Carreguei a bandeja para a cozinha, deixando Laura e Tae conversando. Graham me seguiu, carregando a caixa e esperou para que pudéssemos ir ao escritório para conversar mais. Ele olhou para os papéis no balcão, pegando a vaga para Calgary.
— Sério, Jungkook? — Ele sorriu de forma engraçada. — Você teria morrido de tédio lá.
— Eu não podia levar Tae para Toronto. Ele ficaria depressivo.
Ele me analisou por um instante, um sorriso atravessando seu rosto.
— Como você mudou.
— Cresci, você quer dizer.
Ele assentiu, batendo em meu ombro.
— É bom ver isso.
Olhei por cima de seu ombro para onde Tae estava, abraçando Laura.
— É bom — admiti. — Nunca pensei que ia passar por algo assim.
— A pessoa certa pode abrir seus olhos para muitas coisas, Jungkook .
Ele tinha razão.
Ele segurava meu novo contrato.
— Vamos assinar alguns papéis.
— Por que trouxe minhas coisas se planejava me recontratar?
Um olhar estranho tomou sua expressão, e ele abriu a caixa.
— A caixa está vazia, Jungkook.
Fiquei boquiaberto.
— O quê? Por quê?
— Pelo mesmo motivo que aparecemos sem avisar. Eu queria ver como reagiria se pensasse que estava acabado. Queria ver sua reação verdadeira e impulsiva.
— E?
— Você parecia despedaçado.
— E estava. Queria continuar trabalhando para você. Quando vi a caixa, sabia que tinha ferrado além do que podia ser consertado. Não fiquei surpreso, mas me atingiu em cheio, porque queria muito. Eu sabia que não havia nada que pudesse fazer para mudar. Tinha causado isso para mim mesmo, afinal.
— Sua reação me disse tudo que eu precisava saber. Você ficou chateado, mas imediatamente ofereceu consolo para o Tae. Eu sabia que você tinha mudado de verdade. — Ele sorriu. — Desculpe a armadilha.
Estendi minha mão, a qual ele pegou cumprimentando firme.
— Entendi.
Ele abriu a tampa.
— Use-a para trazer mais coisas para o escritório. Transforme no seu escritório, Jungkook.
— Alguém sabe?
— De fora da família, não. A equipe acha que você viajou com Tae. Você vem na segunda e começa de novo. Ninguém vai te julgar.
— Obrigado. Não vou te decepcionar desta vez.
— Eu sei — ele disse e assentiu enfatizando. — Eu sei.
💦💦💦💦💦💦💦💦💦
Um tempo depois, Graham estava me cumprimentando ao se despedir.
— Te vejo na segunda.
Laura deu um último abraço em Tae e virou para mim.
— Espero grandes coisas de você, Jungkook.
— Vou corresponder.
Ela deu um tapinha na minha bochecha.
— Sei que vai.
— Tenho muito o que compensar, e farei meu melhor.
— Vamos começar de novo. Você chegará na segunda com tudo esclarecido com Graham e comigo. — Ela sorriu com pesar. — Pode acertar as coisas com Namjoon, Jimin e Yoongi sozinho. Eles disseram a mesma coisa sobre manter você, e todos foram a favor. — Ela arqueou uma sobrancelha para mim sabiamente. — Embora eu ache que um dos meus filhos possa ter mais a dizer em relação ao assunto do que os outros.
Sorri.
— Disso eu não tenho dúvida, e vou aguentar toda raiva que Jimin quiser descontar em mim. Vou me certificar de falar com todos eles em particular na semana que vem.
— Bem-vindo de volta à equipe, Jungkook.
— Obrigado.
Eu os acompanhei até o elevador, retornando alguns minutos depois. Tae não estava atrás da porta ou na sala. Subi correndo as escadas, surpreso quando o vi sentado na chaise em seu quarto antigo.
— Docinho?
Ele olhou para cima, um olhar sombrio.
— O que foi? Por que está aqui?
Ele deu de ombros.
— Eu estava pensando.
Sentei diante dele e segurei seu rosto.
— Sobre?
— Sobre como nervoso e com medo eu estava na primeira noite que passei aqui.
— Sobre ficar aqui... comigo?
— Isso e com o futuro. Com uma ação, você mudou toda minha vida. Não estava mais naquele apartamento pequeno e horroroso, estava saindo do emprego e não fazia ideia de como iríamos lidar com uma farsa tão elaborada. Tudo o que eu pensava era no quanto ia falhar, e não sabia como iria me recompor quando acontecesse. — Ele pausou, traçando o desenho do tecido da almofada com o dedo. — Meus pensamentos estavam caóticos e eu tinha muita dúvida.
— Eu também não ajudei muito, não é?
Ele inclinou a cabeça, analisando-me.
— Não, na verdade, sua calma, a forma como assumiu controle de tudo, ajudou. Você tinha tanta certeza, estava tão focado em seu objetivo; eu só tinha de te seguir.
— Ajudaria dizer que fiquei admirado com você desde esse dia, Tae? Você me mostrou muita coragem. — Sorri ao me lembrar de nossa conversa mais cedo. — A primeira vez que me mandou me foder... vi um brilho escondido. Você parou de ser o capacho que eu pensava erroneamente que era e se tornou uma força. — Tirei seu cabelo de seu ombro, mexendo nas suas mechas sedosas. — Você se tornou minha força. Minha luz.
— Você se tornou meu tudo — ele sussurrou. Abaixei, passando minha boca na dele.
— Chegamos muito longe.
— Hoje foi um bom dia.
— Foi. Assinei um novo contrato; vou voltar ao trabalho na segunda para um lugar onde realmente quero estar. Podemos ficar em Victoria, e a melhor parte de tudo é que tenho você. Podemos ter uma vida juntos.
— Acho que quero voltar ao trabalho.
Fiquei surpreso.
— Por quê? Não precisa.
— Eu sei, mas o que vou fazer o dia inteiro, Jungkook? Perambular pelo apartamento vazio? Pintar e repintar cômodos? Quero ser útil. — Ele suspirou. — Não tenho mais Jiwo para preencher meus dias.
A tristeza de suas palavras apertaram meu coração.
— E um trabalho voluntário além do abrigo? Você conhece tantos moradores do Golden Oaks... talvez pudesse passar um tempo lá. Tenho certeza de que eles iriam gostar da ajuda.
— Pensei nisso.
Movi-me para frente, puxando-o para perto.
— Tae, quero que faça o que quiser fazer. Trabalho voluntário, emprego, o que te deixar feliz. Mas, me escute, docinho. Os últimos meses foram uma coisa atrás da outra para você. Tudo que disse antes sobre como mudei sua vida é verdade. — Acariciei a maciez de sua face com os nós dos meus dedos. — E, embora tenha acabado bem, sei como foi tudo estressante para você. Tudo mudou na sua vida, e você perdeu Jiwon. Eu sei que, às vezes, isso deve te sobrecarregar, então vou pedir que pense nisso. Não apresse nada. Por favor.
Seus olhos estavam indescritíveis quando travamos nossos olhares. Não sabia como expressar como isso era importante para mim.
— Eu quero... — Engoli e respirei fundo. — Pela primeira vez na vida, eu quero cuidar de alguém. Deixe-me fazer isso. Vou apoiá-lo no que decidir, mas deixe-me cuidar de você por um tempinho. Preciso saber que você está bem.
— Estou bem — ele insistiu.
— Por favor — repeti. — Só um pouquinho. Quero que relaxe. Decore nosso quarto. Leia. Durma. Faça alguns de seus jantares incríveis para mim. Asse cookies para mim. — Apertei a mão dele em meu peito. — Cuide de mim. Preciso de você, docinho. Tenho de saber que você também precisa de mim.
Ele segurou meu rosto, seus polegares traçaram pequenos círculos em minhas faces.
— Eu preciso de você, Jungkook.
— Por mim — implorei, encostando a testa na dele. — Tudo que estou pedindo é um pouquinho de tempo.
— Tudo bem.
— Obrigado.
Ele encontrou meus lábios com os dele e eu os capturei forte. Passei meu braço por debaixo de suas pernas e nos levantei da chaise. Saindo do quarto, carreguei-o para nosso quarto. Eu o deitei na cama, sorrindo para ele estendida para mim.
— Acho que fomos interrompidos, e alguém me prometeu que ficaria para depois. Vou cobrar agora.
Ele me puxou para sua boca.
— Que bom.
Rocei os lábios dele com os meus, já cheio de desejo. Era um mistério para mim como eu negara minha atração a ele por tanto tempo. Tudo de que precisava era um olhar tímido ou um de seus sorrisos irônicos, e eu o queria. Tudo nele era sedutor e lindo. A forma como ele me apoiava, e me amava, era o afrodisíaco mais forte que eu já tinha conhecido.
Meus olhos se abriram, encontrando seu olhar. Em um segundo, o desejo repentino se transformou em uma piscina brilhante de sentimento. Tudo que acontecera naquele dia — tudo que tinha de bom na minha vida — era por causa dele.
Meu Tae.
O amor e a dor que eu só sentiria por ele consumia meu corpo. Subindo nele, baixei minha boca até a dele, meu beijo gentil e cheio do carinho mais profundo. Ele envolveu seus braços em meu pescoço, seus dedos escorregaram para minha cabeça em um carinho tão leve que estremeci. Seu toque continha muita delicadeza. Seu amor entrava na minha pele toda vez que estávamos juntos, colocando meus pés no chão, trazendo meu foco quando mais precisava. Eu absorvia sua essência até sua alma fundir com a minha.
Tirei as roupas dele com mãos gentis, minha boca raramente deixava seu corpo. Acariciei sua pele quente, apreciando cada curva e imperfeição com meu toque. Sorri conforme ele ficava impaciente, puxando-me para seus braços que me agarravam forte, sua voz implorando por mais. Escorregando para dentro de seu corpo receptivo, paralisei, refletindo sobre a perfeição de estar unido a ele da forma mais íntima.
Eu planejara fodê-lo... forte. Provocá-lo até ele implorar por alívio, mas tudo mudou em um segundo. Tudo o que eu queria agora era fazer amor com ele, reivindicá-lo, deixá-lo satisfeito, saciado e seguro ao saber que era meu.
E igualmente seguro do fato de que eu pertencia totalmente a ele.
Comecei a me mover — investidas longas e lentas. Eu o adorava com as mãos e minha boca, sem deixar nenhum espaço intocado, elogiando-o o tempo todo.
— Sua pele, baby, amo seu gosto.
Ele enfiou os dedos em meu cabelo, puxando as mechas curtas, gemendo meu nome.
Investi mais rápido, precisando de mais.
— Meu pau está muito enterrado em você.
Ele envolveu as pernas mais apertado, segurando-me perto, conforme segurou meus ombros, suas unhas afiadas enterravam-se na minha pele.
Meus movimentos se tornaram frenéticos quando meu orgasmo começou a ganhar força, tomando conta do meu ser.
— Meu, Tae. Você é meu.
Ele se despedaçou, seus músculos ficaram tensos, e ele gemeu ao gozar. Ao enterrar o rosto na pele perfumada de seu pescoço, deixei as ondas de prazer me invadirem, intensas e profundas, sem nada na mente enquanto ficava à deriva, meu corpo cantarolava de satisfação.
Erguendo minha cabeça, encontrei o olhar delicado e sonolento de Tae. Capturei seus lábios, sentindo sua maciez.
— Te amo — respirei.
Seu sorriso foi doce.
— Eu sei.
💦💦💦💦💦💦💦💦💦
Era segunda e eu estava nervoso quando entrei pela porta do Grupo Gavin. Não fiquei surpreso quando vi Graham me esperando. Ele apertou minha mão e me convidou para sentar com ele em sua sala para repassar tudo o que tinha acontecido enquanto estive fora. Ele despertou meu interesse com uma nova campanha e estávamos entretidos na conversa sobre isso quando Namjoon, Jimin e Yoongi entraram. Eu me levantei, estendendo a mão. Namjoon e Yoongi a apertaram, no entanto, Jimin ficou para trás, olhando friamente para mim. Compreendendo sua raiva, assenti e me sentei de novo. Ele demorou para começar a participar da discussão, mas, logo, estava discutindo comigo como sempre sobre os conceitos e ideias. Eu estava grato pela normalidade do momento, sabendo que teríamos uma discussão muito mais pessoal mais tarde.
Eu estava certo.
Eu estava na minha sala, verificando mensagens, respondendo e-mails e vendo arquivos que Jisoo deixara para mim, quando Jimin entrou e fechou a porta.
Ele ficou parada diante da minha mesa com a mão na cintura, encarando-me.
— Só fale — eu o encorajei, embora soubesse que ele queria me fuzilar mais um pouco.
— Você mentiu para mim, seu desgraçado. Para todos nós.
— Menti, sim.
— Tae mentiu para mim.
Saí de minha cadeira instantaneamente, rodeando minha mesa.
— Ele não queria, Jimin. Ele detestou mentir para você... para todos vocês. Fui eu. Foi tudo culpa minha.
— Eu confiei nele. Pensei que fosse meu amigo.
— Ele é! Pelo menos ele quer ser. Sente falta de conversar com você.
Seus olhos lacrimejaram.
— Sinto falta dele.
Encostei na minha mesa.
— Fiz isso por motivos egoístas. Ele fez para assegurar que Jiwon estivesse a salvo e bem cuidada. Se quer ficar bravo. fique bravo comigo.Mas perdoe o Tae. — Segurei minha nuca. — Ele já está perdido o suficiente. Não acabe com sua amizade.
Ele mordeu o lábio, inclinando a cabeça e me analisando.
— Você falou como um homem que está apaixonado por seu esposo.
— Eu o amo. Não o mereço, mas o amo. — Baixando os braços para a lateral do meu corpo, tamborilei os dedos na superfície dura de madeira. — Não sou de demonstrar ou de ser romântico, mas estou tentando. Por ele. Quero ser o marido que ele merece... o homem no qual ele depositou confiança.
Ele ficou me olhando.
— Olhe, Jimin. Sei que você quer gritar e brigar comigo. Tudo bem. Eu aguento. Eu mereço. Sei que preciso ganhar sua confiança, e vou fazer isso. De alguma forma. Só não — acenei a mão, sem saber como pedir —... só não puna o Tae.
Ele bateu o pé no chão.
— Gostei da ideia sobre o cruzeiro que você teve mais cedo.
Pisquei confuso em relação à mudança rápida de assunto.
— Ahn, que bom.
— Talvez possamos discutir mais isso à tarde.
— Claro.
Ele se virou, parando à porta.
— Quando eu estiver pronta para conversar mais, te aviso.
— Tudo bem.
— Até lá, fico feliz que tenha voltado. — Ele franziu os lábios, com a mão de volta no quadril. — Senti falta da sua grosseria por aqui.
Não pude deixar de rir.
— Obrigado. Senti falta de nossas conversas. — Pisquei, já que geralmente ele que falava e eu escutava.
— Não deixe subir à cabeça. — Ele bufou. — Não somos amigos de novo.
— Lógico.
— Ainda não — ele complementou e saiu.
Sentei-me de novo.
Era um começo. Pelo menos ele estava falando comigo. Um pouco.
💦💦💦💦💦💦💦💦
Na terça, senti que estava de volta. Os dias foram cheios de reuniões, discussões estratégicas e muito trabalho. Era quase como antes, mas, agora, eu tinha um lugar onde queria estar no fim do dia.
Em casa com Tae.
Eu adorava chegar em casa sabendo que ele estaria lá. Gostava de nossas noites juntos, sentados, conversando e compartilhando nosso dia. Desejava sentir sua boca na minha e a forma como nossos corpos se moviam quando ficávamos juntos no fim da noite... ou mais cedo, dependia do clima. Usamos várias superfícies do apartamento: o balcão da cozinha, o sofá, até a parede. Minha mesa no escritório ainda era um dos lugares favoritos para me apossar do Tae. Normalmente, pensávamos depois do jantar... eu não me cansava do meu esposo.
Naquela noite, parei e comprei flores por nenhum motivo, exceto querer mostrar para ele o quanto o amava. Ainda era uma sensação esquisita para mim querer expressar um sentimento diferente como amor, mas continuava tentando. Descobri que Yoongi era um bom ouvinte e conselheiro às vezes.
Entrando no apartamento, ouvi vozes. Entrei na sala e parei quando vi Jimin sentada com Tae ao balcão que separava a cozinha. Uma garrafa vazia de vinho estava entre eles, suas taças meio cheias. Jimin saíra da empresa umas duas horas atrás, e suspeitei que tivesse ali desde aquela hora. Contive meu sorriso ao cruzar a sala e entregar as flores para Tae, beijando-o firme. Ele sorriu e arregalou os olhos de felicidade. Eu sabia o que Jimin estar ali significava. O silêncio dele pesou no coração do Tae e me frustrava o fato de não poder fazer nada para melhorar. Era algo que eles tinham de acertar entre eles... e a bola toda estava com Jimin.
— Devo pedir comida chinesa para jantar? — perguntei, abaixando e acariciando sua bochecha rosa. Ele sempre ruborizava quando bebia. Eu gostava de beijar sua pele quando estava quente. E foi o que fiz: passei meus lábios em sua face até o canto de sua boca, beijando seus lábios carnudos.
— Sim, por favor. E obrigada pelas flores.
Beijei de novo sua boca tentadora e me ergui.
— Dois rolinhos primavera — olhei para Jimin — ou três?
— Quatro — Jimin respondeu. — Yoongi chegará daqui a pouco. Tenho certeza de que também estará com fome.
— Vou pegar mais uma garrafa de vinho.
Jimin deu de ombros.
— Ou duas.
Rindo, apertei seus ombros ao passar por ele.
— Bom ver você, Jimin.
Ele me rejeitou acenando a mão.
— Que seja.
Porém, flagrei sua piscadinha irônica para o Tae.
Eles começaram a conversar de novo. Parei no corredor e fiquei ouvindo. A risada do Tae era baixa e feliz. A voz de Jimin tinha o tom normal de empolgação quando disse para Tae sobre uma nova exibição de arte a que todos tínhamos de ir juntos. Inspirei o ar de forma surpreendente trêmula e sorri. Meu esposo tinha seu amigo de volta.
Tae estava, lentamente, recompondo sua vida, o que significava que a minha estava se alinhando à dele. Estávamos criando uma nova vida.
Juntos.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.