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História O Beijo entre a Foice e o Martelo - Capítulo Oito - A queda de um império - História escrita por FresadelaLuna - Spirit Fanfics e Histórias
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História O Beijo entre a Foice e o Martelo - Capítulo Oito - A queda de um império


Escrita por: FresadelaLuna e Yixing_Xing

Capítulo 9 - Capítulo Oito - A queda de um império


O primeiro soco surgiu para fazê-lo despertar de seus piores pesadelos — embora o tivesse todas as noites e lutasse para abrir os olhos o quanto antes. No entanto, naquele momento Chang-Yi queria permanecer atormentado no labirinto de sua própria mente e nunca mais acordar.

Notou como a sala escura parecia úmida apenas pelo cheiro de mofo, mal notando os pingos ao fundo do cômodo. A luz clara irritava suas córneas, obrigando-o a piscar fortemente.

Tentou rechaçar qualquer pensamento tolo naquele momento balançando com a cabeça, apenas se concentrando nos pulsos atados atrás das costas e suas pernas presas a cadeira em que fora sentado. Mal conseguia enxergar as silhuetas do outro lado da lâmpada que ofuscava parcialmente sua visão. Tão logo decidiu focar na mesa escura a sua frente onde mãos pálidas começaram a criar uma fileira de fotografias em preto e branco que o fez arregalar os olhos.

- Soube que você e o Agente Diplomático Dimitri Alieksándrovich são próximos. - a voz, embora abafada, permanecia aguda e amedrontadora para Lee.

A sucessão de imagens que observava eram gravuras de sua aldeia mostrando-o colhendo ervas perto da cerca de hortas, o rosto de Dimitri olhando pela janela na vez que o pegara desprevenido avisando o quanto era perigoso ser reconhecido naquele minúsculo vilarejo, o russo tapando a face com um manto tentando pedir informações com alguns aldeões, assim como Chang-Yi ajudando o General a subir na carroça e partindo para Wuhan, entre outras que não conseguia identificar os momentos pois se sentia zonzo demais para compreender qualquer uma daquelas figuras.

- O quão próximo você é do Membro da KGB Dimitri Alieksándrovich?

Lee permaneceu quieto devido ao sentimento de náusea que surgia no fundo de sua garganta.

- Conhece Dimitri a quanto tempo?

- K… KGB? - conseguiu raciocinar por fim.

- A quanto tempo você conhece Dimitri Alieksándrovich?

As perguntas vinham seguidas por um silêncio gritante, ensurdecedor, que deixava o camponês desconfortável e ao mesmo tempo amedrontado. Não entendia o porquê estava ali e muito menos o que fizera para ser "chamado" para um interrogatório.

Engolindo a seco, fechou os olhos com força e os abriu, piscando diversas vezes ao relembrar as indagações e notar que toda a conversa vinha de um sotaque frouxo que certamente não compatia com os soldados guiados por Mao Tsé Tung.

- O-onde eu estou? - tentou mexer os pulsos, apertando involuntariamente a corda que os prendia - Quem são vocês?

Mais um pequeno instante silencioso e caótico a ponto de fazer sua espinha congelar e arrepiar todos os pelos do seu corpo.

Novamente a mão surgiu, trazendo uma outra foto, desta vez de um casal que tão bem conhecia e a pequena criança que lembrava estar em seu colo poucos minutos depois de nascer. Todos os três conversavam com ele na varanda da casa de madeira na pequena aldeia.

Seus olhos arregalaram e seu coração parecia querer pular para fora da boca.

- O-o… O que vocês querem de mim?

- Só nos responda as perguntas e nenhum dos seus amigos vão sofrer as consequências.

- E-eu não conheço o Dimitri!

Não notou como seu corpo conseguiu ir para frente mesmo amarrado a cadeira, apenas sentiu o impacto da sua testa contra a mesa num estrondo tão alto que só notara o barulho ao erguer o queixo e sentir que escorria sangue por entre seus olhos até o canto da boca.

- Você está escolhendo a parte difícil!

Ouviu-se um estalar de dedos sucessivos vindo de todos os lados do cômodo como uma entropia.

- Eu juro! - gritou - Eu cuidei dele durante duas semanas depois de encontrá-lo na beira da praia, só isso! E-eu realmente não conheço Dimitri ou o que quer que ele faça!

- Então porque estavam planejando pegar um trem para Shanghai?

- O… Quê…?

Mais quatro fotos foram postas sobre a mesa, uma de cada vez. Uma imagem dos dois na carroça, do chinês dando dinheiro para o menino jornaleiro com as rédeas na mão, de si e Dimitri atravessando a rua, assim como ambos entrando no hotel.

- O que ele queria em Shanghai?

- Ele disse que era confidencial! - mentiu - Eu não entendi muito bem, mal conseguimos nos comunicar pela diferença de idioma...

- Soldados russos são instruídos a falar o idioma de seus países conquistados, acha que pode me enganar?

Quietude.

Um suspiro assustou Chang-Yi.

- Decidiu ajudar um desconhecido com assuntos confidenciais?

- Dimitri usava o emblema da União Soviética. Como não ajudaria um companheiro?

Por mais que o corpo trêmulo de Lee dissesse como estava amedrontado com toda aquela situação, em nenhum momento hesitou em suas palavras, não queria vacilar como de início, precisava manter-se firme.

 

***

 

Dimitri serrou os dentes conforme sentia os golpes sucessivos em seu abdômen cada vez mais intensos e poderosos. Sua jaqueta fora rasgada, enxotada de seu corpo e suas medalhas jogadas no lixo, deixando seu torso exposto para ser torturado o quanto quisessem.

 

***

 

As mãos que agarraram os cabelos de Chang-Yi não eram as mesmas que mostravam as fotografias e sim outras mais ágeis e fortes o bastante para puxar todos os seus fios apenas com um aperto.

O sangue ainda escorria, mas boa parte do percurso que o escarlate percorria até chegar ao pescoço era mantido por um caminho rubro seco que craquelava como um pântano que teve sua água evaporada.

- Dimitri foi um ex-membro da NKVD (НКВД) durante a década de quarenta, mas quando seu tio Ivan Aleksandrovich Serov se tornou o Primeiro Chefe da KGB, foi um dos primeiros recrutados.

- O sobrenome dele é Alieksándrovich! - rebateu Lee, o queixo rígido.

- É mesmo? - indagou a voz ainda atrás do manto escuro da lâmpada incandescente - Você sabia que ele fazia parte dos soldados que inspecionavam Gulag, a antiga Katorga, de Kengir?

Chang-Yi se sentia cada vez mais confuso com todos esses nomes que lhe eram dados. Kengir era uma cidade? Bem sabia o que Gulag era, ouvira e lera sobre histórias terríveis, mas… Não, Dimitri não faria parte disso.

- Você sabe para que serve Gulag?

Seu cabelo fora puxado para trás, mas a pressão que o fez falar fora de seus dedos sendo pressionados por algo metálico que não notara estar entre eles.

- R-reprimir e liquidar. - gemeu entre os dentes - Eles prendem prisioneiros de Guerra, contra-revolucionários, ladrões, estupradores, alguns religiosos ou qualquer um que se oponha ao regime socialista!

- Ótimo, ótimo.

Os dedos se afrouxaram.

- Pelo menos um camponês que entenda a gravidade da situação.

- Gravidade? - indagou para si mesmo.

Por mais que tentasse, sua mente não funcionava direito.

- Não sabe? Dimitri é responsável pelas Operações Estrangeiras. Entende o que é isso? Ele é um espião infiltrado.

Por um instante Lee pensou que iria vomitar.

- Não! Isso… Isso é mentira! Ele disse que… Disse que era um Agente Diplomático… - murmurou para si mesmo.

Essa frase foi o bastante para saberem que ele retinha muito mais informações.

Sua cadeira foi arrastada para trás, torcendo seu pé direito que estava próximo demais do chão. Seu corpo tombou assim que fora acertado com um chute nas panturrilhas.

O grito fora apagado por uma fração de segundos antes de sentir seu corpo arder pelas tesouras que riscavam sua pele para cortar os tecidos das vestimentas que usava.

- Eu disse tudo que sei! - gritou com a voz rouca como se houvesse berrado a noite toda.

- Cuidem deles pra mim.

- Eu contei tudo! Por favor! Deixem essa família em paz! - viu as fotos sendo tiradas da mesa e entregues a uma sombra - Eu contei tudo...! - as lágrimas criavam raízes ao fundo de seus olhos amendoados.

As cordas de seus pulsos e calcanhares foram soltas e rapidamente sentiu a dor da dormência dos músculos.

Chang-Yi tentou olhar ao redor, mas caiu da cadeira, batendo o quadril contra o chão de cimento enquanto respirava com dificuldade.

“Não fique ansioso, Chang-Yi! É só mais um de seus pesadelos, só mais um...”, pedia mentalmente para si mesmo.

Quando notou estar totalmente nu, tentou encolher-se, mas antes que fizesse tal ato uma bota o acertou no baixo ventre, deixando-o sem ar imediatamente. As veias em seu pescoço pulsaram, ficando vermelho.

 

***

 

- Vou perguntar uma última vez! - bramiu uma voz grossa que chuviscava conforme gritava cada palavra - O que vocês irão fazer em Shanghai!?

Dimitri cuspiu uma bola de sangue escura e fungou, sentindo o nariz quebrado dificultando a passagem de oxigênio.

Engoliu a saliva férrea.

- Vamos matar todos vocês filhos da puta!

O soco não ardeu ou fez qualquer diferença. Seu maxilar ficou tão inchado que adormeceu minutos atrás. Seus dedos da mão direita estavam sem as unhas e a única coisa que lhe restava era a cadeira elétrica em que o colocaram para se sentar.

Mas Alieksándrovich nasceu e conviveu com a dor durante toda a sua vida. Sabia todos os métodos dos ocidentais como a que eles faziam agora. Estudara cada tortura e utensílio montado para ferir.

Dimitri não tinha quase nada a perder… Quase.

- Explodiram minha frota, seus bastardos! Agora é a nossa vez de revidar! - urrou entre os dentes, debatendo-se na tentativa de sair do assento no qual fora preso.

- Sua frota explodiu? - a luva de borracha estalou ao ser posta pela mão do interrogador do outro lado da luz.

- É aquela que percorreu o Mar Meridional da China?

Dimitri não respondeu.

Olhou para o teto.

Sua visão do olho direito estava se apagando, sabia disso pelas pálpebras que mal se movimentavam pelo inchaço.

- Acha que fomos nós? - indagou a voz, desta vez mais paciente - E se eu disser que foi um de vocês?

O General encarou fundo a escuridão negra a sua frente e por um instante teve medo de que ela a encarasse de volta.

- Pietro Mikhail Alieksándrovich, hum? Quatro anos, um metro de altura, trinta e cinco quilos, gosta de andar pelas ruas de Moscou com a sua… Babá?

O interrogador pôs-se a frente de Dimitri, mostrando a foto de um menino loiro parado ao centro da Praça Vermelha de Moscou com os pombos voando para longe ao seu redor frente a Catedral de São Basílio enquanto uma mulher de coque ruivo e vestido branco o observava. Pela distância, o General soube que a fotografia fora tirada do complexo fortificado de um Kremlin.

- Todos os sábados e quartas-feiras, estou certo? Ele escreve muito para você pelo que eu soube… Já respondeu alguma das cartas dele?

- Seu maldito! - gritou o General, a cadeira tremendo abaixo dele - Eu vou arrancar suas tripas!

Rindo, o soldado enfiou o dedo indicador e médio contra a ferida de faca aberta do peito de Alieksándrovich, fazendo-o gemer entre os dentes enquanto se esbaforia de fúria, fuzilando-o com os olhos.

- Eu vou fazer isso antes com você. - respondeu o interrogador.

A carne pulsava entre os dois membros que pressionavam firme o músculo, mas teve de parar quando a porta ao fundo do cômodo se abriu, trazendo consigo uma nova silhueta escura.

 

***

 

As mãos de Chang-Yi apertaram seu couro cabeludo ao sentir os puxões ardentes seguidos de mechas escuras que caíam no chão pouco clareado. Ele queria gritar, mas seu orgulho estava estancado na garganta tal qual a sua dignidade que agora se resumia a chumaços sendo cortados.

As lágrimas ardentes brotaram de seus olhos e escorreram conforme ouvia o som dos metais se cruzando e deixando cair mais um pedaço de tudo o que lhe restava do mais bruto caráter.

Os suspiros eram reprimidos por Lee, embora o rosto expressivo não impedisse os soluços apressados vindo do peito que subia e descia. O corpo mal se movimentava, só permanecia quieto, sentindo com afinco cada sensação elétrica de dor e desespero que emanava de seus poros como erupções de um vulcão qualquer.

Ao fechar os olhos, nem ao menos notou que dormira, não até abri-los e notar estar em outro lugar completamente diferente do que estava. Seu primeiro instinto foi passar as mãos pelo cabelo totalmente cortado, rente as sobrancelhas. Um calafrio percorreu sua espinha e lembrou-se que os fios grossos e negros não estavam mais encostados em suas costas.

Notou que ainda estava nu e que piscava com apenas um olho porque o outro insistia em lacrimejar sem parar.

As mãos trêmulas quase o fez vomitar justamente por fazerem movimentos circulares que o deixava zonzo.

 

DIAS

 

Os ferimentos no rosto de Dimitri diminuíram, embora a cela em que o mantinham preso dizia que a cada momento poderia infeccionar todos os machucados ainda por cicatrizar.

O corpo afundava-se na parede fria atrás de si. A lâmpada do corredor balançava, piscando, mesmo não tendo nenhum duto de ar ali. Podia-se ouvir o som de gemidos e gritos fundos vindos de outros cômodos ocultos. A sensação era que estava num campo de concentração superficial totalmente diferente do que sabia sobre dos nazistas.

Batia na própria cabeça na intenção de manter os pensamentos quietos, mas eles estavam devotos totalmente ao seu irmão mais novo.

Dimitri pensou que o tinha mantido escondido tempo o bastante em Kazan para que ninguém notasse uma ligação entre os dois. O General acreditou que Pietro Mikhail estava a salvo, mas as fotos continuavam a surgir e a última foi a da cuidadora do menino com uma bala enfiada na cabeça dentro de um quarto de hotel em Leningrado.

Faltava pouco para eles mostrarem alguma parte do corpo de seu irmão caçula ao vivo e a cores.

- Desgraçados! Estados Unidos desgraçados! - murmurava para si mesmo - Mas eu não vou falar… Não vou…

Bateu na cabeça novamente, respirando fundo, perguntou-se o que sabia, porquê sabia e como sabia. Lembrava-se dos planos, dos anseios e de como fora treinado.

Nada vinha a sua cabeça além de indagações fúteis.

Bufou e mudou de posição. Deitou-se de barriga para cima observando o teto que parecia mais longe conforme enxergava com mais atenção. Tentou esticar os dedos para alcançar o espaço vazio a sua frente e soube a resposta ao olhar para a cicatriz em sua mão direita.

 

***

 

A televisão parecia diferente das que Chang-Yi viu pelas vitrines de Wuhan, talvez porque nunca quis ter uma ou porque parecia mais antiga do que normalmente seria.

O chiado reverberou pelo cômodo.

Ainda tremia com a presença do interrogador atrás de si.

Assim como Dimitri, Lee recebeu mais fotos de Mei e sua família. Temeu por eles e agora temia pelo que seus olhos iriam ver.

A imagem rebuscada em preto e branco tremeluzia na grande tela, mas era nítida o bastante para o camponês enxergar os tanques de barris químicos do lado oposto de um muro de cimento, provavelmente o fundo de algum galpão abandonado.

Aos poucos a imagem mudava de direção, mostrando prisioneiros com as mãos presas atrás das costas caminhando até a parede escura. Todos os quatorze se ajoelharam.

Lee sentiu a língua pastosa e áspera ao mesmo tempo. A sensação que tinha no fundo do estômago lhe dizia que tudo aquilo não era nada bom.

Observou o tamanho dos indivíduos ali e notou que duas eram crianças, três eram mulheres, cinco eram idosos e quatro eram homens.

A inquietação tomou conta do seu ser.

O mundo parecia oco demais e tudo se silenciou.

Cinco soldados soviéticos entraram em cena, todos portavam fuzis.

Os alvos tremiam.

As armas foram posicionados contra todos os quatorze indivíduos perfeitamente alinhados.

Chang-Yi tapou a boca ao ouvir os disparos sucessivos. O peito apertou ao ver uma das crianças ainda de joelhos, chorando. Um dos soldados caminhou até ela e tirou a pistola do coldre, apontando para a pequena cabeça que negava e as mãos que chacoalhavam a sua frente em súplica.

Um único disparo e o corpo minúsculo caiu em cima dos outros dois abaixo dele.

O soldado deu meia volta e a câmera aproximou-se do rosto que disparou.

Lee não pode acreditar que quem matou aquelas pessoas fora Dimitri.

 

***

 

- Quando a humanidade, sem exceção, tiver renegado Deus (e creio que essa Era virá), então cairá por si só, sem antropofagia, toda a velha concepção de mundo e, principalmente, toda a velha moral. E começará o inteiramente novo! – a citação de Fiódor Dostoiévski surgia do corredor que Dimitri era levado – Os homens se juntarão para tomar da vida tudo o que ela pode dar, mas visando unicamente à felicidade e à alegria neste mundo. O homem alcançará sua grandeza imbuindo-se do espírito de uma divina e titânica altivez, e surgirá o homem-deus! – de repente o homem da cela gritava escancaradamente, apertando as grades com força assim que um dos soldados passou por ele – Vencendo, a cada hora, com sua vontade e ciência, uma natureza já sem limites, o homem sentirá assim e a cada hora um gozo tão elevado que este lhe substituirá todas as antigas esperanças no gozo celestial. Cada um saberá que é plenamente mortal, não tem ressurreição, e aceitará a morte com altivez e tranquilidade, como um deus. Por altivez compreenderá que não há razão para reclamar de que a vida é um instante, e amará seu irmão já sem esperar qualquer recompensa!

Dimitri teve vontade de sorrir por saber que Os Irmãos Karamazov surgiam de forma endêmica no fim do mundo em que fora encarcerado.

- O amor satisfará apenas um instante da vida, mas a simples consciência de sua fugacidade reforçará a chama desse amor tanto quanto ela antes se dissipava na esperança de um amor além-túmulo e infinito! - berrou a voz, formando um eco como um coro de guerrilha.

O russo fora empurrado contra a grande sala ao final do corredor, reparando que nela não havia nada além de um telefone vermelho ao centro, no chão.

Erguendo uma sobrancelha, mancou até uma das paredes paralelas a ele, se distanciando do objeto inanimado.

- Até logo, até logo, companheiro… - murmurou para si mesmo, impressionado por se lembrar do poema de Sierguéi Iessiênin enquanto inspecionava cada canto daquele novo lugar estranho que o colocaram - Guardo-te no meu peito e te asseguro…: - bateu de mãos fechadas na parede a procura de alguma passagem secreta - O nosso afastamento passageiro é sinal de um encontro no futuro!

Caminhou até a porta e pode ouvir passos seguindo em sua direção.

Recuou, mesmo com os punhos roxos e colocou-os na altura do queixo em defensiva.

- Adeus, amigo, sem mãos nem palavras! - falou alto - Não faças um sobrolho pensativo.

Agachou-se, sentando nos próprios calcanhares feridos em sinal de rendição ao imaginar que por aquela porta poderia surgir apenas uma cabeça – cortada – loira como a dele com o mesmo sangue que o seu, mas com o nome diferente.

- Se morrer, nesta vida, não é novo, tampouco há novidade em estar vivo. - levou a mão direita com o cianureto implantado até os lábios prestes a mordê-la, mas ergueu-se de supetão ao ver a mesma porta pela qual passou sendo aberta e avistar um Chang-Yi que fora empurrado para dentro do cômodo assim como o General que o olhava espantado.

“Eles sabem”. Foi a primeira coisa que pensou.


Notas Finais


Nós não acreditamos que já estamos chegando no fim meus amores!


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