A semana do Natal finalmente chegou, com o tempo bem cinzento e bem frio, com a neve cobrindo quase tudo à volta. Narcisa estava com Minerva e Hagrid ajeitando o que podiam do Grande Salão, fazendo com que a decoração de Natal quebrasse um pouco o clima nublado e sem vida que era mostrado pelo teto enfeitiçado do lugar. As portas se abriram e os três professores voltaram à atenção para a entrada, vendo Snape se aproximar rapidamente com os irmãos Carrow em seu encalço.
~*~
Severo havia passado o segundo dia seguido trancado em seu gabinete, organizando uma pilha de ficha com o histórico de alunos que precisava entregar para a revisão de alguém de confiança do Lord das Trevas. Já se passavam meses desde que as aulas ali haviam começado e ainda precisava ocultar qualquer traço dos alunos nascidos trouxa que pudesse. Era um dos que mais sabia o quão longe as atrocidades de Voldemort podiam chegar e não desejava isso para mais ninguém.
Podia dizer também que já estava sentindo falta do tempo que o quadro de Dumbledore passou dormindo, porque nesse momento o quadro do diretor fazia o favor de não ficar quieto em momento algum. Batidas na porta o fizeram guardar rapidamente o material que estava olhando e recostar-se na cadeira, antes de permitir a entrada. Amico e Aleto entraram sem muita cerimônia e pararam em frente a mesa do diretor, fazendo um leve cumprimento com a cabeça.
- O que fazem aqui? - Snape perguntou sem paciência.
- Viemos cumprir ordens. - Amico disse. - O Lord das Trevas quer saber quantos alunos ficarão em Hogwarts para as festas e pediu o registro de cada um deles em especial.
Snape fechou a mão sobre a mesa, mantendo a calma que já quase não tinha com aqueles dois.
- Não sei quantos ficarão para as festas porque não recolhemos essa informação ainda, e isso vocês dois deveriam saber, já que de uma forma ou outra são professores aqui. - levantou pegando quatro rolos de pergaminho sobre a mesa. - Mas por sorte de vocês, eu estava indo solicitar isso aos diretores das casas agora mesmo.
Caminhou em direção a porta, mas parou ao perceber que os dois não sairiram do seu caminho. Precisou respirar fundo outra vez.
- Querem mais alguma coisa? - disse ajeitou a capa nos ombros, apressado.
- Duas na verdade. - Aleto disse. - Noa dois estavamos conversando, Snape e a conclusão de que você vai suspender a ida de amanhã até Hogsmeade.
Severo riu debochado.
- Eu vou? E pode me dizer por quê?
- Está expondo os alunos e nós de mais. Podemos esperar uma emboscada feita porque eles miseráveis do vilarejo qualquer hora dessa. E sei que é uma pessoa esperta, diretor, sabe que tudo que nosso mestre precisa é de suas valiosas iscas em exposição.
- Eu vou manter minha decisão de deixá-los ir ao vilarejo e por um simples motivo. - Snape abaixou a voz. - Eu mando aqui e não é porque vocês dois colocam medo em criancinhas, que fazem isso com mais alguém. Então segure as conversas de vocês dois para si. Minhas decisões são tomadas por mim apenas e se cairmos em emboscadas e porque vocês dois idiotas não fizeram o trabalho que deviam. - completou. - Não vou nem gastar meu tempo perguntando qual a segunda coisa que precisam. Saiam da minha frente e do meu gabinete.
Terminada a frase, o diretor passou a caminhar a passos firmes para fora do lugar, sendo seguido pelos outros dois. Deixou o pergaminho na sala de Flitwick, Slugh e Madame Sprout, para que reconhecem os nomes dos alunos de sua casa que ficariam para o Natal. Restava ainda o de McGonagall e a vontade dele era mandar que uma coruja o entregasse ou fizer qualquer coisa que permitisse o pergaminho de estar nas mãos da professora sen que ele precisasse olha-la nos olhos. Caminhou agora para o Grande Salão, ouvindo apenas o barulho do farfalhar de sua capa e dos seus passos que eram acompanhados pelos dos outros dois. Os corredores de Hogwarts nunca estiveram tão silenciosos e sem vida. Parecia mais frio lá dentro do que no meio da nevasca que caia do lado de fora.
A porta do Grande Salão abriu no momento em que Severo chegou em frente a ela, fazendo com que o barulho ecoasse pelo lugar. Entrou com os mesmo passos firmes que vinba dando pelo caminho, mesmo que não tivesse vontade e por alguns segundos seus olhos encontraram os de Narcisa, que sorriu para ele de forma sutil antes de voltar sua atenção para a árvore que decoravam junto ao meio gigante e a professora de Transfiguração. Finalmente chegou até eles e em instante algum deixou sua imparcialidade se abalar.
- Boa noite. – disse.
- Boa noite, diretor. - Hagrid respondeu de mal grado.
- Boa noite. - Narcisa disse.
McGonagall mantinha contato direto com os olhos do jovem diretor e em seu rosto se formou uma expressão de desprezo. Snape esperou alguns segundos para continuar, queria ouvir alguma coisa vinda da mais velha, mas na falta disso deu continuidade.
- Preciso saber quantos alunos da Grifinória ficarão para as festas de final de ano. - estendeu o pergaminho para Minerva. - Anote aqui e deixe no meu gabinete até amanhã à tarde.
Minerva manteve-se em silêncio, apenas olhou para o pergaminho que lhe era estendido e voltou a olhar o diretor. Não se moveu um centímetro para oegar ou abriu a boca para dizer uma coisa sequer.
- O diretor está falando com você, velha. - Amico deu um opasso a frente.
Snape ergeu a mão, fazendo o Comensal parar onde estava.
- Ninguém lhe chamou na conversa, Carrow. - Snape rosnou. - Vamos McGonagall. Eu não tenho a noite toda. - mexeu o pergaminho no ar.
- Amanhã à tarde vai estar na sua sala, diretor. - Narcisa pegou o pergaminho da mão dele, mesmo que Severo ainda olhasse a velha professora. - Antes mesmo da ida a HHogsmeade. Obrigada.
O ex-Professor virou-se irritado, puxando a capa junto a ele e tornou a caminhar, dessa vez pelo caminho que havia vindo. Aleto e Amico deram uma olhada de desprezo para McGonagall e tornaram a caminhar atrás do diretor. A porta do Grande Salão se fechou em um baque alto e a professora se permitiu cair sentada sobre um dos degraus da escada. Não aguentava mais nada daquilo, não aguentava mais o fardo que era ver Snape sendo o Comensal da Morte que sempre fora, só que agora embaixo do seu nariz. Sentia-se impotente.
Só não imaginava que era a mesma impotência que o mestre de poções sentia: aquela que se abate sobre você no momento em que se vê ferindo alguém que lhe é importante, mas não pode fazer nada sobre isso.
Narcisa sentou ao lado de Minerva e lhe abraçou o ombro, confortando-a.
~24 de dezembro de 1997~
O banquete de Natal estava servido e haviam exatamente onze alunos em toda a escola. Havia sido deixado claro que todos aqueles que fossem embora para o feriado teriam que voltar logo que acabasse ou teriam que ser buscados em suas residências, e nninguém queria receber a visita ee um Comensal da Morte. Sendo assim, quem pode, acabou fugindo daquele inferno por pelo menos uma semana.
Snape mexia na comida do prato sem ânimo ou fome alguma. Seria melhor se todos estivessem ido embora, pelo menos agora não estaria ali, encarando a pequena aluna do primeiro ano da Corvinal dona do histórico que ele não conseguiu esconder, e pensando o que precisaria deixar acontecer dessa vez.
Os professores haviam ido até o Salão para a refeição poe puro hábito, já que se sentiam tão desmotivados quanto o diretor. Naquele ano não ouve o feitiço do professor Flitwick para a neve cair durante o banquete, assim como o coral não se apresentou, a Madame Sprout não havia enfeitiçado as flores que ficavam sobre as mesma para que elas não murchassem, nem a árvore apanhada por Hagrid parecia tão bonita quanto as dos outros anos.
Snape largou o talher e respirou fundo, sentindo Narcisa segurar-lhe a mão por debaixo da mesa. Virou-se para ela, encontrando o sorriso sutil e de canto que sempre lhe direcionava em público.
Cissa dispediu-se dos outros professores com um leve aceno de cabeça e olhou Severo de relance mais uma vez antes de deixar o Salão rumo aos seus aposentos. Passou a antessala e entrou no quarto, tirando a capa e o sapato e acendendo a lareira, estendeu uma manta no chão sobre o tapete e sentou fechando os olhos e sentindo-se ser aquecida pelo calor do fogo.
Ouviu a porta abrir e fechar, mas não quis abrir os olhos, sabia que só ele poderia chegar até ali. Severo tirou a capa e o casaco e sentou-se ao lado de Narcisa em frente ao fogo.
- Esse ano me parece estar sendo o das piores "datas" da sua vida. - ele disse.
Cissa abriu os olhos e o olhou.
- Como assim? - perguntou.
- Teve o pior aniversário, pior dia das bruxas e agora o seu pior Natal. - ele respondeu, virando o rosto para olha-la.
- E quem disse que está sendo meu pior Natal? - ergueu as sobrancelhas. - Pode não estar sendo o melhor, mas o pior certamente também não.
- Isso nem cara de Natal está tendo, Narcisa. Só ouço lamurias escola à fora.- contrapôs.
- Oh, sim. E grande parte delas vem de você, sabia? - perguntou. - Quando mais pensar só nas coisas ruins, piores elas ficam, meu amor.
Snape franziu o cenho.
- Acabou de falar algo muito parecido com o que Dumbledore me dizia... - disse.
Narcisa deu de ombros.
- Talvez eu já tenha ouvido isso dele alguma vez. - levantou. - Mas... Mudando de assunto, eu comprei uma coisa para você. Duas na verdade, mas uma é indiretamente.
Manteve-se em silêncio, mais uma vez havia se esquecido do presente. Viu a mulher ir até o armário e voltar com um embrulho nas mãos.
- Não é um suéter com a minha inicial bordada, é? - ele tentou descontrair.
- Não, não é tão legal assim o que comprei. - ela sentou sobre os joelhos e entregou o pacote para ele.
Havia juntado todo e qualquer dinheiro que conseguiu para comprar aquele livro, que agora estava lendo sobre o velho Carvalho. Poções Avançadas: O olhar de um Mestre, era escrito por um dos maiores mestre pocionistas de todos os tempos e era realmente o maior investimento que Severo havia feito em um livro, além da caderneta para fazer suas anotações. Não riscarias as páginas daquele livro de forma alguma.
Olhava com cuidado a receita de uma poção do sono extremamente poderosa e anotava algumas coisas em uma folha.
- Olha o que eu achei por aqui pessoal. - ouviu a voz de Sirius. - Parece que o Ranhoso vendeu algumas coisas para comprar um livro caro.
Snape se recusou a erguer os olhos do livro, mesmo sentindo sua mão fechar com força na lateral do mesmo.
- Poderia gastado em shampoo, Seboso. - Peter chegou junto a Tiago Lupin.
- Não seja idiota, Rabicho. - Tiago riu. - A Sra. Snape deve ter dado para ele. Ah, me esqueci. Ela morreu, logo depois que seu pai trouxa fugiu de você, aberração.
- Vamos, Snape. - Sirius o cutucou com a ponta da varinha. - Quando você fica quietinho não tem graça.
Severo trincou o maxilar, sentindo a mão livre buscar a varinha no bolso. Tiago se aproximou e puxou o livro de suas mãos, fazendo o garoto levantar rapidamente.
- Vamos ver o que tem de interessante aqui. - passou a folhar o livro de qualquer jeito.
- Me devolva! - Snape tentou pegar, mas o livro foi laçado para Rabicho e em seguida para Sirius. - Qual o seu problema Potter? Minha inteligência lhe incomoda tanto que precisa vir atrapalhar?
- Se sua inteligência me incomoda? - riu. - Não seja ridículo. Ou mais ridículo. Não há nada de bom em você que eu deva invejar. Claro, temos agora esse livro fantástico que devo admitir, fala sobre um assunto que Lílian aprecia. Sendo assim, é melhor não darmos a oportunidade de você dividir isso com ela.
Snape franziu a testa, tentando acompanhar o que o Grifinório dizia. Tiago fez um gesto para Sirius e logo o livro estava no ar. O jovem sonserino tentou tirar a varinha do bolso enquanto tentava alcançar o livro com a outra mão, mas o feitiço lançado pelo outro foi mais rápido e seu livro se resumiu a pó ainda no ar.
Terminou de abrir o embrulho que Narcisa havia lhe dado e se pegou encarando o livro Poções Avançadas: O olhar de um Mestre. Sorriu de canto e ergueu o rosto, encontrando o olhar de expectativa dela.
- Devo perguntar como sabia e onde encontrou? - ele disse. - Procuro esse livro minha vida toda.
Cissa deu de ombros.
- Eu vi você com o livro e depois Sirius falando sobre o que aconteceu. - disse. - E tenho minhas fontes quando se trata de conseguir o que quero.
- Ah, tem, é? - ergueu a sobrancelha.
- Você nem imagina. - provocou. A mulher pegou o livro da mão do diretor e colocou sobre a mesa de centro, aproximando-se mais dele.
- Devo supor que virá o segundo presente. - ele disse enquanto ela passava uma perna para cada lado do seu corpo e sentava sobre suas pernas.
- Juntei o útil ao agradável. - ela sussurrou próxima ao ouvido dele. - Estou com saudades.
Severo sentiu a mulher pegar-lhe as mãos e colocar na barra do vestido que usava. Entendeu que era com ele a partir dali. Subiu o tecido do vestido lentamente enquanto mantinha o contato visual com ela e logo o retirou, revelando o corpo de Narcisa marcado por isso pela a nova lingerie esmeralda que marcava perfeitamente o corpo dela, valorizando ainda mais seus seios. Ele a olhou por longos segundos, sentindo todos os pensamentos ruins deixarem sua mente aos poucos.
Narcisa tocou-lhe o queixo e o fez olhar para ela, tomando os lábios dele em um beijo delicado. Severo sentiu o leve gosto de morango no momento emqque aprofundou o beijo, permitindo-se explorar cada centímetros da boca da mulher. As mãos ágeis dela já desciam a camisa do homem pelos ombros enquanto as dele subiam-lhe e lhe apertavam levemente as coxas.
Segurou-a pelas pernas e virou o corpo, deitando-a no tapete em um movimento rápido. Fazendo-a rir contra seus lábios. Afastaram-se um pouco e Snape abriu os olhos para vê-la, e a encontrou o encarando como sempre fazia: a expressão séria porém suave e os lábios entreabertos. Intensa.
Firmou-se nos braços para olha-la melhor, enquanto Narcisa lhe apertava de leve o ombros, para impedir que ele se afastasse mais que o necessário. Tocou o rosto dela devagar, acariciando sua maçã do rosto com o polegar.
- Posso pedir uma coisa? - ela disse baixo. Ele apenas assentiu de forma breve. - Diz que me ama. Não exijo que seja verdade, mas quero poder ouvir isso de você.
Severo não afastou-se ou fechou a cara como ela esperou que fizesse. Na verdade estava sendo transparente como nunca. Ele abaixou o rosto e a beijou de leve e rápido.
- Eu te amo. - a voz baixa e rouca chegou melodiosa até ela. - E eu não mentiria sobre isso, meu amor.
Se fosse possível ela diria que o mundo estava girando de forma devagar depois daquele momento. Era óbvio que ela não teria resposta para àquilo que quis tanto ouvir, então apenas o beijou com toda a carga de emoção do momento. Do medo à certeza. Do ódio ao amor.
E fizeram amor, a noite toda, ali mesmo em frente a lareira.
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