Pov Snape
Dormi como uma pedra graças a um frasco de Sono sem Sonhos que tomei logo ao entrar nos meus aposentos. Acordei na manhã de domingo um pouco antes do dia amanhecer e sai para caminhar, aproveitando o lugar vazio.
Ainda estava sem cabeça para encontrar com qualquer pessoa. Por outro lado, a solidão me fazia pensar - coosa que eu estava evitando deixar acontecer fora do meu controle - e isso sempre me levava ao mesmo lugar: Dumbledore, Narcisa, mentiras. Dor.
Voltei para meus aposentos um tempo depois e por lá fiquei durante todo o dia. Me aprofundei em minhas pesquisas sobre o uso de poções medicinais e, vez que outra, abria a gaveta que se encontrava o frasco com as lembranças de Dumbledore. Não sei quantas vezes peguei-o ao longo do dia e nem em que velocidade o mesmo passou. Deixei-me totalmente alheio aos acontecimentos da escola e de tudo, sendo que não sai de onde estava nem para fazer minhas refeições. E assim como domingo chegou, ele foi embora.
Dessa vez o cansaço foi a poção ideal. Dormi assim que repousei sobre a cama.
(...)
Professor Slugh andou até a mesa onde estava um grande caldeirão e pegou um saco com algumas ervas. Reconheci imediatamente como ervas cicatrizantes.
- Com a dupla de bancada de vocês, deverão preparar uma poção curativa. O melhor resultado será premiado.
Eu já cursava meu sétimo ano em Hogwarts e as coisas andavam de mal a pior. Olhei em volta e vi Lílian sentada junto a Tiago, já iniciando o preparo da poção. Suspirei e abri meu livro.
- O fantasma de qual casa é sua dupla Ranhoso? - Black me plhou por cima do ombro enquanto ria junto a Tiago. Baixei meus olhos para o livro e me mantive em silêncio.
- Seus amigos sumiram e levaram sua língua? - Potter disse.
- Impossível, Tiago. - Sirius o cutucou. - Sebosos não tem amigos.
- Cale a boca, Sirius. - Narcisa parou ao meu lado. - Nós temos trabalho a fazer e acho que vocês também.
Os dois rapazes em minha frente se olharam e viraram. Narcisa virou o livro para ela e começou a cortar as ervas.
- O que está fazendo? - falei baixo para ela.
- Sendo sua dupla. - ela me olhou.
Ficamos em um silêncio que durou poucos segundos. Minerva McGonagall bateu na porta algumas vezes e chamou o professor, que voltou alguns segundos depois e pediu que eu fosse falar com a professora.
Segui com ela até sua sala em silêncio. Eu estava tenso. Provavelmente algum dos marotos havia inventado algo novo contra mim. Obviamente ela e Dumbledore acreditaram.
Entramos em sua sala e ela me convidou para sentar.
- Como está, Severo? - perguntou.
- Eu... Ah. Bem. - respondi.
- Querido, escute. - ela sentou ao meu lado. - Hoje mais cedo, Alvo recebeu uma coruja que acabou pegando de surpresa. Infelizmente, algo ruim aconteceu. - me olhou.
- E eu posso ajudar em algo? - estranhei.
- Na verdade... - ela hesitou. - É algo que diz respeito a você. Sua família.
- A mim?
Minerva segurou uma de minhas mãos e pareceu pensar se falaria ou não.
- Eu sinto muito, Severo. - disse. - Sua mãe. Eileen acabou ficando muito doente nesses dias que passaram...
- Está tudo bem com minha mãe? - olhei-a preocupado.
Uma lágrima escorreu pelo rosto da professora.
- Eileen morreu hoje pela manhã. - disse.
Senti meu corpo amolecer no sofá. Minha mãe. A única pessoa que eu podia contar no mundo. Estava morta.
A vida havia tirado mais alguma coisa de mim. As lágrimas começaram a descer de forma descontrolada pelo meu rosto. Eu estava sem chão. Sem família. Sem nada.
Os braços da professora me envolveram em un abraço.
- Eu... - afundei o rosto em sua capa. - ... estou sozinho. O que vou fazer?!
- Enquanto eu estiver aqui. Enquanto Dumbledore e seus amigos estiverem aqui, você nunca vai estar sozinho, meu menino. - afagou minhas costas. - Estamos aqui por você.
Acordei sobressaltado. Minha respiração estava pesada e meu rosto molhado de suor. Sentei-me na cama e passei a mão por meus cabelos.
Não sonhava com o dia da morte de minha mãe há muitos anos e sem dúvida era uma das coisas que mais me pertubava. A primeira coisa que a vida me tirou antes de tantas outras.
"Enquanto eu estiver aqui. Enquanto Dumbledore estiver aqui (...) você nunca vai estar sozinho, meu menino." A voz se fez presente em minha mente.
Levantei-me e fui ao escritório. Abri a gaveta da escrivaninha e peguei o frasco com as lembranças, despejando-as na penseira. Respirei fundo antes de mergulhar meu rosto nela.
Aí então tudo ficou claro. Minerva foi ao escritório de Dumbledore no primeiro horário da manhã e intercedeu por mim, como um dia prometeu que faria. E lá estava ele, dispondo-se a abrir mão de um seus soldados para o bem de alguém que não era si próprio.
Ao final da lembrança, estava eu novamente banhado de suor. Sentei-me em um dos degraus ao lado da penseira e tirei a camiseta, ficando com a calça escura do pijama.
- Como pode ser tão tolo, Snape? - sussurrei.
Ouvi batidas na porta e segui até ela, ainda absorto em todas as lembranças. Abri e encarei a pessoa do outro lado.
- Cissa.
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