Exatamente como eu havia imaginado, o dia estava sendo divertido. Fomos no cinema assistir a um filme de animação junto de Mari, mas eu sabia que Aidan curtia animações também então ela não foi a única a aproveitar. Demos uma passada no fliperama também, mas quem aproveitou mais foi o Aidan e então decidimos comer um sorvete. Ao chegar em casa estávamos cansados, Mari estava dormindo no colo de Aidan quando chegamos, pelo jeito ela havia esgotado totalmente as energias. Colocamos ela na cama para dormir, depois de ter feito se aprontar para tal, e então fomos dormir logo depois.
Domingo aproveitamos o dia para passear um pouco no parque, estava tendo uma feira de artesanato e decidimos ir dar uma olhadinha. Compramos alguns churros para comer e sentamos na grama para aproveitar um pouco.
- Hey, Alam! – escutei alguém me chamando.
- Hey, eai! – acenei de volta e vi-o se aproximar.
- É o meu príncipe! – gritou Mari e correu até ele.
- Olá minha princesa. – e a pegou no colo.
- Aidan, deixa eu te apresentar, esse é Pietro. É quem eu falei que Mari se confundiu comigo no bar na sexta passada.
- Ah sim, prazer em conhece-lo. Vocês não se parecem tanto assim não.
- Não é o que Mari acha. – disse colocando-a no chão e se sentando perto.
- Eu vou me casar com ele no futuro. – disse ela enquanto o abraçava.
- Não é melhor esperar quando estiver mais velha para pensar nisso? – perguntou Aidan.
- Nãaao! – disse Mari e cruzou os braços.
- Soube que teu show foi um sucesso no bar. – comentou Aidan. – Pretende roubar o Alam como tua dupla pro show agora? – brincou.
- Hhahahaha, talvez. Me mudei recentemente pra cá e to precisando de um bico então pra mim seria ótimo.
- Algum dia tentarei ir lá pra vê-los então.
- Se tu não ficar com ciúmes então pode ir. – brinquei e rimos na hora.
Ficamos um bom tempo conversando no parque. Realmente Pietro é um cara bem legal e Aidan parecia estar se divertindo mesmo quando ele zoava descaradamente. Quando começou a ficar mais tarde e a escurecer nos despedimos e voltamos para casa. Aidan preparou a janta, aprontamos Mari para ela dormir mas então ficamos um tempo acordados preparando as coisas pro dia seguinte.
- O que achou dele? – perguntei curioso.
- Ele é legal, gostei de como ele era descontraído na conversa e me zoava, daí eu podia também.
- Né, eu adorei isso também. – comentei rindo. – Hoje foi um dia bem divertido. – abracei Aidan pela cintura.
- Mari também se divertiu pelo jeito.
- Seria tão bom se tivéssemos filhos, Aidan. Não acha?
- Aaahn, acho que isso seria melhor a gente pensar com mais calma, não? – disse meio sem graça. – Não consigo me imaginar pai.
- Eu acho que tu seria um ótimo pai. – o beijei calmamente.
- Tu também seria. Mas vamos pensar nisso com calma. – e me abraçou depois de me dar um beijo na testa.
[Segunda-feira – 7h manhã]
- Um, dois e pula! – disse Aidan falando pra Mari pular do chão assim a puxávamos um em cada mão.
- Yaaay. – disse animada e depois voltando a botar os pés de volta no chão.
- Pronto, já chegamos ao nosso destino. – falei vendo a porta dos fundos do bar. – Mari, dê um beijo no tio Aidan que ele precisa ir para a aula.
- Tchau tio Aidan. – e deu um beijo na bochecha dele.
- Até mais Mari, mande lembranças pro teu pai por mim. – e então ela entrou no bar já chamando pelo pai.
- Tchau querido, boa aula pra ti. – falei dando um selinho em seus lábios.
- Divirta-se hoje. Nos vemos mais tarde. – e acenou pra mim já mais longe.
Acenei de volta e então logo depois fui entrar no bar, mas escutei um barulho e olhei para trás de mim. Nada, não havia nada ali, mas eu jurei ter escutado um som de alguém estar ali. Eu me sentia observado, de certa forma. Voltei a querer entrar, mas escutei o som de alguém correndo.
- O que? – gritei me assustado com a repentina aparição de alguém segurando meu pulso.
- Você é o Alam, certo?
- S-sim... E você quem é?
- Eu sentia falta do teu cheiro. – e se aproximou do meu pescoço cheirando de maneira barulhenta.
- Sai de perto de mim! Seu pervertido! – afastei ele, mas não consegui muito já que ele segurava meu pulso fortemente.
- Eu sinto falta de te comer. Por que não vende pra mim de novo mais uma vez? – me puxou para perto e apertou a minha bunda fortemente.
- Eu não sou um prostituto! Me solta! – tentei socar ele, mas ele segurou meu outro pulso e me colocou contra a parede.
- Uma vez que se vende não tem como parar. Vamos, pare de manha. Me deixe te ter mais uma vez. – e lambeu meu pescoço.
- Urgh que nojento! – pensei.
- LARGA ELE! – escutei uma voz e logo então vi Pietro dando um soco tão forte que o cara chegou a voar longe depois de me soltar. – Sai daqui seu pervertido de merda senão eu vou quebrar essa tua cara! – falou com fúria em sua voz.
- Você vai se arrepender moleque. – respondeu e logo então foi embora com a mão onde levou o soco.
- É, to morrendo de medo. – disse alto igual. – Você está bem Alam?
- S-sim, estou... – meu corpo tremia, de certa forma memórias ruins do meu passado vieram me atormentar graças a isso. – Muito obrigado Pietro. – minha voz estava fraca.
- Não precisa agradecer. Eu odeio esses pervertidos de merda!
- O que aconteceu?! – chegou o pai de Mari ofegante. – Escutei gritos e vim correndo!
- Alam foi atacado por um pervertido, provavelmente algum fã dele que vinha vê-lo cantar.
- Meu Deus, você está bem Alam?!
- E-estou sim, ta tudo bem. – minha voz ainda estava meio tremida, mas já está bem melhor.
- Com licença, eu estava passando por perto escutei gritos e vim direto até aqui. - um policial apareceu, parecia ter corrido mesmo até aqui.
- Que bom que apareceu! Um pervertido atacou meu amigo! – disse Pietro ainda irritado com a situação.
- Então foi isso o que aconteceu. Você precisa ir até a delegacia para realizar um B.O. Lembra da aparência dele?
- Não muito, senhor. Foi muito rápido o que aconteceu. – falei.
- Tudo bem, se quiser posso acompanha-lo até a delegacia. Hum. – ele ficou me encarando de uma maneira muito fixa, cheguei a ficar bem desconfortável com isso. – Eu já não te vi antes? – perguntou ainda encarando.
- Hã? – nós três estranhamos a pergunta repentina.
- Muito obrigado por sua ajuda, senhor. – falou Pietro tocando em meu braço para quebrar o clima estranho que se formou. – Depois levarei Alam até a delegacia.
- Ah, sim. Desculpe não ter sido de muita ajuda. Bom irei voltar ao trabalho, não esqueça de ir realizar o B.O.
- Pode deixar. Até mais. – e Pietro me conduziu para dentro do bar onde o pai de Mari havia feito um café para mim.
- Que policial estranho. – comentou ele.
- Sim, na verdade muito estranho mesmo. – disse Pietro. – Hey, será que esse pervertido que atacou o Alam não é o serial killer que está a solta?
- Serial killer? – perguntei sem entender, eu não sou muito de ver notícias já que elas sempre só falam sobre desgraça, morte, e coisas assim.
- Sim, parece que tem alguém sequestrando prostitutos. Depois de um bom tempo eles são encontrados mortos com bilhetes escrito “escória da humanidade”. Mas não deve ser ele, não teria porque atacar o Alam já que ele não é um prostituto. – Pietro estava realmente intrigado com isso.
Me mantive quieto o tempo inteiro, essa história de prostituição está me afetando de uma maneira muito forte e Pietro não tem como saber disso já que ele não sabe de meu passado.
- Sim, Alam não tem nada a ver com esse tipo de gente. – falou meu chefe.
De certa forma uma ânsia me atacou, eles falando esse tipo de coisa me fazia me sentir um lixo. Claro que eu nunca quis me prostituir, mas eu era obrigado, mesmo assim essa parte de meu passado ainda me atormenta de uma maneira horrível. Ainda mais sabendo desse assassino a solta, mesmo eu não me prostituindo mais e ainda morando longe do local da cidade onde mais tem prostitutos isso me assusta. E se esse assassino souber que eu já fui um e vier atrás de mim? E se ele tiver relação com Erick? E se...
- Hey, Alam! Você está bem? Estou te chamando faz um tempo.
- Ah, sim. Na verdade eu acho que hoje não vou conseguir cantar. Tudo bem eu faltar hoje, Antônio?
- Ah claro, depois do que aconteceu pode tirar o dia de folga. – falou meu chefe compreendendo a situação.
- Quer que eu te acompanhe até em casa? – perguntou Pietro preocupado.
- Na verdade eu gostaria sim, por favor. – eu ia recusar, mas o fato de andar sozinho logo depois do que aconteceu me dava um medo muito forte igual a quando eu me escondia de Erick.
- Então eu já volto para ajudar com o bar.
- Fique quantos dias precisar em casa, Alam. Volte quando se sentir melhor.
- Obrigado.
Acho que vou ficar alguns dias em casa até essa minha ansiedade e medo passar. Realmente o que eu passei foi um trauma muito forte então o que aconteceu agora pouco despertou vários medos que eu não sentia fazia uns anos já. Pietro me lembrou sobre o B.O, na verdade eu não queria ir, mas achei que seria melhor mesmo se eu fosse. Chegando lá falei sobre o ocorrido e o que queria fazer, a mulher da recepção me deu o boletim para preencher e então o preenchi contando o que aconteceu e o pouco que me lembrava da aparência do cara.
- Olá, você veio mesmo. – era o policial de antes, o estranho.
- Ah, sim... – respondi um pouco sem jeito, ele me dava um pouco de calafrios.
- Alam Ryth? – perguntou a recepcionista quando entreguei o boletim.
- Isso.
- Tudo certo então, Alam.
- Muito obrigado. – falei me virando para sair junto de Pietro.
- Tome cuidado. – disse o policial e acenou para mim. Que sujeito mais estranho mesmo.
Segui com Pietro até minha casa, pelo caminho eu não conseguia conversar muito, minha mente estava cheia de pensamentos ruins. Ele tentava descontrair um pouco o clima tenso, mas realmente não estava adiantando muito. Chegando em casa agradeci de novo a Pietro e então fechei a porta ficando sozinho ali. Não ter Aidan por perto nessa situação me dá uma aflição muito forte, mas ao mesmo tempo não quero ligar para ele já que sei que está muito ocupado.
- Por que essas memórias me atormentam tanto mesmo depois de tantos anos? – me agachei na frente da porta mesmo segurando minha cabeça que doía fortemente. – E não quero pensar no que passei de novo. – lágrimas começavam a surgir em meus olhos e a rolarem pelas minhas bochechas caindo rapidamente ao chão.
Meu corpo tremia de maneira incontrolável. Eu não conseguia controlar direito minhas emoções, parecia uma mistura de agonia, aflição e medo. Saber que está a solta um assassino de prostitutos, mesmo que eu não seja mais um, ainda sim me assusta muito. Escutei meu celular tocar e o peguei com dificuldade já que eu sentia um pouco meu corpo rígido. Na tela aparecia o nome de Aidan, tentei segurar minha voz trêmula para ele não descobrir.
- Alô. – falei tentando parecer o mais calmo possível.
- Alam, tu ta bem? O que aconteceu? Antônio me ligou dizendo que algo aconteceu na frente do bar.
- Aidan... Aidan eu preciso de ti! – falei deixando minha voz ficar trêmula e as lágrimas saírem mais.
- Eu já estou a caminho Alam!
- Obrigado... – assim desliguei um pouco mais aliviado por saber que ele estava a caminho.
[Poucos minutos depois]
- Alam?! – Aidan chegou abrindo a porta e já me procurando.
- Aidan... – falei com a voz fraca, eu estava em nosso quarto deitado na cama.
- O que aconteceu meu amor? – perguntou com uma voz suave enquanto sentava ao meu lado e acariciava meu rosto.
Pulei em seu pescoço dando um abraço forte, ele retribuiu na hora. Dava para ver a preocupação em sua voz, mas ele não queria me forçar a falar caso eu não quisesse.
- Um pervertido me atacou hoje um pouco depois de você ter saído...
- O que?! Mas que filho da puta!
- Pietro chegou bem na hora antes dele fazer algo realmente ruim e o deu um soco para se afastar.
- Ah ainda bem. Me desculpe por não estar lá Alam. – e me abraçou mais forte. – Isso te trouxe memórias ruins não é? – perguntou o mais delicado possível.
- Sim... Eu senti como se eu estivesse na época de quando tinha medo de sair de casa para que Erick não me encontrasse... De que havia alguém atrás de mim e meu corpo treme de maneira horrível, eu sinto uma ansiedade muito forte.
- Shh, calma Alam. Eu estou contigo agora, irei te proteger sempre que eu puder. Relaxe, eu não irei sair do teu lado até que se acalme – ele se deitou e me puxou para ficar abraçado em seu corpo com a cabeça em seu peitoral. Eu conseguia escutar seu coração, Aidan sabia que isso me fazia me acalmar.
Aidan ficava acariciando minha cabeça para me fazer eu me acalmar, isso realmente ajudava muito. Ele estava ali comigo, ele era o meu calmante. Com isso tentei me livrar daqueles pensamentos para então relaxar e cair no sono perto do meu amado protetor.
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