Passaram-se algumas semanas desde que Luffy enfrentou Kaidou. Suas feridas já estavam quase curadas, assim como o Zoro, mas irão ficar com algumas cicatrizes permanentes pelo corpo por conta da profundidade das feridas. Se não fossem Law e o Chopper, não conseguiriam resistir aos ferimentos.
...
Já se passava do meio dia quando Sanji preparou o almoço para a tripulação. O capitão estava ansioso já que finalmente iria comer comida sólida; estava enjoado das sopas de arroz que comia todos os dias.
— Yosh! Carne! — A felicidade de Luffy perante aos pedaços de carne ao redor da mesa era perceptível.
— Só vê se não exagera. — Nami falou enquanto lançava um de seus olhares severos — A próxima ilha é longe. E ainda preciso ajustar o log pose.
— Não vejo a hora de comprar novos temperos. — Sanji falou, transmitindo um tom de voz um pouco alegre; talvez pelo fato de Luffy já estar melhor.
— Por que não agora, cozinheiro-san? — Disse Robin com um sorriso doce, deixando Sanji um pouco confuso com a pergunta.
— O que quer dizer? A próxima ilha será longe, não teria como... –
— Ilha à vista!!!
Um alerta vindo do convés atiçou Nami, que ficou de queixo caído. Como assim ilha à vista? Não teria como ser possível por conta do vento e principalmente o log pose, já que a bússola não se moveu.
Usopp, com um binóculo gigante, estava assustado com o tamanho da ilha. Mais parecia um país, embora não conseguisse visualizar nenhum ponto de referência como em Sabaody, apenas arvores e mais árvores, além do solo seco.
— Usopp, me dê isso. — Nami abordou o narigudo, pegando o binóculo emprestado.
Foi então que teve a prova clara da próxima ilha.
— Incrível. — Sorriu.
— Ilha à vista! — Repetiu, dessa vez por parte de Nami.
Zoro, que estava no ninho do corvo, colocou a cabeça para fora da janela.
— Até que enfim, já estava ficando entediado. — Disse Zoro, com uma cara de peixe morto.
Foi então que o clima mudou completamente. O céu começou a ficar nublado e o mar por algum acaso se agitou, formando pequenas ondas.
— Mas que estranho. Do nada. — Disse Nami com o dedo indicador nos lábios, analisando a situação.
Encostada na proa, com o binóculo, finalmente conseguiu ver algum sinal na ilha que tivesse vida, já que viu uma luz muito intensa. Provavelmente de alguma fogueira.
Antes que comentasse mais alguma coisa, perdeu o equilíbrio do corpo quando uma forte onda bateu no navio, bem ao lado dela. Usopp tentou segurar sua mão, mas o impacto da onda contra o casco foi tão forte que o navio balançou e, consequentemente, Nami fora lançada para fora do navio por estar na proa.
— Nami! — Usopp e Zoro, que testemunharam a cena, se desesperam.
Por sorte, uma mão elástica atravessou o caminho de Usopp indo em direção a Nami antes que ela caísse no mar, enrolando-se na cintura dela.
— Luffy! — Os olhos de Nami brilharam.
Porém, Luffy estava sendo arrastado por não ter força o suficiente para lutar contra a força da natureza, pois não estava completamente recuperado.
Cuspindo o pedaço de carne da boca, começou a puxar Nami. Ele mordia o maxilar e as veias de seu pescoço saltavam, buscando força que não conseguia.
— Nami-san! — Sanji correu para ajudar.
A ajuda de Sanji foi tarde demais.
Luffy também foi arremessado, indo em direção a Nami, que fechou os olhos.
Em um ato inesperado, o capitão abraça-a com todas as suas forças e ambos caem no mar profundo e agitado. O destino? Incerto.
— Nami! Luffy! — Sanji grita aflito.
Nesse momento, flashbacks invadiram a mente do cozinheiro, colocando a mão na cabeça transtornado com o que acabou de acontecer.
...
Ilha Plant
Em um bosque contornado de palmeiras e flores abundantes dos mais diversos tipos, uma moça caminhava dentre as árvores. Seus cabelos azulados refletiam por conta da luz do sol, e seus olhos laranja pareciam realçar em sincronia com os feixes de luz que a iluminava. Estava colhendo ervas medicinais para curar as feridas de seu “paciente”.
Continha um olhar gracioso em seu rosto, realçando ternura e, ao mesmo tempo, preocupação.
— Isso serve para cortes... — Falou ao arrancar uma folha peculiar de formato redondo de uma arvore.
A ilha, de fato, tinha um ar tropical, junto a um clima confuso, no qual alguns moradores afirmam que é difícil de se adaptar. As casas eram de madeira, transmitindo um pouco de pobreza, porém, o governo acredita que é um local primitivo, onde não existe civilização, estando completamente enganados. Apesar de ser uma terra esquecida, muitos ainda vivem como podem, desfrutando das riquezas naturais da ilha que mais se parece um país.
O traje da azulada consistia em um kimono colorido e estampado por rosas. Além disso, exibia um rabo de cavalo amarrado com uma fita grande e colorida.
— Reina-san, o que acha que está fazendo? — Um senhor de idade segurando uma bengala perguntou enquanto analisava-a; seu nome é Blando.
— Colhendo ervas...
Fez um biquinho ao ver o ancião franzindo o cenho. Ele sabia muito bem para quem era essas ervas medicinais.
— Não me diga que está mesmo pensando em salvar a vida daquele louco. — Proferiu um pouco irritado.
— O senhor uma vez me disse que o Clã Isha deve ajudar todos os necessitados, não importando quem seja. — Rebateu.
— Mas você viu com seus olhos, ele matou todos a sua volta com um tipo de poder. — Apontou a bengala em sua direção como um sinal de alerta — Aquilo era eletricidade. Eu já vi homens usando poderes parecidos no passado.
— Vovô, talvez não tenha sido ele. Você sabe, o clima dessa ilha é maluco. — Brincou dando um peteleco na cabeça do velho como uma forma de deboche, mas de maneira amável — Vovô, o senhor está ficando velho, essas coisas não existem.
— Mas ele estava flutuando! — Bradou — E além disso... o que explica aquela cratera?
— É... — Reina ficou pensativa. No fundo no fundo não queria acreditar nessa história, mas as evidências eram realmente estranhas. Todavia, queria saber quem é aquele homem misterioso, pois nunca tinha visto um humano tão diferente. E por que ele caiu do céu e ainda por cima não ficou com o corpo estilhaçado?
Depois de um tempo refletindo por conta das advertências do mais velho, Reina voltou para a cabana. Ela sentou-se na beira do fogo, ao lado da cama onde Enel encontrava-se deitado com o braço direito enrolado por ataduras. Sua cintura estava coberta por bandagens. Estava desacordado, ainda inconsciente.
Só então a médica pôde reparar o quanto ele é bonito quando está dormindo. Ao retirar o lenço branco de sua cabeça, viu aqueles fios loiros caindo sobre o travesseiro. Estranhou pela orelha dele ser tão grande, só que por um lado achou fofo... dando um leve sorrisinho.
Reina nunca saiu da ilha, na verdade, poucas pessoas da região tiveram a oportunidade de conhecer outros lugares do mundo. As únicas coisas que sabe são sobre as histórias que os mais velhos contam, de como conversou com uma tripulação do passado que dizia ter se encantado com a ilha, em que tal pessoa foi considerada um herói no momento de seca que os habitantes estavam sofrendo.
Ao tocar seu peitoral gentilmente com os dedos, contornando a área do hematoma com uma substância pegajosa feita das ervas que colhera, sentiu seu pulso esquerdo ser prensado por uma mão forte e calejada. Assustou-se ao ver que Enel acordou do nada. Ela olhava nos olhos dele, que transmitiam raiva, uma emoção nítida, demonstrando que o rapaz aparentemente estava furioso com algo. Seus olhos estavam bem abertos, inerte e confuso, como se estivesse vendo o inimigo a sua frente.
— Você está me machucando... — Reina sussurrou grunhindo de dor. A medida que tentava se soltar, mais ele apertava seu pulso.
— Raigo! — Enel tentou utilizar uma de suas técnicas, mas não conseguia ao menos criar uma leve descarga de energia. Era como se tivesse perdido seus poderes. Provavelmente, por estar muito fraco, ainda não conseguia desencadear eletricidade. Em outras palavras, seus poderes do fruto do diabo estavam temporariamente inutilizáveis.
O súbito movimento dos olhos grandes provou que Enel encontrava-se perturbado. Algo muito grave aconteceu com ele para ficar dessa forma, já que nada o abala.
Reina mantinha a respiração acelerada, observando a expressão de Enel. Após uma curta pausa, percebendo o quanto ele estava sem forças para continuar segurando seu pulso com tanta firmeza, falou:
— Não precisa ficar assim. Você está bem. Ninguém mais irá machucá-lo.
Com o olhar confuso, o ex-deus de Skypeia mordeu o maxilar. Uma humana com pena de um “deus”. Isso soava engraçado para o seu pensamento, como se fosse uma piada de mal gosto ou mesmo uma blasfêmia. Tremeu muito ao encará-la, querendo decifrá-la, querendo entendê-la, mas seu haki não conseguia ao menos lhe trazer uma resposta, nem mesmo prever suas ações.
Em toda a sua vida sonhou em ser um deus supremo que todos o temessem, assim, comendo a Goro Goro no Mi, tornando-se um homem raio. Contudo, nesse exato momento, estava sendo tratado como um simples humano...
Quando abriu a boca para dizer alguma coisa, reparou que tinha soltado o pulso de Reina e que ela continuava passando o remédio em seu peito, fazendo-o sentir leves sensações dos dedos dela sobre seu corpo. Percebeu que não adiantaria falar nada, pois ela não o escutaria e continuaria o ajudando. Talvez seja isso o que seu mantra previu, mas não teve ação para “contra-atacá-la”.
— Tsk. — Mordiscou os lábios, ficando um pouco irritado.
— Você caiu do céu... — Sussurrou vagarosamente, torcendo para que Enel não tenha escutado.
Claro, ele escutou, franzindo o cenho.
— Sim... aquele miserável me derrotou. — Respondeu.
— Ahh? — Sua face surpresa deixava Enel ainda mais nervoso — Então essas suposta pessoa arremessou você para cá?
— Esse homem destruiu meu vearth, a civilização e roubou uma arma ancestral. — Falou, lembrando dos momentos tensos da batalha.
— Bom, eu não sei sobre essas coisas que você está falando, mas fico feliz por você ter sobrevivido, senhor. — Sorriu doce — Aliás, meu nome é Reina e o seu?
— Enel, um deus. — Se vangloriou.
— Um deus? Hm... — Esboçou um biquinho, ficando pensativa — Acho que se você fosse um Deus, não sofreria tanto assim por uma queda dessas. Além disso, não me parece um deus.
— Como é que é?! — Enel fez uma careta, indignado com a reação dela e, simplesmente, suas palavras o rebaixando, mesmo que soubesse que não falara isso por maldade.
— Você é bonitão, tem uma boa pinta, mas um deus de verdade não seria tão egocêntrico. — Cruzou os braços abaixo dos seios, dando uma risada divertida — Mas se você acredita ser um deus, então seja um deus da paz. Alguém que proteja a felicidade dos seres humanos. Esse sim seria um deus ideal.
— Yahahaha. — Gargalhou — Um deus é aquele que controla tudo. Sou aquele que quer dominar.
— Existem várias formas de ser um deus. Um título que representa muita coisa. Você automaticamente se torna responsável por diversas vidas.
— Acho que não. — Discordou Enel, rindo.
— Se você realmente acha isso, eu quero te mostrar uma coisa quando você estiver recuperado. — Olhou sério, contudo, ainda mantendo uma expressão amável — Se até lá você ainda não mudar seus pensamentos, não o impedirei de seguir seus objetivos.
...
Era noite. A lua contornava o mar, irradiando-o. O céu, antes claro, juntamente aos raios de luz do sol escaldante, estava escuro, sendo enfeitado por vários pontos cintilantes. A única coisa que dava para se ouvir eram os sons das ondas.
Na praia, podia-se ter uma visão privilegiada do mar cristalino da meia noite, dando um leve charme. Todavia, algo se movia lentamente na beira do mar de tal forma que era como se estivesse se arrastando.
Estavam abraçados.
— Nami... — Com o corpo enfaixado e encharcado de água, murmurava o nome de sua navegadora, que parecia estar desmaiada — Nami, acorda, Nami!!!
Continua.
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