- Acho que vou gostar de você – Leo comenta esboçando um sorriso frio – sempre direta e sabe medir as palavras, será uma boa rainha. Ai! - ele olha furioso para Ken que pigarreia.
- Rainha? - repito franzindo o cenho.
- Sim – N assente – a dama da rosa é destinada a ser a rainha dos vampiros.
- Pensei que o seu mundo estivesse destruído – volto meu olhar para Ken que continua comendo tranquilamente.
- E está – Leo confirma, comendo também tranquilo – mas com o surgimento da nossa nova rainha, há uma esperança de que possamos retornar e reconstruí-lo – ele olha para mim de repente – você tem o poder necessário para que isto aconteça.
- Tenho? - olho para o meu próprio prato.
- Nossa rainha pode revitalizar a natureza – N comenta animado – você vai gostar do nosso mundo – ele me empurra levemente – nossos castelos, cidades, aqueles lindos jardins! Sinto tanta falta de casa – ele suspira.
- Quanto tempo faz que ele foi destruído? - indago tentando assimilar tudo.
- Bem eu ainda era criança - N responde coçando a cabeça levemente – a pelo menos uns 657 anos atrás?
- Como você consegue se lembrar disso quando tinha apenas 2 anos?
- Vampiros tem memória de elefante – ele pisca – não nos esquecemos de nada, nunca. Por isso nossos sentimentos não curam como os nossos corpos.
- Então… - faço uma pausa entre uma garfada e outra – sou obrigada a ir com vocês para o seu mundo?
-Bem, agora ele não é apenas o nosso mundo – Leo responde – é seu também. Sei que é repentino, mas você segura o nosso destino em suas mãos. Voltando para lá poderíamos assegurar que a raça humana permaneça segura.
- Mas eu nem sei como poderia liderar uma nação, se é que posso me referir a seu mundo assim… - termino de comer um pouco assustada com esta notícia repentina.
- Por isso que seu consorte irá lhe ajudar em todo – N tenta me animar, seguro uma risada sarcástica, devo depender de mais alguém ainda? - eu diria que sim, pelo menos até que você se acostume com a sua nova rotina.
- Você leu os meus pensamentos?! - exclamo nervosa e ele parece ter se assustado com a minha reação – certo, temos que conversar sobre isso – coloco as minhas mãos sobre a mesa enquanto nos serviam a sobremesa – vocês não podem simplesmente ler meus pensamentos quando quiserem. Sabe, isso é loucura! De repente eu descubro que não sou humana, mas não só isso, descobri que eu também sou uma rainha de vampiros que regenera a natureza e ainda o que? Vou me casar com um consorte? - dou uma risada sarcástica – então suponho que já tenha pretendentes escolhidos também?
Noto os dois olharem para Ken em busca de resposta.
- Não se preocupe com todas essas pequenas questões – ele responde dando de ombros – esperamos mil anos até que a próxima dama da rosa surgisse, porque não esperar mais um pouco? - ele saboreia a sobremesa – vá com calma, assimile as coisas primeiro. Ninguém está com pressa – ele tenta me acalmar – meninos, por favor, peguem leve com ela.
Terminamos nossas sobremesas e cada um segue para o seu posto. E eu vou para o escritório de Ken, lá o encontro lendo uma pilha de papéis.
- Com licença – chamo a sua atenção, ele aponta para uma cadeira a sua frente.
- O que posso fazer por você? - ele pergunta voltando a atenção para os seus papéis.
- Ninguém me respondeu no almoço sobre as regras – insisto insegura – sabe cuidados que eu tenho que tomar…
- Não queremos pressioná-la Na Yeon – ele fala levantando o olhar – os meninos estão empolgados, o surgimento de uma dama da rosa pode não significar nada para você, mas para os vampiros isso significa muito. Mas pessoalmente… eu sou mais realista – ele cruza os dedos das mãos – você não está preparada para encarar essa carga. Por isso, eu acho que o melhor para nós é que você não assuma a sua forma de vampira, e assim continue a sua vida e apenas morra como uma Darkner – de alguma forma as suas palavras me machucam.
- Então… você me acha incapaz? - indago um pouco surpresa com as suas palavras – tipo, você acha que eu não daria conta?
- Não leve para o lado pessoal, é só que… - ele para pensando – ter você como uma dama da rosa daria mais dor de cabeça do que nos ajudaria.
- Você estava pensando numa forma de ser mais sutil? - pergunto sarcástica.
- Estava em busca das palavras certas, mas não encontrei outra forma de dizer isso – ele dá de ombros – mas não se ofenda, afinal você vai poder viver a sua vida tranquilamente. Vou me assegurar disso. Então sobre as regras e medidas de segurança, apenas mantenha esse segredo bem guardado e viva normalmente. Os meninos e eu nos revesaremos para tomar conta de você.
- Tomar conta de mim… - repito em baixa voz – isso parece ótimo – ele me encara desconfiado – finalmente alguém que me entende. Eu estava realmente preocupada. Tipo, um consorte? - dou risada só de pensar nesta ideia – ser obrigada a passar o resto da minha vida ao lado de um vampiro… além de ser obrigada a governar vampiros, não me leve a mal, mas sério? Não era bem a ideia de aventura que eu tinha em mente quando completei 18 anos – ajeito os meus cabelos – ah, eu já disse tudo, mas sem ofensas, né? - pergunto sarcástica.
- Você se ofendeu com o que eu disse – ele murmura se pondo de pé.
- Ah, não imagina – balanço a minha mão no ar – não ligo para você sempre se referir a mim como um fardo pesado demais para carregar. Ou para como tenho mais defeitos do que qualidades. Imagina se ofender, quem? Eu?
- Estava tentando pensar em seu conforto – ele se aproxima.
- Não, você não estava – rebato fria também me pondo de pé – você estava decidindo por mim como fez a minha vida inteira. Mas já que você me esclareceu tudo, saiba que me sinto bem mais tranquila.
Aceno com a cabeça formalmente e logo saio de sua sala.
*Ken ON*
- Ken você não deveria de ser assim com ela – N murmura ofendido – Na Yeon não é tão fraca assim como você pensa, ela é muito forte.
- Puxar os cabelos de vampiros não vão fazê-los se desculparem quando fizerem algo de errado – rebato seco – ela não serve para assumir esse tipo de responsabilidade.
- Você está sendo ridículo – ele se aproxima se sentando aonde ela estava a alguns minutos atrás – você acha que não sei o real motivo de você estar agindo assim?
- Que outro motivo eu teria a não ser me preocupar com o nosso povo? - volto a encarar meus papéis.
- Pare de mentir para você mesmo – ele se aproxima mais da minha mesa – você só está dando um gelo nela, porque a aparência dela te lembra alguém. E se me lembro bem, foi esse alguém que te magoou e muito, não é mesmo? - ele eleva as sobrancelhas não parando de me encarar – Na Yeon não é ela. E você a está subestimando por pensar tão pouco dela e se continuar assim saiba que você nunca será capaz de conhecê-la verdadeiramente.
Dito isso ele se levanta e sai do escritório me deixando só.
*Ken OFF*
A semana passa e raramente cruzo com algum dos meus colegas de casa vampiros, passo a maior parte do tempo em meu quarto. Acabei quebrando o meu orgulho e me reconciliando com N, no fim ele não era tão culpado do que aconteceu. Se bem que ele só se aproximou de mim porque Ken havia pedido… mas ainda assim ele era o meu único amigo, alguém que me conhecia melhor do que ninguém. E bem… eu só precisava do apoio de alguém. E Song li também, bem… ela era a minha melhor amiga da mansão, sempre cuidando de mim e me mimando, não dava para dar as costas para ela agora.
Termino de me arrumar e vou tomar o meu café da manhã na cozinha com Song Li, que me recebe com um monte de guloseimas.
- Song Li! - exclamo – tem muita coisa!
- Ué, você precisa de forças para começar a faculdade bem – ela começa a me servir orgulhosa – não se esqueça de se divertir também, viu!
- Anotado – respondo quando de repente ganho um tapa nas costas – ai!
- N, pare de atormentar a nossa pequena – Song Li fala brava – ela tem que comer bem para começar a faculdade.
- Song Li, ela vai estudar e não vai pra guerra – N fala rindo – e você tá com sorte.
- Por que? - indago dando um longo gole no meu café.
- Ganhou uma carona desse bonitão aqui – ele aponta para si próprio todo orgulhoso.
- Você que tá com sorte então – jogo meu cabelo igual uma supermodelo, quando vejo seu olhar confuso – ganhou um sim dessa deusa para o seu convite.
Song Li se acaba de tanto rir da minha resposta, enquanto N me empurra levemente logo indo tomar seu café da manhã.
- Então, esse lance de ser idol é mesmo real, ou era só uma jogada? - pergunto como quem não quer nada.
- Mas é claro que é real – ele responde indignado – pela primeira vez essa é a profissão mais legal que vou ter.
- Humm…
- O que? - balanço minha cabeça negativamente, numa tentativa de não falar nada – tem alguma coisa sim, conheço você. Na Yeon, você esqueceu que tenho mais de 600 anos? Obviamente eu tive muitas profissões.
- Sim, sim – concordo terminando a minha rosquinha de chocolate.
- Animada para o seu primeiro dia? - ele pergunta terminando a dele também.
- Sim e não – olho para ele confusa – ah, você tem sorte de controlar a sua aparência, aposto que o original não era tão bonito – brinco com ele que segura o meu pulso.
- Quem lhe disse isso? - faço cara de desentendida – quem disse que eu mudo a minha aparência? Na Yeon, este é o meu rosto verdadeiro. Eu controlo a idade da minha aparência, tipo se eu quiser posso ficar com a aparência de uma criança ou a de um idoso, entendeu?
Faço uma careta para ele, que bagunça o meu cabelo.
- Ya! - exclamo arrumando o mesmo.
- Até parece que se arrumou para um encontro – ele comenta sorrateiro.
- Quem sabe? - respondo mostrando a língua e ele me encara desconfiado – posso encontrar um gatinho lá. Que foi, vai dizer agora que não posso?
- Pode sim – Song Li exclama animada – queria ter a sua idade e ir pra faculdade com você… - ela suspira.
- Ué é só você fazer o mesmo que N – comento tomando o meu capuchino.
- Não é tão simples assim, pequena – ela responde tristonha – não sou uma sangue puro.
- Ah… espera aí! Então eu também vou congelar a minha aparência se me transformarem em vampira? – me volto para N que nega com a cabeça – como não?
- Você tem sangue de vampiro desde o seu nascimento – ele responde.
- Mas minha mãe era humana – murmuro confusa.
- Meu palpite é que sua mãe nunca foi uma simples Darkner… - ele rebate pensativo.
- Como assim? - Song Li comenta curiosa.
- Acho que a mãe dela era mestiça, Na Yeon não teve nenhuma recaída ou mutação corpórea que um mestiço enfrenta. Vamos, senão podemos pegar trânsito – ele me apressa e logo seguimos o nosso caminho.
Ao chegar na universidade, sigo rapidamente para o edifício de medicina. Suspiro fundo e me dirijo para a minha sala de aula, paro em frente a porta e me pergunto em qual lugar deveria de me sentar. Não muito na frente, não quero passar a impressão de que sou uma nerd, nem no fundo, pois não quero apenas curtir.
- Se eu fosse você me sentaria no meio – ouço uma voz suave falar bem próxima a mim, me volto na sua direção – a propósito sou Ahn Soo Yeon, sua nova colega.
- Hong Na Yeon – aperto a sua mão de volta – meio então? - ela assente rindo, e nos sentamos lado a lado.
- Estava com medo de não conseguir falar com ninguém – ela comenta suspirando – não conheço ninguém daqui.
- Somos duas então – respondo rindo – meu único amigo quer ser cantor, então estamos bem longe um do outro.
- Ah, sério? - ela ri, ajeitando seus cabelos levemente cacheados e longos – minha amiga quer ser arquiteta, e meu amigo, o namorado dela, quer ser jogador de basquete profissional. E sim, sempre fui a vela em nossas saídas, mas acho que esse ano vou poder me livrar de ser sempre a sobra nos encontros – ela comemora – desculpa você deve estar achando que sou meia louca!
- Que isso, você é fofa – comento e ela sorri sincera.
Logo o professor entra na sala e todos se acomodam, além das boas vindas ao curso ele fala sobre o longo caminho que seguiremos até que alcancemos o tão sonhado canudo. Ele apresenta todo o programa e mostra pelo data show a foto de cada professor que passará em nossa caminhada acadêmica, depois as conquistas do programa e por aí vai. Foram cerca de 4 horas de fala sem parar, até que ele diz que excepcionalmente hoje não teríamos as aulas, mas um passeio pelo campus para conhecimento do nosso departamento e a tarde após o almoço e passeio teríamos a reunião de apresentação com os nossos colegas veteranos.
Assim que somos liberados, Soo Yeon segura meu braço e fala que descobriu um lugar mágico para nossos almoços. Caminhamos por uns 10 minutos e então entramos num edifício todo de vidro, encaro encantada o local e … ela sussurra para mim.
- Tiffy estuda aqui, ela que me contou sobre esse lugar, então… vamos?
Entramos animadas e logo vejo uma garota muito fofa, baixinha com um vestido preto meio dark sexy com mechas rosas no cabelo, ela não era coreana como nós, tinha olhos azuis e seu cabelo loiro era natural. Ao nos ver ela acena séria enquanto mascava o seu chiclete.
- Tiffy! – Soo Yeon a abraça calorosamente – está é a minha nova amiga Hong Na Yeon.
- Oi – falo timidamente e ela me analisa dos pés a cabeça.
- Bom trabalho, ela é bonita o suficiente para andar com a gente – Tiffy fala soando arrogante, ao ver a minha reação assustada ela ri – estou brincando com você, ingênua... gostei dela – ela comenta divertidamente, tirando o celular da bolsa – aish, Josh está atrasado.
- Acho que ele não vem – Soo Yeon comenta ajeitando os cabelos e recebe um olhar cheio de raiva de Tiffy.
- Ele mandou mensagem para você? - ela indaga segurando a porta do refeitório, enquanto Soo Yeon nega ligeiramente – ele é um homem-morto se me der um bolo.
Assim que ela fala isso vejo um alto rapaz bronzeado acenar para nós.
- Ufa, por um momento gelei – ela comenta em inglês rindo.
- Ela é mestiça, veio morar com a avó enquanto faz a faculdade aqui – Soo Yeon fala tentando me acalmar – Josh é o meu amigo, namorado dela, o nome dele coreano é… - ela pausa pensativa – bem nem me lembro, afinal você nunca vai ouvir alguém chamá-lo em coreano… - ela dá de ombros – vamos nos servir primeiro, meus amigos são um pouco doidos, mas você sempre vai rir com eles. Ah, e eles são muito presentes, principalmente nos momentos que você mais precisar.
- Eu gostei deles – respondo sorrindo para ela que parecia meio preocupada, mas ao me ouvir ela sorri.
Se ela conhecesse o segredo dos meus amigos então, o que ela falaria? Me pergunto enquanto me servia.
- Estranho... aqui não é lotado – comento ao me sentar na mesa onde Tiffy e Josh estavam.
- Pois é girl, aqui nunca lota, segundo os meus sunbaes – Tiffy fala rindo – e a comida é a melhor do campus, sério. Tipo eu já provei a de outros lugares por aqui, disgusting (nojento). Bae, pega o nosso almoço? - ela pede fofamente e ele logo se levanta atendendo ao seu pedido – acho que Soo Yeon nem comentou, mas nos conhecemos na escola, ela me abrigou durante o intercâmbio e eu roubei o amigo dela – ela ri provocando Soo Yeon que acena com a mão – fico feliz em saber que Soo Yeon não está sozinha – ela segura em minha mão carinhosamente – estava preocupada com ela. Pode não parecer, mas Soo Yeon é muito tímida.
Depois do almoço divertido com os amigos da Soo Yeon nos despedimos e seguimos de volta para o nosso edifício logo encontrando com os nossos colegas. Um novo professor, ou melhor professor-assistente, mais novo do que nosso professor do período da manhã se apresenta e nos leva para o tour particular no departamento de medicina. Andamos por quase 1 hora, e tivemos mais outra hora só de explicação de como utilizaríamos tais locais. No fim voltamos ao ponto inicial, Soo Yeon e eu nos sentamos quando ouvimos um grupo agitado se aproximar de nós e logo somos todos levados para fora do edifício de medicina.
- Bem-vindos novatos – um deles grita animado e então derramam em nós um líquido rosa brilhante.
Passo a mão em meus cabelos tirando um pouco do líquido, olho para os lados e noto que todos tinha levado um banho.
- Como sempre fazemos a iniciação dos novatos será no fim de semana, vocês receberão o local via mensagem de texto amanhã e devem se preparar para a nossa miniviagem, saímos da faculdade sexta a noite e voltamos no domingo a tarde! - ele avisa eufórico e todos pulam alegres.
Após o aviso todos começam a se apresentar aos sunbaes que fazem o mesmo, a animação de todos é nítida. Quando ainda estamos assistindo a apresentação Soo Yeon me cutuca.
- Estava demorando para uns gatinhos do programa aparecerem – ela aponta dois garotos, que estavam vestindo a jaqueta do nosso curso, não consigo conter um sorriso vendo a sua empolgação – quem sabe faremos um encontro triplo? - ela completa seu pensamento animada.
Quando volto o meu olhar na direção dos meninos que ela havia apontado noto que um deles estava... me olhando? Ao cruzarmos o nosso olhar ele acena para mim com um sorriso arrebatador.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.