez mais o quadril, sentindo o tesão se intensificar numa foda cada vez mais violenta. Seus olhos se fechavam em desespero pela ardência inicial, mas conforme fora se acostumando com o volume dentro de si, a tensão se dissipava, dando espaço para os rugidos ínfimos que saíam de sua boca. Lee beijava as costas largas do estrangeiro, enfiando o rosto nas omoplatas perfeitamente delineadas, as unhas criando caminhos vermelhos e fundos na pele ferida pela guerra, a virilidade atiçando-o fundo de tal maneira que se continha para não gritar, enquanto isso, o General masturbava-se, mantendo todas as sensações concentradas.
As estocadas vinham lentas e tornavam-se rápidas ao sentir o pré-gozo começar a lubrificar o orifício de Alieksándrovich, deixando a passagem mais vantajosa conforme estimulava a próstata.
O suor que brotava em Lee vinha em gotas gritantes de puro êxtase, escorrendo pelo peito empouvoroso que não parava de respirar ofegante. Os gemidos aumentavam, o chinês afundava as unhas na carne, puxando a cintura com tanta força que seu baixo ventre rugia dizendo que estava chegando a hora.
Segundos depois, Chang-Yi gozou dentro de Dimitri olhando para o teto, fechando os olhos com tanta força que conseguia ver estrelas. Inebriado, beijou a nuca suada de Dimitri, correndo as mãos por ele e se deitando ternamente ao seu lado.
- É a sua vez. - murmurou.
A ereção do russo, dura como pedra, não sabia se aguentaria mais após ter se segurado para não gozar junto com Chang-Yi, mas mesmo assim se ergueu, ainda sem fôlego e o puxou pelos quadris.
Engolindo a seco, Dimitri sorriu ainda ao ver os espasmos de Lee tomarem-lhe o corpo. Os beijos fizeram uma trilha úmida pelos braços, costelas e peitoral do chinês, sugando-os ao deixar, junto com o caminho, pequenos chupões avermelhados que bem sabia que futuramente se tornariam roxos. Lambeu os dedos de Lee, chupando-os fervorosamente, virando-o lentamente até levantar o quadril do camponês a poucos centímetros do colchão, agarrando-o por trás quase que de imediato, fazendo com que o camponês sorrisse.
Cuspindo na mão destra, passou-a pelo interior das nádegas de seu companheiro, sentindo a carne quente pedindo para que fosse penetrada. A entrada era massageada pelos seus dedos, caminhando por ela a espera da sua vingança pela tortura. Sabia que poderia fazer Lee gozar uma segunda vez e isso o deixava mais determinado.
- Eu não vou ser piedoso. - murmurou ao curvar-se para dizer-lhe no pé do ouvido - Seu corpo me pertence agora, quero te sentir por dentro.
Porém, não tão gentil quanto o companheiro, o General colocou o membro com força, de uma vez, as mãos apertando fundo nas nádegas de Chang-Yi, que pressionava o rosto contra o colchão, mordendo o lençol branco enquanto gemia de prazer tanto quanto Dimitri.
Ouvia-se o choque dos corpos, mas não os incomodava, foram tirados de órbita desde o primeiro beijo que trocaram.
Os apertos e arranhões assustaram o chinês a princípio, no entanto, conforme sentia prazer as estocadas fortes não pareciam mais tão dolorosas como de início.
Lee sempre fora fácil de aprender a lidar com a dor pelo tempo em que viveu no campo e naquele momento não era diferente. Ele gemia exasperado sentindo-o entrar e sair cada vez mais intensamente de seu interior, percorrendo o tesão por todas as suas veias num prazer quase que divino.
Dimitri deitava-se sobre o corpo nu e procurava as mãos fechadas de Lee que apertavam os travesseiros, envolvendo-as entre os dedos, mordendo a orelha miúda enquanto afundava-se com mais força. Quanto mais próximo da boca de Lee, mais podia sentir o seu órgão genital latejar dentro de seu parceiro.
Chang-Yi contraía os pés, agarrando-os nas panturrilhas delineadas que o deixavam cada vez mais elétrico.
Dimitri soltou as mãos para agarrar a ereção do chinês que não cessara e começou a masturbá-lo, sem cansar o braço ou o quadril que, com a mão livre, continuava a preenchê-lo intensamente.
O camponês tremia o corpo em desespero constante por sentir que explodiria a qualquer momento. Seu baixo ventre, tanto quando o do estrangeiro, apertavam em gritos estridentes maiores do que eles mesmos fariam.
O General, sem ar, puxou o nativo uma última vez pela cintura antes de gozar junto com o companheiro e continuar dentro de Lee, saindo lentamente ao permanecer deitado acima de seu parceiro em espasmos trêmulos. Ambos esbaforidos, respirando fundo, os suores se encontrando.
Dimitri passou a língua pela mão ao ver o líquido esbranquiçado de Lee entre seus dedos, notando como Chang-Yi suspirava de barriga para cima.
Chang-Yi olhou-o satisfeito, o sorriso irradiando pela face corada e cansada. Dimitri beijou-lhe a testa com os fios negros grudados a ela, desceu os lábios para o nariz, as têmporas caídas, o queixo, as bochechas e mais uma vez para a boca em selares curtos enquanto ouvia-o ofegante, passando a mão pelo rosto oriental que tanto lhe dava desejo.
Atiçando-o com a língua e selando o beijo mordendo o lábio inferior de seu parceiro, o General afundou seu rosto no pescoço de Lee, apoiando a perna acima do tronco do camponês que envolveu seu braço abaixo da nuca de seu parceiro e abraçou-o em retribuição.
O cheiro de sexo pairava no ar.
- Podemos repetir?
Dimitri riu da pergunta de Chang-Yi e afundou mais o rosto em seu pescoço, mordendo-o de leve, causando um arrepio ardiloso no chinês.
- Estamos bem? - perguntou o estrangeiro, os dedos tamborilando pelo peito do chinês.
Lee afirmou brevemente, sabendo que por mais que toda aquela transa tenha lhe feito esquecer boa parte da discussão, ainda queria entender o porquê de não poder ir.
- Eu quero ficar com você. - murmurou em relutância consigo mesmo.
O General suspirou fundo, esfregando os olhos em desaprovação.
- Chang-Yi já conversamos sobre isso…
- Eu sei! Eu sei! - disparou - Mas e se você não voltar?
O estrangeiro se calou e tentou pensar em algo que o desprendesse. Partiu seu interior em pedaços para quebrar sua palavra ao dizer que não queria deixá-lo se apegar e falhou. Falhou porque teve a audácia de se deitar com ele, de beijá-lo e senti-lo por dentro, cedendo ao desejo da carne ao invés de superá-lo com a razão.
- Eu nunca tive uma casa para chamar de minha desde que entrei para o exército, Lee. - contou-lhe, o tom de voz meigo, respeitando o espaço que queria dar para que o chinês entendesse - Eu vou para onde me ordenam ir, devo ter vendido minha alma para isso e agora que não a tenho, sou incapaz de criar raízes...
Chang-Yi o desabraçou, tirando seu braço debaixo da nuca de Dimitri e se erguendo, sentando na beirada da cama. O rosto exausto fechou-se rapidamente, nada mais parecia brilhar, exceto o suor, que ainda não se fora, em contraste com a luz. Alieksándrovich se ergueu, sentando-se no colchão e arrastando-se lentamente até apoiar o queixo no ombro do chinês.
- Essa é a única coisa que eu conheço que funciona para mim. - murmurou, suspirando fundo, envolvendo as mãos curiosas no peito do Lee - Toda a minha existência é falha… Fiz coisas que você não aceitaria…
- É passado. - cortou-o.
- E mesmo sendo passado é o que mais me atormenta, porque fui eu quem o fiz, é a minha memória que me tortura. - beijou-lhe a nuca, a testa tocando os anéis da coluna abaixo dela - Mas eu posso mudar… - fechou os olhos firmemente - Por você.
Talvez Chang-Yi tivesse tido um vislumbre de uma promessa apressada e desigual, mas gostou de ouvi-la e se sentiu mais seguro. Suas mãos pousaram sobre as de Dimitri e entrelaçaram os dedos.
- Hoje foi perfeito. - sussurrou, respirando fundo - Você fez com que eu me sentisse perfeito… Mas não sei se sou capaz de me ver sendo afastado de alguém novamente.
- Novamente?
- Esqueça. - negou com a cabeça, um sorriso cálido domando sua expressão - Sinto, dentro do meu estômago, através das árvores ou acima delas, pelo vento que sopra ou as montanhas que cantam com as aves, que um dia vou poder dizer-lhe tudo sobre o meu passado. Mas este ainda não é o momento.
Virando a cabeça para trás, Lee beijou Dimitri intensamente, deitando-se sobre ele até estarem afundados na cama novamente. O General apertou-lhe a nuca com a boca ainda colada a do camponês, que o puxava com tanta paixão que não se importava de terem batido os dentes assim que viraram-se e caíram no chão.
As duas risadas reverberaram pelas paredes, a barriga doendo pelas gargalhadas que se sucederam logo em seguida e o silêncio que os assolou ao se olharem mais uma vez.
Lee, por baixo, também notou como Dimitri brilhava e ergueu a cabeça para beijá-lo, mordendo-lhe o lábio carnudo e voltando para baixo. O General beijou a têmpora do camponês uma última vez, os dedos expulsando os fios da frente.
Nenhum dos dois notaram, ao se beijarem mais uma vez, que pendurado pela jaqueta ainda na cama, pendia uma medalha com o emblema vermelho da Foice e o Martelo.
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