Narcisa fechou os olhos e escorou a cabeça no recosto da cadeira. Era isso que Lúcio queria, acabar com ela e sentia que ela estava se deixando derrubar.
Snape entrou em seu gabinete batendo a porta com força, ouvindo alguns resmungos vindo dos quadros dos antigos diretores. Escorou-se em sua mesa e respirou fundo, não podia se deixar levar pela raiva como quase estava acontecendo. Queria ir atrás da garota Sonserina e fazer com que ela confirmasse as desconfianças dele, só para que assim pudesse acabar de uma vez com Lúcio Malfoy.
Não ia se deixar levar. Não ia acabar com tudo. Precisava dar tempo para que as coisas pudessem acontecer como ele queria, para que pudesse fazer o que era preciso sem colocar seus planos em riscos.
- Sua preocupação tem nome? – a voz de Dumbledore perguntou.
- Não estou preocupado dessa vez. – respondeu. – Estou com raiva. Quero acabar com Lúcio Malfoy.
- Tudo em seu tempo, meu filho. – disse. – Sabe que...
- Por favor, não venha com suas filosofias agora. – bufou. – Se não tenho tempo para resolver meus problemas, imagine se teria para ouvir suas baboseiras.
- Pelo seu humor, creio que não tenha adiantado suas descobertas sobre a amortentia. – o olhou sobre os óculos.
- Como sabe disso?! – Snape finalmente ergueu os olhos para o quadro do diretor.
- As notícias correm, Severo, sabe que sim. – deu de ombros. – Os quadros ouviram seu acesso de raiva dentro da sala de aula da Sra. Malfoy. Creio que as coisas entre você e Narcisa não tenham voltado da forma correta.
- Ela tem todo o direito de se sentir traída. É exatamente isso que me deixa fora de mim. – passou a mão pelos cabelos. – Por mais que a culpa não fosse minha, eu realmente... – bufou. – Não sei porque ainda penso que as coisas podem dar certo. É claro que não podem.
Largou-se sentando na cadeira.
- Não podem. – sussurrou.
~*~
Harry, Hermione e Rony terminaram de se arrumar no acampamento e ajeitaram a vigília da noite. A menina sentou em frente à barraca e pegou a varinha no bolso das vestes, ouvindo um barulho atrás de si e logo Harry saiu também, sentando-se ao lado dela.
- Tudo bem aqui fora? – ele perguntou.
- Sim. – ela respondeu, suspirando. – Eu estava pensando em uma coisa, Harry. E que eu talvez devesse ter falado antes. – olhou para ele.
- Aconteceu alguma coisa? – preocupou-se.
- Pode ser coisa da minha cabeça, mas.... Lembra do dia da emboscada dos Comensais, sim? – Harry assentiu. – Tenho a impressão de ter ouvido o professor Snape.
- Ele estava lá, Mione, é normal. – disse.
- Não, Harry, não dessa forma. – encolheu as pernas. – Antes dele me atacar, tenho plena certeza de ter ouvido ele... Como se estivesse na minha mente, dentro dela, me avisando para usar um contrafeitiço. Como se ele quisesse ajudar de alguma forma.
- Ele estava lá, Hermione, nos atacando. Nos traindo assim como ele traiu Dumbledore, que sentindo faria ele nos ajudar? – perguntou, franzindo a testa. – Sei que está sensibilizada com tudo isso, e que tinha uma boa relação com a Sra. Malfoy, mas não quer dizer que eles realmente são boas pessoas. Isso não quer dizer que estejam do nosso lado, Snape já provou o contrário disso e Narcisa foi negligente quando Dumbledore morreu. Deve ter sido uma impressão sua, ok? Não teria porque Snape nos ajudar.
Hermione ficou em silêncio, vendo o amigo se levantar e seguir para dentro da barraca novamente. Respirou fundo. Sabia muito bem o que tinha ouvido e o fato de Snape ter aviso para ela se proteger era algo que ainda à intrigaria por muito tempo. E se as coisas realmente não estivessem sendo como ela imaginava?
~15 de dezembro de 1997~
Severo saiu do gabinete já era quase uma hora da manhã. Estava totalmente sem sono, para variar. Seguiu até a torre de Astronomia e fechou a capa em torno do corpo, protegendo-se do vento frio que agora batia contra seu rosto. Respirou fundo mais de uma vez e firmou as mãos no parapeito. Fechou os olhos alguns segundos.
Sentiu dois braços passarem por seu peito e alguém escorar a testa em suas costas. Abriu os olhos e olhou para os as mãos as mulher que estavam paradas em seu peito, colocou uma de suas mãos sobre as delas.
Virou-se para ela e a puxou para perto, beijando-lhe a testa.
~*~
Narcisa queria ficar longe, queria tentar ao máximo ordenar suas ideias sem sentir a necessidade que sentia de estar perto de Snape. Por mais que estivesse em plena consciência de que muito do que aconteceu havia tido sim a manipulação de Lúcio, não conseguia deixar de se sentir traída.
Mesmo com a certeza de que a poção havia causado o que causou, ainda se sentia mal com a ideia de Severo ter estado na cama com outra mulher. De outra pessoa ter estado no lugar que ela tanto lutou e ainda lutava para estar: ao lado dele.
Saiu da sua sala de aula tarde da noite já, sendo quase início de madrugada, e foi até o gabinete da direção deixar alguns notificações que os Carrow haviam dado para seus alunos durante as aulas. Subiu e bateu a porta algumas vezes, sem obter respostas. Girou a maçaneta e entrou, encontrando a sala vazia. Levou os papéis até a mesa de Snape e as largou nos lugares certos, passando os olhos pela sala.
- Quanto tempo, minha querida. – Dumbledore saudou.
- Diretor. – ela sorriu para ele. – Imaginei que ainda estivesse dormindo.
- Estava fazendo alguns testes, queria saber como as coisas ficariam por aqui.
- E chegou a quais conclusões?
- Sabemos que as coisas estão difíceis, não é? Isso não seria novidade. – suspirou. – O que aconteceu entre você e Severo? Estou sentindo que as coisas mudaram que uma semana para cá.
- Se o senhor sabe que sim, por que ainda me pergunta? – ergueu a sobrancelha.
- Você está agindo tão parecida com ele. – Dumbledore sorriu. – Severo está se sentindo mal em ter se afastado de você. E sei, pela sua cara, que também está assim em se afastar dele.
- Mesmo aí onde está sabe de tudo, não é?
Deu de ombros, rindo fraco.
- Não sofram separados em momentos tão sombrios assim, não faria sentindo para vocês. – disse. – Sabe que dizer que está apaixonado por você já foi algo que significou muito para ele.
- Como sabe disso?
- Eu simplesmente sei das coisas. – disse. – E se eu fosse você, iria atrás dele. Escute os conselhos de um velho sábio, minha querida.
Narcisa assentiu e seguiu para fora da sala do diretor. Sabia onde Snape iria estar e não podia negar que queria estar junto com ele. Subiu devagar as escadas da Torre de Astronomia e o viu escorado no parapeito, respirou fundo e se aproximou ainda em silêncio.
Passou os braços pelo abdômen dele, parando as mãos em seu peito e escorou a testa em suas costas. Sentiu que ele soltou o ar e virou-se para ela, puxando-a para perto de leve, depositando um beijo em sua testa.
- Me jure que não teve nada a ver com aquilo. – ela pediu baixo olhando para ele.
- Não tive. – ele disse. – Mas infelizmente foi uma coisa que aconteceu, e infelizmente eu não pude evitar.
- Devo dizer que eu estou me odiando por não conseguir sentir o mínimo de raiva de você, desde que cheguei aqui. – ela disse. – E saiba que se me pedir para ficar por perto eu não negaria, nem que estivesse me consumindo de raiva. Talvez eu estivesse tentando transferir a culpa do que aconteceu para você, por você estar lá.
Severo segurou o rosto dela entre as mãos e lhe acariciou com os polegares, aproximando seu rosto do dela.
- Eu queria ter podido amar você antes. – ele disse baixo. – Então, fique comigo.
Narcisa sorriu e aproximou o rosto do dele, beijando-o. Uma das mãos dele seguiu para a nuca da mulher e a outra desceu para a cintura dela puxando-a para perto.
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