Logo depois da visita a igreja, os dois seguiram direto para a mansão de Bruce.
Durante todo o percurso, o milionário se manteve calado. Bruce se limitava apenas em responder as perguntas que Clark fazia, utilizando nada mais que monossílabos; e se o assunto fosse seu casamento então, nem isso.
Assim que entraram, Clark ficou parado ali, observando Bruce fechar a porta atrás deles.
— Bruce… - Clark chamou tímido pelo amigo, que o olhou diretamente pela primeira vez desde que deixaram a igreja. – Você está bravo comigo? - Clark encarava o chão mexendo nervoso no botão do blazer que usava.
O tom de Clark era tão deprimido que Bruce sentiu vontade abraçá-lo uma vez mais.
— Claro que não, Clark. De onde você tirou isso? - Bruce não conseguia encarar aqueles lindos olhos azuis, pois tinha a certeza de que poderia chorar se o fizesse.
Bruce foi até Clark e bagunçou seus cabelos, entortando os óculos no rosto do jornalista que sorriu feito uma criança, com o carinho do outro.
Sem que Bruce esperasse – ou talvez sim, pois Clark já possuía esse hábito – Clark o envolveu naquele abraço apertado; forte como aço.
Aquilo foi demais para o milionário.
Bruce olhou para cima; o mais alto que pode. Evitou fechar os olhos para que as lágrimas ali não vazassem. Mas, quanto mais Clark apertava o abraço, mais difícil ficava respirar. Sentia seu coração sendo esmagado contra o peito do jornalista.
— Clark... - o chamou tentando disfarçar a voz chorosa. – Você está me machucando. - novas lágrimas teimavam em sair.
Aquilo era verdade, Clark realmente o estava machucando, da forma mais ambígua possível; mesmo sem intenção.
— Desculpe, eu só queria que você soubesse, que eu sempre estarei aqui para você.
— Eu sei Clark, eu sei.
Clark afrouxou o abraço soltando-se de Bruce, mas o milionário o prendeu novamente. Não queria que Clark o visse chorando, melhor ainda, não queria desfazer aquele contato tão bom.
— Bruce, posso dormir aqui hoje? - Clark pediu depois de um bom tempo afagando os cabelos do amigo.
Bruce tremeu de excitação ao ouvir aquilo. Sério? Ter Clark a noite toda ali? Não demorou muito para que a vontade de chorar fosse substituída por uma alegria imensa.
— Não acha que já está velho demais para ficar dormindo na casa de amigos, Clark? - Bruce mal conseguia esconder seu entusiasmo.
— Qual é Bruce, eu nem tive infância, muito menos amigos. Mas agora eu posso, porque agora eu tenho você.
Bruce segurou toda e qualquer reação que seu corpo poderia manifestar naquele momento, pois caso contrário, sabia que seria descoberto. Mas por dentro ele explodia.
— Mas e a Lois? - Bruce tentou, ao mínimo, manter um pouco de bom senso.
— Não estou vendo ela aqui agora. E o que tem demais eu ficar aqui hoje, não posso?
— Não, que isso Clark, claro que pode.
Trocaram mais um sorriso antes de subirem até o segundo andar.
— Eu nunca tinha vindo aqui antes. - Clark comentou enquanto caminhavam em um corredor, em direção ao quarto de Bruce.
— Verdade, é porque você só conhecia o Batman. - Bruce deu um tapinha gentil no ombro de Clark.
— Pois é. Mas essa casa é muito grande Bruce, você devia trazer “alguém” aqui de vez em quando. - Clark deu uma piscada discreta para Bruce que corou.
— Eu trago… eu trouxe você. - Bruce sentiu o rosto arder ainda mais; não conseguia acreditar que havia dito aquilo a Clark.
— Não, eu quero dizer alguém que você realmente goste, sabe?
— Eu gosto de você. - Bruce travou ao perceber que Clark tinha parado de andar.
Por um momento, Bruce hesitou em se virar. Tinha medo da expressão que Clark poderia ter agora.
— Bruce… - de repente a voz de Clark passou uma certa languidez.
— Bem, vou tomar um banho agora. - Bruce o interrompeu, tinha muito medo de continuar aquela conversa. – Fique à vontade, a casa é sua; mas não vá se perder, ok?
Clark sorriu com aquele lado cômico de Bruce, era assim que gostava de ver o amigo; sempre feliz e de preferência com ele.
A casa era enorme, muito grande mesmo. Havia de tudo um pouco ali para se admirar, mas, os objetos preferidos de Clark pelo caminho, com certeza, eram as fotografias de Bruce. A única coisa que deixava o jornalista triste era que, em nenhuma delas, o milionário sorria. Suas expressões variavam entre o tédio e a falta de paciência.
Pensando nisso, já havia se passado um bom tempo desde que Bruce foi tomar seu banho. Olhou ao redor. Portas, corredores e mais portas. Ótimo talvez encontrasse Bruce antes de amanhecer. Não seria nada fácil achar o milionário em um lugar daquele tamanho. Conhecia bem o esconderijo do Batman, mas, era a primeira vez que ia até a casa de Bruce Wayne.
A menos que o Super-Homem desse uma mãozinha.
Pensou duas vezes antes de usar seus superpoderes, pois sabia que Bruce não aprovava a ideia de Clark usá-los. O milionário dizia que era errado invadir a privacidade das pessoas desse jeito. Então combinaram, nada de ouvir conversas com sua superaudição, ou espiar os outros com sua visão de Raio-X.
Mas tinha um grande problema nisso tudo.
Clark era jornalista, e todo mundo sabe que jornalista é xereta.
Clark retirou seus óculos e fechou os olhos, se concentrando no ambiente.
É claro que os sons vinham naturalmente, mas com o tempo ele aprendeu a ouvir somente o que queria e quando queria; apenas quando estava em combate, utilizava suas habilidades de forma ilimitada.
Aos poucos, um som familiar, mas, ao mesmo tempo, diferente, invadiu seus tímpanos.
A força da água se chocando contra o piso já encharcado. Pequenos jatos de água sendo arremessados no vidro do box. As gotículas batendo contra a pele de Bruce. Eram todos apenas sons, e estavam ali somente para orientar o jornalista onde ficava o quarto do milionário.
Segundo corredor, uma porta à direita.
Clark entrou. Era ali, o quarto de Bruce Wayne.
Mesmo já tendo encontrado o que procurava, o kryptoniano continuou a ouvir Bruce. Clark ouviu uma longa lufada de ar, acompanhada de um lamurio tímido e baixo. Curioso, o jornalista aguçou um pouco mais seu sentido. A respiração tornava-se cada vez mais rápida e acelerada. O barulho da pele deslisando, para cima e para baixo, acabou sendo o ápice de sua pequenina e inocente especulação. Clark sentiu o rosto arder, provavelmente era vergonha. Sem querer, pegou Bruce em uma situação delicada. Com certeza ele estava se masturbando.
Clark nem notou que agora além de ouvi-lo, também podia vê-lo. Sua visão Raio-X ativou-se meio que automaticamente.
Lá estava ele. Todo molhado. A franja sempre tão alinhada e charmosa, agora colada a testa, ocultando parcialmente aqueles belos olhos verdes. Os lábios vermelhos e bem desenhados, presos nos dentes, na tentativa de conter um gemido mais alto. Encostado no box de vidro dentro do banheiro, Bruce movia avidamente a mão estimulando seu membro, que gotejava contra a superfície lisa e transparente.
— Clark… Clark… uhmm, Clark… - a voz de Bruce saia tão baixa que não passava de um mero sussurro.
Mas não baixa o bastante para fugir da audição potente de Clark Kent.
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