Embora não tivesse demonstrado muito durante a conversa, já que William não era do tipo que ficava insinuando as coisas, Charlotte sentia-se bem estranha quando ele falava coisas sobre Yami que não pareciam do feitio do cowboy, como por exemplo:
- Fomos criados juntos e ao mesmo tempo separados, o suficiente para eu entender o jeito dele, mas eu nunca vi Yami se interessar tanto por uma pessoa de fora... você com certeza tem um dom... - William havia dito isto quando Charlotte contou o motivo de estar ali no interior e a conquista que teve ao convencer Yami de ajudar na fazenda.
- Ahr, acho que não. Apenas fui insistente.
- E ainda assim cativou o meu amigo, acredito que vocês logo estarão se dando bem... - E lá se ia mais um elogio, que para a loira era certamente duvidoso.
"O cowboy e a ambientalista se dando bem?"
- Er...
- O que pretende fazer para ajudar a fazenda, Charlotte? - William perguntou.
Agora que mais tarde, ele abriu a clínica veterinária e para não ficar de mãos abanando, a Roselei se prontificou a varrer a parte da frente da loja.
- Tenho algumas ideias, mas são mais para o caso de a ideia principal não dar certo. Talvez iniciar uma horta comunitária ou reiniciar o comércio de gado e equinos, também podemos favorecer a população daqui com serviços comunitários de mão dupla e assim diminuir o excesso na extração de recursos naturais... bem, eu consigo explicar melhor com minhas anotações por perto...
- Eu acredito que entendi. Bem, boa sorte. - William sorriu motivador e Charlotte riu, voltando a prestar atenção na sua tarefa.
Quando se aproximava das onze horas, uma nuvem mais escura também se achegou e os primeiros pingos de chuva caíram, finos e depois grossos até molharem a terra toda e fazer subir o cheiro de terra molhada da estrada.
- Vamos fechar a clínica, ninguém virá aqui até a chuva passar... - O Vangeance anunciou, parando na porta ao lado de Charlotte que olhava para fora preocupada.
- Mas e se chegar alguém?
- Tem o sinaleiro, eu vou ouvir e venho ajudar... - Ele assegurou, mostrando o sino que era usado como "campainha".
- E quanto à Yami? - Charlotte perguntou, mas antes que o albino respondesse, o moreno, encharcado de lama nas botas e todo molhado pela chuva apareceu.
Ele estava à pé, pois deixou Touro Negro no estábulo de William já que não tinha como amarrá-lo no meio de uma feira e quando avistou a porta da clínica ainda aberta, correu para se proteger do frio.
- Bem à tempo. - William riu, trancando a porta.
- Achei que daria tempo de comprar mais uma coisa... - O moreno respondeu.
Em silêncio, Charlotte arrancou o casaco grande e grosso que usava e o estendeu para Yami.
- Vista isso, precisa mais do que eu... - Ela murmurou, mas de repente se sentiu nua ao receber um olhar certeiro de Yami que em silêncio pegou o casaco e se virou de costas para ela.
Foi até melhor assim, pois Charlotte havia esquecido que decidira não usar sutiã por baixo da regata, uma vez que o casaco estava lá para lhe esconder.
- Vamos entrar assim que eu der uma olhada nos cavalos... - William comentou sem perceber o clima e caminhando para a porta lateral da clínica que levava direto ao estábulo sem lhe deixar se molhar na chuva.
- Você... está... bem sem isso? - Yami questionou, se referindo ao casaco e Charlotte só então reparou, ficando corada imediatamente ao notar que seus seios constratavam contra o tecido fino da regata branca.
- Estou... sim... - Ela respondeu, rapidamente cruzando os braços e sorrindo amarelo para o nada, já que Yami foi cavaleiro o suficiente para não se virar para ela e dar uma boa olhada.
William voltou e então eles correram para a fazenda para evitar a chuva, Yami devolveu o casaco quando recebeu algumas toalhas secas, mas não teve muita utilidade, já que Charlotte também optou pelo pano macio para se secar.
Esperaram a chuva passar para poderem ir embora e só então Charlotte lembrou de perguntar:
- E as compras?!
- Pedi para entregarem direto na fazenda, vão levar amanhã de manhã faça chuva ou faça sol... - O moreno respondeu e ouviu a risada ao fundo do amigo albino.
- São bem mais preparados do que certas pessoas... - William alfinetou.
- Desculpa se nesse fim de mundo só chove... - Yami retrucou sem dó, mas o amigo só fazia rir e pelo clima cômico, Charlotte também riu.
A volta demorou mais do que a ida, pois a terra molhada afetou o galope de Touro Negro e tiveram que ir mais devagar para não terem problemas, Chegaram na fazenda lá pelas duas da tarde e mesmo que William tivesse oferecido um bom almoço, Yami, apressado do jeito que estava, não aceitou e só agora na sua fazenda a dupla iria almoçar.
- E então? O que faremos? - Charlotte perguntou após deixarem Touro Negro no seu devido lugar sob os cuidados de Finral.
- Vamos nos limpar primeiro, depois comer alguma coisa e eu vou te mostrar a fazenda após o almoço.
- Isso é um encontro marcado, certo? - Charlotte se empolgou e nem percebeu o que acabou dizendo, até Yami parar de lhe encarar por vários segundos em silêncio e de sobrancelhas erguidas e assentir, como quem não se importava.
Charlotte tinha certeza de que ele a achava uma oferecida insistente naquele instante, mas se ia se martirizar, pelo menos faria seu trabalho todo no processo.
Ela tomou um banho rápido, sem se importar se a água estava uma pedra de gelo, vestiu roupas limpas, o que consistia em roupas íntimas e um vestido vermelho vinho até o joelho e todo soltinho da cintura para baixo.
Juntou todos seus rascunhos e pegou somente o necessário antes de descer para almoçar, pensando no seu repertório e em como encarar Yami de forma que ele concordasse com suas ideias quase sonhadoras de como "produzir uma fazenda feliz".
Ela ia provar ser possível manter tudo regularizado e todos seriam os mais felizes possíveis para sempre. E fim.
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